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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ultraje a Rigor - "Nós Vamos Invadir Sua Praia" (1985)

“...'Inútil' foi nossa melhor sacada, quando conseguimos sintetizar tudo que queríamos falar.
Na época todos tínhamos um inimigo comum
que era a ditadura.
Muitas vezes me perguntavam se eu
considerava todo mundo inútil.
Eu dizia que não, que estavam fazendo
o brasileiro de inútil,
mas que também muitas vezes “somos inútil” porque nós temos até hoje uma mentalidade complicada e
muitas vezes penso que nem queremos mudar. "
Roger




Frequentemente ouço questionarem porquê Roger Rocha Moreira, vocalista, guitarrista e letrista do Ultraje a Rigor, não ultiliza melhor seu Q.I. superior a 140 , um dos maiores entre famosos no Brasil... Olha, acho que, a seu modo, ele faz bom uso dele. E tenho certeza que o utilizou bastante bem, pelo menos, para conceber um dos grandes discos da história do rock nacional, o ótimo "Nós Vamos Invadir Sua Praia" de 1985.
"Nós Vamos Invadir sua Praia" é um discaço de rock'n roll apoiado em letras inteligentíssimas que abordam temas como comportamento, adolescência, diferenças
sociais, relacionamentos, mainstream, política, com malícia e bom-humor sem precedentes no rock nacional.
"Ciúme" e Zoraide" representam o melhor do rock ultrajeano em duas canções que vão direto nas relações entre casais e todas as suas chatices e particularidades; a maliciosa "Marylou" é um country-rock estilizado e exagerado com menções um tanto picantes a certos bichinhos 'safados' da fazenda. "Jesse Go", que o guitarrista Maurício certa vez disse que serviria para o Paulo Ricardo do RPM, ataca com ironia os ídolos fabricados da indústria musical e o estrelismo que os acomete depois da fama; e a ótima "Eu Me Amo" é um genial exercício psicanalítico sobre descoberta de si próprio e autovalorização, na que deve ser provavelmente a única auto-canção de amor da história da música.
"Inútil", com sua concordância propositalmente errada e provavelmente com o riff mais bacana já feito no rock brasileiro, ao contrário do que sempre se disse por aí, não desvaloriza o brasileiro, mas sim, pelo contrário, reafirma a capacidade deste país de fazer tudo tão bem ou melhor que qualquer outro, e à sua maneira, irônicos e escrachados, questionam os motivos pelos quais, mesmo com tanto potencial, tudo o que via-se, naquele Brasil bem menos desenvolvido e promissor do que hoje dos anos 80, eram constantes insucessos e impedimentos nos mais diversos segmentos. "Mim Quer Tocar", outra genial e uma exceção no que diz respeito à ênfase rock'n roll do disco, é um reggae 'preguiçoso' que brinca com a visão estrangeira em relação ao Brasil que supunha muitas vezes ser um país ainda habitado por um bando de índios e selvagens, mas alfineta também a própria auto-depreciação que o povo acabou assumindo em relação ao próprio país.
"Rebelde Sem Causa" talvez a melhor composição do disco, é um surf rock com cores new-wave, com um excente trabalho de guitarra de Roger e uma letra genial na qual um jovem relata o quanto sua vida  é 'chata' pelo excesso de atenção, carinho, bens materiais e tudo o que poderia desejar, numa sutil crítica comportamental (que se estende ao social) a todo mundo que se queixa da vida de barriga cheia. Extremamente atual se formos pensar em bad-boys que queimam índios, chutam negros, agridem prostitutas e homossexuais; filhinhos-de-papai que saem atropelando todo mundo com seus carrões e ficam impunes; babacas que provocam brigas em festas, etc., e cuja grande alegação muitas vezes é que têm problemas psicológicos, não tiveram atenção dos pais, ou que são 'traumatizadinhos'. Ora, veja!
