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quarta-feira, 6 de abril de 2022
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
Ao mestre, com carinho
Gil e a imagem de um de seus mestres homenageados: Bob Marley |
Mas um artista autoral abrir mão de composições suas para se dedicar apenas ao repertório do seu mestre, aí já é mais raro. No entanto, fomos atrás e listamos alguns trabalhos assim: aprendizes homenageando seus mestres. Não valem aqui discos de intérpretes, por melhor que sejam as obras, como Gal Costa em seu "Gal Canta Caymmi" ou Sarah Vaughn com seu "Plays Beatles", por exemplo. Álbuns memoráveis estes, mas de cantoras fazendo aquilo que melhor sabem, que é interpretar. Também não entram aquelas “homenagens” ou shows especiais, mesmo que de apenas um artista para outro. Não caberia, por exemplo, “Loopicinio” (2005), em que o músico Thedy Correa faz um exercício de modernização ao samba-canção “dor de cotovelo” de Lupicinio Rodrigues. Válido, mas sabe-se que Lupi não é bem O “mestre” para quem formatou sua carreira no pop rock beatle com como Thedy.
Aqui, a proposta é outra e até mais desafiadora a quem está acostumado a escrever as próprias músicas. O mergulho na obra de quem o inspirou é, desta forma, duplamente instigante: manter a autoexigência do que costuma produzir e, no mesmo passo, fazer jus à obra daquele que reverencia. Chega a ser um exercício de desprendimento. Tanto é diferente este tipo de projeto, que não é extensa a listagem, não. Pelo menos, daquilo que encontramos. Se os leitores identificarem novos trabalhos semelhantes, o espaço está aberto para aumentarmos nossa lista de álbuns dos seguidores aos seus mestres.
Vários roqueiros já gravaram Robert Johnson, de Rolling Stones a Red Hot Chili Peppers. Mas quem pode ser considerado um filho artístico do pioneiro do blues do Mississipi é Clapton. Já resenhado nos nossos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, este poderoso disco do mais seminal blues rock é o encontro do céu com o inferno: Deus, como Clapton é apelidado, e o Diabo, com quem dizem Johnson ter feito um pacto para que tivesse tanto talento. Se foi ação do bem ou do mal, o fato é que funcionou tanto para ele quanto para seu maior aprendiz. Só podia dar num disco essencial.
02. "Little Queen of Spades"
03. "They're Red Hot"
04. "Me and the Devil Blues"
05. "Traveling Riverside Blues"
06. "Last Fair Deal Gone Down"
07. "Stop Breakin' Down Blues"
08. "Milkcow's Calf Blues"
09. "Kind Hearted Woman Blues"
10. "Come on in My Kitchen"
11. "If I Had Possession Over Judgement Day"
12. "Love in Vain"
13. "32-20 Blues"
14. "Hell Hound on My Trail"
Celeiro de alguns dos melhores compositores do samba brasileiro, como Alberto Lonato, Candeia, Manaceia, Mijinha e Chico Santana, a Velha Guarda da Portela reuniu-se para homenagear aquele que considera o maior deles: Paulo da Portela. E o faz com time completo: Monarco, Casquinha, Argemiro, Jair do Cavaquinho e as pastoras originais. Se o padrinho do conjunto é merecidamente Paulinho da Viola, é o outro Paulo o que ocupa o lugar de principal referência de compositor para a turma da escola a qual levou no próprio nome com autoridade.
02. Homenagem ao Morro Azul / Para que Havemos Mentir
03. Teste ao Samba
04. Conselho
05. Deus te Ouça
06. O Meu Nome Já Caiu no Esquecimento
07. Quem Espera Sempre Alcança
08. Linda Borboleta
09. Cocorocó
10. Este Mundo é uma Roleta
11. Ópio
12. Cantar para Não Chorar
O múltiplo Gil, mesmo na época da radicalização do Tropicalismo, nunca escondeu que seus mestres eram Luiz Gonzaga, João Gilberto e Bob Marley. Ao primeiro ele dedicou o conceito e regravações na trilha de “Eu Tu Eles” e em “Fé na Festa”, mas aos outros dois rendeu discos completos com o que mais lhe fazia sentido em suas obras. Para o Rei do Reggae criou um disco de ótimos arranjos, juntando letras no inglês original ou versões muito bem traduzidas, como a faixa-título e “Não Chore Mais” (“No Woman, no Cry”), tal como ele havia pioneiramente versado em “Realce”, de 1979. A sonoridade, aliás, não fica somente no reggae, mas também dialoga muitas vezes, justamente, com o baião de Gonzagão.
