Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Sam Raimi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sam Raimi. Mostrar todas as postagens

domingo, 29 de abril de 2018

"A Morte do Demônio", de Sam Raimi (1981) vs. "A Morte do Demônio", de Fede Alvarez (2013)



A refilmagem de "Evil Dead - A Morte do Demônio", de 2013, é um daqueles exemplos clássicos de que nem sempre o fato de ter um bom orçamento garante um grande filme. Quando se fala em "filme de fundo de quintal", pode-se pensar quase literalmente no longa de Sam Raimi, que se não foi num quintal foi num sítio caindo aos pedaços. Problema? Não! Sam Raimi fez de sua limitação um de seus trunfos e a choupana escangalhada serviu como cenário sinistro para uma história simples, banal, clichê mas que tornou-se um grande clássico do cinema das últimas décadas. Para quem não conhece a história, um grupo de amigos vai passar um fim de semana numa cabana nas montanhas, em um lugar isolado no meio de uma floresta. Lá descobrem, no porão, um livro que, uma vez recitadas suas passagens, desperta demônios lá adormecidos.
Mesmo as atuações caricatas do elenco, formado basicamente por amigos do diretor; o tom cômico; e os efeitos especiais muitas vezes toscos, não desvalorizam em nada o trabalho de Raimi e, por incrível que pareça, não deixam o filme menos assustador. Talvez parte do problema de sua refilmagem tenha sido exatamente o fato de se levar muito a sério. A própria opção por uma protagonista feminina já indica uma pretensão além do entretenimento que, neste caso, não fazia muito sentido nem representava um ganho efetivo. Atitude? Demonstração de coragem? Prova de que mulheres também podem enfrentar grandes ameaças?... Tudo isso é válido e importante, ainda mais numa indústria tão machista como a do cinema, mas me parece que não era a hora nem o lugar. Se bem que mesmo que fosse um homem no papel seria difícil superar a performance do carismático Bruce Campbell, (que por sinal faz uma aparição na nova versão) que, por pior que fosse como ator, com seus trejeitos, exageros e caretas, tem uma daquelas atuações tão marcantes que eternizam um personagem.
Na tentativa de dar mais dramaticidade a algumas situações do original, o remake do diretor Fede Alvarez torna-se enfadonho e arrastado como é o caso da leitura do Livro dos Mortos, cheia de enrolação e pequenos desdobramentos paralelos. A própria cena do estupro da árvore, um clássico do cinema, ainda que tenha um ganho técnico e seja, a bem da verdade, mais soturna, não consegue superar em impacto a antiga. Aquele movimento de câmera, veloz, quase rasteiro, por entre as árvores da floresta, que virou meio que uma assinatura de Sam Raimi, é reproduzida por Fede Alvarez mas me parece também mal utilizada ou no mínimo uma mera cópia, a essas alturas, bem menos impressionante do que quando foi feita pela primeira vez.

Cena do estupro da árvore - 1981



Cena do estupro da árvore - 2013

Embora tenha a benção de Sam Raimi, que produz o longa, "A Morte do Demônio" (2013) não chega aos pés do original. Nem um roteiro mais elaborado, nem melhores atores, nem melhores recursos técnicos, nada disso foi o suficiente para desbancar um filme despretensioso mas claramente feito com gana. Coisa de quem sabia muito de cinema, tinha boas ideias, só não tinha muita grana na época, mas deu um jeito nisso com muita criatividade e paixão pelo cinema.
Há versões de que na verdade, o novo filme não seria uma refilmagem e sim uma continuação, o que só pioraria sua situação considerando a quantidade de situações iguais à do antigo, tornando, aí sim, um grande pastiche sem nenhum valor.
Mais uma vez, o CLÁSSICO é o CLÁSSICO, já o vice-versa, com certeza, aqui, não se aplica.
O demônio no porão nas duas versões, à direita o de 2013,
bastante assustador, para ser bem justo.


