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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Freddie King - "Getting Ready..." (1971)


"Freddie King foi quem me ensinou
a fazer amor com a guitarra."
Eric Clapton


É interessante... Devo admitir que comprei esse disco por causa da capa. Estava numa dessas feiras de vinil fuçando na seção de jazz e blues e dei de cara com esse com um negão empunhando uma guitarra na capa. Pinta de blueseiro invocado, dos bons. Vou levar. Alguma coisa de bom devia sair daquela guitarra. Ouvi o disco e percebi o tamanho da sorte da minha escolha ao acaso. Um baita disco de blues. Já contemporâneo, mais elétrico, mais pesado mas totalmente dentro da melhor linha dos grandes músicos do gênero. Depois, buscando informações sobre o produto que comprara é que fui saber das qualificações do guitarrista. Freddie, um dos três "Kings" do blues junto com B.B. King e Albert King, fez parte da grande cena do blues de Chicago dos anos 50, tendo tocado com Willie Dixon, Robert Lockwood Jr., e o gaitista Little Walter, entre outros e, apesar da rejeição da Chess Records, que o considerava muito parecido com B.B. King, aos foi poucos conquistando seu próprio espaço ganhando reconhecimento de grandes nomes do universo musical. King foi considerado pela revista Rolling Stone o 15º melhor guitarrista de todos os tempos e sua marca registrada era o jeito de pendurar a alça da guitarra, sem cruzá-la, apoiada no ombro do mesmo braço com que tocava.
"Getting Ready..." é um belo exemplar do blues de Chicago evoluído com o passar do tempo, adaptado a seu tempo, no caso, o início dos anos 70. Mais rock'n roll, mais pesado e com uma dose de psicodelia.  A melancólica "Same Old Blues" que abre o disco tem uma pegada gospel; a versão de "Dust My Broom" de Elmore James é espetacular; "Five Long Years", outro clássico, também tem execução impecável; e "Walking by Myself" é outro grande momento.
Mas a grande música do disco é mesmo "Going Down", um blues forte, intenso, tão encorpado e vigoroso que chega às raias do rock muito próximo ao som que Jimi Hendrix vinha fazendo e que o próprio mestre Muddy Waters havia experimentado em "Electric Mud".
"Palace of the King" que fecha o disco é outra com pegada mais rock, ao melhor estilo Eric Clapton, com quem por sinal, Freddie excursionaria ainda antes de sua morte prematura aos 42 anos.

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FAIXAS:
1. Same Old Blues (Don Nix)
2. Dust My Broom (Elmore James )
3. Worried Life Blues (Big Maco)
4. Five Long Years (Eddie Boyd)
5. Key To The Highway (Bill Broonzy, Charles Segar )
6. Going Down (Don Nix)
7. Living On The Highway 
(Don Nix, Leon Russell)

8. Walking By Myself (Lane)
9. Tore Down (Freddie King)
10. Palace Of The King (Don Nix, Donald "Duck" Dunn, Leon Russel)

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Ouça:



Cly Reis

sábado, 1 de junho de 2013

Gilberto Gil e Jorge Ben - "Gil & Jorge / Ogum-Xangô" (1975)



Acima, a capa original de 1975,
abaixo a do relançamento em 1991
"Para mim não dá mais"
Eric Clapton,
desistindo do ritmo da jam session
que teria originado a gravação do disco