02. "One Drop"
03. "Waiting in Vain"
04. "Table Tennis Table"
05. "Three Little Birds"
06."Não Chore Mais (No Woman, No Cry)"
07. "Positive Vibration"
08. "Could You Be Loved"
09. "Kaya N'gan Daya (Kaya)"
10. "Rebel Music (3 O'Clock Road Block)"
11. "Them Belly Full (But We Hungry)"
12. "Tempo Só (Time Will Tell)"
13. "Easy Skankin'"
14. "Turn Your Lights Down Low"
15. "Eleve-se Alto ao Céu (Lively Up Yourself)"
16. "Lick Samba"
O músico paraibano sempre reverenciou o autor de “Like a Rolling Stone”. Neste álbum, contudo, fez como só ele poderia: arranjos entre o rock e a música brasileira, sotaque nordestino e as letras em português. Difícil traduzir um Nobel de Literatura? Sim, mas Ramalho, com talento e conhecimento de fã, acerta em cheio. Magníficas "O Homem Deu Nome a Todos Animais" (“Man Gave Names to All the Animals”), regravada por Adriana Calcanhotto em seu “Partimpim 2”, e, a versão para a clássica “Knockin' on Heaven's Door”, provando pros tupiniquins com “síndrome de vira-lata” que criticaram à época, que soa muito melhor um refrão com os versos "Bate bate bate na porta do céu" do que "Knockin' knockin' knockin' on heaven's door". Perto da solução achada por Ramalho, a original nunca mais deixou de soar cacofônica. "I'm sorry, mr, Dylan".
02. "O homem deu nome a todos animais (Man Gave Name To All The Animals)"
03. "Tá tudo mudando"
04. "Como uma pedra a rolar"
05. "Negro Amor (And it's All Over Now, Baby Blue)"
06. "Não pense duas vezes, tá tudo bem (Don't Think Twice, It's All Right)"
07. "Rock feelingood (Tombstone Blues)"
08. "O vento vai responder"
09. "Mr. do pandeiro (Mister Tambourine Man)"
10. "O amanhã é distante"
11. "If Not for You"
12. "Batendo na porta do céu - versão II"
Quando Ramalho gravou seu “Tá Tudo Mudando”, já havia um antecedente de 7 anos antes na discografia brasileira de artista que versou outro monstro sagrado do rock como Dylan dando-lhe caracteres brasileiros. Depois de uma via crúcis para pegar autorização com Yoko Ono para versar a obra do seu ex-marido, Rita conseguiu, finalmente, juntar duas paixões as quais domina como poucos: o rock libertário dos Beatles e as ricas harmonias da bossa nova. Tão filha musical dos rapazes de Liverpool quanto de João Gilberto, somente Rita pra prestar uma homenagem como esta.
02. "With A Little Help From My Friends"
04. "All My Loving"
05. "She Loves You"
06. "Michelle"
07. "'In My Life"
08. "Here, There And Everywhere"
09. "I Want To Hold Your Hand"
10. "Lucy In The Sky With Diamonds"
Faixas bônus:
11. "Pra Você Eu Digo Sim (If I Fell)"
12. "Minha Vida (In My Life)"
O talentoso “homem-banda” Matt Johnson é um cara fiel às suas origens. Depois de relativo sucesso na metade dos anos 80, ele capturou o amigo de adolescência Johnny Marr, guitarrista recém-saído da The Smiths, para gravar os dois melhores álbuns da The The. Porém, o autor de “This is the Day” queria ir ainda mais a fundo nas autorreferências e foi achar a resposta no músico country “vida loka” Hank Williams. Embora bem arranjado por Johnson e D. C. Collard, “Hanky...”, já sem Marr na banda, por melhor que seja, deixa, no entanto, aquela interrogação para os fãs: “não teria sido ainda melhor com Marr?”
