- Nada vai dar certo! - interrompeu um dos homens - Que mania estúpida de falar por falar. De manter esperança onde não tem. Não fique tentando animar essa pobre coitada, animar esse bando de almas perdidas. Não, nada vai dar certo!
- Ah, mas você é tão pessimista. - retorquiu a mulher.
- Oh, não me venha com essa conversa! O pessimista é simplesmente aquele que encara a situação primeiro, que não se nega a enxergar as coisas como elas são, enquanto os ditos "otimistas" ficam se iludindo com vãs expectativas baseadas em... em alguma ajuda divina ou alguma besteira do tipo. Ora, me poupem...
- Mas temos que, pelo menos, manter o pensamento positivo, senão não nos resta nada. - argumentou outro.
- Pois que não reste! Pelo menos não nos enganamos. Olhe em volta! Não tem como alguma coisa dar certo. Não tem saída daqui e aqueles dois que tentaram sair por aquele buraco, olhe como acabaram. E, de mais a mais, se sairmos, não temos a menor chance.
Um barulho estrondoso, de súbito, interrompeu a discussão, tomando o ambiente causando em todos ali, num primeiro instante, uma sensação de pânico, pela intensidade do estrépito, mas, ao mesmo tempo, deixando muitos novamente esperançosos por um possível socorro.
- Olhem! - mostrou um - Na parede! Está se abrindo...
- Uma luz! - apontou outro.
- Vieram nos buscar! Estamos salvos!
Mas a atividade na fenda da parede, logo após o primeiro clarão, já não parecia mais tão amistosa. Não havia como saber ao certo se era a tão esperada ajuda. O grupo já não sabia se devia ficar ali, parado, ou fugir, correndo. Optaram, mesmo sem combinação prévia, pela segunda alternativa.
Um deles não.
O cético, de braços cruzados e expressão um tanto jocosa no rosto, parado onde estava, limitou-se a dizer em tom enfadonho.
- Eu não falei?
Cly Reis
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