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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Debate "As Canções", de Eduardo Coutinho - Ciclo de Cinema Documentário - Clube de Cinema de Porto Alegre - Sala Redenção da UFRGS (14/08/24)


Com a realização ainda em curso do 52º Festival de Cinema de Gramado, onde estive dias antes de descer a Serra de volta para Porto Alegre, participei de outra atividade envolvendo a crítica de cinema, esta na Sala Redenção, na Reitoria da UFRGS. Foi um debate sobre o belo documentário “As Canções”, de 2011, do mestre Eduardo Coutinho, um de seus últimos filmes. A ocasião foi em virtude de um afetuoso convite do colega de Accirs Paulo Casa Nova, presidente do Clube de Cinema de Porto Alegre, o mais antigo clube do tipo no Brasil, fundado em 1948 pelo célebre cinéfilo gaúcho P. F. Gastal e que teve como membros em sua longa história nomes como Mario Quintana, Erico Veríssimo, Ítala Nandi, Carlos Reverbel, Carlos Scliar, Vasco Prado, Fernando Corona, entre outros. O mote: uma homenagem a Coutinho, a quem perdemos tragicamente há 10 anos vitimado pelo próprio filho. Ou seja: um convite irrecusável.

Com mediação da também colega de associação de críticos Kelly Demo Christ, Diretora de Comunicação do CCPA, pude, além de rever esta preciosa obra de Coutinho, debatê-la com o público presente, bastante interessado e, assim como eu, impressionado com a riqueza poética e artística do filme. O enredo é simples: 18 pessoas comuns selecionadas aleatoriamente através de anúncios em jornais relatam de frente para a câmera, num cenário com apenas uma cadeira para sentarem e cortinas escuras atrás, casos particulares relacionados a determinada música que lhes marcara a vida. Simples, contudo, é modo de dizer, pois é justamente dessa aparente simplicidade que Coutinho, hábil entrevistador e perscrutador da alma humana, extrai histórias quando não marcantes, ainda mais do que isso: impactantes e emocionantes.

Entre os aspectos que pude dividir com os presentes, um deles foi a visão de mundo de Coutinho, um marxista convicto que pautou sua obra - principalmente a documental, a qual passou a se dedicar exclusivamente partir dos anos 70 e pela qual ficou identificado - por um humanismo atravessado pela perspectiva da dialética como motor para o entendimento das relações de classe e, por isso, humanas. Esta característica, que surgiu com total potência em sua obra-prima, “Cabra Marcado para Morrer”, de 1983, ainda sob a égide da Ditadura Militar, se materializou em várias de suas realizações posteriores, principalmente a partir dos anos 90, quando se consolida de vez no documentário. Filmes como “Santo Forte”, “Moscou”, “Edifício Master” e “O Fim e o Princípio” carregam invariavelmente esta forma dual de enxergar o ser humano em sociedade, desvelando com uma sensibilidade ímpar sentimentos muito profundos por meio de uma investigação quase antropológica.

Em “As Canções”, valendo-se da máxima de que somente uma música é capaz de ter potência suficiente para guardar na memória sentimentos sublimes, este aprofundamento emocional se dá em vários momentos, seja nos tocantes depoimentos, seja nas interpretações das músicas (sim, cada pessoa canta pelo menos um pedaço da canção, mesmo não sendo cantores profissionais), seja no sensível trabalho de edição. A forma jornalística como o cineasta conduz as abordagens ganha, na montagem, traços “ficcionais”, que vão trazendo correlações, espelhamentos, divisões, coincidências.

trailer de "As Canções", de Eduardo Coutinho

O sentimento de abandono marital da platônica Sonia é o mesmo da inglesa Isabell e da sofrida Lídia, mas não que suas aparições se deem necessariamente numa sequência. Igual, viuvez, como nos relatos de Gilmar e de Ózio. Isso quando não se suscitam correlações ainda mais sutis: não seria tão fatal quanto pensar que, da forma como o militar João Barbosa confessa ter tratado a esposa ou a conturbação do relacionamento de Sílvia (mulher de olhar triste que encerra o filme noutra tocante fala) uma forma de morte também?

Diversos elementos que a obra de Coutinho nos leva a refletir, como o que pudemos fazer por algumas horas na sessão do Clube de Cinema. Um privilégio e um prazer.