02. "Six More Miles"
03. "My Heart Would Know"
04. "If You'll Be A Baby To Me"
05. "I'm A Long Gone Daddy"
06. "Weary Blues From Waitin'"
07. "I Saw the Light"
08. "Your Cheatin' Heart"
09. "I Can't Get You Off of my Mind"
10. "There's a Tear in My Beer"
11. "I Can't Escape from You"
12 anos depois de prestar tributo a Bob e de referenciar Luiz Gonzaga em mais de uma ocasião, Gil fecha, então, a trinca de seus mestres musicais. O repertório é lindo, uma vez que, homenageando João, a sua batida e seu estilo de cantar, escola para toda a geração pós-bossa nova a qual Gil pertence, outros artistas importantes para o baiano também são contemplados, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi e Caetano Veloso, todos compositores incorporados no cancioneiro de João. Mas por melhor que seja a produção e por mais lindo que seja o violão de Gil, diferentemente de “Kaya...”, quando a sua voz estava ainda "ok ok ok", os anos comprometeram-na. Rouca e de alcance bastante prejudicado, se perto da voz do próprio Gil saudável já é covardia, imagina, então, comparar com a o do homenageado? Projeto lançado, uma pena, tardiamente.
quarta-feira, 15 de julho de 2020
Música da Cabeça - Programa #171
Pereira, Jones, Reed, Buarque, Nascimento, Guðmundsdóttir e Drumont são alguns dos sobrenomes de sangue universal que estarão hoje no programa. Já deu pra suspeitar do que estamos falando, né? De música, claro! Para isso, vamos ter a ajuda destes e de Antônio Carlos Jobim, Adriana Calcanhotto, Ray Charles, Marisa Monte e mais. Também, “Música de Fato”, abordando as manifestações de racismo meio cultural gaúcho, “Cabeça dos Outros” com Caetano Veloso e “Palavra, Lê” em homenagem aos 40 anos da morte de Vinicius de Moraes. Tudo hoje, 21h, na nobre senzala da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e alforria: Daniel Rodrigues.
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quarta-feira, 24 de junho de 2020
Música da Cabeça - Programa #168
Esqueçamos um pouco a pandemia, o desgoverno, a inconsequência, as fake news e o preconceito e paremos para celebrar essa galera genial, que mantém o mundo jovem e o Música da Cabeça ainda mais jovem. Além de Elza, Chico, Hermeto, Paul, Ray, Bethânia e Eumir, o programa também vai ter Almir Guineto, Moby, John Lennon, Tim Maia, Love e mais. Ouça o MDC de hoje, às 21h, que você não envelhecerá nunca mais. Isso, na viçosa Rádio Elétrica. Produção, apresentação e fonte da juventude: Daniel Rodrigues.
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quarta-feira, 22 de abril de 2020
Música da Cabeça - Programa #159
Todo mundo que parou para dar pelo menos uma espiada no One World, hoje é convidados para fazer o mesmo, só que com o Música da Cabeça. E nosso cast de participantes não deixa nada a desejar pro evento da Lady Gaga! Confere: Milton Nascimento, Robert Johnson, Ratos de Porão, Philip Glass, Jorge Ben Jor, Bob Marley e mais. Tem ainda "Cabeção" com a eletro-indie Bent, mais "Música de Fato" e "Palavra, Lê". O MDC não é live, mas tá vivinho da silva na Rádio Elétrica, às 21h. Produção, apresentação: Daniel Rodrigues. #togetherathome
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quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Música da Cabeça - Programa #137
Deixa aquela gente lá batendo continência pros boçais, que o Música da Cabeça aqui segue reverenciando aquilo que importa. Olha só quanta importância trazemos hoje: Cream, Herbie Hancock, Giorgio Moroder, Cidade Negra, OMD e outros. Além disso, um "Música de Fato" sobre a situação da Bolívia e um "Cabeção" sobre o microtonal Harry Partch. Tudo no MDC de hoje, às 21h, na sempre importante Rádio Elétrica. Produção, apresentação e devida importância: Daniel Rodrigues.
