Mais uma vez, assim como em
Nikita
(1990) e O
Profissional (1994)
, Luc
Besson nos apresenta uma personagem principal feminina e forte, em
uma história um tanto maluca como em O
Quinto Elemento
(1997). "Lucy" (2014) é um filme que sim, pode ser considerado inteligente e
reflexivo, por que não? Fala de um tema que é quase um mito, “Será
que utilizamos apenas 10% da nossa capacidade cerebral? O que
aconteceria se alguém fosse capaz de utilizar 100%?” Mas você
também pode considerar isso uma pseudociência barata, por que de
acordo com estudos esse mito é dado como falso, e o surrealismo
exagerado do longa pode parecer cômico, mas afinal, é um filme de
Luc Besson, não dá para fugir muito disso.
Neste filme temos Lucy
(Scarlett Johansson), uma mulher que é sequestrada pela máfia
Coreana, que acaba colocando uma nova droga dentro de seu corpo para
que ela carregue a droga de Taiwan para a Europa. Após ser
violentamente agredida, o saco de drogas que estava dentro do
estomago de Lucy se rompe, após este acidente, grande quantidade de
CPH4 (assista o filme para ter uma explicação mais técnica) se
espalhe pelo corpo de Lucy através de sua corrente sanguínea,
fazendo com que sua capacidade cerebral aumente, agora ela não usa
apenas 10%, e seu potencial vai aumentando até que ela chegue ao
100%. Lucy ao longo do filme vai sofrendo por estar “perdendo sua
humanidade”, ela se assusta com seu poderes, procura formas de se
controlar, reflete sobre como pode ajudar as pessoas com seu
conhecimento, porém como é um blockbuster de ação, antes disso
tudo ela vai buscar vingança.
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Morgan Freeman desempenhando, além deseu papel no filme.
a tarefa de dar alguma credibilidade ao longa
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Todos sabemos que Scarlett
Johansson, não é uma GRANDE atriz, mas é muito competente, e nos
últimos anos tem feito bons personagens, se você pegar a
filmografia da atriz vai ver que as escolhas de papel que ela fez ao
longo se sua carreira normalmente são acertadas, o que mostra que
ela está evoluindo, já sabe o que quer (e o que pode fazer), tem
uma carreira sólida. Como Lucy ela está bem mais uma vez, convence
nas cenas de drama, e está super bem nas cenas de ação (acho ela
uma das melhores atrizes para filmes de ação, na atualidade). Não
é uma atriz mecânica, com apenas belas curvas, ela atua de verdade,
você vê a vontade dela, a sua entrega ao papel,
Scarlett Johansson é
um grande destaque positivo do filme. No filme, também há outros
grandes atores, como o consagrado Morgan Freeman, no papel do
professor Samuel Norman, ele é o narrador da primeira parte filme,
que fica dando uma palestra sobre sua pesquisa sobre o
desenvolvimento do cérebro humano, sua teoria é sobre o que
aconteceria se alguém conseguisse utilizar além de 10% do seu
cérebro. Se o Morgan Freeman fala, você acredita, não importa o
que esse cara está falando, ele dá credibilidade total, e é para
isso que está no filme (é só isso). Também temos Choi Min-sik
(do excelente Old Boy) como Jang, que neste filme não passa de um
chefão de máfia asiático genérico, que fica gritando coisas em
Coreano.
Como falei, o filme tem um
elenco de respeito, um enredo bem legal, porém seu desenvolvimento
não é assim tão positivo. O filme é quase divido em capítulos (o
que não é ruim), na tela algumas vezes aparece escrito “10%, 20%,
30% e assim por diante, dividindo os “capítulos” para que você
acompanhe o desenvolvimento de Lucy, de uma maneira bem didática, e
se isso ainda não fosse suficiente, temos o Morgan Freeman, que nos
explica tudo. Não temos o elemento surpresa, a trama não tem
reviravoltas segue do mesmo jeito do inicio ao fim. O que realmente
não me agradou, foi o fato do distanciamento que temos de Lucy, está
certo que ela está além dos humanos comuns, mas em nenhum momento
você vê ela ameaçada, seus “super poderes” a fazem ser capaz
de TUDO, tirando o peso do vilão, pois com um gesto ela acaba com um
bando de capangas coreanos, o que faz o filme ter um final
previsível. A polícia francesa no filme é quase um alivio cômico,
eles não desvendam nada e apanham sempre que aparecem.
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A bela Scarlett Johansson de atuação destacada, é muito
bem aproveitada pela competente direção de Besson |
Luc Besson deixa sua
assinatura muito clara (o que mais faz simpatizar com o diretor), o
filme é bem dirigido, cenas de ação bem feitas, com diversos
closes fechado no rosto de Scarlett Johansson no começo com uma cara
assustada, conforme o andamento do filme sua expressão vai mudando,
vai “perdendo sua humanidade” e você acompanha isso no olhar
dela, bem legal. Ele é mestre neste tipo de filme, pega uma ideia
mais “cult” e transforma em um filme pop contemporâneo.
Não é um grande filme, mas
ele traz um assunto muito interessante, o link que é feito com "Lucy" que foi o fóssil de hominídeo
mais antigo (que não é mais, outro mais antigo foi descoberto
recentemente) que mostra ela usando as mãos para beber água, não
mais como um animal, supostamente pela primeira vez, mostrando Lucy
(hominídeo) indo além dos outros da sua espécie, assim como a Lucy
do filme irá fazer. Ele faz você refletir, mas fica no meio caminho
de “eu quero que você reflita sobre o assunto” e “eu quero que
você curta esse filme de porrada, perseguições e asiáticos
engravatados apanhando”, se você gosta mais de um estilo do que do
outro, o filme pode se tornar cansativo. É um filme que tem camadas,
assim como todos os filmes de ficção cientifica, mas diferente dos
excelentes filmes, esse que é apenas bom, você pode pular as
camadas e focar na ação, que vai se divertir também.
Então, decida quanto da sua
capacidade cerebral você vai utilizar para assistir o filme!