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"As Canções"
Direção: Eduardo Coutinho
Gênero: Documentário
Duração: 90 min.
Ano: 2014
País: Brasil
Onde encontrar: Netflix
🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬🎬


Daniel Rodrigues


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

52º Festival de Cinema de Gramado - Bastidores e Premiados

 

Assisti de casa a cerimônia de premiação do 52º Festival deCinema de Gramado, o qual pude, ao menos por alguns dias, participar presencialmente de novo ao lado de Leocádia, assim como havíamos feito pela primeira vez em 2022. E desta, além do prazer de estar no maior e mais longevo festival de cinema do Brasil e de encontrar amigos e colegas, teve um sabor especial: foi o meu primeiro à frente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), entidade a qual assumi a presidência há cerca de 2 meses. Isso fez com que, presentemente, pudesse integrar, também ineditamente, o júri do Prêmio Accirs aos curtas-metragens gaúchos, o chamado “Gauchão”, na Mostra Assembleia Legislativa ocorrida no primeiro final de semana do evento.

Juntamente com meus colegas de associação, Adriana Androvandi, André Bozzetti, Carol Zatt, Cristiano Aquino, Mônica Kanitz e Paulo Casa Nova, deliberamos este prêmio da crítica ao agora, uma semana depois, multipremiado “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta, tendo em vista que o filme levou também Kikitos na Mostra de Curtas-Metragens Nacionais, incluindo o principal, o de Melhor Filme. O quase solitário destaque que demos a “Pastrana” na mostra gaúcha (recebeu apenas mais o singelo troféu de Melhor Produção Executiva), quando subi ao palco para entregar-lhes o certificado e nosso livro, foi, de certa forma, chancelado na mostra nacional, que, além do grande prêmio, conferiu ainda o reconhecimento por Fotografia e Montagem a esta homenagem para Allysson Pastrana, skatista de downhill, que faleceu em 2018 durante uma competição. 

vídeo da cerimônia de entrega da Mostra de Curtas Gaúchos - Prêmio Accirs


Mas existe ainda mais um fator de especialidade a esta nova participação minha em Gramado. Havia composto o júri da crítica na 49º edição, em 2021, alto da pandemia da Covid-19, o que obrigou a que todo o festival fosse virtual, inclusive a contribuição do grupo do qual estive. Desta feita, no entanto, outra felicidade me aproximou diretamente dos filmes, que foi integrar a comissão de seleção dos curtas-metragens nacionais, empreitada que encarei entre junho e julho ao lado de três competentes mulheres: a atriz e diretora Fernanda Rocha, do Rio de Janeiro; a professora da UFMS Daniele Siqueira, do Mato Grosso, e a cineasta, professora e minha colega de Accirs Daniela Strack.

Cartaz do excelente "Pastrana",
conquistas nas mostras
gaúcha e nacional
Da difícil seleção dos mais de 300 filmes que assistimos e discutimos, dentre os quais muita coisa de alta qualidade, restaram os 12 títulos concorrentes, seleção esta que, aliás, foi mais de uma vez elogiada no palco durante a cerimônia de premiação, o que me deixa bastante orgulhoso. E mais ainda por ver o gaúcho “Pastrana”, um de nossos escolhidos para esta seleção, sair vencedor como há 9 anos não ocorria – principalmente em um ano em que o Rio Grande do Sul foi tão afetado pelas enchentes ocorridas em maio. Somando-se à escolha do público pelo ótimo e tocante “Ana Cecília”, a outra produção gaúcha da mostra de curtas nacionais pareando com filmes do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul do país, pode-se considerar uma vitória do cinema gaúcho e do Rio Grande do Sul.

Ainda sobre os pagos daqui, do Prêmio Sedac/Iecine de Longas-Metragens Gaúchos – que celebrou a produção indígena “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, com o prêmio de Melhor Filme –, não assisti a nenhum deles por não estar mais em Gramado quando de suas exibições, o que desejo fazer em breve assim que estes começarem a rodar nas salas de Porto Alegre. Já em relação aos documentários, que foram exibidos apenas no Canal Brasil e não no Palácio dos Festivais, dois deles perdi, mas vi o vencedor, “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal, embora um doc de estrutura convencional, pareceu-me merecedor num primeiro momento.

Por fim, os longas brasileiros. Foi-me possível conferir apenas dois concorrentes quando em Gramado: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Ana Muylaert, que levou somente Prêmio Especial do Júri pelo conjunto do elenco, mas que, a meu ver, se credenciava a, quem sabe, Trilha Sonora ou Atriz (Cristina Pereira); e “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge, uma coprodução Brasil-Itália totalmente equivocada capaz de deturpar e diminuir o excelente filme original, de 2007, um cult do cinema nacional. Roteiro confuso, inconsistente e banal, que compromete todo o filme, desde seu ritmo narrativo até as atuações, a ponto de apagar aquele que deveria ser o personagem principal, o chef de cozinha agora presidiário Raimundo Nonato, vivido pelo ator João Miguel.

