Em 7 de abril
de 2011, ocorreu na cidade do Rio de Janeiro o Massacre de Realengo, bairro da
zona oeste da cidade. Na trágica ocasião, Wellington Menezes de Oliveira, 23
anos, invadiu a escola Tasso da Silveira, onde foi aluno, e disparou tiros
contra crianças e adolescentes com idades de 12 a 15 anos, matando 12 delas e
ferindo outras 12, até ser contido por um policial e se suicidar em seguida.
1. Sala de aula, manhã. A professora fala aos alunos
da importância de as crianças serem crianças no Brasil. Alunos prestam atenção.
Um menino, parecendo distraído, escreve em seu caderno uma frase que a
professora sempre falava nos primeiros dias de aula: “Você é inocente quando
dorme”.
2. Quarto, noite. No quarto todo bagunçado e cheio de
lixo, Wellington está sentado à sua escrivaninha tomada de cupim. Escreve a mão
uma carta.
3. Entrada da escola, manhã. Wellington entra pelo
portão da escola. Cumprimenta dois funcionários aos quais conhecia. Sobe as
escadas que dão para o 1º andar. Na porta da sala de aula, fecha os olhos lenta
e concentradamente, como que rezando. Ouve-se o som da arma engatilhando.
4. Calçada, manhã. Policial faz a vigília rotineira.
Ouve gemidos e olha para o lado, quando vê um menino ferido se aproximando.
Avisa pelo rádio a policia e corre em direção à escola.
5. Calçada, manhã. Wellington passa pela rua. Cruza
com o policial. Entreolham-se rapidamente.
Wellington entra pelo portão da escola.
6. Saguão da escola, manhã. Um dos funcionários que
cumprimentou Wellington ouve tiros. Gritaria, pavor. Ele congela onde está,
arregalado. Vê um aluno saindo ferido. Mais disparos. Outros vêm em seguida
correndo, apavorados. Vê sangue, muito sangue, mas não consegue distinguir
dentre a confusão quem também estivesse ferido. Sem reação, olha para um
policial que vem correndo na direção contrária. Este sobe as escadas. Ouve-se
troca de tiros.
7. Corredor da escola. Wellington morto.
8. Sala de aula. Alunos mortos.
9. Rua, vista superior, final da manhã. Famílias
comovidas. Policiais trabalhando. Médicos atendendo. IML recolhendo. Sirenes
soando. Imprensa cobrindo. Carros, multidão.
10. Quarto, noite. Wellington conclui a redação da
carta. Num trecho, diz: “Jesus me desperte do sono da morte para a vida”.
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