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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do ClyBlog - Rita Lee - "Entradas e Bandeiras" (1976)

 




"Quantas vezes eles vão me perguntar
se não faço nada 
a não ser cantar (...)
agora não é tempo
da gente se esconder
tenho mais é que botar a boca no mundo".
trecho de "Botar a Boca no Mundo"





Meu amigo Cly me convidou para falar sobre meu álbum fundamental. Desafio.
Um só?
Após revisitar algumas influências, poderia falar de Beatles, Stones, Pink Floyd, optei por algo brasileiro, da minha Terra. Sendo assim, impossível não falar de Rita Lee, nossa rainha do Rock BR, Nossa Senhora dos overdrives tupiniquins.
Continua sendo um desfio, pois Rita coleciona álbuns considerados pérolas da nossa MPB.
Escolhi seu terceiro disco em parceria com a banda Tutifrutti, "Entradas e Bandeiras", de 1976, que considero um divisor de águas por conta de sua sonoridade antiga e pesada. Quando li sua autobiografia, vi que questionou o resultado final deste disco e do anterior, Fruto Proibido, de 1975. Mas pra mim e muitos brasileiros, como meu pai, que me apresentou o LP (o qual roubou de uma prima, aos 14 anos) ele mostra que a sonoridade do rock n’ roll funciona perfeitamente com a embocadura do português bem brasileiro, executado com maestria nas composições da Rita, como sempre.
Apesar de hits como "Superstafa" e "Coisas da Vida", o sucesso o disco anterior ofuscou um pouco sua projeção e muitas pessoas não lembram tanto de "Entradas e Bandeiras".
Apaixonante desde o primeiro acorde, o disco inicia com "Corista de Rock", composição em parceria com o guitarrista Luis Carlini, que já dá a cara, identidade do disco, deixando bem claro ao que veio. A voz de uma jovem Rita, os fabulosos timbres de guitarra, de sonoridade britânica, de amplificadores Marshalls (bem populares na época) e o baixo de timbre mais estalado, Rickenbacker, remetem a uma atmosfera vintage e crua, que dá vontade de aumentar o volume.
A curiosidade fica por conta da quarta faixa, "Bruxa Amarela", única que não foi
composta pela Tuttifrutti ou Rita, assinada por Raul Seixas e o escritor Paulo Coelho.
Para este disco, a banda trazia a surpresa de Sérgio Della Monica na bateria, somando-se ao já conhecido grupo formado por Luis Carlini na guitarra, Lee Marcucci no baixo, Paulo Maurício nos teclados e sintetizadores e os irmãos Rubens e Gilberto Nardo nos backing vocals.
Esta obra-prima é um dos meus discos favoritos da vida, ótima opção para sacudir os cabelos!




por T H A L E S   A M O N

★★★★★★

FAIXAS:
1.Corista De Rock 
2.Lady Babel 
3.Coisas Da Vida 
4.Bruxa Amarela 
5.Departamento De Criação 
6.Superstafa 
7.Com A Boca No Mundo 
8.Posso Contar Comigo 
9.Troca Toca 

★★★★★★
Ouça:




★★★★★★


Thales Amon
toca violão e guitarra desde os 8 anos, estudou piano na Escola de Música Villa-Lobos, é bacharel em guitarra pelo Conservatório Brasileiro de Música (CBM-CEU), músico e arranjador do Bloco Superbacana, produtor executivo do Bloco do Barbas, professor de guitarra no Projeto Hora Extra da escola Oga Mitá. Tem como suas principais influências o rock, pop, jazz e mpb dos anos 60 e 70.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Rita Lee e Tutti-Frutti - "Fruto Proibido" (1975)




Fruto Proibido álbum de Rita Lee (1975)
"Acho que eu sempre fui
a ovelha negra, mesmo.
Uma vez uma pessoa me parou na rua,
me agradecendo:
'Depois que eu ouvi "Ovelha Negra"
eu tive coragem de sair de casa'. "
Rita Lee



Rita Lee se foi!

Cara, que coisa...

É mais uma daquelas artistas que a gente parece nunca estar preparado para perder.

A gente sabe que um dia esses mitos vão, a própria Rita já vinha bem debilitada, em virtude de um câncer, mas era difícil aceitar que uma hora aconteceria.

Bom, mas temos que aceitar. Temos que entender, nos consternar. Nos conformar com tudo o que já nos proporcionou, o legado de atitude que deixou e com a obra que construiu.

Obra que começou com "Fruto Proibido" de 1975, embora a cantora já tivesse dois álbuns lançados numa época meio enrolada com sua ex-banda, os lendários Mutantes, no curso de sua separação com Arnaldo Baptista e sua expulsão do grupo.

Uma pena, se formos considerar tudo o que construiu com os Mutantes, mas uma sorte considerando tudo o que ela podia fazer e mostrou-se capaz a partir dali.

"Fruto Proibido" é uma das grandes obras do rock brasileiro! Disco que escancara o rock de Rita, sua atitude, destrava sua ânsia por dizer coisas, por se revelar, por se mostrar mulher cheia de personalidade, reivindicações, desejos. 

Disco que já traz alguns dos grandes hits de sua carreira como "Agora Só Falta Você", que soa quase como um recado para sua ex-banda ("Um belo dia resolvi mudar /e fazer tudo o que eu queria fazer /me libertei daquela vida vulgar / que eu levava estando junto a você") ; a irreverentíssima "Esse tal de Roque Enrow", parceria com "O Mago" Paulo Coelho; a auto-reveladora e feminista "Luz Del Fuego", a desafiadora faixa que dá título ao disco, "Fruto Proibido", ("quem foi que disse que eu devo me cuidar"); e a que se tornaria praticamente um "hino" de sua carreira, "Ovelha Negra", alcunha que, de certa forma, sempre a acompanhou por sua rebeldia e atitude.

Só nos resta agradecer por coisas como essa, por álbuns como este, por suas letras, por seu doboche, por ter sido até o fim essa ovelha negra inspiradora para todos os rebeldes.

Vai em paz, Rainha Mutante!

**********************

FAIXAS:

1. "Dançar pra não Dançar" (Rita Lee) 4:13
2. "Agora só Falta Você" (Luis Sérgio Carlini / Rita Lee) 3:25
3. "Cartão Postal" (Paulo Coelho / Rita Lee) 3:25
4. "Fruto Proibido" (Rita Lee) 2:04
5. "Esse Tal de Roque Enrow" (Paulo Coelho / Rita Lee) 3:53
6. "O Toque" (Paulo Coelho / Rita Lee) 5:20
7. "Pirataria" (Lee Marcucci / Rita Lee) 4:29
8. "Luz del Fuego" (Rita Lee) 4:42
9. "Ovelha Negra" (Rita Lee) 5:39

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Ouça:





Cly Reis