"As Quatro Estações: Legião Urbana" é o mais fraco dos livros da coleção O Livro do Disco dos que li até agora. E olha que li vários. Não é ruim mas, sem dúvida, foi o que, a mim, leitor e fã de música, deixou menos entusiasmado. Apesar do bom trânsito entre os integrantes remanescentes da banda, especialmente com o músico Dado Villa-Lobos, e do acesso a um belo material de fitas disponibilizados pelo guitarrista da Legião Urbana, o livro de Mariano Marovatto não consegue ser muito mais do que uma grande impressão geral sem grande profundidade em nenhum sentido. Não a toa é o que tem menos páginas. Não que isso deva ser determinante. Já li muitos livros extraordinários, de diversos gêneros literários, tão curtos que, pela finura, se duvidaria do tanto que estava contido ali. "É nos menores frascos que estão os melhores perfumes", dizem, não? Não neste caso. No caso deste volume desta sempre ótima coleção literário-musical, o conteúdo parece meramente uma resenha para revista, para o caderno B de um jornal. Tem suas informações, suas curiosidades, é verdade, mas, a rigor, não acrescenta muito mais do que uma mera boa audição do disco. Embora seja inegável que o álbum tenha uma carga espiritual significativa, a abordagem do trabalho de Marovatto parece fixar-se excessivamente no tema, muitas vezes relegando a um segundo plano os elementos mais efetivamente musicais.
No mais, fãs gostarão de conhecer o processo de maturação de "As Quatro Estações", motivações de determinadas letras, alguma coisa do processo criativo de Renato Russo, curiosidades, etc., e é, de certa forma, mais um documento interessante sobre um momento bastante significativo na carreira desta que foi uma das bandas mais importantes da história do rock nacional.
Como eu disse, não é ruim. Mas quanto àquilo que eu costumava afirmar que cada livro que eu lia da coleção O Livro do Disco sempre superava o anterior, desta vez não vale para este.
Cly Reis