A escritora americana Gillian Flynn tem sorte nas adaptações
de seus romances para o cinema. Primeiro foi o diretor David Fincher que pegou
o espírito da coisa e fez um belo filme do livro “Garota Exemplar”, com uma
atuação eletrizante da inglesa Rosamund Pike. Agora, chegou a vez francês
Gilles Paquet Brenner fazer sua adaptação de “Lugares Escuros”, outro livro de Flynn. A escritora calca seus
suspenses em questões familiares. Enquanto, “Garota Exemplar” se centrava no
desaparecimento de uma dona-de-casa exemplar e a posterior acusação do marido
como principal suspeito, “Lugares Escuros” começa com o assassinato da mãe e
duas filhas em 1985 e as repercussões que o fato vai ter no resto da família: o
adolescente acusado de matar e a menina sobrevivente.
Com um roteiro bem montado pelo próprio diretor, a trama vai
se desenvolvendo entre o presente e o passado, enredando o espectador e fazendo
com que até o final não se saiba o que aconteceu no passado e porque
determinados personagens agem estranhamente no presente. A personagem Libby
Day, interpretada magistralmente por Charlize Theron, está falida e é
contratada por um “clube de mistério”, liderado por Lyle (Nicholas Hoult,
fechando sua segunda dobradinha com Theron, depois de “Mad Max”), para
desvendar o crime. Quando criança, Libby acusou seu irmão mais velho, Ben, dos
assassinatos. No presente, ele está há 28 anos na cadeia e não fez nenhum tipo
de apelação.
Charlize Theron em interpretação digna de Oscar. |
Na investigação, Libby vai se defrontando com pessoas do seu
passado, como Diondra, a namorada do irmão. Interpretada pela gracinha e
excelente atriz Chlöe Grace Moretz, Diondra é um mistério da história tendo
desaparecido na noite das mortes e nunca mais tendo sido encontrada. Outro ator
que está muito bem em cena é Corey Stoll, o Ben da atualidade, que aproveita
cada minuto de seu personagem para acrescentar uma nuance. Nas cenas do
passado, brilha Christina Hendricks (de “Mad Men”), como a mãe da família Day.
Mas quem brilha mesmo é Charlize Theron. Em minha opinião,
rumo ao seu segundo Oscar. “Lugares Escuros” vai sendo conduzido com destreza
pelo francês Brenner até o seu final surpreendente. E, ao contrário do que se
disse por aí, o filme não cede ao happy
end, mas coloca seus personagens confusos em relação ao seu futuro. Vale a
pena conferir “Lugares Escuros”, em cartaz nos cinemas.
por Paulo Moreira