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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

"Jojo Rabbit", de Taika Waititi (2019)


Se você não entende sarcasmos, ironia, deboche, e sátiras, esse filme não é para você, mas, se tudo isso chama sua atenção, esse longa e perfeito. “Jojo Rabbit” é um deboche do início ao fim ao nazismo e, principalmente à juventude hitlerista da Segunda Guerra, cega e tola, beirando à imbecilidade (alguma semelhança com cenário atual das Américas?).
Uma sátira sobre a Segunda Guerra Mundial que segue um solitário garoto alemão chamado Jojo (Roman Griffin Davis), cujo mundo é revirado quando  descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) esconde uma jovem judia (Thomasin McKenzie) no sótão. Com a ajuda de seu único - idiota e imaginário - amigo Adolf Hitler (Taika Waititi), Jojo precisa enfrentar seu nacionalismo cego.
O período histórico no qual o filme se passa, que por si só já marca um período triste e dramático, é carregado ainda mais dramaticamente nesse sentido pelo diretor, o que até funciona, em alguns momentos embora o drama não seja o forte do filme, em grande parte devido a seu roteiro que, mesmo sendo bastante bom, acaba sendo muito previsível, não sendo muito difícil prever o que vai acontecer do segundo ato em diante até o final.
Taika tem um ótimo senso para o humor e sabe explorar isso muito bem. Seu deboche, disfarçado de inocência e bobices, rendem ótimas cenas, como as que o Hitler imaginário aparece aconselhando Jojo, e quando a Gestapo resolve investigar a casa de do menino.  “Heil Hitler”! Essa saudação rende uma cena hilária. Mesmo que o carisma de Roman Griffin Davis e Archie Yates, como Yorki, sejam o principal destaque nas atuações, Scarlett Johansson  também merece atenção. Ela é imponente, forte e domina suas cenas na pele de uma mãe solteira que faz papel de pai e mãe e, a respeito disso, especificamente, há uma cena simplesmente FABULOSA.
Há um certo desequilibro no tom do filme, em suas passagens de comédia para drama. Existe um conflito de emoções muito rápido, sem tempo de preparo, e isso pode sim ser visto como um problema do longa. Porém seu humor, muito bem utilizado nos momentos certos, conferem uma atmosfera única para um filme que retrata, nada menos que a Segunda Guerra Mundial. Você se sente “desconfortável” ao rir de Hitler e de ver um menino de 10 anos com uma arma indo proteger a cidade da invasão russa, porem, não há como negar que são momentos hilários. Coisas de Taika... Como comédia, “Jojo Rabbit” se sai muito bem. Ainda que destaque-se o ótimo figurino e algumas ótimas atuações, o humor é o que carrega o longa e, não há como evitar que em algum momento, a gente acabe rindo, mesmo que seja com peso na consciência.
Rindo muito, mas com respeito, é claro.


por Vagner Rodrigues

domingo, 26 de janeiro de 2020

"História de Um Casamento", de Noah Baumbach (2019)




O que foi isso?... Intenso, belo, alegre, sutil, real, triste, melancólico e cheio de amor, resumidamente (bem resumidamente), isso "História de um Casamento".
Nicole (Scarlett Johansson) e seu marido Charlie (Adam Driver) estão passando por muitos problemas e decidem se divorciar. Temendo que o pequeno filho sofra as consequências da separação, o casal decide continuar vivendo sob o mesmo teto, tentando fazer com que este seja um divórcio amigável. Porém, a convivência forçada entre os dois acaba criando feridas que talvez nem o tempo seja capaz de curar.
Embora seja uma obra espetacular, ela não é perfeita, no inicio da briga judicial do casal, o filme, tira um pouco o pé do acelerador (esse deve ser o momento de pausar, e ir fazer suas atividades e não ficar só na frete da TV ou celular olhando Netflix). Ele fica mais lento do que já vinha e o que ainda nos mantém interessados nele é seu ótimo texto. O olhar um pouco tendencioso do filme, para um lado do casal, também me incomodou um pouco.
Um longa repleto de cenas simbólicas.
O texto do filme é fabuloso! Dá vontade de morar em cada dialogo do longa. Mas há outros aspectos que filme brilha ainda mais (se isso for possível). A dupla principal domina todas as cenas. A câmera é deles em um show de interpretação. É algo visceral, com alma e sentimento. Genial! Repito, GENIAL. Dois atores que, sem dúvida estão entre os melhores de sua geração. E o que falar da direção? Que controle, que domínio, que perfeição! Nada em cena e por acaso.
A graça da vida está em detalhes, em momentos simples, mas a desgraça da vida também surge em momentos assim, numa discussão por coisas bobas, numa palavra dita numa hora errada... Mas isso é a vida e sentimento. “História de um casamento” aborda muito bem isso mostrando que o amor é fundamental numa relação, mas muitas vezes, só amor não basta.
Confesso que chorei junto.



por Vagner Rodrigues

sábado, 15 de novembro de 2014

"Lucy", de Luc Besson (2014)