Cena de "Oeste Outra Vez", grande vencedor do ano
Para grande surpresa minha e de muita gente da crítica, “Estômago 2” foi o maior premiado da edição, com 5 Kikitos, dentre os quais – pasmem! – o de Melhor Roteiro. Sinceramente, equivocada a escolha, visto que injustificável para uma história que não se concatena. Até sondei a possibilidade de se estar privilegiando um filme com potencial de bilheteria (deve estrear nos cinemas em 29 de agosto), mas a hipótese se esvaiu rapidamente, tendo em vista que um júri deve valorizar, em respeito ao espectador e ao cinema, um mínimo de qualidade – o que o roteiro de “Estômago 2” deixa muito a desejar. Ainda mais estranho foi, mesmo com uma atuação que não lhe favorece, visto que a história ofusca o próprio protagonista, é Miguel ter dividido o prêmio de Melhor Ator junto com Nicola Siri! O filme ainda, para completar, abocanhou Trilha Sonora, que nada mais é do que a emulação da, esta sim, ótima trilha do primeiro filme. Tudo muito estranho.

Os outros longas não tive, assim como os gaúchos dessa metragem, a oportunidade de assistir, mas ao que parece, pela reação geral, a redenção dos erros de avaliação foram os prêmios da crítica, para “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas, e a escolha do grande filme do ano de Gramado: o goiano "Oeste Outra Vez", de Erico Rassi, que realmente se destaca diante dos outros nas poucas cenas que vi. O faroeste à brasileira, que traz uma narrativa centrada em um universo masculino rural, conquistou também os prêmios para Melhor Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante, para Rodger Rogério.

Enfim, uma premiação com altos e baixos (como são na maioria), mas que, independentemente disso, não tira de mim a alegria de ter participado de forma tão mais consistente do Festival de Gramado.

A clássica foto final com os premiados

Confira, então, os premiados da edição de 2024:


LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor filme: ‘Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi

Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”

Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor atriz: Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”

Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”

Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”

Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”

Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”

Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”

Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert

Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge

Júri da Crítica: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas


CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta

Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”

Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”

Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”

Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”

Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”

Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”

Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”

Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”

Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”

Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher

Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis

Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Maputo”, de Lucas Abrahão

Menção honrosa

“Ressaca”, de Pedro Estrada

“Via Sacra”, de João Campos

“Navio”, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real

 "Maputo”, de Lucas Abrahão

 Júri da crítica: “Fenda”, de Lis Paim 


LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS

"Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal

 

 LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS 

Melhor filme: "A Transformação de Canuto", de Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho

Melhor Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Ator: Fabrício Benitez, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Atriz: Cibele Tedesco, por "Até que a Música Pare"

Melhor Roteiro: Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Fotografia: Camila Freitas, por "A Transformação de Canuto"

Melhor Direção de Arte: Adriana do Nascimento Borba, por "Até que a Música Pare"

Melhor Montagem: Jonatas Rubert e Thais Fernandes, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, por "Memórias de um Esclerosado"

Melhor Trilha Musical: André Paz, por "Memórias de um Esclerosado"

Júri Popular: "Infinimundo", de Bruno Martins e Diego Müller 

  

CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE CINEMA

Melhor filme; "Chibo", de Gabriela Poester e Henrique Lahude

Melhor direção: Rodrigo Herzog, por "Está Tudo Bem"

Melhor atriz: Jéssica Teixeira, por "Noz Pecã"

Melhor ator: Victor Di Marco, por "Zagêro"

Melhor roteiro: Victória Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin, por "Posso Contar nos Dedos"

Melhor fotografia: Eloísa Soares, por "Cassino"

Melhor direção de arte: Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel, por "Posso Contar nos Dedos"

Melhor trilha sonora: Edneia Brasão e Pedro Erler, por "Não Tem Mar Nessa Cidade"

Melhor montagem: Marcio Picoli e Victor Di Marco, por "Zagêro"

Melhor desenho de som: Fábio Baltar, por "Flor"

Melhor produção executiva: Graziella Ferst e Marlise Aúde, por "Pastrana"

 

FILMES UNIVERSITÁRIOS - PRÊMIO EDINA FUJII – CIA RIO

“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da Universidade de Santa Cruz do Sul