Evil Dead '81 não perdoa e corta todos os membros da nova versão com uma motosserra, ao melhor estilo de Ash, seu protagonista.
Vitória fácil.
Evil Dead '2013 até consegue seu golzinho de honra por conta do clima sombrio e pela parte técnica mas o placar final fica nisso...,
(dois braços e duas pernas amputados contra uma mutilação)



  
Cly Reis

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

10+1 Filmes de Terror Para Curtir no Halloween



Halloween pede um bom filmezinho de terror, não? É só ver por aí, hoje, as programações dos canais recheadas de títulos do gênero em todas as suas variações possíveis. Tem de demônios, de casa assombrada, de serial-killer, de zumbis, de mutilações e podreiras e assim por diante. O ClyBlog pediu para que alguns amigos listassem seus favoritos do gênero e reuniu os mais mencionados numa super lista de filmes altamente recomendáveis para os amantes do lado sinistro do cinema. Na verdade, a maioria deles já são conhecidos, batidos, alguns já são clássicos mas exatamente por conta dessa imortalidade, dessa aura mítica que os envolve é que merecem sempre serem assistidos de novo e de novo e de novo.
Então vamos a eles:


As perspectivas de Kubrick ficam mais sufocantes.
1. "O Iluminado", de Stanley Kubrick (1980)
Frequentemente apontado como o melhor terror de todos os tempos, o clássico de Stanley Kubrick não foi esquecido pelos votantes. Um escritor, Jack Torrance, se candidata a trabalhar como zelador num hotel nas montanhas na época de baixa temporada quando o mesmo fica completamente vazio e leva para lá sua esposa e seu filho pequeno. Só que lá ele começa a ser influenciado por "alguma coisa" e seu comportamento vai mudando chegando ao ponto de ameaçar a integridade física de sua própria família. Ao mesmo tempo o garoto começa a ter visões para o espectador vai ficando claro que alguma coisa de não muito bom andou acontecendo naquele lugar. A câmera em movimento e as perspectivas de Kubrick, sempre muito marcantes, talvez nunca tenham sido mais adequadas e perfeitas do que neste filme, causando uma sensação de opressão, claustrofobia e inquietude, especialmente nos momentos em que perambula pelos corredores quietos e vazios do hotel. E as meninas no corredor, e a mulher na banheira, e a cascata de sangue no elevador, e o REDRUM... Ah, cara, que filmaço!




2. "O Exorcista", de William Friedkin (1973)
Passa o tempo, surgem filmes e mais filmes de terror, aperfeiçoam-se as técnicas, surgem novos recursos, mas "O Exorcista'continua lá, sempre sendo lembrado como um dos grandes filmes de sua categoria. Não é para menos, o drama da menina Regan possuída por um demônio é impactante visualmente ainda hoje mesmo com o avanço dos efeitos especiais. Como não lembrar da cena em que a garota vira completamente o pescoço?

As cenas mais impactantes de "O Exorcista"



3. "O Bebê de Rosemary", de Roman Polanski (1968)
Outro dos mais lembrados nas listas dos votantes e outro da "veterano" do terror. Clássico de Roman Polanski em que  um casal se muda para um novo apartamento e lá, Rosemary grávida, começa a suspeitar de um plano maligno dos vizinhos, um casal de idosos, com o próprio marido para fazer de seu bebê o Filho das Trevas. Filme muito mais inquietante, angustiante do que aterrorizante. Não é de dar medo mas mantém o espectador em um estado de tensão constante. Brilhante roteiro e excepcionais atuações, especialmente de Mia Farrow no papel principal. De um modo geral, o impacto visual é bem brando, mas, mesmo muito sutilmente e sem forçação nenhuma, a parte em que aparecem os olhinhos da criança é bem perturbadora.






4. "Evil Dead - A Morte do Demônio", de Sam Raimi (1981)
Como se faz um clássico? Com um sítio no meio da floresta, um grupo de amigos, pouca grana e uma câmera na mão. Exagerando é mais ou menos isso. Com baixíssimo orçamento, com alguns amigos, uma boa ideia, criatividade e muito talento, o então novato Sam Raimi, criava um dos filmes mais cultuados do gênero de terror. Um livro misterioso encontrado no porão de uma cabana onde um grupo de jovens vai passar um final de semana grupo de amigos que vai passar um final de semana dá início a uma demoníaca e sangrenta jornada de terror. Um espírito é libertado e cada um deles começam a ser possuídos pela entidade maligna. A cenas da câmera correndo rapidamente rente ao chão no meio da floresta com um efeito sonoro agoniante são muito legais e a da árvore estuprando a garota, uma das mais marcantes de todos os filmes de terror.