Mais uma vez, assim como em Nikita (1990) e O Profissional (1994) , Luc Besson nos apresenta uma personagem principal feminina e forte, em uma história um tanto maluca como em O Quinto Elemento (1997). "Lucy" (2014) é um filme que sim, pode ser considerado inteligente e reflexivo, por que não? Fala de um tema que é quase um mito, “Será que utilizamos apenas 10% da nossa capacidade cerebral? O que aconteceria se alguém fosse capaz de utilizar 100%?” Mas você também pode considerar isso uma pseudociência barata, por que de acordo com estudos esse mito é dado como falso, e o surrealismo exagerado do longa pode parecer cômico, mas afinal, é um filme de Luc Besson, não dá para fugir muito disso.
Neste filme temos Lucy (Scarlett Johansson), uma mulher que é sequestrada pela máfia Coreana, que acaba colocando uma nova droga dentro de seu corpo para que ela carregue a droga de Taiwan para a Europa. Após ser violentamente agredida, o saco de drogas que estava dentro do estomago de Lucy se rompe, após este acidente, grande quantidade de CPH4 (assista o filme para ter uma explicação mais técnica) se espalhe pelo corpo de Lucy através de sua corrente sanguínea, fazendo com que sua capacidade cerebral aumente, agora ela não usa apenas 10%, e seu potencial vai aumentando até que ela chegue ao 100%. Lucy ao longo do filme vai sofrendo por estar “perdendo sua humanidade”, ela se assusta com seu poderes, procura formas de se controlar, reflete sobre como pode ajudar as pessoas com seu conhecimento, porém como é um blockbuster de ação, antes disso tudo ela vai buscar vingança.
Morgan Freeman desempenhando, além deseu papel no filme.
a tarefa de dar alguma credibilidade ao longa
Todos sabemos que Scarlett Johansson, não é uma GRANDE atriz, mas é muito competente, e nos últimos anos tem feito bons personagens, se você pegar a filmografia da atriz vai ver que as escolhas de papel que ela fez ao longo se sua carreira normalmente são acertadas, o que mostra que ela está evoluindo, já sabe o que quer (e o que pode fazer), tem uma carreira sólida. Como Lucy ela está bem mais uma vez, convence nas cenas de drama, e está super bem nas cenas de ação (acho ela uma das melhores atrizes para filmes de ação, na atualidade). Não é uma atriz mecânica, com apenas belas curvas, ela atua de verdade, você vê a vontade dela, a sua entrega ao papel, Scarlett Johansson é um grande destaque positivo do filme. No filme, também há outros grandes atores, como o consagrado Morgan Freeman, no papel do professor Samuel Norman, ele é o narrador da primeira parte filme, que fica dando uma palestra sobre sua pesquisa sobre o desenvolvimento do cérebro humano, sua teoria é sobre o que aconteceria se alguém conseguisse utilizar além de 10% do seu cérebro. Se o Morgan Freeman fala, você acredita, não importa o que esse cara está falando, ele dá credibilidade total, e é para isso que está no filme (é só isso). Também temos Choi Min-sik (do excelente Old Boy) como Jang, que neste filme não passa de um chefão de máfia asiático genérico, que fica gritando coisas em Coreano.
Como falei, o filme tem um elenco de respeito, um enredo bem legal, porém seu desenvolvimento não é assim tão positivo. O filme é quase divido em capítulos (o que não é ruim), na tela algumas vezes aparece escrito “10%, 20%, 30% e assim por diante, dividindo os “capítulos” para que você acompanhe o desenvolvimento de Lucy, de uma maneira bem didática, e se isso ainda não fosse suficiente, temos o Morgan Freeman, que nos explica tudo. Não temos o elemento surpresa, a trama não tem reviravoltas segue do mesmo jeito do inicio ao fim. O que realmente não me agradou, foi o fato do distanciamento que temos de Lucy, está certo que ela está além dos humanos comuns, mas em nenhum momento você vê ela ameaçada, seus “super poderes” a fazem ser capaz de TUDO, tirando o peso do vilão, pois com um gesto ela acaba com um bando de capangas coreanos, o que faz o filme ter um final previsível. A polícia francesa no filme é quase um alivio cômico, eles não desvendam nada e apanham sempre que aparecem.
A bela Scarlett Johansson de atuação destacada, é muito
bem aproveitada pela competente direção de Besson 
Luc Besson deixa sua assinatura muito clara (o que mais faz simpatizar com o diretor), o filme é bem dirigido, cenas de ação bem feitas, com diversos closes fechado no rosto de Scarlett Johansson no começo com uma cara assustada, conforme o andamento do filme sua expressão vai mudando, vai “perdendo sua humanidade” e você acompanha isso no olhar dela, bem legal. Ele é mestre neste tipo de filme, pega uma ideia mais “cult” e transforma em um filme pop contemporâneo.
Não é um grande filme, mas ele traz um assunto muito interessante, o link que é feito com "Lucy" que foi o fóssil de hominídeo mais antigo (que não é mais, outro mais antigo foi descoberto recentemente) que mostra ela usando as mãos para beber água, não mais como um animal, supostamente pela primeira vez, mostrando Lucy (hominídeo) indo além dos outros da sua espécie, assim como a Lucy do filme irá fazer. Ele faz você refletir, mas fica no meio caminho de “eu quero que você reflita sobre o assunto” e “eu quero que você curta esse filme de porrada, perseguições e asiáticos engravatados apanhando”, se você gosta mais de um estilo do que do outro, o filme pode se tornar cansativo. É um filme que tem camadas, assim como todos os filmes de ficção cientifica, mas diferente dos excelentes filmes, esse que é apenas bom, você pode pular as camadas e focar na ação, que vai se divertir também.
Então, decida quanto da sua capacidade cerebral você vai utilizar para assistir o filme!