Seria de se admirar, talvez, se se dissesse para algum desavisado que apenas numa descontraída e despretensiosa jam entre dois amigos, madrugada adentro num estúdio tenha surgido um dos grandes álbuns da discografia nacional. Seria de se espantar, sim, até saber-se que estes dois personagens são nada mais nada menos que Gilberto Gil e Jorge Ben, e que encontravam-se, ambos, no auge de suas formas artísticas e criativas.
Em "Gil e Jorge - Ogum/Xangô", de 1975, trabalho frequentemente apontado por muitos como o maior disco nacional de todos os tempos, os protagonistas apenas com seus violões, acompanhados somente por dois músicos de apoio, dão um show de musicalidade, inventividade, criatividade e técnica em sessões musicais totalmente livres, alegre e espontâneas.
Canções já gravadas, como "Nêga", de Gil ganha uma energia toda nova com o violão singular e as improvisações vocais de Jorge Ben apoiando a interpretação cheia de sensualidade de Gil. "Essa é pra Tocar no Rádio", também de Gilberto Gil,tem um embalo e uma vibração contagiante, diferente da levada jazz acelerada da versão que apareceria posteriormente em "Refazenda". Das já conhecidas até então de Jorge Ben, "Morre o Burro Fica o Homem" fica mais descontraída que a original; "Quem Mandou (Pé na Estrada)", conhecida na versão de Wilson Simonal tem performance vocal destacada de Gil dando suporte à voz principal do parceiro; e "Taj Mahal", clássico de Jorge, por sua vez ganha uma versão quilométrica na qual os dois se soltam e estraçalham os itens, âmbitos, critérios e possibilidades.
"Jurubeba" é um show de improvisações e de genialidade dos dois, desde a técnica dos violões, às brincadeiras vocais de Gil, às palhaçadas do Babulina imitando um anúncio publicitário da planta.
Como é comum em grandes discos, a abertura e o final são de tirar o fôlego: "Meu Glorioso São Cristóvão" a primeira do disco é uma louvação lenta e arrastada, entoada verdadeiramente como uma oração, de maneira  emocionante por Jorge Ben; e "Filhos de Gandhi", na verdade a penúltima faixa, um longo ponto de afoxé, uma evocação aos orixás, cadenciada, imitando a levada de um berimbau, dessa vez com interpretação espetacular de Gilberto Gil, numa faixa que quanto mais vai-se desenvolvendo mais vai crescendo até se transformar num épico monumental com um final grandioso. Depois dela ainda aparece a faixa "Sarro", vinheta curta que apesar de todo o valor musical da improvisação jazzística do baixo e vocal de Gil, serve mesmo para recuperar o fôlego depois da espetacular faixa anterior e dizer adeus em grande estilo.
Sim, amigos, de uma simples sessão musical com dois violões, muitas brincadeiras, improvisações e 'alguns estímulos'..., é claro, nascia um dos maiores discos da MPB. Dizem que tudo teria se originado, noites antes, numa festa da gravadora, na qual teria estado nada mais nada menos que Eric Clapton, que impressionado com o que aqueles dois rapazes faziam ali, tocando livremente, inventando, interagindo, teria-se aventurado a tocar com as duas figuras, mas após uma longa bateria, teria 'pedido água' tal a intensidade, grau improvisação e duração da sessão dos dois brasileiros. O resultado da brincadeira teria impressionado tanto o pessoal da gravadora que estes teriam mandado Gilberto Gil e Jorge Ben imediatamente para o estúdio para reproduzir o mais fielmente possível, mas com o máximo de espontaneidade, o que protagonizaram informalmente noites antes.
Não sei se é verdade. Parece que sim.
De todo modo, independente da lenda, trata-se de um do ponto alto das carreiras de dois dos grandes artistas da música brasileira e que juntos produziram uma obra à altura de suas importâncias e expressividades. Álbum espetacular, básico, indispensável, fundamental.

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FAIXAS:
1. Meu glorioso São Cristóvão (Jorge Ben)
2. Nêga (Gilberto Gil)
3. Jurubeba (Gilberto Gil)
4. Quem mandou [Pé na estrada] (Jorge Ben)
5. Taj mahal (Jorge Ben)
6. Morre o burro, fica o homem (Jorge Ben)
7. Essa é pra tocar no rádio (Gilberto Gil)
8. Filhos de Gandhi (Gilberto Gil)
9. Sarro (Jorge Ben - Gilberto Gil)


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Ouça:
Gil e Jorge Ogum-Xangô

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cream - "Disraeli Gears" (1967)


"La crème de la crème"


