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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

cotidianas #488 - Pílulas Surrealistas #9


Ele pensou: “Nem céu nem inferno. Não é esta a posição nem aspiração do homem. Desde que o anjo exterminador de Buñuel deixou-lhes abrir a porta e ver a guerra lá fora, o bom entendedor captou que a fronteira se quebrara. Que restava o abismo, interno e externo. Pois é em abismos que quero me ater. Breves sacramentos entre o real e o imaginário, talvez, justamente por seu revés, um retorno voraz e impiedoso à própria realidade. As situações, ora aparentemente banais, ora banais de fato, não são muito nem pouco: são, sim, aquilo que se pode ser. Aquilo que, provável, seja o único ser real. Um espinho que se encrava na pele da terra.” E tornou a se acomodar dentro da cera da vela, por ora apagada.




Daniel Rodrigues

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