Tralier de "Evil Dead", A Morte do Demônio"




O Freddy vai te pegar...
5. "A Hora do Pedsadelo" de Wes Craven (1984)
O filme de Wes Craven consegue ter um dos personagem mias carismaticamente sinistros ou sinistramente carismáticos do cinema. Sabemos que Freddy Krugger, pedófilo, sequestrados e matador de criancinhas é um filha da puta mas aquele jeitão desleixado e seu humor negro fazem com que inevitavelmente mantenhamos alguma simpatia por ele. O fato do assassino se materializar no sonho dos adolescentes da cidade, filhos das pessoas que o queimaram vivo é um grande achado do filme e seu grande diferencial. Além de lhe conferir um charmoso toque surrealista, também lhe atribui características de desenho animado uma vez que o mundo dos sonhos possibilita de forma ilimitada variações de forma, espaço, dimensões, estado físico, etc. com uma justificativa muito mais natural do que teria em outra situação no mundo real.





Quem é aquela mulher?
6. "Psicose", de Alfred Hitchcock (1968)
"Ah, mas não é filme de terror!". Não é? Uma mulher é morta brutalmente a facadas no chuveiro por outra "mulher"... Como assim? Não havia mais ninguém no motel além do dono e gerente Norman Bates. Mas poderia ser sua mãe... Não! Ela e falecida. Mas então com quem ele conversa? De quem é aquela voz de mulher? O espírito da velha? Será? Não! Antes fosse. é algo pior. "Psicose" tem o grande mérito de ir mudando de gênero ao longo de seu desenvolvimento e ir moldando a expectativa do espectador: começa como um filme policial, um roubo; passa a ser um terror sobrenatural talvez, uma vez descartado a assombração, passa a ser um suspense e por fim descobrimos que é um filme de serial-killer. Ora, se um filme de assassino em série não é terror então que me desculpem Leatherface, Michael Myers e cia.






Samara, dos personagem mais marcantes
do mundo do terro nos últimos tempos.
7. "O Chamado", de Gore Verbinski (2002)
Uma das várias refilmagens americanas de originais japoneses e, neste caso, assim como em "O Grito" com competência e êxito. Pode-se  até discutir quanto a qual das versões é melhor mas é fato que a ocidental já um clássico do gênero. O filme da fita de vídeo matadora, à qual quem a assiste acaba morrendo em uma semana, mantém a tensão no alto o tempo inteiro por conta da expectativa de saber se a mãe, a jornalista Rachel, conseguirá em tempo hábil salvar o filho que assistiu à fita. A edição, muito videoclípica, nas cenas do tal VHS maldito é simplesmente agoniante, e Samara com sua cabeleira sobre o rosto e seus movimentos quebrados ao sair da tela e atacar as vítimas já é uma referência entre os personagens de horror.






Ih, tá na hora.
8. "O Exorcismo de Emily Rose", de Scott Derrickson (2005)
Outro dos novos clássicos este é um filme daqueles constantemente apontado como extremamente assustador, de não deixar dormir. Um dos motivos desta inquietação de provoca no espectador é o fato de ser baseado numa história real, o que inapelavelmente esfrega na nossa cara que TUDO AQUILO ACONTECEU DE VERDADE. Outro é a grande atuação da triz Jennifer Carpenter garantindo um incrível realismo às possessões. E outro ainda, possivelmente seja a tal da "hora do demônio" que tanto atormenta a jovem e depois as noites da advogada. Eu mesmo, quando vi, pensei duas vezes quanto a deixar o relógio ao lado da cama e quis dormir tão profundamente pra não correr o risco de acordar às 3 da manhã. Curiosamente é um filme de tribunal com flashbacks no referido exorcismo o que mais méritos lhe dá quanto ao fato de ser considerado tão assustador.






O vampiro repugnante de Murnau.
9. "Nosferatu", de F.W. Murnau (1922)
É incrível como muitos dráculas depois nenhum tenha conseguido superar esse. Baseado no "Drácula" de Bram Stoker, o filme do genial alemão F.W. Murnau traz um vampiro completamente fora dos padrões que depois nos acostumamos a ver no cinema,  o tipo bonitão e sedutor. Seu Conde Orlock é feio, bizarro, estranho e aterrorizante. Em 1922, mudo, com recursos primaríssimos de efeitos especiais, "Nosferatu" não é responsável apenas pela formação da linguagem do terror mas pela consolidação da linguagem cinematográfica como um todo. Obra-prima. Não é à toa que seu subtítulo é "uma sinfonia do horror".