Depois de uma estreia como aquela com o espetacular "Fresh Cream", criou-se toda uma expectativa  acerca do segundo disco do trio formado por Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker. E a mega-banda não só não decepcionou, como talvez tenha feito um disco ainda melhor que o primeiro. Se em "Fresh Cream" o baixista-vocalista Jack Bruce havia tomado as iniciativas de composição na maior parte das músicas, sendo inclusive acusado pelos colegas de lançar um single sem a concordância dos demais, neste Clapton que no início servira muito como um catalisador da banda, tomava agora as rédeas da situação e mostrava com quem é que estavam lidando. Clapton, que no primeiro não havia composto (diretamente) nenhuma música e só tinha vocais secundários, em "Disreali Gears" ia pro jogo e botava na roda algumas de suas melhores canções, além de emprestar sua voz a alguns dos grandes clássicos do rock'n roll. "Sunshine of Your Love" é a melhor prova disso, numa composição brilhante, iluminada com a marca inconfundível da guitarra de Clapton, em um dos riffs mais conhecidos da história do rock e fazendo pela primeira vez na banda o vocal principal. O fantástico blues psicodélico "Strange Brew" com ele, Clapton, desta vez dividindo os vocais com Bruce e Baker matando a pau na batera, é outra daquelas de arrepiar; e "Tales of Brave Ulysses" igualmente manda muito bem e não fica para nada trás numa canção forte, imponente e de contornos épicos (uma das minhas favoritas do álbum).
Fora a participação mais efetiva de Eric Clapton em composições, vocais e concepção; e o fato de Ginger Baker, com problemas de bebida, não aparecer tanto nas composições nem exibir performances tão marcantes como antes; a diferença fundamental do primeiro álbum para este é na verdade o fato que "Disraeli Gears" não é tão baseado diretamente em blues como o outro, soando no fim das contas, muito mais psicodélico e experimental do que seu antecessor, o que pode ser notado de forma bem evidente em canções como "World of Pain" balada carregada de wah-wah, "S.W.L.A.B.R" barulhenta de feedbacks de guitarra e com uma batida de rolos constantes de Baker; e na viajante "We're Going Wrong".
Apesar de não ser o foco principal, o blues está presente, sim, e aparece não só já citada "Strange Brew"; um pouco mais sutilmente em "Blue Condition", a única de Baker no disco, uma espécie de blues estilizado; e brilhantemente na maravilhosa "Take It Back", com outro show da guitarra de  Clapton e Bruce destruindo na harmônica. Em "Dance the Night Away" o arranjo vocal e o trabalho dos dois, Bruce e Clapton, cantando juntos é algo que deve ser destacado (demais!); "Outside Woman Blues" retoma as experimentações de blues com energia e peso do trabalho anterior; e o disco encerra com a tradicional "Mother's Lament", uma hitorieta triste interpretada de forma descontrída e teatral.
Adquiri há pouco tempo o LP na Feira do Rio Antigo, popular Feira do Lavradio. Minha fita K7 havia ficado em Porto Alegre. Reposição importante. Um dos discos que quando eu ponho é daqueles que dá um enorme prazer em ouvir. é sempre especial quando passeio com os dedos pelos vinis , chego nele e penso, "Puxa, eu vou ouvir o "Disraeli Gears!".
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FAIXAS:
1."Strange Brew"
2."Sunshine of Your Love"
3."World of Pain"
4."Dance the Night Away"
5."Blue Condition"
6."Tales of Brave Ulysses"
7."S.W.L.A.B.R." (She Was Like A Bearded Rainbow)
8."We're Going Wrong"
9."Outside Woman Blues"
10."Take It Back"
11."Mother's Lament"

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Ouça:
Cream Disraeli Gears



Cly Reis

sábado, 20 de agosto de 2011

Cream - "The Fresh Cream" (1966)


