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Enquanto maldizia o transporte privado da cidade, ela já deixava passar mais minutos sem, contudo, fazer o cancelamento e chamar outro. No visor do celular, aparecia o avatar de um carro visivelmente perdido andando em movimentos circulares na quadra em que ela se localizava. Aquele ciclo sem destino foi se fechando numa circunferência cada vez menor até que, rápido como o redemoinho, tal um videogame sinistro, fez desaparecer a imagem daquele carrinho. Junto, apagaram-se todas as informações: do motorista, do modelo, da placa. Sumiu do sistema e mesmo o Uber nunca mais o achou o tal de Renato Queiroz, do Audi A3 2015. Quanto menos ela, que, indignada, nem foi pra casa nem chamou outra condução. Ficou ali, sentada no meio-fio com a roupa da festa que saíra aquela noite esperando que as coisas se resolvessem sozinha para ela ao menos uma vez na vida.
Daniel Rodrigues
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