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terça-feira, 17 de abril de 2018

"Sem Amor", de Andrei Zvyagintsev (2017)



Não é uma tarefa fácil digerir um filme desses. “Sem Amor” é frio e egoísta, infelizmente como muitas pessoas no mundo atualmente. Mas é uma obra que nos coloca para pensar por horas após seu termino.
Boris (Alexey Rozin) e Zhenya (Maryana Spivak) estão se divorciando. Depois de anos juntos, os dois se preparam para suas novas vidas: ele com sua nova namorada, que está grávida, e ela com seu parceiro rico. Com tantas preocupações eles acabam não dando atenção ao filho Alyosha (Matvey Novikov), que acaba desaparecendo misteriosamente.
 O longa se mantém na rotina dos personagens, embora isso nos ajude a entendê-los melhor, alguns momentos se tornam repetitivos e por vezes essa repetição mostra-se desnecessária, como o caso de algumas cenas contemplativas que tentam enfatizar a tristeza e melancolia dos personagens, o que com alguns minutos de filme já tínhamos “sacado, sem a necessidade de marcar tanto os personagens.
A construção ou desconstrução dos personagens é muito bem feita. Vemos a figura da mãe sempre explodindo, totalmente emocional. Já o pai, completamente o oposto, está sempre escondendo seu verdadeiro eu para todos. Enquanto o menino fica sempre de lado e o espectador o sente diminuindo cada vez mais no longa.
A fotografia é algo! Seus tons e cores frias acompanham o clima e os sentimento que o longa tenta transmitir. A narrativa de "Sem Amor" é fabulosa especialemente na maneira como mostra o sumiço do menino. No início a historia é contada do ponto de vista do garoto, mas aos poucos começa a mostrar a vida dos pais, como está a vida de divorcio, seus novos relacionamentos, e de repente, notamos que o menino sumiu, e aí vem o desespero.
Não é só uma história sobre paternidade e maternidade, ela serve como uma alegoria sobre a atual situação da Rússia, um país que assim como os personagens, vive da sombra do que já foi,  que mesmo em crise não assume isso, se fecha para mundo e olha apenas para si. Um longa pesado, triste, gelado e cruel, porém repleto de beleza e sensibilidade. Tenho certeza que vai fazer você se sentir incomodado com o egoísmo humano mostrando em "Sem Amor", e perceber o quanto isso é real e assustador. Assista “Sem Amor”, reflita sobre o que você é e como está sendo seu papel na vida daqueles que você ama, alias você ama alguém? E possível viver sem amor?
A fria e triste Russia, que “Sem amor”, nos mostra, com frias e tristes pessoas.


por Vagner Rodrigues