"Doce e saboroso rock and roll"
Jack Bruce
para a Mellody Maker
em 1966


Se tem uma banda para a qual os termos superbanda ou power-trio se aplicam perfeitamente é o Cream. A formação era 'só', Jack Bruce, Ginger Baker e Eric Clapton . Quer mais? Baker era baterista conceituado e líder do Graham Bond Organisation, banda da qual Jack Bruce, baixista de formação jazz, fazia parte eventualmente, dividindo-se também entre outros projetos. Clapton, que já era Deus, conhecia o baixista dos Bluebreakers e do Powerhouse e convidado por Baker a formar um novo grupo, impôs a convocação de Bruce como condição. A indicação mostrou-se um grande acerto e um grande erro ao mesmo tempo: se por um lado formavam um timaço quase sem precedentes de qualidade, conceituação e técnica, por outro, levava confusão para dentro do grupo, uma vez que Bruce e  Baker, já desde o GBO tinham frequentes desentendimentos sérios, isso sem falar nas drogas e bebidas de Baker e na indisciplina e vaidades do problemático baixista.
Mas como se diz no futebol, o que importa é o que os jogadores faz dentro das quatro linhas e, no estúdio, em "Fresh Cream", seu disco de estreia, a nata do rock and roll mandou ver! Além de estraçalhar com seu baixão potente e apurado, Bruce compôs a maioria das musicas, à exceção dos covers de blues, que ocupam praticamente toda a segunda metade do álbum, e das duas compostas por Baker, "Sweet Wine" em parceria com a esposa de Bruce, e a espetacular "Toad" com seu incrível solo de bateria.
Dos blues, "Rollin' and Trumblin'" de Muddy Waters, "Spoonfull" de Willie Dixon e "Four Until Late" de Robert Johnson formam uma espécie de santíssima-trindade no disco com versões recriadas cheias de energia, além de "I'm So Glad" do blueseiro Skip James, para a qual o Cream deu provavelmente a versão definitiva. Tem ainda o blues de autoria desconhecida, "Cat's Squirrel", que nas mãos da banda ficou bem percussionado e cheio de peso, com destaque especial para a harmônica venenosa de Jack Bruce.
Das composições da banda, sou louco por N.S.U. que inicia com aquela bateria alta meio indígena e logo divide as honras com um baixo pesado e uma levada constante e agressiva de Clapton prenunciando tendências de estilos mais pesados; "Sweet Wine" que repete o barulho também enquadra-se nessa linha das influentes para o metal e afins; "Sleepy Time Time", um blues choroso, embora creditado a Bruce e à esposa Janet, é bem a cara de Clapton e traz toda a técnica do Deus da Guitarra; e a lenta "Dreaming", talvez a 'menos boa', se é que se pode dizer isso, é uma adorável balada num ritmo quase valseado.
Mas a grande música do álbum na minha opinião é mesmo "I Feell Free", um rock-jazz-blues totalmente psicodéleico marcado por uma percussão acelerada carregada nos pratos, com uma condução bem swingada do baixo e um solo notável de Clapton acompanhando os vocais na segunda parte. Fantástica!
Enaltecendo assim as composições de Bruce e o desempenho de Baker, pode parecer que a grande estrela do grupo, Eric Clapton, teria um papel menor na banda. Absolutamente. Pelo contrário. Além de funcionar quase como um líder discreto, com sua segurança técnica e moral, era também uma espécie de fiel-da balança no relacionamento Baker/Bruce e dava algum equilíbrio à banda sobremaneira nos seus primeiros momentos (enquanto ainda era possível). Mas no mais importante, no tocante à parte musical especificamente, sempre que exigido, quando chamado na responsa não deixava pedra sobre pedra proporcionado invariavelmente shows à parte. Isso sem falar que toda a parte de repertorização de pesquisa e resgate do blues passava por ele com as escolhas dos clássicos dos seus mestres inspiradores e as propostas de releituras dos mesmos.
Mas como sabemos, grandes estrelas, grandes gênios juntos não dão certo por muito tempo e o Cream teve um carreira bem breve; com eventuais retornos, é verdade, mas já sem o mesmo valor da fase inicial. Ainda fariam a obra-prima "Disraeli Gears" um ano depois de "Fresh Cream" mas isso, com certeza, é assunto para outro ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.
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FAIXAS:
1. "I Feel Free" (Jack Bruce, Pete Brown) 2:53
2. "N.S.U. (Non-Specific Urethritis)" (Jack Bruce) 2:43
3. "Sleepy Time Time" (Jack Bruce, Janet Godfrey) 4:20
4. "Dreaming" (Jack Bruce) 1:58
5. "Sweet Wine" (Ginger Baker, Janet Godfrey) 3:17
6. "Spoonful" (Willie Dixon) 6:30
7. "Cat's Squirrel" (tradicional americana) 3:03
8. "Four Until Late" (Robert Johnson) 2:07
9. "Rollin' and Tumblin" (McKinley Morganfield) 4:42
10. "I'm So Glad" (Skip James) 3:57
11. "Toad" (Ginger Baker) 5:11