 

texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues, Leocádia Costa e Edison Vara/Festival de Gramado

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Aula “Cinema Negro”, por Daniel Rodrigues - Curso “História e Linguagem do Cinema Internacional” (11/07/2024)

 

Mais uma experiência de cinema que vivencio com muita alegria: ministrar uma aula. Pra quem alimenta o desejo da docência há algum tempo, esta ocasião, ocorrida neste mês de julho, foi realmente especial. Convidado por meu amigo e colega de profissão, de crítica de cinema e de Accirs, Danilo Fantinel, dividi um pouco de meus conhecimentos e entendimentos sobre “Cinema Negro” dentro da programação do curso “História e Linguagem do Cinema Internacional”, ministrado por ele desde abril de forma híbrida.

Além do meu módulo, o curso, em andamento, compreendeu outros 26 no total, trazendo temas como: “Do primeiro cinema à linguagem clássica” ou “Som no cinema, era de ouro de Hollywood e gêneros cinematográficos”. Também tiveram, assim como eu, outros convidados, como meus também colegas de Accirs Fatimarlei Lunardelli (“Cinema Novo”), Rafael Valles (“Cinema Argentino”) e Ivonete Pinto (“Cinema Marginal e Cinema da Boca”) - fora outras que ainda estão ocorrendo.

O anárquico "Touki Bouki", do Senegal

Em minha exposição online, na qual participou um pessoal super interessado e amante do cinema como eu, pude falar um pouco sobre o cinema produzido por realizadores negros e/ou obras com relevante temática de questões da negritude tanto da África quanto dos Estados Unidos e do Brasil. Contextualizando o processo histórico do povo preto nestes três continentes – africano, norte-americano e sul-americano –, busquei levantar o percurso histórico, sociológico, político e cultural que levou a chegar nesta produção audiovisual tão resistente quanto rica, destacando características formais e estéticas e principais realizadores, que formam aquilo que se pode chamar de “cinema negro” – com suas diferenças, peculiaridades e interinfluências.

Lee e Burnett: grandes nomes do
cinema negro dos EUA
Dentre os títulos, filmes africanos precursores do cinema daquele continente, como o rascante "A Negra De...", do "pai do cinema africano", o senegalês Ousmane Sembène, o pop mais não menos crítico "Touki Bouki", Djibril Diop (1973), também do Senegal, e "Sambizanga", da cineasta angolana Sarah Maldoror (1972), corajoso filme político em um país pré-independência e em guerra. 

Dos norte-americanos, não poderia se deixar de falar da galera da L.A. Rebellion, que revolucionou o cinema dos Estados Unidos nos anos 70, tendo como nome central o diretor Charles Burnett e, claro, um dos maiores cineastas vivos: Spike Lee, autor de obras fundamentais para a discussão da questão negra em seu país como "Faça a Coisa Certa" (1989) e "Malcom X" (1992). Já do Brasil, Zózimo Bulbul, Odilon Lopez, Joel Zito Araújo e Adélia Sampaio, pioneira entre as mulheres negras, estiveram no papo, assim como alguns dos não-negros idelogicamente comprometidos com a temática negra, como Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues.

O excepcional "Alma no Olho", de Zózimo Bulbul (1974)

Ao que pude ter de retorno imediato tanto de Danilo – que acompanhou toda a aula, ajudando a mim na condução e na orientação da turma – quanto de uma parte considerável dos alunos – dentre eles, meu amigão Rodrigo Dutra, o homem por trás do Rodriflix e colaborador extraordinário deste blog –, o conteúdo e a didática agradaram. Quem sabe não venham mais aulas por aí?


Daniel Rodrigues


quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Melhores do Ano Accirs 2023


Como ocorre tradicionalmente, a Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), da qual faço parte, elegeu os Melhores do Ano, destacados entre produções lançadas em mostras e festivais, no circuito comercial e também em plataformas de streaming. A votação é referente ao ano de 2023, quando a Associação atingiu um grande marco ao celebrar seu 15º aniversário consolidada como uma instituição cada vez mais atuante e importante no ambiente cinematográfico do Rio Grande do Sul e do país.

Dividida em dois turnos, a eleição traz os melhores longas-metragens estrangeiro, brasileiro e gaúcho, além do melhor curta gaúcho do ano. A maioria destes filmes, aliás, fomos reportando aqui no blog ao longo do ano na seção Claquete. Fora desta seleção, a premiação da Accirs entrega, desde sua primeira edição, o Prêmio Luís César Cozzatti, que reconhece filmes, projetos, instituições ou pessoas de destaque no cenário audiovisual gaúcho.