A faixa que dá nome ao disco por sua vez não tem maiores ambições intelectuais e se contém algum recado implícito é apenas o de "Cuidado, nós estamos chegando e não tem como escapar". E não teve mesmo: "Nós Vamos Invadir Sua Praia" não demorou a invadir nas rádios e conquistar o público com seu ritmo contagiante, seu astral muito pra cima, e provavelmentee também, pela identificação das situações bem farofeiras de praia colocadas na letra. A faixa é uma verdadeira festa com participações de Lobão, Ritchie, Selvagem Big Abreu e Léo Jaime se revezando na ordem dos versos do refrão ou soltando pequenos improvisos como o famosa pergunta do Lobão, "cadê a minha farofinha, Roger?" dita lá pelas tantas durante a música como várias outras gracinhas dos outros convidados e integrantes da banda. Provavelmente devia estar uma grande bagunça no estúdio.
A mais fraca do disco é com certeza a faixa "Se Você Sabia" um rockzinho interessante musicalmente e que até tem um solo legal no refrão do baterista Leospa, mas que no fim das contas se revela excessivamente pueril com sua letrinha primária e juvenil sobre o 'drama' de um rapaz que descobre que a namoradinha está grávida.
Para fechar, uma faixa gravada ao vivo extamente para contar com a participação do público que nos shows respondia ao refrão de "Independente Futebol Clube" com uma efusiva saudação. Aquilo tinha que ser registrado em disco. E foi. E ficou um barato. Um rock'n roll gostoso com uma letra aparentemente tola, mas que na verdade não era nada mais nada menos do que uma manifestação de respeito à individualidade. Roger lançava aquele "Nós somos livres, Independente Futebol Clube" e a galera respondia com um entusiasmado "Êêêêêêê!!!
A propósito de show, recentemente a banda voltou a ser comentada depois de ter sido impedida de continuar seu show no Festival SWU pelo pessoal da produção do Peter Gabriel. A galera ficou do lado do Ultraje no incidente e provou que ainda tem a turma do Roger em alta conta e que a banda ainda é uma das mais queridas do país mesmo passados 26 anos desde seu clássico álbum de estreia. Muita dessa solidariedade deve-se também, em parte, à visibilidade que voltaram a ter por conta participação num talk-show na TV. Aí até quem nunca sequer ouviu o "Nós Vamos Invadir Sua Praia" ou alguma coisa da banda na vida, mas que curte o programa acabou apoiando os caras e lembrando que existe (ou existiu) um 'rock nacional'.
Roger com certeza não é o maior gênio da história da música, não é um Dylan escrevendo, não é um McCarteney compondo. Longe disso! Aliás muitas vezes passa por paspalhão. Mas se de alguma coisa lhe serviu ter um Q.I. tão alto como se comenta, ele aplicou a inteligência que o tal índice possa ter-lhe proporcionado para produzir um dos melhores da música nacional de todos os tempos. Álbum que com "Cabeça Dinossauro" dos Titãs, "Selvagem?" dos Paralamas,  "Revoluções por Minuto" do RPM, e o "Dois" da Legião Urbana, completa o quinteto fundamental de grandes álbuns brasileiros dos anos 80.
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A reedição em CD saiu ainda com uns extras, como a censurada "Ricota", a hilária "Hino dos Cafajestes", uma versão marchinha para "Marylou" e versões originais de "Mim quer Tocar", com a letra um pouco diferente, e de"Inútil", bem mais crua e um pouco mais arrastada.
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FAIXAS:
01. Nós Vamos Invadir Sua Praia
02. Rebelde Sem Causa
03. Mim Quer Tocar
04. Zoraide
05. Ciúme
06. Inútil
07. Marylou
08. Jesse Go
09. Eu Me Amo
10. Se Você Sabia
11. Independente Futebol Clube


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Ouça:
Ultraje a Rigor Nós Vamos Invadir Sua Praia




Cly Reis

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Capital Inicial - "Capital Inicial" (1986)