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Ouça:
Cream The Fresh Cream


Cly Reis

domingo, 10 de julho de 2011

Derek and the Dominos - "Layla and Other Assorted Love Songs" (1970)


Uma grande paixão de Clapton: um grande clássico


"Layla,
você me pôs de joelhos,
Layla"


O nome deste disco "Layla and Other Assorted Love Songs" , do Derek and The Dominos, mostra que a música-chave “Layla” é o indicativo da sua importância para esta obra. Uma mulher foi a responsável para que este registro felizmente fosse lançado: a modelo Pattie Boyd. Essa é a famosa história da paixão de Eric Clapton - que iniciou os Dominos em 1970 - pela esposa de um dos seus maiores amigos, George Harrison. Nessa época, o bluesman britânico estava exagerando nas drogas e nas bebidas. Isso aliado a esta grande decepção amorosa não-correspondida. O álbum foi totalmente dedicado a ela.
Essa obsessão por Pattie fez com que Clapton colocasse muito coração, alma e talento neste disco. No final dos anos 1960, a recém havia saído do Blind Faith, um supergrupo formado depois do término do Cream. E pasmem, após esse fato, o já então “Deus da Guitarra” foi ser músico de apoio da banda Delaney, Bonnie and Friends.
Enquanto tocava no grupo de Delaney Bramlett, Clapton foi produzido pelo próprio e gravou seu primeiro álbum solo, com título homônimo. Até então, ainda começava a soltar mais a sua voz, como também nas composições de letras. No Cream, suas participações nos vocais ainda eram tímidas.
Após o fim da Delaney, Bonnie and Friends, Clapton recrutou os mesmos músicos que faziam parte da banda. O entrosamento já estava “na ponta dos cascos”. Dessa forma que Bobby Whitlock (piano e teclados), Jim Gordon (bateria) e Carl Radle (baixo) formaram o Dominos, com apenas um disco. Também há de se destacar a ilustre participação do guitarrista Duane Allman, da The Allman Brothers Band.
Sobre os músicos, o pianista Bobby Whitlock apresenta uma grande voz, como se fosse um cantor negro vindo direto do Mississipi. Mas, se for ver em fotos e vídeos, é apenas um baixinho com feições indígenas. Whitlock divide muito bem os vocais em algumas canções, além de contribuir nas composições. Já na “cozinha do grupo”, Gordon e Radle pulsam numa sincronia só. Na autobiografia de Clapton, são qualificados por ele como um dos melhores músicos com quem já tocou.
A origem do nome da banda é curiosa e inusitada. Era para ter sido Del And The Dominos, pois Del era um dos apelidos de Clapton, também conhecido como Slowhand. Mas, na primeira apresentação, o locutor pronunciou em alto e bom tom como Derek And The Dominos. Dessa forma, o nome acabou emplacando.
Quanto às músicas, como na maioria das canções de blues, o sofrimento é a marca desse registro. As dores relacionadas ao amor platônico de Clapton lhe permitiram escrever letras inspiradas e, de certa forma, nostálgicas e desesperadas. Um exemplo é o trecho de “Bell Bottom Blues”, uma das grandes baladas deste disco. “Do you want to see me crawl across the floor to you? Do you want to hear me beg you to take me back?” (Você quer me ver rastejando pelo chão por você? Você quer me ouvir implorando pra você me aceitar de volta?). Realmente, estava cegamente apaixonado por Pattie. O que, anos mais tarde, conseguiria conquistá-la e se casar. Porém, como nem tudo são flores, acabou se divorciando da sua ex-amada.
A acústica “I Am Yours” poderia ser colocada perfeitamente no Acústico MTV de Clapton, que foi lançado após mais de 20 anos deste disco do Dominos e soaria igualmente contemporâneo. Nessa música não poderia ser diferente, mais frases de nostalgia: “However distant you may be, there blows no wind but wafts your scent to me” (Por mais distante que você possa estar, nenhum vento sopra, mas traz seu perfume até mim).
Por ser um disco sobre paixão não-correspondida, isso não significa que sejam músicas românticas ou para baixo. “Anyday” é uma delas, a qual o tecladista Bobby Whitlock mostra seu vozeirão. Já em “Keep On Growing”, a levada musical é bem swingada entre guitarra e baixo, dando mais “agito” ao disco. Em ritmo quase de rock, destaques para “Tell the Truth” e, logo na sequência, “Why Does Love Got To Be So Sad?”, com sonoridade pulsante e solos de guitarra no melhor estilo do Slowhand.
O álbum possui ótimas versões do blues como “Key To The Highway” - outra excelente balada -, “It's Too Late” - uma letra que alinha bem o sofrimento de não ter a “Misses Boyd” por perto - e “Little Wing”, de Jimi Hendrix - que faz lembrar a sonoridade dos tempos do Cream.
Para fechar os comentários, vem ela, Pattie, ou melhor, “Layla”. A origem da composição vem da lenda de Laila e Majnun do poeta persa Nizami, no século XII. A história é a saga de dois jovens e um amor proibido. Esta música, um grande hit e confundida como da carreira solo de Clapton, foi a “garota dos olhos” para concepção destas outras canções de amor. O interessante é que, na segunda parte de “Layla” (a instrumental), Whitlock toca o piano de forma melancólica, parecendo ter captado o sentimento de esperança e agonia que Clapton tinha por sua amada.
Em resumo da ópera, é um disco de se apaixonar, como se fosse por uma encantadora modelo loira de olhos azuis. E, muito provável, você não vai parar de desejar e pensar nela, nesta obra musical. Literalmente “you've got me on my knees”, como é referido em “Layla”.

