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domingo, 27 de março de 2022

"Licorice Pizza", de Paul Thomas Anderson (2021)


“Licorice Pizza”
não irá ganhar o Oscar se Melhor Filme em 2022. Isso é certo. O mais cotado é, de fato, “Ataque dos Cães”, de Jane Campion, mesmo que “O Beco.do Pesadelo”, do já ganhador desta estatueta Guillermo Del Toro, em 2018, com “A Forma da Água”, pareça o mais talhado entre os 10 títulos concorrentes – e embora “Amor Sublime Amor” e “O Ritmo do Coração” corram por fora. O filme de Paul Thomas Anderson, portanto, não figura entre os favoritos. Aliás – e isso não é um demérito – o cineasta norte-americano talvez nunca venha a obter este êxito, visto que o seu cinema, definitivamente, não confere em conceito com a badalada premiação da indústria cinematográfica, e o seu novo longa é mais uma prova disso.

Mas não se enganem: “Licorice...” é, por mais que pareça uma contradição, quiçá o melhor entre os candidatos nesta categoria junto com “Drive my Car” (outro que também não deve levar o Oscar de Melhor Filme, uma vez que, ao que tudo indica, o de Melhor Filme Internacional esteja lhe esperando). O filme de Anderson (cujo estranho título faz uma referência a uma loja de discos que realmente existiu, mas que não aparece em nenhum momento), conta a história de Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman), dois jovens que, embora a diferença de 10 anos dela para ele, vivem a adolescência no Vale de San Fernando, no Sul da Califórnia do início dos anos 70, engendrando vários negócios juntos e flertando um com outro, mas também se desencontrando.

Comédia romântica com ares de nouvelle vague e realismo poético, “Licorice...”, que também é escrito por PT Anderson, diferencia-se, por isso, muito do que a Academia costuma prestigiar. Desde seu primeiro longa, “Jogada de Risco", de 1996, passando pelo genial “Boogie Nights” (1997) e pelo retumbante “Magnolia”, Melhor Filme em 1999 (só que em Berlim...), fica claro que o estilo de seu "cinema de autor" carrega singularidades que lhe aproximam bastantemente da escola europeia. Neste sentido, ele é muito mais peculiar do que seus contemporâneos Tarantino, Rodriguez e Nolan, todos também autorais mas com um pé muito mais firme em Hollywood do que ele. Com o forte “Sangue Negro”, de 2007 – para muitos, sua melhor realização –, pode-se dizer que Anderson tenha se esforçado para arrebatar o prêmio máximo do cinema, mas sua mão “pesada” o fez dar tons muito mais trágicos à história que os jurados da Academia estão acostumados. 

trailer de "Licorice Pizza"de Paul Thomas Anderson


A última tentativa de Anderson de levar esse bendito Oscar de Melhor Filme parece ter sido há quatro anos com “Trama Fantasma”, seu até então último longa e no qual repete a parceria com o excelente ator irlandês Daniel Day-Lewis. Porém, mesmo recebendo seis indicações (inclusive a de Filme), novamente sem sucesso. “Licorice...”, assim, dá a impressão de ser saudavelmente aquele filme em que o diretor disse a si mesmo: “Quer saber? Foda-se! Aceitem-me como eu sou!”. E deu muito certo. Descompromissado, o cineasta fez uma obra carregada de sentimentos, daquelas que ao mesmo tempo fazem emocionar terna e alegremente. É de encher o peito em uma gargalhada, mas também de soltar risos surpresos durante o decorrer por conta de seus diálogos e roteiro inteligentes. 

Gary e Alana: feitos um para o outro (mas será que
eles próprios sabem disso?)
Estão preservados elementos clássicos do estilo de Anderson: trilha sonora escolhida com esmero e paixão; ritmo de montagem que intercala agilidade com planos bem demorados, tributo a um de seus mestres, Martin Scorsese; planos-sequência realizados com bastante habilidade; o olhar especial para as musas, as quais invariavelmente dedica belos enquadramentos como faz desta vez com Alana; direção de atores bem encontrada entre o drama e a comédia; aparição de tipos exóticos impagáveis (Bradley Cooper, em uma ponta, arrasa fazendo o tresloucado playboy Jon Peters); mas principalmente, personagens que fascinam o espectador. Por que isso? Porque são, como sensivelmente fizeram Renoir, Carné ou Clair, pais do realismo poético francês ao qual o cinema de Anderson faz tributo, são capazes de construir personagens que refletem o interior humano equilibrando beleza e naturalidade. Os medos, as angústias, as aflições, os desejos, os amores. Alana e Gary, protagonistas a quem se torce para que fiquem juntos e parem com a infantilidade de se brigarem para fugirem do medo de não serem aceitos, são a tradução disso: gentes. Mas, claro: com o “filtro” mágico do cinema: não só o filtro da câmera, mas o do olhar.

Se não é o melhor entre todos da safra 2021/22, “Licorice...”, ao menos, é o que melhor cumpre um dos requisitos dos grandes filmes: o encerramento marcante. O cineasta conduz o espectador até o último segundo para, com sutileza, deixá-lo suspirando na poltrona com um sorriso no rosto – ou uma lágrima. Sabe aquele sabor de terminar de assistir “Nós que nos Amávamos Tanto”, “Pierrot le Fou” ou “Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios”? É este o sentimento que fica com "Licorice...". Tudo bem: “Ataque...”, “O Beco...” e “Drive...” também terminam muito bem. Mas é tão mais impactante sentir uma ponta de "cinema de arte", assim, tão espontaneamente numa produção norte-americana, que o valor se duplica. Neste caso, o melhor que PT Anderson pode fazer é não ganhar prêmio nenhum mesmo. Será sinal de que continuará fazendo seu cinema tão original quanto encantador.