Confira os vencedores do Prêmio Accirs 2023:


Melhor curta-metragem gaúcho: 
"Centenário de Minha Bisa", de Cristyelen Ambrozio

Tocante documentário poético da realizadora indígena Cristyelen Ambrozio, confirmando a escolha da nossa associação que, em agosto, no Festival de Cinema de Gramado, concedemos-lhe o prêmio de Melhor Curta Gaúcho pelo Júri da Crítica. O filme tece diversas camadas simbólicas, desde a visão feminina, a dos povos originários, a necropolítica, a herança cultural. Uma joia de Cristyelen, de quem se espera que rendam novos frutos.





Melhor longa-metragem gaúcho: 
"Casa Vazia", de Giovani Borba

O excelente filme de Giovani Borba, do qual tive a felicidade de participar de um debate em setembro, na Cinemateca Paulo Amorim, ao lado deste jovem realizador e da minha colega de Accirs e coordenadora da cinemateca Mônica Kanitz, era também meu preferido entre os longas gaúchos. Afinal, este thiller gaudério, misto de western e drama fantástico, pode ser visto com um marco do novo cinema no Rio Grande do Sul com obras como "Castanha" e "Mulher do Pai".



Melhor longa-metragem nacional: 
"Retratos Fantasmas", de Kleber Mendonça Filho

Outro documentário entre nossos premiados, e outro documentário de um olhar muito pessoal. Mas aqui, no caso, do grande nome do cinema nacional dos últimos anos, o pernambucano Kléber Mendonça Filho. Para quem acompanha sua obra tão marcante, ver o caminho afetivo percorrido por ele para a composição de seus curtas e, principalmente, os longas urbanos "O Som ao Redor" e "Aquarius", é emocionante e revelador. Foi o filme (mal) indicado a representar o Brasil no Oscar mas, mais uma vez, não ficou entre os selecionados. Não tem mesmo o perfil, pois trata-se de uma obra muito poética para o gosto da Academia.


Melhor longa-metragem estrangeiro: 
"Assassinos da Lua das Flores", de Martin Scorsese

Ah, o velho Scorsese, hein? Já discorri mais amplamente sobre este novo filme do mestre do cinema norte-americano e mundial, mas não custa repetir, que "Assassinos..." é um dos grandes filmes de sua extensa filmografia. A visão revisionista da história "yankee" é não só mais um capítulo em seu importante papel para a reconfiguração dos mitos imperialistas como pertinente para o momento de valorização dos povos originários. Mestre.




Poster do curta "Glênio",
de Luiz Alberto Cassol e
exibido em Gramado
Prêmio Luís César Cozzatti (destaque gaúcho): 
Glênio Póvoas

Glênio Nicola Póvoas é pesquisador, professor, diretor e roteirista, Mestre em Ciências da Comunicação pela USP e Doutor em Comunicação Social pela PUC-RS. Com uma longeva carreira profissional dedicada ao cinema, em especial ao gaúcho, foi um dos principais responsáveis pelo lançamento do Portal do Cinema Gaúcho e assina a coordenação geral do projeto – um grandioso banco de dados sobre nosso cinema, apresentado em 2023. Tive o prazer de ser seu aluno na cadeira de Cinema na faculdade de Jornalismo.





Daniel Rodrigues

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Sessão Comentada filme "Casa Vazia" - Cinemateca Paulo Amorim - Casa de Cultura Mário Quintana - Porto Alegre/RS (23/08/2023)

 

Em junho, eu havia participado de uma sessão comentada sobre o belo “A Primeira Morte de Joana”, da cineasta gaúcha Cristiane Oliveira, na Cinemateca Paulo Amorim da Casa de Cultura Mário Quintana. Na ocasião, extremamente especial, pude discutir o filme com a produtora do longa-metragem Aletéia Selonk, da Okna Produções, a montadora Tula Agnostopoulos e a curadora da Cinemateca Paulo Amorim, minha colega de ACCIRS e de Jornalismo Mônica Kanitz, que me estendeu o convite. Mesmo com o gratificante posterior retorno da própria Cristiane, que mora em São Paulo e não pode comparecer naquele dia – mas assistiu ao vídeo completo do debate –, as correrias dos dias não me permitiram registrar aqui no blog aquele encontro.

