por Matheus Pannebecker
Philip Seymour Hoffman saboreava as palavras como poucos. Cada inflexão, cada sutileza e cada visceralidade faziam toda a diferença para ele - e, em um filme como “O Mestre”, que, justamente, valoriza todos os seus atores, isso é uma combinação dos deuses.
Se Hoffman é uma perda irreparável (ainda estamos por descobrir, pelo menos em sua geração, outro ator tão completo, talentoso e quanto ele), obras como essa assinada por Paul Thomas Anderson ficam conosco para eternizar brilhantismos que não vemos todos os dias.
Em “O Mestre”, ele interpreta Lancaster, o carismático líder de uma religião que acaba surgindo nos tortuosos caminhos de um errático soldado atormentado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial (Joaquin Phoenix). Seu encontro com Phoenix é um verdadeiro duelo de gigantes, mas Anderson, como o grande diretor que sempre foi, dá a cada um shows muito particulares.
É fácil se pegar enredado pela oratória de Lancaster, ao mesmo tempo em que percebemos os perigos envolvidos em falas propositalmente calculadas e articuladas. Poucos atores conseguiriam interpretá-lo com tamanhas verossimilhança e complexidade - na verdade, talvez só Hoffman pudesse fazê-lo.
“O Mestre” não é dos trabalhos mais fáceis de Paul Thomas Anderson. De difícil definição, o longa é espinhoso, incômodo e pouco afeito a respostas - o que, ao meu ver, são méritos absolutos -, mas se há algo que não dá para negar é que ele proporciona um verdadeiro show de interpretações: de Hoffman, de Phoenix e de tantos outros coadjuvantes ou pequenas participações, de Amy Adams a Laura Dern.
Recebeu três merecidas indicações ao Oscar: melhor ator, ator coadjuvante e atriz coadjuvante. Por mim, teria vencido as três.
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