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quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Música da Cabeça - Programa #131
Saiba: tudo mundo foi criança, inclusive os artistas que compõem a playlist do Música da Cabeça de hoje. Vai ter diversão para todos os gostos: do reggae de Bob Marley ao punk da New York Dolls; do pop sensual de Marina ao samba-rock de Jorge BenJor; da soul melodiosa de Stevie Wonder ao brit-rock da The Smiths. Quer brincar com a gente? É só chegar aqui, às 21h, no parquinho da Rádio Elétrica. Tá tudo mundo convidado! Produção, apresentação e atividades lúdicas: Daniel Rodrigues.
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terça-feira, 26 de junho de 2018
Bob Marley & The Wailers - "Burnin' " (1973)
É todo um universo.
Eu amo futebol porque é preciso
ser um artista para praticá-lo.
Quando nós jogamos futebol,
também fazemos música.
Eu preciso disso.
Liberdade! Futebol é liberdade."
Bob Marley
Aproveitando o ensejo da Copa do Mundo, dessa coisa toda de futebol, aproveitamos para incluir entre os ÁLBUNS FUNDAMENTAIS um artista que, com certeza, por sua representatividade, por sua obra, por sua ascendência já merecia há algum tempo aparecer por aqui, mas que, na verdade, nunca fora destacado anteriormente na nossa seção de grandes discos pelo fato de seu estilo musical, embora gozando de todo nosso respeito e reconhecimento, não figure entre os favoritos do blog. Mesmo assim talvez algum convidado, como costumeiramente temos, resolvesse vir a escrever sobre ele mas como nunca aconteceu, resolvemos fazer justiça.
Bob Marley, cantor e compositor jamaicano, é, sem dúvida alguma, um dos maiores nomes da música mundial e um dos artistas mais influentes de todos os tempos, sendo sua obra engajada, e contestadora, símbolo de lutas por toda forma de liberdade.
Bob Marley correndo atrás da redondinha e, ao lado,
com ilustres parceiros de pelada,
Chico Buarque, Toquinho e o craque Caju.
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Destacamos aqui o disco "Burnin' " de 1973, que, depois da ótima recepção do disco anterior, "Catch a Fire", projetou definitivamente Marley e sua banda ao reconhecimento internacional, marcando contudo, o fim da participação de Peter Tosh, junto aos Wailers. Além de divergências e desentendimentos pessoais, Tosh, outro ícone do reggae, sentira-se incomodado com a separação do nome da banda do nome de seu frontman, o que acontecera exclusivamente por vontade da gravadora, que pretendia (e conseguira com êxito) torná-lo um grande nome individual.
"Burnin' ", salvo todas as questões periféricas, é um disco de incitação, de convocação, de chamamento às armas contendo algumas das letras mais incisivas de Marley e Tosh nesse sentido. Destaque especial para os sucessos, mundialmente conhecidos, "Get Up, Stand Up" e "I Shot The Sheriff", gravada posteriormente por Eric Clapton, mas também para "Pass It On", "One Foundation" e "Rastaman Chant".
A trajetória de Marley infelizmente foi curta, abreviada, ironicamente, por sua outra paixão, o futebol. Um pisão no pé, numa pelada, teria gerado uma lesão que, não tratada devidamente, se transformara num melanoma que se espalhara pelo corpo, levando o cantor à morte poucos meses depois.
Pena que exatamente o esporte que Marley tanto amava e relacionava de forma tão afetuosa e direta à sua música tenha sido a origem de toda sua tragédia. Mas tenho certeza que de onde estiver, Marley não culpa o futebol pelo fato de não estar mais entre nós. Quem ama o futebol como Bob Marley amava, sabe que o esporte mais praticado no mundo, assim como a música dele, se bem utilizado, pode ser um grande instrumento de transformação, congraçamento e paz.
*************
FAIXAS:
- "Get Up, Stand Up" (Marley/Tosh) - 3:16
- "Hallelujah Time" (Livingston) - 3:28
- "I Shot the Sheriff" (Marley) - 4:41
- "Burnin' And Lootin" (Marley) - 4:15
- "Put It On" (Marley) - 3:13
- "Small Axe" (Marley) - 4:01
- "Pass It On" (Livingston) - 3:33
- "Duppy Conqueror" (Marley) - 3:44
- "One Foundation" (Tosh) - 3:42
- "Rastaman Chant" (Trad., arr. Marley/Tosh/Livingston) - 3:47
Ouça:
Bob Marley - Burnin'