"Porque pobre quando nasce com instinto assassino
Sabe o que vai ser quando crescer desde menino
Ladrão pra roubar, marginal pra matar
'Papai eu quero ser policial quando eu crescer' "
da letra de "Veraneio Vascaína


Um dos ilustres representantes do rock de Brasília e um dos tentáculos do Aborto Elétrico, embrião que também originou a Legião Urbana, o Capital Inicial em seu excelente disco de estreia fazia um pop altamente acessível e palatável sem, no entanto abrir mão da veia punk que o originara. Mesmo hits como “Música Urbana”, por trás de uma competente produção que lhe enfeitava com metais e com uma linha de teclado simpática e marcante, traziam a sombra do caos cotidiano e da indignação social característica do punk rock. “Fátima”, o outro grande sucesso do álbum, também um pop, porém um tanto mais grave, mais tensa, mais séria, com suas sugestões religiosas, filosóficas e pitadas de alfinetadas contra a ditadura numa letra de Renato Russo, interpretada com notável competência e intensidade por Dinho Ouro-Preto. Já “Psicopata”, outra de boa execução radiofônica, era um punk comportamental agressivo e sem concessões. Básico, rápido, violento e forte. Uma pedrada! Pedrada? Bomba mesmo era “Veraneio Vascaína”, punk até a alma sob todos os aspectos, em sonoridade, letra e atitude, responsável direta pela proibição peremptória e incondicional do álbum, numa letra pra lá de detonante na qual rotulam a polícia de “assassinos armados uniformizados”.
“Cavalheiros” é outra com características punk, pegada e acusativa;  a acelerada “No Cinema”, embora tratando de um tema banal guarda sua dose de agressividade sonora; e  a boa “Leve Despespero” pende mais para o lado do darkismo dos anos 80, mais cadenciada e com uma letra intimista e depressiva, mas nem tudo é ‘ferro-e-ferro’ e o álbum tem momentos mais leves como “Tudo Mal” e “Linhas Cruzadas”, que apesar de retratarem relações infelizes, dão um toque um pouco mais descontraído sonoramente.
É bom que se diga e não se esconda a verdade que as melhores letras deste primeiro disco do Capital, "Múasica Urbana", "Fátima" e "Veraneio Vascaína" eram de autoria de Renato Russo, frutos ainda do finado Aborto Elétrico, mas não é fato suficiente que deslustre o mérito desta competente banda que soube dar personalidade a estas canções, imprimindo sua marca e conferindo-lhes interpretações marcantes através de seu vocalista.
Outro dos ilustres representantes do rock de Brasília e dos grandes pilares do BRock dos anos 80. Que metade de década foi aquela que nos proporcionou entre 85 e 86 álbuns como "Cabeça Dinossauro", "Dois", "Vivendo e Não Aprendendo", "Revoluções por Minuto", "Nós Vamos Invadir Sua Praia" e este “Capital Inicial” de 1986!
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FAIXAS:
  1. "Música Urbana" 3:30 (Fê Lemos, Flávio Lemos, André Pretorius, Renato Russo)
  2. "No Cinema" 2:56 (Fê Lemos, Flávio Lemos, Loro Jones)
  3. "Psicopata" 2:49 (Fê Lemos, Flávio Lemos, Pedro Pimenta, Loro Jones)
  4. "Tudo Mal" 3:12 (Fê Lemos, Rogério Lopes de Souza, Loro Jones)
  5. "Sob Controle" 3:31 (Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto, Loro Jones)
  6. "Veraneio Vascaína" 2:15 (Renato Russo, Flávio Lemos)
  7. "Gritos" 3:27 (Fê Lemos, Dinho Ouro Preto, Loro Jones, Guta)
  8. "Leve Desespero" 3:53 (Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto, Loro Jones)
  9. "Linhas Cruzadas" 3:36 (Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto, Loro Jones)
  10. "Cavalheiros" 3:25 (Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto)
  11. "Fátima" 3:49 (Renato Russo, Flávio Lemos)

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Ouça:

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os Paralamas do Sucesso - "Selvagem?" (1986)