Daniel Rodrigues

sábado, 8 de setembro de 2018

10+1 Grandes Planos-Sequência do Cinema




De repente o cara está, ali, assistindo a um filme, numa boa, e percebe que uma cena não foi interrompida desde que começou. E ela vai, muda direção, volta no mesmo ponto, entram outros personagens, e se alonga e se alonga e o cara que está ali vendo aquilo vai ficando cada vez mais sem fôlego com aquilo que vê. Assim são os planos-sequência, cenas mágicas, um balé cimatográfico minuciosamente coreografado em que diretores usam de todo seu recurso técnico para imitar a realidade de uma maneira ainda mais fiel do que o fazem usualmente, praticamente nos levando para dentro do filme.
Selecionamos aqui, sem ordem de preferência, alguns planos-sequência que, seja por sua técnica, duração, dinâmica, significado, são marcantes e tem lugar de destaque na história da sétima arte:



1. "O Jogador", de Robert Altman (1991) - Este é um dos planos-sequência de que mais gosto. A entrada e o passeio pelo pátio dos estúdios de uma produtora de cinema, passando por diversas situações curtas envolvendo atores, produtores, entregadores, roteiristas, culminando na chegada à sala onde o produtor, Tim Robbins, que, na trama principal, virá a ser ameaçado por um roteirista rejeitado, conversa com Brian de Palma (interpretando ele mesmo) sobre mais um roteiro esdrúxulo de Hollywood. Cena absolutamente fantástica que deixa o espectador nada menos que fascinado. A mim, pelo menos, sempre deixa.






2. "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella (2009) - Este é um caso interessante pois fui assistir ao filme por causa do plano-sequência. É verdade que ele já vinha sendo bastante elogiado, era cogitado para disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro (o que não só acabou se confirmando, como venceu o prêmio) mas a informação de que o filme  tinha uma cena sem cortes de mais de sete minutos num estádio de futebol foi decisiva para que eu fosse ao cinema. O plano, que tem alguma trucagem, é verdade, começa no alto, no céu, descendo direto para dentro do campo no estádio do Huracán, deslocando-se para as arquibancadas e à descoberta, em meio à multidão de torcedores, do homem procurado pelo protagonista, Benjamin Espósito (Ricardo Darín), passa a uma frenética perseguição com direito a gol, correria pelos corredores do estádio, pulo de um muro alto e até invasão de campo . Ótimo filme que mistura policial, romance e drama histórico da ditadura argentina.





3. "Nostalgia", de Andrei Tarkovski (1984) - Eis aqui um plano-sequência bem pouco convencional, sem maiores complexidades, aparentemente muito simples mas que é muito bem executado emocionalmente, como aliás é característico de Andrei Tarkovski. O poeta exilado Andrei Gorchakov, sabendo da morte, do autoflagelo em Roma do "louco" Domenico, a quem conhecera na pequena cidadezinha de Bagno Vignoni, antes de deixar o lugarejo, finalmente tendo entendido as atitudes daquele homem mal compreendido por todos e o que queria lhe dizer em suas complexas conversas, resolve cumprir uma tarefa que Domenico deixara inacabada e que percebia agora ser de extrema importância simbólica para não só para o amigo com para ele mesmo também: atravessar terma natural da cidade de um lado a outro com uma vela acesa. A fonte termal está temporariamente vazia, é verdade, o vento apaga a vela, ele volta acende de novo, cobre com a outra mão, cobre com o casaco mas não abandona o intento num ato de fé, respeito, humildade e generosidade. Nove minutos de silêncio com a câmera apenas acompanhando lentamente o protagonista de um lado a outro do tanque com algum mínimo movimento ao fundo dos moradores do lugar alvoroçados por verem o forasteiro repetindo o gesto do maluco da cidade. Poucos diretores fariam de uma cena tão simples algo tão emocionante.





4. "Filhos da Esperança", de Alfonso Cuarón (2006) - Que cena, senhoras e senhores! Praticamente filmada toda dentro de um carro, alternando ora entre o ângulo de visão do assento do carona, ora a dos passageiros do banco traseiro, e entre a visão do motorista, a cena, depois de um pequeno momento inicial de descontração, mantém a tensão o tempo inteiro. É carro incendiado bloqueando a estrada, é coquetel-molotov, é perseguição com o carro andando de ré, é tiro, é batida policial, tudo na maior perfeição técnica numa cena incrível de alto grau de dificuldade para ser realizada, dirigida por Alfonso Cuarón, que é bem chegado num plano-sequência, mas com grandes méritos para Emmanuel Lubezki, o premiadíssimo diretor de fotografia, que sempre propicia essa dinâmica aos diretores com quem trabalha.






5. "Gravidade", de Alfonso Cuarón (2013) - Eu não disse que ele gosta de um plano-sequência? Alfonso Cuarón novamente com a contribuição fundamental da cinematografia de Emmanuel Lubezki, está à frente de mais este grande filme que, por sinal, lhe rendeu o Oscar de direção e nos traz, entre algumas tantas sequências mais curtas, uma incrível cena ininterrupta de quase treze minutos. Tem montagens, trucagens técnicas, é verdade, mas inegavelmente é uma cena contínua de mais de oito minutos na qual, assim como em "Filhos da Esperança", o ângulo de visão se modifica continuamente, passando pelo rosto de um personagem, pelas costas de outro, por baixo da nave, pelo reflexo do capacete, tudo tendo como pano de fundo o planeta Terra sempre mudando para o espectador entre dia e noite, oceano e continente, alvorada e poente, enquanto gira em sua rotação infinita e enquanto a nave orbita em torno dela. Da tranquilidade da visão da Terra observada do espaço, a situação de um grupo de astronautas que faz manutenção externa no telescópio de sua nave se complica quando destroços de um satélite que explodira são lançados em direção a eles em alta velocidade. A cena é impressionante, angustiante, continuamente tensa e realizada com primor por Cuarón.
* Como não encontramos a cena toda, do início ao fim, vai ela aqui em dois segmentos, sendo o segundo, mais especificamente, o do momento da colisão.