Sessão de "A Primeira Morte..." com as
parceiras de debate Tula, Mônica e Aletéa
Os meses passaram e um novo convite veio, intermediado pela mesma Mônica mas, desta vez, por ideia do próprio realizador, Giovani Borba, para uma sessão sobre o seu brilhante “Casa Vazia”, filme sobre o qual escrevi no Clyblog. Aliás, esta resenha, replicada nas redes sociais da produtora do longa, Panda Filmes, chegou a Giovani, que o motivou a contar comigo nesta feita. Saborosíssima, diga-se de passagem, seja por poder rever o filme, agora na tela grande, seja pelo contato presencial, seja pela ótima conversa, que transcorreu posteriormente à exibição.

Com a presença de um público enxuto, mas qualificado – entre os quais, um interessado Glênio Póvoas, meu ex-professor de cinema na faculdade e uma referência no que se refere à pesquisa e memória do cinema gaúcho – pudemos discorrer sobre aspectos de “Casa Vazia” muito interessantes e até elucidativos. Um deles é o rol de referências cinematográficas do jovem Giovani, que vai desde cinema iraniano à escola russa. Abbas Kiarostami e John Ford são duas delas. A mim já havia ficado evidentes as alusões aos irmãos Coen, principalmente ao new-western “Onde os Fracos não Têm Vez” (2007) e, especialmente, a Andrei Tarkowsky. A cena do incêndio da casa, chave para a trama de “Casa Vazia”, faz referência direta a de “O Sacrifício” (1986), porém é “O Espelho” (1979) com o qual o filme de Giovani guarda mais cruzamentos, seja na fotografia, nos enquadramentos e nos lances sensoriais.

Outro ponto bastante discutido foi a escolha de elenco e, em especial, a participação de Hugo Noguera, ator não-profissional mas que, nem por isso, atua com maestria – que lhe rendeu, inclusive, prêmio de Melhor Ator no Festival de Gramado de 2022, pelo papel do sofrido Raúl. Giovani contou que sua ideia inicial era de realizar um filme apenas com atores amadores, mas que essa ideia foi se modificando com o andar da pré-produção em razão de uma série de questões. Porém, o papel do protagonista era uma vontade a qual gostaria de não abrir mão de utilizar alguém que não fosse da profissão para que as características rústicas do gaúcho de fronteira restassem preservadas genuinamente. O encontro com Nogueira, homem de forte sotaque “portunhol” na vida real, foi quase por acaso, mas se mostrou certeiro. A obra se desenvolve, sim, a partir das ideias do roteiro do próprio Giovani, mas muito em função da forma de ser e da sensibilidade de Nogueira, que imprimiu, mesmo sem a técnica cênica formal, peculiaridades que ajudaram a formatar a personagem de Raúl. Giovani, como bom diretor, claro, acatou de bom grado tais contribuições.

Aos que não assistiram, “Casa Vazia” é um drama com toques de western, que trata do empobrecimento de regiões agrícolas, tendo no protagonista, um peão de meia idade de traços indígenas e gestos rudes, o retrato social de um típico gaúcho na atual região do Pampa gaúcho, abordando o tema da pobreza no campo e evidenciando a violência e os conflitos sociais, econômicos e psicológicos do personagem principal. Não é somente uma obra apreciável, mas, como bem disse professor Glênio durante a sessão como um entusiasta do filme, "Casa Vazia" é uma das melhores produções do cinema gaúcho contemporâneo, o que, assim como para com "A Primeira Morte...", pode-se já afirmar mesmo com tão pouco tempo de vida de ambos.

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Com Mônica e o talentoso Giovani falando sobre "Casa Vazia"


Foto "oficial" com os três após o rico papo na Cinemateca Paulo Amorim


Daniel Rodrigues


quarta-feira, 7 de junho de 2023

Debate "O Espaço Encontrado pela Crítica nos Eventos de Cinema e Qual seu Papel no Fomento da Cinefilia" - 1º Encontro dos Festivais Ibero-americanos de Cinema (EFIC) - Cinemateca Capitólio - Porto Alegre/RS (26/03/23)


Faz um tempo que já que ocorreu, mas vale a pena registar o debate do qual fui mediador como crítico filiado a Accirs, no 1º Encontro dos Festivais Ibero-americanos de Cinema (EFIC), realizado na charmosa Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, em março, e promovido pela Fundação Cinema RS (Fundacine) em parceria com a Coordenação de Cinema e Audiovisual da Prefeitura de Porto Alegre. O evento teve como eixo central a criação de um espaço de intercâmbio entre alguns dos principais eventos da Ibero-América, com mesas e painéis temáticos, além de uma mostra de obras cinematográficas que tiveram relevância no cenário destes eventos. 