"Com o Selvagem a gente estava tentando nadar em cores nacionais.
E ter um retorno tão forte pra gente significou,
'Uau! Que legal que tenhamos encontrado esse grau de sintonia' "
Herbert Vianna

Os Paralamas do Sucesso eram uma bandinha bem simpática, interessante, gostosa de ouvir. Faziam aquele seu popzinho com toques de new-wave, com influências evidentes de ska mas nada muito mais que isso. Tinham até feito coisas interessantes como "Óculos", "Meu Erro", "Ska" que garantiram seu sucesso comercial mas não convenciam totalmente. Isso até darem uma virada que foi decisiva para sua carreira e para definir enfim uma identidade musical, diferenciando-os no cenário do BR-Rock dos anos 80. Com "Selvagem?" de 1986, o trio Herbet, Bi e Barone incrementava seu pop-rock com coloridos latinos, tropicais, caribenhos, baianos, brasileiros, africanos, caprichava nas doses de reggae e calibrava o seu ska. O que se ouviu então foi um disco admirável cheio de ritmo, balanço, embalo  e rock também, por quê não?
A diferença já pode ser notada pelo acréscimo de brasilidades: Gilberto Gil compõe em parceria com Herbert o reggae lento e gostoso "A Novidade" e empresta seus dotes de guitarrista na ótima "Alagados", talvez a melhor síntese de toda a mistura musical proposta no disco, cheia de protesto e crítica social. E reforçando este novo olhar brasileiro, trazem a balada "Você" de Tim Maia numa releitura pra lá de bacana.
"Teerã", bem polítizada, volta seu olhar sobre o oriente-médio despejando uma letra crítica e preocupada apoiada numa linha de baixo marcante e forte; a divertida "Melô do Marinheiro" confirma a vocação da banda para o bom-humor com uma letra engraçadíssima sobre um marujo acidental num reggae cantado quase como rap; e ambas, Teerã e o Melô, são repetidas no próprio disco em versões dub bem interessantes e muito bem trabalhadas no estúdio.
A excelente "O Homem" é séria, reflexiva e tem seu som incrementado com alguns efeitos de teclado; "A Dama e o Vagabundo" cai naquela classificação das 'simpáticas', numa musiquinha legal mas que, com certeza, é a mais fraca do disco; "There's a Party" é ska puro e embalado; e a faixa-título, "Selvagem" é uma pedrada com letra agressiva e guitaras distorcidas transitando na margem entre o ska e o punk. Simplesmente selvagem!
Sem dúvida um dos 5 álbuns mais importantes dos anos 80 junto com o "Cabeça Dinossauro" , o  "Dois" , o "Revoluções por Minuto" e o 'Nós Vamos Invadir sua Praia" e um dos mais importantes da música brasileira sendo extremamante influente para grande parte da geração pop rock brasileira dos início dos 90 para nomes como Skank, Cidade Negra, Jota Quest, o pessoal do Mangue Beat, e muitos outros.
A banda está na estrada este ano para a comemoração dos 25 anos do legendário álbum com apresntações tocando o disco na íntegra. A turnê passa aqui pelo Rio e a apresentação ocorre no Circo Voador neste sábado, dia 29 de outubro.

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FAIXAS:
1."Alagados" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
2."Teerã" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
3."A novidade" (Bi Ribeiro, João Barone, Gilberto Gil, Herbert Vianna)
4."Melô do marinheiro" (Bi Ribeiro, João Barone)
5."Marujo Dub" (Bi Ribeiro, João Barone)
6."Selvagem" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
7."A dama e o vagabundo" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
8."There's a party" (Herbert Vianna)
9."O homem" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
10."Você" (Tim Maia)
11."Teerã Dub" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)

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Ouça:
Os Paralamas do Sucesso Selvagem?





Cly Reis

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Legião Urbana - “Que País é Este?” (1987)

 

“E depois do começo o que vier vai começar ser o fim...”

