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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

“Fences - Um Limite Entre Nós”, de Denzel Washington (2016)



Como o ambiente o pode nos moldar e como nós podemos moldar o ambiente. É importante parar e pensar no papel da família na nossa formação, principalmente nossos pais, o quanto deles nos carregamos, seja isso bom ou ruim. Até mesmo você, pai e mãe, o que gostaria de passar de ensinamentos para os seus filhos? E como passar isso, sem se desvincular dos ensinamentos dos seus pais? Que louco isso! Pois isso é “Fences - Um Limite Entre Nós” na minha humilde visão, acompanhado de atuações espetaculares e roteiro fabuloso.

Um jogador de beisebol aposentado, Troy (Denzel Washington, que dirige e atua), que sonhava em se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor de lixo para sobreviver. Ele terá de passar por complicados momentos de seu relacionamento com a esposa Rose (Viola Davis), filhos e os amigos.

Extremamente lento, falado, uma obra muito teatral, o diretor se esforçou ao máximo para passar a peça premiada da Broadway para a mídia do cinema. O longa dá certo graças ao seu ótimo roteiro e atuações. Não fosse isso algumas pessoas dormiriam assistindo o filme. Há poucos cenários, a maioria das cenas de conversas são sempre apenas dois personagens em tela. Se você não comprar a mensagem que o filme está passando, vai ficar difícil aguentar.
Denzel em seu filme que concorre ao Oscar

Mas que roteiro, MEU DEUS DO CÉU! Que texto lindo. Sua beleza está na força dele, como ele real, como ele se relaciona com nossas vidas, como é simples e magicamente real, e dito com verdade pelos atores, que em determinados momento, não é um filme, é a vida. Atuações de outro mundo. Denzel Washington é o “cara”. Ao mesmo tempo que você odeia ele (sim, você vai odiar ele), você sente uma pena, por que acompanha todo seu esforço para manter a família bem.

Realmente uma atuação assombrosa eu me senti intimidado por Troy. Em vários momentos eu acabava concordando com ele, só pela sua força (e medo, é claro).

E temos que falar de Viola. Que mulher! Que empoderamento! Ela passa por tanta coisa e termina o filme sambando (nem tanto). Sua personagem tem uma cena, UMA CENA ESPETACULAR, em que ela recebe uma notícia que muda sua vida e até seu passado. Ela faz um discurso que dá vontade de levantar, entrar no filme, abraçá-la e dizer: “E isso aí mesmo!”, e depois chorar junto com ela.

Viola Davis em grande interpretação
Os demais personagens servem apenas para dar suporte a Troy. Não são ruins, mas são bem coadjuvantes. Até mesmo Cory, o filho mais novo, que tem seu destaque, mas apenas em cenas com seu pai. O grande poder está nos diálogos, perfeitos. Tudo muito cru. Fala-se do preconceito racial, do papel da mulher na família, da paternidade; tudo de uma forma genial. Parece a conversa que você, se já não teve, vai ter com sua família um dia.

“Fences” traz diálogos inteligentes e atuações magistrais que irão fascinar você, mas o fato de o filme abordar algo tão presente em nossas vidas, com certeza é o que mais vai te atrair. Como nos construímos cercas à nossa volta para manter as pessoas que gostamos perto e protegê-las, mas ao mesmo tempo limitamos o mundo delas ao nosso mundo, assim como somos limitados pelas cercas dos outros. Até que ponto temos total liberdade das nossas escolhas e destinos, que não deixam de ser influenciadas pelo meio que nos cerca?

por Vágner Rodrigues

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