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quinta-feira, 10 de maio de 2018

"A Pequena Loja dos Horrores", de Charles B. Griffith, Mel Welles e Roger Corman (1960) vs. "A Pequena Loja dos Horrores", de Frank Oz (1986)



Na maioria das vezes um remake costuma deixar a desejar comparado à sua obra original mas, na minha humilde opinião, não é o que acontece com “A Pequena Loja dos Horrores”, que teve sua primeira versão em 1960 e sua refilmagem, mais dançante e marcante em 1986. A primeira versão é do fabuloso Roger Corman, que a filmou em apenas dois dias (o que, a bem da verdade, pode-se notar ao longo do filme), e a segunda, do mestre dos bonecos, Frank Oz.
O filme de 1960, filmado em um tempo curtíssimo como já falei, trazia na sua maioria atores desconhecidos na época. A trama gira em torna da floricultura do senhor Mushnik (Mel Welles) onde trabalha Seymour (Jonathan Haze), um desastrado admirador e cultivador de plantas. Ao ser demitido, Seymour pede uma chance de mostrar sua planta nova chamada  Audrey Jr., uma homenagem a mulher que por quem é apaixonado (Jackie Joseph) e que também trabalha na loja. A planta faz muito sucesso até o momento em que para de crescer e descobrimos que ela se alimenta de sangue humano para se desenvolver. Então o filme segue essa trama de Seymour indo atrás de alimento para sua planta que, por sinal, vive pedindo comida. E, sim, ela fala!
É tudo muito simples no longa. Os efeitos, e principalmente os cenários, até pelo fato de praticamente só existir um, uma vez que 90 % do filme se passa dentro da floricultura, o que acaba tornando o filme monótono e um pouco repetitivo em alguns momentos. Mas o filme ganha por sua criatividade e bom humor. O longa de 1960 é bem engraçado com um humor quase inocente, o que particularmente, me agrada muito. Mas "A Pequena Loja dos Horrores" também tem cenas de terror que, por sinal funcionam muito bem. Uma delas que merece ser mencionada, apesar do efeito tosco, é a da revelação dos botões das flores da planta logo após a perseguição (veja no final do vídeo abaixo).



O resultado final é filme bem inventivo com atuações até bastante boas mesmo sendo um tanto caricatas, excetuando o monstro/planta, que, este sim, não tem carisma nenhum. Não é uma obra prima mas cumpre sua função de entreter e contar uma historia de monstro diferente e divertida.
Vamos agora à versão de “A Pequena Loja dos Horrores” de 1986: seu roteiro é basicamente o mesmo do filme de 1960 com algumas mudanças que, a propósito, são bem vindas. Audrey (Ellen Greene) namora um dentista que é extremamente violento, e a planta é muito mais falante e, a principal mudança, esta segunda versão é um MUSICAL.
O roteiro é meio bagunçado, mas o fato de ser um musical e as músicas serem ótimas, tornam essa  versão dinâmica e mais fácil de se envolver com os personagens, que ainda são muito caricatos porém muito mais simpáticos. O longa abraça totalmente a comédia o que já podemos constatar pelo elenco, já podemos ver isso. Temos Rick Moranis  no papel de Seymour, Steve Martin como o dentista maluco (kkk) e o time conta ainda com as participações especiais de John Candy e Bill Murray.
Tecnicamente os efeitos são bem melhores que os do original de 1960, até por se tratar de um filme de Frank Oz que garante que o boneco da planta funcione sempre perfeitamente. Um dos grandes destaques é a parte a musical com temas e números realmente fabulosos! Além disso, o carisma de Audrey II, faz o vilão tornar-se sadicamente simpático. Quanto ao desfecho, que fique registrado que o final deste longa é "algo"... e não digo mais nada.
Vamos ao confronto: bola rolando é o que importa. O inicio de partida é bem equilibrado, duas equipes parecidas com a proposta de jogar pra frente. Mas a alegria do filme de 1986, o futebol moleque, cantando e encantado sai na frente, jogando por música. 1 x 0 para 1986.
Jogo segue meio morno agora. A tensão, a pressão, o terror na área, faz com que o original de 1960 ganhe espaço. Uma equipe letal com seu ar de terror. "A Loja..." de Corman empata quase no final, GOOOL 1960, 1 X 1.
O jogo vai se encaminhando para o empate mas o elenco de 1986 mostra que tem mais força para aguentar. Embora 1960 tenha uma promessa no seu time, 86 tem a realidade. Só craques que fazem belas tabelas envolventes. Numa delas, a bola sobra para Audrey II, que finta o goleiro e toca fraco, com requintes de crueldade. Esse jogador é de outro planeta! "A Pequena Loja..." marca. GOOOOOL!!! 2 x 1 para 1986.
À esquerda, a misteriosa e faminta Audrey Jr. e ao lado a simpatia e a alegria de Audrey II.

Final de jogo, um bom jogo, equilibrado, mas vence o futebol alegre!





por Vagner Rodrigues