Nos últimos dias do mês de novembro, fez 35 anos do lançamento do terceiro disco da banda brasiliense Legião Urbana, “Que País é Este?”. Eu já morava em Aracaju, vindo de Brasília, quando o disco chegou às lojas e as canções começaram a tocar nas rádios. Particularmente, gosto das nove faixas: “Que País é Este?”, “Conexão Amazônica”, “Tédio (com T bem grande pra você)”, “Depois do Começo”, “Química”, “Eu Sei”, “Faroeste Caboclo”, “Angra Dos Reis” e “Mais do Mesmo”. 

“Das favelas, do senado, sujeira para todo lado...”

Este LP foi composto por canções escritas entre os anos de 1978 e mil 1987, da época que o Renato Russo e os irmãos Fê e Flávio Lemos (Capital Inicial) formavam a banda Aborto Elétrico. Excetuando-se “Mais do Mesmo” e “Angra dos Reis”, que foram compostas após o disco “Dois”, da Legião Urbana, de 1986. 

“... A noite acabou talvez tenhamos que fugir sem você...”

Aqui abro parêntese para uma curiosidade pessoal: de 1978 até 1987, foi justamente o tempo em que morei em Brasília, vindo de Fortaleza com quatro para cinco anos e depois indo para Sergipe com 13 para 14 anos. O mais frustrante disso, é que mesmo morando na cidade na época em que a banda surgiu, e sendo muito fã, eu nunca consegui assistir ao show ao vivo deles. Lembro de um que teve, antes daquele de junho de 1988, que nunca acabou, acho que foi em 1986, pouco depois do lançamento do “Dois”, que minha mãe cortou meu barato e não me deixou ir com a galera lá da quadra. E em Aracaju eles nunca vieram tocar... 

“... Andar a pé na chuva às vezes eu me amarro, não tenho gasolina, também não tenho carro...”

Neste disco, a banda retorna ao som mais furioso e punk que a impulsionou no primeiro álbum, já que o disco “Dois”, outro grande sucesso, tinha uma linha mais melodiosa. A banda também consegue captar exatamente os anseios da juventude da época. Política, problemas sociais, solidão e rebeldia dão o tom das letras de Renato Russo, sempre poéticas e melancólicas. 

“... Intrigas intelectuais rolando em mesa de bar...” 

O álbum foi um grande sucesso de vendas e foi contemplado com disco de diamante. Este LP também marcou por ser a última participação do baixo contundente de Renato Rocha na banda. 

“Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel...” 

No ano de 2010, numa enquete realizada pela revista Veja, o LP ganhou como melhor disco de rock brasileiro dos anos 80, seguido de “Cabeça Dinossauro”, do Titãs, e “Vamos Invadir sua Praia”, do Ultraje a Rigor

“Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão, você tem quer passar no vestibular..." 

Sem dúvida alguma, duas canções marcaram bastante este disco. A representativa “Que país é este?”, que virou um hino de protesto e a é épica e bobdyliana “Faroeste Caboclo”. Quem nunca cantou esta última, a plenos pulmões, ao lado dos amigos, todo exibido por saber de cor a extensa letra, não viveu completamente aquela época. 

“Ele queria sair para ver o mar e as coisas que ele via na televisão...”.

Ouça no volume máximo!

“Se fosse só sentir saudade, mas tem sempre algo mais...”.

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FAIXAS:
1. "Que País É Este" - 2:57
2. "Conexão Amazônica" (Renato Russo/ Fê Lemos) - 4:37
3. "Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)" - 2:32
4. "Depois do Começo" - 3:13
5. "Química" - 2:19
6. "Eu Sei" - 3:10
7. "Faroeste Caboclo" - 9:04
8. "Angra dos Reis" (Renato Russo/ Renato Rocha/ Marcelo Bonfá) - 5:00
9. "Mais do Mesmo" (Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Renato Rocha/ Marcelo Bonfá) - 3:18
Todas as composições de autoria de Renato Russo, exceto indicadas

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OUÇA O DISCO

por Jowilton Amaral da Costa