Vinha topando com frequência com esse filme em listas de melhores terror ou mais impactantes ou coisas do gênero até que resolvi ir atrás. "Martyrs" realmente é tudo o que se diz dele. Tem que ter estômago. É de uma violência explícita chocante como poucas vezes se viu e por extensão de um pavor psicológico perturbador.
Uma jovem, Lucie, vai em busca de vingança da família que a teria sequestrado e torturado na infância e para seu intento conta com a ajuda de Anna, uma amiga ex-colega do internato para onde foi mandada depois da fase do cativeiro. Anna, no entanto, mostra-se um pouco cética quanto à certeza que a amiga tem em relação àquela família especificamente e principalmente quanto à veracidade da história toda de sequestro e tortura, uma vez que Lucie costuma ter alucinações e comete por vezes automutilações. No entanto, dentro da casa da família, a vingança é concretizada num massacre impiedoso que não poupa absolutamente ninguém, muito menos o espectador que vê entre outras coisas uma criança ser executada a sangue frio, mas o ato é seguido por mais uma das crises alucinatórias violentas da vingadora Lucie o que acentua o sentimento de dúvida e agora de culpa em Anna, cúmplice de certa forma. Só que tudo se confirma quando a Anna, sem querer, acaba encontrando uma passagem oculta na casa que leva a uma instalação subterrânea com celas e equipamentos de tortura. Se quem está vendo o filme acha que já viu bastante horror até ali, engana-se. O pior ainda está por vir. A partir daí as cenas e situações chocantes se sucedem de maneira tensa e desconfortável. A mulher que é resgatada numa das celas com placas parafusadas no corpo, os espancamentos,a alimentação, os métodos e, para culminar, a cena do esfolamento, tão dolorosa e cruel que faz aquela do "Hellraiser" parecer coisa de criança. Tudo ali... na lata, a seco, sem cuspe.
Esfolada viva. |
"Mártires" é uma produção francesa, o que é interessante uma vez que não é um cinema que costuma se destacar muito na linguagem de terror e menos ainda nessa ênfase física e psicológica. Procurando por este, o francês, me deparei com uma versão americana, também surpreendentemente bastante boa uma vez que muitas vezes suavizam ou fantasiam excessivamente histórias originais valiosas. Poucas coisas mudam no remake, algumas situações são, sim, amenizadas, mas por outro lado outras são intensificadas. O final é diferente, um pouco mais dramático, mais hollywoodyano, mas não tira o valor da boa versão.
Mas recomendo mesmo o original tão forte, tão pesado tão porrada que chegou a ter sua exibição proibida em diversos países, inclusive no Brasil, o que justifica o fato de ser somente encontrado para download ou no Youtube. Mas como eu falei: tem que ter coragem, tem que ter resistência, não vale fechar os olhos nem virar o rosto. É dor e dor e dor e dor! Veja, resista, aguente como um mártir.
trailer de "Martyrs" (França/ 2008)
Cly Reis
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