Tive o prazer e o privilégio de assistir na noite da última sexta-feira ao show da lendária banda Blues Etílicos, referência no estilo no Brasil e possivelmente, junto com o já falecido Celso Blues Boy, o grande nome no gênero no país. Grande show onde a banda apresentou um repertório muito bem escolhido, um som contagiante e onde seus integrantes demostraram todas suas virtudes técnicas. Também, é só tem fera! O vocalista norte-americano Greg Wilson conduziu a festa com competência e elegância; Cláudio Bedran com seu baixo dava um suíngue todo especial ao blues da banda; o guitarrista Otávio Rocha, um dos grandes nomes do blues da atualidade, deu um show à parte, especialmente na introdução de "berimbau" da excelente "Dente de Ouro", um dos melhores números da noite, por sinal; o baterista Pedro Strasser, que já tinha tido a oportunidade de ver num show menor num pub de pequeno porte em outra ocasião, simplesmente destruiu tudo numa performance impecável conduzindo o ritmo da banda com firmeza e explosão; e o craque da gaita, Flávio Guimarães não deixa dúvidas do por quê de ser considerado um dos grandes nomes no instrumento reconhecido internacionalmente. Isso tudo sem falar na participação especialíssima do saxofonista Leo Gandelman que deu uma generosa canja participando de vários números do espetáculo, inclusiva da clássica "Safra 63", que, como lembrou bem Flávio Guimarães, foi a primeira música da Blues Etílicos a tocar em rádio, na extinta Fluminense FM, a "Maldita" como era conhecida, lá pelos idos de 1987.
Grande show. Grande festa. Uma verdadeira celebração do blues na companhia da maior banda brasileira do gênero.
Um trechinho do show com a participação de Leo Gandelman
A estabilidade que a
primavera traz ao tempo reservou um dia ensolarado no parque da Redenção para receber
o 2º Festival BB Seguridade de Blues e
Jazz. Após passar por São Paulo, Recife e Brasília, este interessante
festival reuniu nomes nacionais e internacionais em torno de ambos os gêneros,
como Hamilton de Holanda, João Maldonado Trio, O Bando, Maria Gadú e a Orleans
Street Jazz Band. Estima-se que 32 mil pessoas estiveram no parque
curtindo o dia com a família e os amigos. Entre estes, Leocádia e eu.
Como não dava pra passar o
dia, fomos no horário que pegaríamos os dois shows que mais nos interessavam: o
da banda carioca Blues Etílicos e, em seguida, do guitarrista norte-americano
Stanley Jordan. Se bem que, quando apontamos no parque, ainda dava pra ouvir,
mesmo que de longe, Hamilton de Holanda detonando seu bandolim. Quando nos
acomodamos, já no intervalo entre uma apresentação e outra, aparecem os
paulistas da Orleans Street Jazz Band tocando no meio da galera. Alto astral aquele
som de jazz do sul norte-americano, com direito a tuba, trompete, trombone,
sax, banjo e percussão. As melhores das boas-vindas.
Orleans Street Jazz Band no 2º Festival BB Seguridade de Blues e Jazz
Logo em seguida veio a Blues
Etílicos. Embora as letras deixem a desejar, a sonoridade é do mais poderoso e
original blues eletrificado. Destaque para o guitarrista Otávio Rocha e seus
slides impiedosos. É ele quem segura o som de um berimbau extraído da própria
guitarra na música “Dente de Ouro”, misto de baião e blues, a melhor da
apresentação. Também teve participação do blueseiro gaúcho Solon Fishbone em
“Puro Malte”, noutro momento muito legal em que três guitarras se somaram.
Foi então a vez de Stanley
Jordan subir ao palco. Ele, que havíamos perdido de ver quando do Canoas Jazz
Festival, em 2014, deu um show curto mas delicioso. Isso que o tal Dudu Lima
quase pôs água no chope! O músico mineiro, baixista e líder do trio que apoiou
Jordan, começou o show tocando a “Suíte BItuca”, versão jazz fusion para “Fé Cega, Faca Amolada”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com incursões de outras melodias, como a de “Raça”, também de
Milton, e “Asa Branca”, clássico de Luiz Gonzaga. Até aí, tudo bem. Acontece
que quando Jordan entra definitivamente para tocarem a primeira juntos, “Clube
da Esquina nº 2”, outra de Milton, esta parceria com Lô Borges. A beleza da
interpretação passa a ganhar tons de exagero por parte de Dudu Lima, que se perde,
sai do compasso e inventa improvisos mais ruidosos do que melódicos.