"Gravidade" - 1
"Gravidade" - 2



6. "Os Bons Companheiros", de Martin Scorsese (1990) - Cena emblemática do grande filme de Martin Scorsese. A sequência, apresentada como tal, sem interrupção, serve para nos introduzir ao universo dos mafiosos que protagonizam a ação. Ao partir do exterior de uma casa de espetáculos, circular entre os clientes que esperam na fila para entrar no lugar, adentrar clandestinamente pela cozinha, expôr toda a intimidade venal do protagonista, Ray Liotta, com manobristas, porteiros, seguranças, cozinheiros, garçons, até vê-lo conseguir um lugar com visão privilegiada de frente para o palco, o diretor nos oferece uma certa cumplicidade deixando nos "participar" daquele ambiente contaminado por trocas, favores, dinheiro e interesses. 






7. "Boogie Nights - Prazer Sem Limites", de Paul Thomas Anderson (1998) - Este ótimo filme tem, na verdade, dois belos planos-sequência. Um deles bem parecido com o mencionado acima, de "os Bons Companheiros", de Martin Scorsese, por quem, é inegável que o diretor Paul Thomas Anderson fora bastante influenciado, em especial no filme em questão, uma espécie de "Touro Indomável" pornô. "Boogie Nights" acompanha a trajetória da revelação Dirk Diggler dentro da indústria do cinema pornográfico paralelamente às de outros elementos que fazem parte daquele mundo  como diretores, atrizes, empresários, etc. Uma destas pessoas é Little Bill (William H. Macy), um assistente de direção, marido de uma estrela pornô que, constantemente traído por ela (veja a ironia da coisa!), na festa de ano novo, na casa do diretor, depois de se deparar com a esposa mais uma vez na cama com outro e, como de costume, ser humilhado por ela, resolve dar fim a seus dias de corno manso protagonizando o outro grande plano sem cortes do filme ao qual me referiA cena que inicialmente parece alegre pela comemoração do reveillón, transita pelo cômico ao vermos mais uma vez aquele personagem sonso sendo chifrado, ganha ares de expectativa quando ele sai do quarto onde estava a esposa, de curiosidade quando ele vai até o carro, por um momento parece nos fazer relaxar quando achamos que ele resignado simplesmente vai ligar o carro e ir embora da festa, surpreende-nos quando percebemos que na verdade fora pegar uma arma no porta-luvas, torna-se tensa quando ele retorna ao local da traição, e ganha cores finais de tragédia com o insperado desfecho. Grande cena em que Paul Thomas Anderson dirige magistralmente não somente sua cena e como também as emoções do espectador.





8. "Oldboy", de Park Chan-wook (2003) - Este drama policial de vingança coreano inspirado em um mangá japonês tem um das cenas de luta mais incríveis de todos os tempos no cinema e o que é mais legal é que ela é feita de uma tacada só. Quando o protagonista Dae-su descobre onde fora aprisionado por quinze anos, volta ao lugar para obter pistas de quem fizera aquilo com ele. Embora consiga informações com uma certa "facilidade" (a custo de uma certa persuasão violenta), é lógico que o pessoalzinho de lá não ia facilitar em nada a saída do nosso herói daquele prédio. Aí é que a coisa fica feia! Uma porrada de capangas do dono do lugar armados de tacos de beisebol, paus e barras de ferro se amontoam à frente de Dae-su num estreito corredor para impedir sua passagem. Impedir a não ser que... A não ser que Dae-su enfrente aquele monte de gente. E é o que ele faz. Armado inicialmente apenas com um martelo, nosso herói parte pra porrada e, apesar de solitário com a vantagem dos anos ociosos que teve no cativeiro quando, sem nada melhor para fazer e já planejando uma vingança, tratou de treinar e aprender lutas na TV. Como se fosse num desenho animado, a câmera se coloca paralelamente à luta como se estivesse dentro da parede, acompanhando o ir e vir da horda que ataca covarde e atabalhoadamente aquele único homem. É pancadaria pura!!! Além do fato de não ter interrupções, a cena ganha em realismo pela intensidade, pelo desgaste físico dos lutadores que cansam, descansam, caem, levantam, se ferem, mancam, numa espécie de espontaneidade ensaiada que apesar do exagero, quase convence e arrebata em cheio quem assiste à cena.
Um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos, admirado por Quentin Tarantino e, não por acaso, vencedor do prêmio do júri em Cannes em 2004 no ano em que este presidiu a mesa do festival.






9. "Breaking News - Uma cidade em alerta", de Johnie To (2004) - E permanecemos no oriente, mais especificamente em Hong Kong com essa preciosidade que é o plano-sequência de abertura do policial "Breaking News" do diretor Johnnie To. Devo admitir que não assisti a este filme, só topei com essa sequência por aí, pela internet e fiquei simplesmente fascinado. Meu Deus, que cena incrível! Cuidada nos mínimos detalhes. Cada posição de câmera, cada deslocamento, cada movimento dos personagens, de figurantes... É um reflexo num espelho, é um rosto num retrovisor, é um jornal caindo num para-brisa, detalhes que fazem do PS de "Breaking News" algo digno de verdadeira admiração. 






