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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Exposição “Visões na Coleção Ludwig” – CCBB – Belo Horizonte/MG (Agosto/2014)









Eu me escorando num dos pilares da "Ruína" de Lichtenstein

Numa rápida passagem por Belo Horizonte antes de irmos a Ouro Preto, Leocádia e eu pudemos desfrutar de algumas coisas boas da capital mineira. Conhecemos o mítico bairro Santa Tereza, berço do Clube da Esquina de Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant, Wagner Tiso e tantos outros talentos; almoçamos no colorido Mercado Central no tradicional – e concorrido – restaurante Casa Cheia; e ainda conhecemos alguns das obras de Oscar Niemeyer no Complexo da Pampulha: o Museu de Arte, a Casa de Baile e a deslumbrante Igreja São Francisco, embrionárias da arquitetura moderna.

O impactante óleo
"Cabeças Grandes"
de Picasso
Porém, para nossa surpresa e felicidade, fomos recomendados por um francês dono do hostel onde nos hospedamos a visitar uma exposição no CCBB, num lindo prédio art nouveau dos anos 20 (antigo Comando Geral das Forças Revolucionárias, durante a Revolução de 1930), na Praça da Liberdade, centrão da cidade. Até tínhamos ideia de ir a alguma exposição, mas quando ele nos mencionou que, nesta em especial, haveria obras de Andy WarholPablo Picasso e Jean-Michel Basquiat providenciamos logo de incluir em nosso roteiro. A tal mostra é "Visões na Coleção Ludwig", que reúne 70 obras provenientes do acervo do colecionador alemão Peter Ludwig, sediada no Museu Estatal Russo de São Petersburgo, e o Cly Reis já havia comentado aqui quando da passagem da mesma pelo Rio de Janeiro. Com curadoria de Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, conta com obras-primas da arte pop, do neoexpressionismo alemão, do fotorrealismo e outros movimentos de arte a partir dos anos 1960 até hoje.

Boquiaberto com a obra
coassinada por
Basquiat e Warhol
Fora os já citados, havia artistas que gostamos muito e de significância para nosso universo ideológico, como o norte-americano Roy Lichtenstein, numa gigante serigrafia pop art com clara referência a Dalí e De Chirico; o alemão Joseph Beuys, cuja escultura em bronze de 1949 (“Mulher animal”) traz seu característico toque sarcástico; e o sueco Claes Ondenburg, a quem Leocádia já conhecia me apresentou a obra “Banana-splits e sorvetes de degustação”, pequena instalação em gesso, cerâmica e aço que mina tanto o consumismo quanto as indústrias bélica, alimentícia e do sexo. Com outros, vimos pela primeira vez (Robert Rauschenberg, Anselm Kiefer, Claudio Bravo, Julia Zastava e George Baselitz, por exemplo). Uns interessantes, outros, nem tanto; mas, de um modo geral, bem legal. A começar pela impressionante tela a óleo “Cabeça de criança” (1991), de Gottfried Helnwein, com 6,50m tomados de hiperrealismo, que já nos saltara aos olhos no belo pátio interno do prédio.

Escultura de Beuys,
sempre contundente
No entanto, o que realmente nos impactou foram os mestres. Já na primeira sala após a entrada, deparamo-nos com um enorme Picasso, o óleo sobre tela “Cabeças grandes”, de 1969. Emocionante, de tirar o fôlego. Tivemos certeza de estarmos diante de um feito histórico, o que até agora, de certa forma, ainda não nos recobramos. Afinal, ver um Picasso ao vivo é sempre uma experiência incrível – só havia tido essa oportunidade em apenas duas ocasiões no passado. Pintura que alia a natureza figurativo-geométrica do cubismo a uma tocante liberdade no traço e nas paletas dignas de um artista apaixonado por sua profissão e totalmente maduro (o catalão morreria dali a apenas 4 anos). A sensação de choque seguiu-nos logo ao lado: um Warhol, um retrato do próprio Ludwig, imagem, inclusive, usada na arte oficial da mostra. Uma serigrafia bem a seu estilo, com toques cubistas no corte da figura em linhas geométricas, construindo-a em blocos de cores e implicações psicológicas distintas, além de seu peculiar traço (provavelmente, em giz) pincelando algumas linhas do desenho.