FAIXAS:
"I Looked Away" (Clapton, Whitlock) – 3:05
"Bell Bottom Blues" (Clapton) – 5:02
"Keep On Growing" (Clapton, Whitlock) – 6:21
"Nobody Knows You When You're Down And Out" (Cox) – 4:57
"I Am Yours" (Clapton, Nezami) – 3:34
"Anyday" (Clapton, Whitlock) – 6:35
"Key To The Highway" (Segar, Broonzy) – 9:40
"Tell the Truth" (Clapton, Whitlock) – 6:39
"Why Does Love Got To Be So Sad?" (Clapton, Whitlock) – 4:41
"Have You Ever Loved A Woman" (Myles) – 6:52
"Little Wing" (Hendrix) – 5:33
"It's Too Late" (Willis) – 3:47
"Layla" (Clapton, Gordon) – 7:04
"Thorn Tree In The Garden" (Whitlock) – 2:53
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Ouça:
Derek and the Dominos Layla and Other Assorted Love Songs


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pearl Jam, Clapton e Aerosmith no Brasil no segundo semestre



Pearl Jam de volta ao Brasil em setembro:
Garantia de showzaço!
O ano de eventos de rock está bombando mesmo. Além do retorno do Beatle Paul, do mega-festival Rock in Rio e mais alguns nomes interessantes que desembarcaram recentemente por aqui como Iron Maiden, U2 e Ozzy, o segundo semestre ainda nos trará as presenças de Pearl Jam, Eric Clapton e Aerosmith.
Datas, locais, valores ou tipo de apresentações (festival, shows solo, etc.), nada foi divulgado ainda mas ao que parece a informação é quente mesmo uma vez que o papo foi dado por um dos diretores da produtora que trará os artistas.
Bom, pra mim, particularmente, interessa mesmo o Pearl Jam, banda cujo show que fui em Porto Alegre foi simplesmente um dos melhores da minha vida; o Deus da Guitarra Eric Clapton por toda a lenda que representa também pode ser uma boa, dependendo muito do preço do ingresso; e o Aerosmith, sinceramente, não me interessa nem um pouco.
Agora é aguardar maiores informações e enquanto isso ir curtindo o que vem antes. Afinal, ainda tenho a noite do metal do rock in Rio para ir.


C.R.