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domingo, 24 de maio de 2015

cotidianas #371 - O Verme



Guerrero Strangeli é um centroavante. Um típico centroavante! Mais que isso, um centroavante argentino. Aliás, um típico centroavante argentino. Daqueles que não aceita bola perdida, não leva desaforo pra casa, não refuga dividida.
Arnaldo Guerrero Strangeli é seu nome mas é conhecido também como “O Verme”.
Apelido que deve-se muito ao fato de, por assim dizer, não ser lá flor-que-se-cheire. Não presta. É ruim. Lida com os zagueiros aos trancos, às cotoveladas, às cusparadas. Por isso o chamam de “O Verme”.
Também pelo fato de jogar melhor em situações pouco favoráveis, adversas até. Tal qual um verme que vive na lama, na sujeira, na podridão, na merda, é na chuva, na lama, na casa do adversário, com 10, com 9 em campo, com uma perna só que ele cresce. Aí que se agiganta.
Guerrero Strangeli é seu nome.
“O Verme” é como o chamam.
Passa longe de ser craque. É bem fraco tecnicamente, diga-se de passagem. Mas não lembro de gol perdido por ele. De longe, de perto, de cabeça, de dentro, de fora da área... Na frente do gol não hesita. Típico matador. Não é de preciosismos, de firulas. Enfia a bota, mete a bicanca, mira na cara do goleiro e bate e ai do arqueiro que ousar deixar o focinho na frente.
Matador! Esse é “O Verme”! Guerrero Strangeli é seu nome.
Poderia contar muitas histórias que serviriam para ilustrar o porquê do apelido pejorativo imputado a Arnaldo Strangeli, mas um caso em especial demonstra o quanto a alcunha lhe cabe perfeitamente. O Verme. Este é seu apelido.
Certa ocasião, estava na frente da área, apertando para roubar a bola da defesa. Pressionava, catucava até que conseguiu. Naquele preciso momento o juiz parava o jogo para atendimento de um adversário caído do outro lado do campo. Guerrero ficou uma fera. Inconformado, irado, irascível! Mas fazer o que? Atendido o outro, o jogo voltaria no local onde o jogo parara com bola ao chão. O árbitro combinou com Strangeli para que devolvesse a bola. O argentino ficou mais indignado ainda. Tinha recuperado a bola, era dele, no mínimo a posse deveria voltar para o seu time. A muito custo assentiu, concordou. Porém, assim que a bola tocou o gramado, quicou, Guerrero Strangeli emendou um pequeno sempulo de primeira que acertou o ângulo superior do gol adversário. O goleiro, inocentemente esperando um fair-play por parte do argentino, ficou paralisado assistindo à bola depenar a coruja lá na forquilha. A indignação foi geral mas o árbitro não tinha muito mais o que fazer se não validar o gol. Fazer o que? A bola estava em jogo. Até sacou um amarelo para Strangeli por conduta anti-desportiva mas aí a correira já tinha começado.
A corrida da comemoração em direção à torcida confundiu-se com a da perseguição dos jogadores adversários a Strangeli. Perseguição que logo virou empurra-empurra e logo virou pancadaria generalizada. Strangeli e mais 8, quatro de cada time foram expulsos. O jogo não acabou. Mas o ETTA, o Entidad Toros y Troperos Athletic, seu time, venceu. 1X0. Gol sujo, desonesto, mas gol. E para ele, o Verme, era isso que importava.
Este é Guerro Strangeli.
Este é o Verme.
Por essas é outras que carrega o codinome que seria tão pouco honroso para muitos mas que para ele é praticamente um elogio.
Seu nome? Guerrero Strangeli.
Como o chamam? O Verme.


Cly Reis

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