O menino com seu "brinquedinho".
10. "Cemitério Maldito", de Mary Lambert (1989)
Filme que é cult desde que nasceu por conta da trilha sonora dos Ramones mas que, pode ter certeza, não fica só nisso. Depois de em um antigo cemitério indígena, revelado por um vizinho, ressuscitar o gato atropelado numa movimentada rodovia, o pai da família Creed desesperado pelo fato do filho ter tomado o mesmo destino que o mascote, resolve utilizar o mesmo recurso para reanimar o menino já sabedor que, assim como acontecera com o bichano, quem é enterrado naquele solo sagrado não volta como era antes. O filme tem cenas fortes de violência, de brutalidades, de mutilação especialmente as do menino com o bisturi na mão mas poucas coisas são mais aterrorizantes que a risadinha do garoto antes de aprontar "alguma das suas".






"Parece que tem alguém ali. Ih, tem alguém ali!"
10+1. "Os Inocentes", de Jack Clayton (1961)
Esse pra falar a verdade não foi tão votado mas é escolha da redação uma vez que eu e o Daniel, editores deste blog, adoramos esse filme e ambos os consideramos um dos grandes de todos os tempos. "Os Inocentes" conta a história de uma moça que vai trabalhar como governanta numa propriedade afastada para cuidar de duas crianças orfãs cujo tio, dono da casa, prefere se eximir da tarefa. O problema é que naquela casa enorme, naquela propriedade imensa, no jardim, no lago, a governanta começa a ver fantasmas. Só que os fantasmas não passam rápido, não "parece" que vimos alguma coisa. Eles realmente estão ali! E este é o grande mérito do terror do filme. É assustador pela sobriedade, pela leveza, pelo silêncio, pela fotografia primorosa e pela grande atuação de Deborah Kerr no papel da governata, Srta. Giddens. Na minha opinião tem um final um tanto exagerado, excessivamente teatral que contrasta com toda a sobriedade do restante do filme, mas o filme é taõ bom, tão bom o tempo todo que a gente até releva algum excessozinho que possa ter sido cometido no final. Mas nada demais! Não se deixe influenciar por essa última impressão. é obra de arte.



Agradecimentos a Claudia Melo; Vagner Rodrigues; Jowilton da Costa; Lisiane Möller; Thamy Lopes; Marcelo Silva; Roberta Motta; Roberta Miranda, José Júnior; Carolina Costa, Daniel Rodrigues, Valeska, Jamal e Lúcio Agacê que colaboraram nesta enquete.

Cly Reis


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"Arraste-me para o Inferno" de Sam Raimi (2009)




Fui conferir o novo Sam Raimi no cinema, semana passada. O diretor hoje já consagrado por conta da franquia milionária “Homem-Aranha”, volta ao gênero que o lançou com o cult-movie “Evil Dead”, um clássico de fundo de quintal (literalmente, pois o filme foi filmado no sítio de um amigo) que mostrava um terror pesado e assustador ao mesmo tempo recheado com boas doses de humor.
O legal é exatamente esta volta à origem. Sam Raimi é um cara qualificado para a coisa e atuando no seu metiê realmente mostra como é que se faz. E curiosamente, mesmo hoje tendo o respaldo das produtoras e muito mais dinheiro pra fazer filme do que na época de “Evil Dead”, Raimi não apela constantemente e abusadamente dos efeitos especiais e de tecnologias avançadas. Muitas vezes até é meio cru e (propositalmente) primário.
A história em si é interessante mas como ele quer dar um tom engraçado, não se apega muito às verossimilhanças e algumas situações que poderiam ser encaradas como “acontecíveis” ficam totalmente mentirosas e inaceitáveis. Mas no caso de Sam Raimi sabemos que faz parte da idéia e o conceito acaba reproduzindo alguma coisa da seqüência “Evil Dead”, principalmente do 3° da série, o pior, mas o mais divertido.
O papo todo é que uma garota ambiciosa em subir de cargo, para provar que pode dar lucro ao banco que trabalha, nega uma prorrogação de prazo para uma velhinha que vai ser despejada. Só que mal sabe ela que a velha é uma bruxa e que se sentindo humilhada pela situação no banco, joga uma maldição pesada pra cima da garota. A velha morre logo em seguida e não tem mais como tirar a maldição, a não ser por tentativas de magia negra e outros recursos que a menina, atormentada por ataques invisíveis, sombras e alucinações, vai fazendo ajudada por um vidente que reconhece a entidade para quem foi oferecida a maldição da velha. O final (que eu não vou contar) é até previsível mas é legal por conta da dúvida que causa no espectador.
Bonzinho, no fim das contas, mas não é tuuuudo isso, não. Bom mesmo foi ver que Sam Raimi voltou a causar terror.


Cly Reis