10. "A Marca da Maldade", de Orson Welles (1958) - Uma das cenas desta técnica mais famosas e emblemáticas do cinema. Cena que é uma verdadeira bomba-relógio. A ação começa com uma bomba sendo acionada e colocada debaixo de um carro que parte e ao qual passamos a acompanhar enquanto ao seu redor desenrolam-se situações corriqueiras como a de um casal conversando, que no caso é o do detetive Vargas (Charlton Heston) e sua esposa (Janeth Leigh), prestes a cruzarem a fronteira do México para os Estados Unidos. Numa coreografia mágica de elementos em cena e um magistral jogo de luz e sombras, embalados pela precisa trilha sonora de Henry Mancini, depois de estabelecida a tensão pela existência de uma bomba e a expectativa pelo momento de sua explosão pelo entra e sai do carro no enquadramento, a cena só é interrompida pela explosão que desencadeia então toda a ação do filme. Obra prima do genial Orson Welles. considerado por muitos um os melhores filmes de todos os tempos e seu plano-sequência, como não poderia deixar de ser, um dos mais lembrados e cultuados entre os cinéfilos.






10+1. "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock (1948) - Se já é bom um plano-sequência de três, de cinco, de dez minutos, o que dizer então de um de uma hora e vinte? Sim, um filme inteiro sem cortar. Poderia mencionar aqui o bom e eletrizante "Victoria", o oscarizado 'Birdman" mas prefiro ficar com o pai de todos quando o assunto é cena contínua. Hoje em dia com os recursos técnicos é "moleza" fazer um PS tão longo, queria ver fazer quando ninguém tinha feito. "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock, praticamente inaugurou a prática, e isso lá em 1948, sem as condições técnicas mais adequadas para o intento uma vez que os rolos de filme da época não permitiam que se rodasse todo o filme de uma vez só. Se, infelizmente, a tecnologia não acompanhava a cabeça de um gênio, o que fazer? Hitchcock, sempre que necessário, aproximava então a câmara de algum fundo escuro, como as costas de algum personagem, é trocava o rolo. "Ah, mas então não é um filme inteiro sem cortes!". Tá bom. Pode não ser, mas então são dez planos sequência orquestrados de maneira não menos brilhante com os atores por vezes servindo de cinegrafistas, com a câmera passando de mão em mão para se reposicionar; com o fundo da cena, na janela, de um fim de tarde para o anoitecer; com as paredes do cenário se movendo sobre rodas para dar espaço para as câmeras retornarem às suas posições, e tudo isso sem falar na capacidade de fazer de um assassinato quase banal, por motivo fútil, algo extremamente instigante e envolvente. Amém, Hitchcock, amém!
O baú, com o cadáver, que serve ao mesmo tempo de mesa para a pequena festa e de caixão.
Ao fundo, no cenário mutável da janela, a tarde vai caindo.

"Festim Diabólico" - filme completo


Poderia citar aqui mais um monte de planos-sequência incríveis, cada um admirável por suas próprias razões, seja pela complexidade, pela emotividade, pela duração, pela técnica, pelo ritmo, pela estética, ou qualquer outro motivo, mas acredito que os 11 citados acima além de comporem uma boa síntese do uso desta técnica, contém elementos que, particularmente, me fizeram um apreciador deste recurso no filmes.  Em todo caso, aí vão mais alguns que poderiam estar na lista e que merecem menção: a cena que o policial, Sam Rockwell, ganhador do Oscar pelo papel, invade a agência de publicidade no recente "Três anúncios para um crime", de Martin McDonagh; a abertura do fraco "A Fogueira das Vaidades", de Brian de Palma; a sequência "mágica" da morte do personagem de Jack Nicholson na cama do hotel em "O Passageiro - Profissão: Repórter" de Michelangelo Antonioni; a surpreendentemente boa cena de fuga e luta com zumbis no fraco mas eletrizante "Dead Rising: Watchtower", de Zach Lipovski, baseado no game de mesmo nome; a curta mas não menos linda e bem executada cena do incêndio de "O Espelho", de Andrei Tarkovski; a abertura e os créditos do premiado filme brasileiro "Durval Discos", de Ana Muylaert; a cena do carro rodeando Norma Bengel na praia, no clássico nacional "Os Cafajestes", de Ruy Guerra; e a cultuada cena do filme tailandês 'O Protetor", de Prachya Pinkaew, que demorou quatro dias para ser filmada.
Tem muito mais, é claro. Se o seu preferido não estiver aqui ou sentir falta de algum outro que mereça ser mencionado, não fique constrangido e indique nos comentários.




por Cly Reis

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Aimee Mann – “Magnolia – Music from the Motion Picture” (1999)



Acima, a capa original, de 1999,
e, abaixo, com os sapos,
da reedição de 2018.

“Aimee Mann é uma cantora e compositora maravilhosa. Provavelmente devo a ela uma tonelada de dinheiro pela inspiração que ela teve neste filme.” 
Paul Thomas Anderson

Esta resenha bem que podia ser sobre o filme. De certa forma é, haja vista que é impossível dissociar, neste caso, filme e trilha. Embora comum a associação entre imagem e música no cinema, nem sempre um resultado tão afinado como este acontece. Tem, claro, as trilhas clássicas, aquelas que basta ouvir meio acorde para lembrar do filme, caso do que John Williams fez com “Tubarão” e a saga “Star Wars” ou Nino Rota para com a trilogia “Chefão”. Igualmente, “Koyaanisqatsi”, dirigido por Godfrey Reggio e musicado por Philip Glass, é assim, mas num nível diferente, haja vista que, para tal, a criação da imagem depende da música para tomar forma e vice-versa. Com “Magnolia”, cuja trilha é escrita pela cantora e compositora norte-americana Aimee Mann, entretanto, essa relação é diferente. A ligação da canção com as imagens do filme se dá num estágio mais sensível de entendimento, tornando-se, por esta via, parte essencial da obra de uma maneira bastante subjetiva e profunda.

