Mais uma experiência de cinema que vivencio com muita alegria: ministrar uma aula. Pra quem alimenta o desejo da docência há algum tempo, esta ocasião, ocorrida neste mês de julho, foi realmente especial. Convidado por meu amigo e colega de profissão, de crítica de cinema e de Accirs, Danilo Fantinel, dividi um pouco de meus conhecimentos e entendimentos sobre “Cinema Negro” dentro da programação do curso “História e Linguagem do Cinema Internacional”, ministrado por ele desde abril de forma híbrida.
Além do meu módulo, o curso, em andamento, compreendeu outros 26 no total, trazendo temas como: “Do primeiro cinema à linguagem clássica” ou “Som no cinema, era de ouro de Hollywood e gêneros cinematográficos”. Também tiveram, assim como eu, outros convidados, como meus também colegas de Accirs Fatimarlei Lunardelli (“Cinema Novo”), Rafael Valles (“Cinema Argentino”) e Ivonete Pinto (“Cinema Marginal e Cinema da Boca”) - fora outras que ainda estão ocorrendo.
Em minha exposição online, na qual participou um pessoal super interessado e amante do cinema como eu, pude falar um pouco sobre o cinema produzido por realizadores negros e/ou obras com relevante temática de questões da negritude tanto da África quanto dos Estados Unidos e do Brasil. Contextualizando o processo histórico do povo preto nestes três continentes – africano, norte-americano e sul-americano –, busquei levantar o percurso histórico, sociológico, político e cultural que levou a chegar nesta produção audiovisual tão resistente quanto rica, destacando características formais e estéticas e principais realizadores, que formam aquilo que se pode chamar de “cinema negro” – com suas diferenças, peculiaridades e interinfluências.
Lee e Burnett: grandes nomes do cinema negro dos EUA |
Dos norte-americanos, não poderia se deixar de falar da galera da L.A. Rebellion, que revolucionou o cinema dos Estados Unidos nos anos 70, tendo como nome central o diretor Charles Burnett e, claro, um dos maiores cineastas vivos: Spike Lee, autor de obras fundamentais para a discussão da questão negra em seu país como "Faça a Coisa Certa" (1989) e "Malcom X" (1992). Já do Brasil, Zózimo Bulbul, Odilon Lopez, Joel Zito Araújo e Adélia Sampaio, pioneira entre as mulheres negras, estiveram no papo, assim como alguns dos não-negros idelogicamente comprometidos com a temática negra, como Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues.
O excepcional "Alma no Olho", de Zózimo Bulbul (1974) |
Ao que pude ter de retorno imediato tanto de Danilo – que acompanhou toda a aula, ajudando a mim na condução e na orientação da turma – quanto de uma parte considerável dos alunos – dentre eles, meu amigão Rodrigo Dutra, o homem por trás do Rodriflix e colaborador extraordinário deste blog –, o conteúdo e a didática agradaram. Quem sabe não venham mais aulas por aí?
Daniel Rodrigues
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