A salutar discussão da qual participei foi sobre a relação entre a crítica e os festivais e mostras de cinema e qual seu papel no fomento da cinefilia com a presença de três ilustres debatedores: David Manuel Obarrio, responsável pelo Bafici - Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, na Argentina; Victor Guimarães, cabeça da programação do Ficvaldivia - Festival Internacional de Cinema de Valdivia, no Chile, entre outros festivais e mostras; e minha colega de ACCIRS Ivonete Pinto, jornalista, professora de cinema e editora da Revista Teorema.

Coube a mim fazer uma breve abertura para, em seguida, passar a palavra para os convidados, que tinham muito a falar e de quem o público presente queria ouvir. Obarrio, simpático e sagaz, dentre diversos aspectos que abordou, falou sobre o atual momento do cinema independente na Argentina e do cuidado para não ser levado a padronizações no processo de curadoria de um festival em seu país. O êxito do cinema de realizadores como Pablo Trapero e Lucrécia Martel, conforme disse, acaba por influenciar o formato de novas produções, que perigosamente investem em reproduzir uma espécie de formato já estabelecido por estes estetas. Na sua opinião, para que se mantenha a independência e a proposição de coisas novas num cinema tão exitoso como o argentino é importante que festivais como o que ele representa estejam atentos a isso de forma a não chancelar tal movimento acriticamente para que, com o tempo, não haja uma natural "commoditização".

Já Ivonete, colega de Accirs a quem tenho apreço e admiração, trouxe em sua fala, dentre outros aspectos, o da importância da produção acadêmica para a crítica de cinema. Professora de cinema, ela sinalizou o quando há produções de grande qualidade que refletem com profundidade a arte cinematográfica em artigos de publicações muitas vezes restrita ao meio das universidades. Ivonete também falou sobre experiência na crítica mais corriqueira para imprensa, e com a qual buscava equilibrar o olhar acurado da crítica a uma comunicação mais ligeira e rasa que a notícia do dia a dia (e os leitores) exigem, não raro recorrendo a ironia para absorver aquilo que não considera cinema, como comédias da Globo Filmes ou enlatados hollywoodianos.

Por fim, Victor, com quem comungo de várias percepções, que trouxe uma série de observâncias suas dos festivais e mostras do qual participa no Brasil e no exterior. Com uma visão bastante subjetiva e desprendida de estereótipos, mas focada no aperfeiçoamento constante do fazer e da reflexão crítica do cinema enquanto arte, Victor entende, por exemplo, que não se deve ter pressa em se assistir todos os lançamentos, por mais que mereçam audiência, pois considera, antes de mais nada, fundamental certo distanciamento do espectador/crítico com a obra para uma absorção mais pessoal e íntegra - o que, geralmente, o dilatamento do tempo ajuda a oferecer. Libertador para um cinéfilo como eu ouvir de um profissional tão entrosado com o circuito de festivais e mostras de cinema que há muito a se descobrir de novo nas produções velhas cronologicamente, algo que desde muito me pauta para ver e entender cinema e seu decurso.

O público presente encheu os convidados de perguntas, algumas bem formuladas, outras, nem isso. Mas todas respondidas com generosidade e competência pelos debatedores. Tanto que a mim coube basicamente dar o pontapé inicial e distribuir os questionamentos da plateia antes de encerrar o encontro.

Por conta de limitações de sinal na sala em que foi realizado o debate, o mesmo não foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube do evento. Fizeram a gravação integral, mas não se lançou ainda na rede. Uma pena. Foi um espaço bastante rico para discutir questões inerentes a está relação tão próxima e necessária entre festivais/mostras e a crítica em seus vários níveis, seja na curadoria/programação, seja na cobertura destes eventos, seja na produção resultante disso, além do próprio dialogo entre realizador e crítico. Mesmo sem o vídeo, ficam aí alguns registros de fotos de como foi aquela tarde de domingo na charmosa Cinemateca Capitólio.

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Telão antes de iniciar o debate


Fazendo as apresentações


Ainda sobre os convidados...