Assisti “Magnolia” no ano de lançamento, 1999, cujos 20 anos decorridos só o engrandeceram. O então jovem diretor Paul Thomas Anderson, grande revelação do cinema alternativo dos Estados Unidos dos anos 90 junto com Quentin Tarantino, vinha do ótimo “Jogada de Risco” e da obra-prima “Boogie Nights”. O aguardado “Magnolia”, cujas notícias a respeito davam conta de que trazia um elenco estelar, como Tom Cruise numa atuação elogiadíssima, Juliane Moore, idem, Philip Seymour Hoffman afirmando-se como um dos maiores de sua geração, entre outros destaques, carregava a expectativa de que o cineasta se superasse. E foi o que aconteceu. A trama coral ao estilo Robert Altman, que amarra como sensibilidade a vida de vários personagens, nos deixava boquiabertos e cientes de que estávamos presenciando um novo marco do cinema.

Mas o que aumentava ainda mais essa sensação era a trilha sonora de Aimee, a qual concorreu ao Oscar daquele ano na categoria Canção Original. Responsável por pontuar toda a narrativa, a música composta por ela cumpre o papel de atar a história, contando-a através de sons e poesia. Mas isso não é tudo, visto que a música é tão presente e embrenhada com a história que acaba sendo mais um personagem. São nove preciosidades de um pop cristalino entre o folk e o indie que, além de cumprir a função de banda sonora, funciona perfeitamente como um disco independente do filme que o inspirou. Dá para ouvir “Magnolia” e se deliciar tão somente com a qualidade musical que contém. Contribui para isso também o fato de todas as músicas terem cada uma sua melodia e universo, sem valer-se da comum prática de trilhas sonoras de se desenvolverem variações sobre um ou dois temas musicais centrais para várias faixas.

Mesmo que a audição do disco possa ser aproveitada a qualquer momento, é impossível a apaixonados pelo filme como eu dissociar sua música da memória imagética, pois a trilha faz se transportar para as cenas a cada faixa. Exemplo disso é o tema de abertura tanto do disco quanto do filme: a precisamente intitulada “One”. A quem, como eu, não vem à mente a imagem da flor se abrindo em alta velocidade e os letterings do título aparecendo na tela com a voz de Aimee cantando: “One is the loneliest number/ that you'll ever do/ Two can be as bad as one/ it's the loneliest number/ since the number one”? (“Um é o mais solitário número/ Que você irá encontrar/ Dois pode ser pior que um/ É um número solitário/ depois do número um”).

Após o arrebatador começo, Aimee não dá trégua, emendando uma canção tocante atrás da outra. “Momentum” inicia desconcertada e dissonante para, em seguida, tomar a forma de um country-rock embalado e com um refrão comovente em que a voz de Aimee expressa docilidade mas, igualmente, a força do feminino – elemento narrativo que o filme traz de forma central em vários níveis e aspectos. “Build That Wall”, um pop delicado sobre a sofrida e viciada personagem Claudia (Melora Walters), traz um belo arranjo com flautas Piccolo e a capacidade da compositora de criar melodias e refrões tocantes (“How could anyone ever fight it/ Who could ever expect to fight it when she/ Builds that wall”: “Como alguém pode combatê-la/ Quem poderia esperar para combatê-la quando ela/ Constrói esta parede”).

Outra das mais emocionantes, “Deathly”, sobre suicídio, abre com a voz de Aimee rasgando em uma balada sofrida e realista: “Agora que te encontrei /Você se incomodaria/ Se não nos víssemos mais?/ Pois eu não posso me permitir/ Subir sobre você/ Ninguém tem tamanho ego a gastar“. A letra fala também da dificuldade emocional da personagem Claudia (um reflexo de vários outros personagens, como o arrogante Frank, de Cruise, e o abusador astro da TV Jimmy Gator, vivido por Phillip Baker Hall) de aceitar o amor do oficial Jim (John C. Reilly), que pelas coincidências da vida, encontrou-a e se apaixona: “Nem comece/ Pois eu já tenho problemas demais/ Não me importune/ Quando um simples ato de bondade pode ser/ Mortal/ Definitivamente”.

“Driving Sideways”, linda, repete a fineza comovida das composições, Já a instrumental “Nothing Is Good Enough” dá uma ligeira trégua para, na sequência, mandar outra bomba sentimental: “You Do”, em que novamente Aimee solta a voz com tamanho trato e verdade que é impossível ficar alheio ao ouvir. A também bela “Nothing Is Good Enough” toca num ponto basal do longa, que são as relações familiares: “Era uma vez/ Esta é a maneira como tudo começa/ Mas eu serei breve/ O que começou com tal excitação/ Agora eu felizmente termino com alívio/ No que agora se tornou um motivo familiar”.