As simbólicas e nefastas taças de sorvete de Ondenburg
Mais adiante, na terceira sala, ainda não refeitos do impacto de ver essas peças, assim mais um Lichtenstein, um Beuys e outros bem interessantes, uma nova maravilha: outro enorme óleo sobre tela, este fruto da parceria entre Basquiat e Warhol, de 1984, ambos já nos seus últimos anos de vida. Numa palavra: impressionante. Toda a violência, inquietação e poesia do neo-expressionismo de Basquiat, expostos sem concessões nas imagens borradas e inconclusas; nos escritos que ora se completam, ora são propositadamente rabiscados; nas figuras cadavéricas e sofridas; na referência ao grafite e à arte urbana; na repetição doentia de elementos e símbolos. Tudo isso, se mistura com naturalidade ao já mencionado traço warhiano: a combinação vermelho-azul da raiz da pop art; o uso de signos da publicidade e do cartoon. Os dois artistas conseguem realizar uma feliz junção de referências, estilos e escolas: o jovem Basquiat, com sua genialidade a serviço de uma desenfreada busca inconsciente; e Warhol, experiente, doente e muito mais vivido que o companheiro e cujas marcas que a vida impusera (boas e ruins) se transportavam para as obras dessa última grande fase de sua carreira.
A modelo Claudia Schiffer
em foto de Gunter Sachs

Visto esses, o resto era só aproveitar. Já estava garantida a visitação. Ainda tivemos a oportunidade de ver a clássica “Cleópatra Claudia Schiffer”, foto publicitário-artística do alemão Gunter Sachs que virou referência nas revistas de moda nos anos 90. Enfim, uma boa indicação que recebemos e que fazemos a quem estiver ou for à gostosa Beagá.









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Visões na Coleção Ludwig
Visitação até 20 de outubro, de quarta a segunda das 9h às 21h
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte - CCBB
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários - Belo Horizonte - MG
Ingresso: gratuito





texto:
fotos:


segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Visões na coleção Ludwig" - CCBB - Rio de Janeiro (25/05/2014)






por Cly Reis


Já que o 'selfie' está na moda,
eis aqui um deste blogueiro
coma tela "Cabeças Grandes",
de Pablo Picasso, ao fundo
Um programa furado que acabou dando certo. Assim pode ser descrita minha visita à exposição "Visões na coleção Ludwig", no CCBB, aqui no Rio. Não que a exposição fosse uma furada. Não! longe disso. Sabia de antemão que a mostra com diversas peças de artistas renomados seria no mínimo interessante de ser vista. O que me refiro, é que o programa não era este. Era ali pertinho, no MAM, para ver as gigantescas e hiper-reais esculturas de Ron Mueck. O que que não deu certo? Bom, só o fato de que a fila para comprar ingresso fazia voltas pelo saguão térreo do museu e a fila para entrar não era menos gigantesca. Aquilo foi desestimulante. Demoraria pelo menos duas horas para entrar, acredito. O que fiz? Para não perder a viagem até o Centro da cidade dei uma caminhada de mais ou menos uns 10 minutos e caí no Centro Cultural Banco do Brasil, onde sabia que o acervo pessoal do colecionador Peter Ludwig e sua esposa, Irene, estava exposta.
E a visita valeu demais! Logo de entrada o visitante se depara com o impressionante Picasso, "Cabeças Grandes", algo assim simplesmente fantástico. O traço, a tridimensionalidade a proporção... Genial. Olho pro lado tem um Lichenstein, olho pro outro tem o retrato do colecionador, trabalhado em serigrafia por ninguém menos que Andy Warhol, no fundo da sala um Basquiat. Uau!!! Isso sem falar em outros artistas que, sinceramente, não conhecia e que me impressionaram bastante como Johns, Heisig e Pistoletto. Outra obra bastante  é a "Cabeça de Criança", de  Gotttfried Helnwein um gigantesco óleo sobre tela, de um realismo impressionante, que recebe os visitantes da mostra logo no átrio do local.
A exposição fica aberta até 21 de julho. Quem tiver a oportunidade de visitar, não deve perder.
Confira abaixo algumas imagens da mostra:


Reprodução de andy Warhol, para o
retrato do próprio colecionador,
Peter Ludwig


Público admirando a exposição.
Ao fiundo o quadro "Ruínas" de
Roy Lichennstein

Escultura de George Segal,
"Garota Perdendo o Cabelo"

Tela de Paul Basquiat...

...e a mesma, em detalhe.

Instalação em madeira, "Livros"

Visitantes curtindo a exposição

Claudia Schiffer fotografada
como Cleópatra

Curiosa obra do artista russo Yankilevski,
"Tríptico nº14"

"Garrafa" e ´"Águia" de Georg Baselitz

"Grande punho de ferro" de Anselm Kiefer

Outros dos espaços da mostra

E a impressionante tela, no saguão,
"Cabeça de Criança", de Gottfried Helwein


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"Visões na coleção Ludwig"
local: CCBB - Centrol Cultural Banco do Brasil 
Rua Primeiro de Março, 66, Centro
Rio de Janeiro - 2º andar
vistação até 21 de julho de 2014
ingresso: Gratuito