Nós na adorável tarde no Grovaholic
foto: Juliano Oster
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Eu à cata dos LP's
foto: Leocádia Costa
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Em seguida, entretanto, fui ao que mais interessava ali além
das companhias: os LP’s. Quando estive pela primeira vez enlouqueci pela
qualidade e variedade dos títulos oferecidos. Do rock anos 50, 60 e 70,
passando pela soul music e o rap anos
80 e 90 mas, principalmente, vários clássicos de jazz. Tudo em edições novas,
com arte de capa e encarte caprichados que reproduzem os originais, e gramatura
do acetato de 180 gramas. Uma finura. Desta vez, não foi diferente: muitos
títulos para escolher. No critério, esses aqui foram os que levamos pra casa:
"Crescent", John Coltrane Quartet (1963) – Dispensa apresentações. Talvez o melhor
disco do mestre Trane e seu famoso time de craques (McCoy Tyner, Elvin Jones e Jimmy Garrison), "Crescent" é nada mais nada menos que o último passo antes do
“mantra musical” "A Love Supreme". Para alguns, inclusive, passo esse já
definitivo e definidor até melhor do que o grande clássico de 1964. Tudo
é perfeito e elevado, mas as baladas! Meu amigo: que deslumbre! “Wise One” e
“Lonnie’s Lament”. Isso sem falar da grandiosa faixa-título, da homenagem a
Bessie Smith e da intensa “The Drum Thing”. Será ÁLBUNS FUNDAMENTAL certo.
"Loveless", My Bloody Valentine (1992) – Obra-prima do rock alternativo britânico, é maravilhoso
tê-lo no formato vinil. Listado entre os 30 melhores discos de rock de todos os
tempos pelo crítico musical e historiador italiano Piero Scaruffi (que também o
inclui como 1° na de shoegaze rock),
“Loveless” é uma verdadeira sinfonia das guitarras, tão distorcidas, sobrepostas
e reafinadas que, homogeneizados aos outros sons e timbres, compõem uma peça
única em que as faixas se tornam partes de um todo. Não à toa já é ÁLBUNS FUNDAMENTAL do Clyblog há horas.
“Speak no Evil!”, Wayne Shorter (1964) – Outro clássico do jazz, que completou louváveis
50 anos em 2014. Shorter, dos meus jazzistas preferidos, estava absolutamente
encantado nessa época (haja vista que cunhou outra obra-prima naquele mesmo
ano, "Night Dreamer"). Gosto muito desse disco também, em especial da faixa de
abertura, “Witch Hunt”, e a elegantérrima ”Fee-Fi-Fo-Fum” e a lânguida “Infant
Eyes”. Mas um dos motivos que me motivaram também a comprá-lo nesse formato é a
maravilhosa arte da capa de Reid Miles, para mim uma das mais geniais de todos
os tempos. Promete mais um ÁLBUM FUNDAMENTAL de Shorter.
“Black Monk Time”,
The Monks (1965) – Assim como The Sonics, The Seeds e The Troggs, os Monks são das minhas amadas garage bands
dos anos 60 que anteviram o punk. No caso deles, especificamente, o disco,
talvez o primeiro “álbum preto” da história do rock (abrindo caminho para os
vários “black” e “white” albuns que viriam depois, de Beatles a Metallica), mereceu essa
reedição é uma verdadeira preciosidade, muito bem acabada. Do sulco, sai pura corrosão!
É fantástico imaginar que essa galera (norte-americanos que, servindo na
Alemanha, gravaram-no em Berlim), travestindo-se de monges franciscanos (até no
corte de cabelo!) faziam um som tão revolucionário e agressivo. Merece muitas
audições.
por Daniel Rodrigues