por Luan Pires
Fotografia é um dos trunfos do elogiado La La Land. |
Lembro-me quando fui assistir “Os Miseráveis” no cinema e,
por ser um musical todo cantado, metade das pessoas saíram no meio da sessão.
Nunca entendi como musicais podem assustar as pessoas: poder imaginar como a
vida seria se ao invés de "bons dias" mecânicos, conversas sobre o
tempo e mau-humor rotineiro, tivéssemos que lidar apenas com sentimentos
transformados em canções. Eu sempre me sinto muito bem – obrigado – quando
assisto a um musical. E queria muito poder compartilhar isso. Afinal, bobo
mesmo é levar a vida tão a sério.
Ensolarado, colorido, às vezes óbvio, às vezes
surpreendente, “La La Land” mistura
homenagem e inventividade de forma tão orgânica que é difícil discernir. As
músicas podem não ser tão inventivas, mas algumas apresentam uma simplicidade
grandiosa. Num mundo onde tudo é tão preto ou branco, escapar por uma janela de
cor e música faz muito bem. E como diz a minha música favorita do filme, "um brinde àqueles que sonham, por mais
tolos que eles possam parecer".
Não se pode ter tudo
na vida
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O casal romântico formado por Ryan Gosling e Emma Stone. |
Uma excelente história de amor,
muito bem contada que não abusa dos truques melodramáticos. Concluí isso logo
depois de sair da exibição de “La La
Land”. Também entendi que o filme seguiria os caminhos de outras obras com
teor semelhante, como "O Artista" e "Birdman", que parecem que foram criadas
para alisar o ego da indústria de Hollywood. Ou seja, oscarizados que
alcançaram a unanimidade da crítica, mas logo caíram no ostracismo. Porém, mais
de uma semana depois que assisti ao musical recorde de indicações ao Oscar de
2017, o filme só tem crescido dentro de mim. A cada momento que penso nele,
mais camadas descubro e mais teses e interpretações faço.
Sim, é uma história de amor.
Entretanto, também é uma história sobre sonhos. E também é uma história sobre
“não poder ter tudo na vida”. E ainda é uma homenagem aos clássicos de
Hollywood. Igualmente, é uma tentativa de avançar quanto aos processos
narrativos – e é nisso que estão os pecados do filme. Enfim: é um grande filme!
Se você é daqueles que recorre à arte para tentar tornar sua rotina maior que a
banalidade que nos esmaga, ”La La Land” é aquela obra que para sempre servirá
como metáfora para a vida. Afinal, todos nós precisamos escolher quais caminhos
percorrer, quais sonhos seguir e quais abrir mão.
trailer "La La Land"
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