Se a carga emotiva já era grande, Aimee, acompanhando o desenrolar do filme, também a intensifica mais para o final. “Wise Up”, tema que marca a sequência logo após a célebre cena da chuva de sapos sobre Los Angeles, revela uma série de tomadas de consciência dos personagens, todos com suas aflições, dificuldades, culpas e medos. O contexto de vícios, desentendimentos, suicídio, incesto, fugas emocionais e rancores, que os personagens trazem cada um a seu grau, ganha a redenção depois daquele fenômeno surreal, o que lhes oportuniza um momento de autoesclarecimento e arrependimentos. Isso, por sua vez, é brilhantemente desenhado pelos acordes de “Wise Up”, que inicia com um leve toque de piano simulando o som da batida de um coração. Figura nada mais adequada. Quando a voz de Aimee surge, é como se aquela vida ainda existisse. Ainda há esperança! Aimee, aliás, mais uma vez, esbanja sensibilidade na melodia e no canto. E o refrão, inesquecível, diz: ”It's not going to stop/ It's not going to stop/ Till you wise up” (“Isso não vai parar/ Isso não vai parar/ Até você se tocar”).

Um desavisado que estivesse escutando apenas o disco poderia achar “Wise...” um final falso. No entanto, quem conhece o filme sabe que, além desta, ainda vem outra para desmanchar em lágrimas de vez qualquer um: “Save Me”. Literalmente, a “salvação” final. Como se a redenção divina expressa naquela sequência de acontecimento recaísse sobre os homens. Misto de country e balada pop, num de seus trechos, diz assim: “Você me pareceu tão banal como radium/ Como Peter Pan ou como o Super-Homem/ Você aparecerá para me salvar/ Venha e me salve/ Se você puder, salve-me/ Deste bando de loucos/ Que suspeitam que nunca irão amar ninguém”. A música, além de marcar a cena de encerramento do filme, representa, na figura da personagem Claudia, a tentativa humana de superar suas dificuldades e dar espaço para o amor. É o arrebatamento final que Aimee dá ao genial filme de P.T. Anderson.

Duas músicas da Supertramp, uma de Gabrielle e um tema orquestrado por Jon Brion ainda desfecham o álbum, mas é evidente que a trilha de “Magnolia” é, de fato, a parte de Aimee Mann. Num momento muito inspirado da carreira, ela consegue imprimir personalidade ao filme através da música e, ao mesmo tempo, compor um disco de igual personalidade quando ouvido separadamente da obra cinematográfica. As músicas dela, através de uma sintonia muito profunda com o filme, se adéquam às cenas muito menos por sua representação narrativa do que por uma afinação que apenas o sentimento imagem/som proporciona. Talvez seja isso que distinga “Magnolia” de outros soundtracks, mesmo os mais clássicos: a música faz remeter ao sentimento que o filme traz, e não à obra a qual está ligada. Pode parecer um detalhe, mas faz toda a diferença. A música de "Magnolia" é como mais um personagem, mas onipresente, imbricado dentro de todos eles: homens e mulheres como nós.

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Lançado em 2018, a versão intitulada "Magnolia - Original Motion Picture Soundtrack" traz, além de um disco com as músicas de Aimee Mann, outros dois com o Original Score composto pelo maestro Jon Brion.


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FAIXAS:
1. “One” (Harry Nilsson) - 02:53
2. “Momentum” - 03:27
3.  “Build That Wall” (Jon Brion/Aimee Mann) - 04:25
4. “Deathly” - 05:28
5. “Driving Sideways” (Michael Lockwood/Aimee Mann) - 03:47
6. “You Do” - 03:41
7. “Nothing Is Good Enough” - 03:10
8. “Wise Up” - 03:31
9. “Save Me” (04:35)
10. “Goodbye Stranger” – Supertramp (Rick Davies/Roger Hodgson) - 05:50
11. “Logical Song” – Supertramp (Davies/Hodgson) - 04:07
12. “Dreams” - Gabrielle (James Bobchak/Tim Laws) - 03:43
13. “Magnolia” - Jon Brion (Brion/ Mann) - 02:12
Todas as composições de autoria de Aimee Mann, exceto indicadas

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OUÇA O DISCO:

Daniel Rodrigues

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Oscar 2022 - Os Indicados


"Ataque dos Cães" e "Duna" vislumbrando o Oscar no horizonte.

Depois de muita especulação acerca de quem já ganhara Globo de Ouro, BAFTA e outros prêmios indicativos, saiu a tão esperada lista do Oscar que, a bem da verdade, confirmou a maioria das expectativas. "Ataque dos Cães", de Jane Campion, como era esperado, por suas inúmeras qualidades, leva um monte de indicações, "Duna" se impõe nos prêmios técnicos, embora também figure em outras categorias, a encantadora animação da Disney, "Encanto" disputa o prêmio em sua categoria, tem tema de James Bond disputando para trilha original, e "Belfast" e "Amor Sublime Amor" pintam como aqueles que podem roubar a cena. 

No mais, uma certa surpresa pela não indicação de Lady Gaga a melhor atriz, da mesma forma que surpreende um pouco a indicação de Kirsten Stewart, ignorada em outras premiações. Havia uma expectativa sobre como a Academia lidaria com o badalado e discutido "Não Olhe Para Cima" e, felizmente ele não foi ignorado, sendo nomeado para quatro prêmios, inclusive o de melhor filme e também para aquele que é seu maior mérito, o roteiro. Destaque também para a animação dinamarquesa "Flee" que disputa em três categorias, sendo elas, curiosamente, animação, filme estrangeiro e documentário, coisas aparentemente um tanto distantes uma da outra.

Como hoje em dia, com o streaming e as coisas chegando muito mais rápido às nossas casa, está mais fácil de ver os concorrentes, o negócio agora é preparar a pipoca, zapear os canais de filmes e aplicativos e começar a maratona de filmes. 

O Oscar é logo ali. A cerimônia está marcada para o dia 27 de março.