Obarrio, convidado de fora, teve a primeira palavra


Victor veio logo em seguida

Ivonete encerrou o primeiro ciclo de falas


Papo sobre cinema e crítica segue interessante


Público não arredou pé


Este que vos fala ao lado do cartaz do EFIC


Daniel Rodrigues



quinta-feira, 13 de abril de 2023

15 anos da Accirs - Cinemateca Paulo Amorim - Casa de Cultura Mário Quintana - Porto Alegre/RS (05/04/2023)

 


Desde a primeira reunião, numa final de tarde outonal de 2008, estava lá eu, juntamente com um punhado de outros amantes de cinema num apartamento à Av. Cristóvão Colombo, em Porto Alegre, residência de uma das fundadoras. Eu, que havia recém iniciado um projeto de um blog de cinema, O Estado das Coisas (hoje desativado), ainda nem havia me tornado colaborador do Clyblog, onde de fato expandi meu exercício de crítica, e já me fazia presente ali, meio assustado ao lado de gente que admirava e admiro. Jornalistas a quem eu lia, assistia, ouvia. Profissionais da Academia já referenciais para a cinefilia gaúcha. Críticos de cinema com experiência em veículos, festivais, júris, curadorias. Mesmo intimidado com o desafio, fui dos que deram o aval para o começo de uma entidade congregadora de críticos de cinema em nossos pagos que promovesse este fazer crítico por meio de diversas vias: a realização de seminários sobre crítica, a formação de grupos de estudo sobre a linguagem audiovisual, a programação de sessões de cinema com debates, a geração de conteúdos em diversas plataformas, a composição de júris da crítica, entre outros. Estava criada, a 29 daquele mês, a Associação de Críticos do Cinema do Rio Grande do Sul, a Accirs

Relembrar os movimentos primordiais da associação teve um gosto ainda mais agradável no encontro que promovemos no último dia 5, marcado exatamente para celebrar o aniversário da Accirs. Com a presença de convidados, familiares e amigos, nós nos reencontramos para a ocasião festiva orgulhosos da bagagem pessoal e coletiva que agregamos nestes 15 anos, mas também contentes pela novidade, seja pelos membros não tão antigos como eu (ou Ivonete Pinto, Fatimarlei Lunardelli, Marcos Santuário, Roger Lerina, Adriana Androvandi, minha “madrinha” na Accirs, e outros), seja pela recepção aos novos integrantes, os sete entrantes. A mim, enxergar ao longe aquele Daniel bem mais inseguro mas já capaz de unir-se àqueles pares, é bastante gratificante. Além do crescimento que os anos naturalmente trazem, é-me fácil perceber o quanto a Accirs, na qual hoje sou Secretário, me proporcionou (proporciona) em termos de desenvolvimento enquanto crítico e ente social pensante para tudo aquilo que o cinema propicia.

Os 15 anos de atividades da Accirs contaram também com uma exibição especial: a pré-estreia do longa-metragem brasileiro “O pastor e o guerrilheiro”, novo filme do diretor José Eduardo Belmonte, exibido no 50º Festival de Cinema de Gramado. Na mesma ocasião, foram entregues por nosso presidente, Danilo Fantinel, e nossa vice-presidente, Mônica Kanitz, os certificados para os vencedores do Prêmio Accirs para os Melhores do Ano em 2022. Por “5 Casas”, de Bruno Gularte Barreto, foi entregue ao roteirista do filme, o cineasta e professor Vicente Moreno. Já por “Sinal de Alerta: Lory F.”, o diretor Fredericco Restori, juntamente com a irmã da biografada, a atriz Débora Finochiaro, recebeu o certificado de melhor curta gaúcho. Outro curta, “Madrugada”, dividiu o prêmio de com “Sinal...”, alcançando-se a seus realizadores Leonardo da Rosa e Gianluca Cozza a homenagem. Ainda, Ivonete e Marcus Mello receberam o Prêmio Luiz César Cozzatti, concedido a destaques da cena audiovisual do RS, pela revista Teorema, publicação impressa dedicada à crítica cinematográfica que completou 20 anos de existência.

Foi, por todos estes dois motivos, mas principalmente, pelo encontro de uma história já percorrida com o sopro da renovação, que o brinde pela Accirs foi especialmente bonito. Sorrisos, papos, reencontros, carinho, apresentações, abraços. Uma noite de sair com o peito preenchido – de afeto e de cinema.

Confira algumas fotos tiradas por diversos de nós membros.

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Coquetel rolando, papos sobre cinema e tudo mais

Momento de entregar os certificados aos melhores de 2022

Danilo e Mônica falando para a plateia na Sala Paulo Amorim

Ivonete e Marcos, agraciados com o destaque do ano pela Teorema

Os jovens diretores do curta "Madrugada"

Restori falando por seu "Sinal de Alerta Lory F."

A galera toda para a foto oficial: membros e convidados
numa noite especial para o cinema gaúcho


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e membros Accirs