Um filme sobre a vida de conturbada de Dalton Trumbo merecia
algo digno, e Joy Roach consegue fazer algo que seja digno do nome deste grande
e importante roteirista. Apesar de sofrer um pouco com as falhas que a maioria
das cinebiografias sofrem como omissão de fatos e invenção de outros, o longa
se sai bem, com grande atuação de Bryan Cranston e uma ótima recriação de
cenários. "Trumbo", cumpre
seu papel de apresentar quem essa personalidade e o que foi a "lista negra", uma época de dor em Hollywood.
O filme conta a história do roteirista Dalton Trumbo (Bryan
Cranston), renomado escritor norte-americano que pertencia ao grupo Hollywood
Ten, formado por profissionais de Hollywood que se recusaram a responder perguntas
do governo dos EUA e acabaram presos. Mesmo quando saiu da prisão, Trumbo
demorou anos para vencer o boicote do governo, sofrendo com uma série de
problemas envolvendo familiares e amigos próximos.
A banheira, o local de maior inspiração
para o roteirista.
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Apesar de bem caracterizado, o filme acaba deslizando nos
seus saltos temporais, pois algumas coisas acabam passando rápido demais e não
sendo aproveitadas. É relatado que Trumbo é um grande escritor, um roteirista
renomado de Hollywood, seus filmes são citados mas não são mostradas suas
obras e o porquê de tamanho sucesso. Acredito que, por serem filmes antigos,
muita gente não os conheça, por isso seria bom mostrar algumas partes ou
bastidores como fazem muito bem com as cenas da premiação do Oscar. Ao invés
de falar um pouco mais das obras do autor, o roteiro dá espaço para as questões
familiares de Trumbo. Depois de todo um segundo ato focando nesse
distanciamento dele com a família, tudo é resolvido com uma rápida conversa com
sua mulher. Acho que obra poderia ter arriscado mais, porém a escolha foi fazer
o “arroz com feijão”, o que tornou o filme bem genérico.
O grande acerto do filme está em sua estrela principal,
Bryan Cranston, que brilha mais uma vez. Ele parece estar possuído pelo
espírito de Trumbo, tamanho a semelhança dele com o roteirista. A entrega do
ator ao personagem é enorme desde os momentos cômicos, onde Trumbo utiliza
toda sua ironia, aos momentos mais tensos como sua chegada à prisão. Todas as
cenas com o ator são ótimas, desde os momentos na banheira escrevendo seus
roteiros até as partes onde o personagem é humanizado, quando vemos sua relação
com a família (na verdade, esposa e
filha mais velha, o resto é meio que deixado de lado).
Trumbo e Kirk Douglas resolvendo trabalhar juntos
para rodar "Spartacus"
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Além da grande atuação de Cranston, a parte de fotografia,
figurinos, cenários, todo esse trabalho técnico também está excelente, consegue
retratar muito bem o luxo da Hollywood da época. Os melhores momentos do filme
acontecem perto do final depois que Trumbo sai da cadeia e começa a fazer
roteiros para uma pequena produtora usando pseudônimos, até o momento em que um
desses filmes (“The Brave One”, 1956) ganha o Oscar de Melhor Roteiro, que, é
claro, ele não pode receber. A partir daí, os personagens são bem definidos e
os "desnecessários" problemas familiares que atrapalham a andamento
da obra são encerrados. Também temos o surgimento de Kirk Douglas e de Otto
Preminger, que ajudam Trumbo a quebrar a "lista negra".
Muito importante que toda essa nova geração de cinéfilos (eu
me incluo, porem já não sou tão novo), tenha conhecimento da historia de Trumbo,
quem foi e o porquê de sua grande importância. E essencial também é ver que um
homem que simplesmente quer fazer seu trabalho a ele não é permitido apenas por pensar
diferente dos outros. Apesar da mensagem de superação que o filme traz, é
triste ver que na nossa realidade atual ainda existam pessoas que pensam dessa
maneira preconceituosa e hostil. Se não gostou da minha critica, VAI PARA CUBA!
trailer "Trumbo": Lista Negra"
por Vagner Rodrigues
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