Confira, abaixo, todos os indicados em todas as categorias:


  • Melhor filme

"Belfast"

"Não olhe para cima"

"Duna"

"Licorice pizza"

"Ataque dos cães"

"No ritmo do coração"

"Drive my car"

"King Richard: criando campeãs"

"O beco do pesadelo"

"Amor, sublime amor"


  • Melhor direção

Kenneth Branagh - "Belfast"

Ryusuke Hamaguchi - "Drive my car"

Jane Campion - "Ataque dos cães"

Steven Spielberg - "Amor, sublime amor"

Paul Thomas Anderson - "Licorice Pizza"


  • Melhor atriz

Jessica Chastain - "Os olhos de Tammy Faye"

Olivia Colman - "A filha perdida"

Penélope Cruz - "Mães paralelas"

Nicole Kidman - "Apresentando os Ricardos"

Kirsten Stewart - "Spencer"


  • Melhor ator

Javier Bardem - "Apresentando os Ricardos"

Benedict Cumberbatch - "Ataque dos cães"

Andrew Garfield - "Tick, tick... Boom!"

Will Smith - "King Richard: criando campeãs"

Denzel Washington - "A tragédia de Macbeth"


  • Melhor atriz coadjuvante

Jessie Buckley - "A filha perdida"

Ariana DeBose - "Amor, sublime amor"

Judi Dench - "Belfast"

Kirsten Dunst - "Ataque dos cães"

Aunjanue Ellis - "King Richard: criando campeãs"


  • Melhor ator coadjuvante

Ciarán Hinds - "Belfast"

Troy Kotsur - "No ritmo do coração"

Jesse Plemons - "Ataque dos cães"

J.K. Simmons - "Apresentando os Ricardos"

Kodi Smit-McPhee - "Ataque dos cães"


  • Melhor filme internacional

"Drive my car" - Japão

"Flee" - Dinamarca

"A Mão de Deus" - Itália

"A Felicidade das Pequenas Coisas" - Butão

"A Pior Pessoa do Mundo" - Noruega


  • Melhor roteiro adaptado

"No ritmo do coração"

"Drive my car"

"Duna"

"A filha perdida"

"Ataque dos cães"


  • Melhor roteiro original

"Belfast"

"Não olhe para cima"

"King Richard: criando campeãs"

"Licorice pizza"

"A pior pessoa do mundo"


  • Melhor figurino

"Cruella"

"Cyrano"

"Duna"

"O beco do pesadelo"

"Amor, sublime amor"


  • Melhor trilha sonora

"Não olhe para cima"

"Duna"

"Encanto"

"Mães paralelas"

"Ataque dos cães"


  • Melhor animação

"Encanto"

"Flee"

"Luca"

""A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas"

"Raya e o último dragão"


  • Melhor curta de animação

"Affairs of the art"

"Bestia"

"Boxballet"

"A Sabiá Sabiazinha"

"The windshield wiper"


  • Melhor curta-metragem em live action

"Ala kachuu - Take and run"

"The long goodbye"

"The dress"

"On my mind"

"Please hold"


  • Melhor documentário

"Acension"

"Attica"

"Flee"

""Summer of Soul (...ou Quando A Revolução Não Pôde Ser Televisionada)"

"Writing with fire"


  • Melhor documentário de curta-metragem

"Audible"

"The queen of basketball"

"Lead me home"

"Três canções para Benazir"

"When we were bullies"


  • Melhor som

"Belfast"

"Duna"

"Sem tempo para morrer"

"Ataque dos cães"

"Amor, sublime amor"


  • Melhor Canção original

"Be Alive" - "King Richard: criando campeãs"

"Dos Oruguitas" - "Encanto"

"Down To Joy" - "Belfast"

"No time to die" - "Sem tempo para morrer"

"Somehow you do" -"Four good days"


  • Melhor Maquiagem e cabelo

"Um Príncipe em Nova York 2"

"Cruella"

"Duna"

"Os olhos de Tammy Faye"

"Casa Gucci"


  • Melhores Efeitos visuais

"Duna"

"Free guy"

"Sem tempo para morrer"

"Shang-Chi e a lenda dos dez anéis"

"Homem-Aranha: Sem volta para casa"


  • Melhor fotografia

"Duna"

"Ataque dos cães"

"Beco do pesadelo"

"A tragédia de Macbeth"

"Amor, sublime amor"


  • Melhor edição

"Não olhe para cima"

"Duna

"King Richard: criando campeãs"

"Ataque dos cães"

"Tick, tick... boom!"


  • Melhor design de produção

"Duna"

"Ataque dos cães"

"O beco do pesadelo"

"A tragédia de Macbeth"

"Amor, sublime amor"


C.R.


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Oscar 2018 - Os Indicados



Guillermo del Toro, sempre impressionante visualmente,
tem seu filme como um dos favoritos ao Oscar.
E saiu a lista dos filmes indicados para o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o famoso Oscar. "A Forma da Água" do mexicano Guillermo Del Toro lidera em indicações com treze, mas "The Post", de Steven Spielberg com elenco estrelar, "Me Chame Pelo Seu Nome",  "Três Anúncios Para Um Crime"e "Lady Bird", também prometem disputarem as atenções. Destaque também para a indicação de "Logan", o primeiro filme de heróis nomeado para roteiro original, para a grande surpresa do ano, o bom "Corra!", na categoria principal, para o brasileiro Carlos Saldanha, diretor da animação "O Touro Ferdinando", indicado em sua categoria, e para a indicação de uma mulher para melhor direção, Greta Gerwig, depois de todas as manifestações de atrizes na premiação do Globo de Ouro. Embora a indicação de Greta responda à contestação de Natalie Portman quando da entrega do prêmio de diretor naquela cerimônia, ela passa longe de resolver todas as questões que envolvem a figura da mulher em Hollywood, assim, independente deste "agrado" da Academia, deveremos ver novas manifestações acerca da condição da mulher não somente dentro da indústria cinematográfica norte-americana como na sociedade como um todo. E aí? Teremos gafes como aquela do anúncio do vencedor do ano passado? Termos protestos feministas? Meryl Streep leva outra estatueta para casa? Guillermo del Toro manterá a tradição mexicana de levar o prêmio de direção, já que são três prêmios nos últimos quatro anos? Muitas perguntas aguardam resposta mas elas só serão respondidas no dia 4 de março, em Los Angeles. Até lá, o negócio é ir dando uma conferida nos títulos que já estão em cartaz e nos que estrearão até lá nos cinemas,e claro ir conferindo aqui no ClyBlog as nossas impressões sobre os filmes aqui no Claquete.
Confira abaixo as listas com todos os indicados:



  • Melhor Filme

Me Chame Pelo Seu Nome
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
Corra!
Lady Bird - É Hora de Voar
Trama Fantasma
The Post - A Guerra Secreta
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Direção

Dunkirk - Christopher Nolan
Corra! - Jordan Peele
Lady Bird - É Hora de Voar - Greta Gerwig
Trama Fantasma - Paul Thomas Anderson
A Forma da Água - Guillermo del Toro


  • Melhor Atriz

Sally Hawkins - A Forma da Água
Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
Margot Robbie - I, Tonya
Saoirse Ronan - Lady Bird - É Hora de Voar
Meryl Streep - The Post - A Guerra Secreta


  • Melhor Ator

Timotheé Chalamet - Me Chame Pelo Seu Nome
Daniel Day Lewis - Trama Fantasma
Daniel Kaluuya - Corra!
Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.


  • Melhor Ator Coadjuvante

Willem Dafoe - Projeto Flórida
Woody Harrelson - Três Anúncios Para um Crime
Richard Jenkins - A Forma da Água
Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Atriz Coadjuvante

Mary J. Blige - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi
Allison Janney - I, Tonya
Laurie Metcalf - Lady Bird - É Hora de Voar
Octavia Spencer - A Forma da Água
Lesley Manville - Trama Fantasma


  • Melhor Roteiro Adaptado

Artista do Desastre
Me Chame Pelo Seu Nome
Logan
A Grande Jogada
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi


  • Melhor Roteiro Original

Doentes de Amor
Corra!
Lady Bird - É Hora de Voar
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Animação

O Poderoso Chefinho
Viva - A Vida é uma Festa
O Touro Ferdinando
Com Amor, Van Gogh
The Breadwinner


  • Melhor Filme Estrangeiro

Uma Mulher Fantástica (Chile)
The Insult (Líbano)
Loveless (Rússia)
The Square - A Arte da Discórdia (Suécia)
On Body and Soul (Hungria)


  • Melhor Fotografia

Blade Runner 2049 - Roger Deakins
O Destino de Uma Nação - Bruno Delbonnel
Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi - Rachel Morrison
Dunkirk - Hoyte van Hoytema
A Forma da Água - Dan Laustsen


  • Melhor Documentário em Longa-Metragem

Abacus: Small Enough to Jail
Faces Places
Icarus
Last Men in Aleppo
Strong Island


  • Melhor Documentário em Curta-Metragem

Edith+Eddie
Heaven is a Traffic Jam on the 405
Heroin(e)
Kayayo: The Living Shopping Baskets
Knife Skills
Traffic Stop


  • Melhor Curta-Metragem

DeKalb Elementary
The Eleven O’Clock
My Nephew Emmett
The Silent Child
Watu Wote/All of Us


  • Melhor Curta em Animação

Dear Basketball - Glen Keane e Kobe Bryant
Garden Party - Victor Caire e Gabriel Grapperon
Lou - Dave Mullins e Dana Murray
Negative Space - Max Porter e Ru Kuwahata
Revolting Rhymes - Jakob Schuh e Jan Lachauer


  • Melhor Figurino

A Bela e a Fera
O Destino de Uma Nação
Trama Fantasma
A Forma da Água
Victoria e Abdul - o Confidente da Rainha


  • Melhor Maquiagem e Cabelo

O Destino de Uma Nação
Extraordinário
Victoria e Abdul - o Confidente da Rainha


  • Melhor Montagem

Em Ritmo de Fuga
Dunkirk
I, Tonya
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime


  • Melhor Mixagem de Som

Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars - Os Últimos Jedi


  • Melhor Edição de Som

Em Ritmo de Fuga
Blade Runner 2049
Dunkirk
A Forma da Água
Star Wars - Os Últimos Jedi


  • Melhores Efeitos Visuais

Blade Runner 2049
Guardiões da Galáxia Vol.2
Kong - A Ilha da Caveira
Star Wars - Os Últimos Jedi
Planeta dos Macacos - A Guerra


  • Melhor Design de Produção

A Bela e a Fera
Blade Runner 2049
O Destino de Uma Nação
Dunkirk
A Forma da Água


  • Melhor Canção Original

"Remember Me" - Viva - A Vida é uma Festa - Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez
"This is Me" - O Rei do Show - Benj Pasek e Justin Paul
"Mighty River" - Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi - Mary J. Blige, Raphael Saadiq e Taura Stinson
"Mystery of Love" - Me Chame Pelo Seu Nome - Sufjan Stevens
"Stand Up for Something" - Marshall - Diane Warren e Lonnie R. Lynn


  • Melhor Trilha Sonora Original

Dunkirk - Hans Zimmer
Trama Fantasma - Jonny Greenwood
A Forma da Água - Alexandre Desplat
Star Wars - Os Últimos Jedi - John Williams
Três Anúncios Para um Crime - Carter Burwell





C.R.