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quinta-feira, 5 de março de 2015

"A Teoria de Tudo", de James Marsh (2014)







Um recorte da vida de um grande físico, ateu, com uma grave doença conhecida como ELA (esclerose lateral amiotrófica), que paralisa suas funções musculares, pode ser interessante, e levar pessoas ao cinema? A resposta é sim, ainda mais com um roteiro bem hollywoodiano, e uma atuação inesquecível de sua estrela principal. 

Stephen Hawking (Eddie Redmayne) é um brilhante estudante que cursa Física na universidade de Oxford , assim que se gradua, ele busca o mestrado com sua teoria referente aos buracos negros. Só isso daria um bom filme, mas ao observarmos ele fora de sua vida acadêmica, descobrimos um rapaz simpático, que foge do estereótipo do nerd comum, Stephen é bem sociável e mostra ter uma certa facilidade com as garotas. Durante uma festa da universidade ele conhece Jane (Felicity Jones), moça pela qual ele se apaixona e rapidamente começa a namorar, o casal vive bem, até aparecer os primeiros sintomas da doença. Com diagnóstico de que Stephen só teria mais dois anos de vida, eles resolvem se casar, e Jane vai se dedicar a cuidar de Stephen durante esse tempo, como prova de seu amor. 

A cena do baile, um espetáculo visual.
Agora temos um Stephen pai de três filhos, que consegue superar a sua expectativa de vida inicial de apenas 2 anos, ele está completamente dedicado às suas teorias, e isso lhe dá forças para continuar vivo, e vencer a doença, assim como a ajuda de sua esposa. Se na parte inicial do filme assistimos o drama de Stephen Hawking e sua doença, do meio para o final é o drama de Jane, que não aguenta mais seu casamento, casamento este, que durou quase 30 anos, todos dedicados exclusivamente ao seu marido, e agora ela quer voltar a viver sua vida. 

Hawking, entre a esposa e a enfermeira
que viria a tornar-se a segunda esposa,
no momento em que começa a utilizar
o computador para se comunicar,
O filme não tem um grande roteiro, foca no romance e nas mudanças físicas de Stephen. "A Teoria de Tudo", nos mostra o que o casal quer mostrar, foge um pouco da verdadeira realidade, as brigas do casal foram mais intensas do que e mostrado no longa, suas diferenças religiosas recebem apenas algumas pinceladas, aqui os dois são mocinhos. Outro aspecto que o filme (no meu ponto de vista) que não vai bem, é por não mostrar a parte de gênio de Stephen Hawking e seus feitos, mostram algumas cenas, mas parece tudo meio jogado, e ele foi um físico muito importante que difundiu a física para o mundo todo, claro, entendo que não dava para fazer um filme neste foco, porque ninguém iria a cinema para ver um cara fazendo cálculos e explicando o que esta calculando durante duas horas, mas poderiam ter explorado isso muito mais, pois quem que não conhece a importância dele para física (e para o mundo) acredito que mesmo assistindo ao filme vai continuar sem entender. Mas como o filme é baseado no livro escrito pela sua primeira esposa Jane, entendo focar mais no casamento.

O longa é tipicamente um filme hollywoodiano (mesmo sendo filmado no Reino Unido), o drama, conquistas e superações, bem genérico. Se o roteiro não se desenvolve muito bem, o filme é salvo por duas grandes atuações, Felicity Jones como Jane Hawking está muito bem, consegue passar uma imagem que mistura graça e força de vontade, e Eddie Redmayne que nos entrega um papel fantástico, e uma dedicação física e mental desde jovem ator que lhe renderam merecidamente o Oscar de melhor ator. Eddie Redmayne passou meses treinando com a cadeira, treinando o olhar, que algo muito destacado com closes fechados ao longo do filme, ele também conviveu com portadores da doença, sem falar no encontro que teve com o próprio Stephen Hawking no set. Resumo, uma dedicação incrível. Pode ser que sua carreira não vá longe (eu aposto que vai) mas especificamente para este filme, ele atinge tudo que podemos exigir de um ator.
Quero ver segurar o choro com esta cena.

"A Teoria de Tudo" não é uma obra que vai entrar para os grandes clássicos do cinema, tem os seus defeitos, que atrapalham o andamento do filme, mas a trilha suave, se relacionando com cenas emocionantes, como Stephen jogando críquete, ou tentando subir as escadas de sua casa, uma fotografia competente e uma atuação acima da media fazem deste filme uma obra a ser assistida que se destaca desde os primeiros momentos que a doença vai se manifestando, mostrado pequeno tropeços, o pescoço do ator um pouco curvado, ate os dia de hoje onde aparece o famoso computador (Stephen Hawking realmente emprestou "sua voz "para o filme), é muito bonito a maneira humana como a historia é contada.