Pensamos: “Tudo bem, vai ver que estão esquentando
ainda”. Veio, então, o tema seguinte, “Regina” de autoria d Dudu. Estavam
os dois ali, tocando juntos quando, no meio da execução, o autor, decerto por
achar a autoria motivo para tal, desce do palco para tocar no meio do público
(!). Não que não possa fazer isso, mas no SEGUNDO número? E justo ele, o coadjuvante
do show? Totalmente despropositado. Jordan, na sua simplicidade, ficou no palco
fazendo base para o exibido lá embaixo. O bom foi que, a partir dali, tudo se
rearrumou. O mestre Jordan permanece no palco para, sozinho agora, mandar ver
duas suítes solo impressionantes. Uma delas é a originalmente linda “Eleanor
Rigby”, clássico dos Beatles presente no terceiro álbum de Jordan, o memorável
“Magic Touch”, de 1985. Um desbunde. Ele aproveita as linhas vocais, do cello e
dos violinos da original de 1966 para fazer o mesmo, só que apenas na guitarra.
Usando sempre das duas mãos, as quais tocam geralmente ao mesmo tempo, o
característico tapping – técnica que
evoluiu com ele –, a exuberante forma de Jordan tocar comove e impressiona.
A banda volta ao palco,
agora trocando seu bom baterista Leandro
Scio por um verdadeiro craque: o mestre Ivan Conti “Mamão”, integrante da
lendária banda de jazz-soul brasileira Azymuth. Não tinha como dar errado, e
até Dudu Lima, agora mais contido, passou a contribuir com seu competente baixo
elétrico. Uma linda execução de “Partido Alto”, faixa do disco da Azymuth "Light As A Feather", de 1979. Mamão, com sua experiência e suingue, dá outra
atmosfera para a sonoridade, um ganho que faz com que toda a banda cresça e
Jordan, por sua vez, conseguisse desenvolver ainda mais sua habilidade como
solista.
A formação com Mamão
arrepiou em outro jazz fusion estonteante, com variações de ritmo, agilidade e
performance de todos, claro, principalmente de Jordan. É o guitarrista que puxa,
enfim, novamente acompanhado do trio do começo, o número final, que o público
reconhece já nos primeiros acordes. É “Stairway to Heaven”, o clássico hard-rock
da Led Zeppelin. Como fizera
com a canção de Lennon e McCartney, nesta Jordan utiliza todas as
possibilidades harmônicas criadas pelo riff
de Jimmy Page, ora valendo-se da suavidade do dedilhado, ora transformando a
guitarra em piano, ora roncando em palhetadas. Até sons de bandolim e viola é
possível ouvir da guitarra de Jordan. Um final digno de um show que valeu a
pena aguardar esses dois anos para assistir.
vídeo de“Stairway to Heaven”porStanley Jordan e Dudu Lima Trio
Céu azul e muita gente na Redenção.
A Orleans Street Jazz Band toca no meio do público.
A inusitada percussão da OSJB.
A Blues Etílicos mandando ver no blues eletrificado.
No telão, Jordan e Dudu solando.
Galera aproveitando o gramado e a sombra das árvores.
Nem a lama, da chuva do dia anterior, atrapalhou os fãs de rock e amantes da cerveja.
Estive, ontem, na Expo Rio Cervejeiro, festival de expositores, cervejaria, gastronomia e cultura, realizado na Praça Paris, no Rio de Janeiro, onde tive o prazer de assistir a dois ótimos shows: da AC/DCover, grupo de músicos-fãs, obviamente, inspirados nos australianos da AC/DC, que não decepcionam na homenagem e na interpretação, satisfazendo o público com uma falsa, mas agradável sensação, de quase aquilo é quase tão bom quanto o original. Muita energia, músicos competentes, entrosados, bem ensaiados, lição de casa bem feita e um Angus (Flávio) Young que sola, rola no chão, faz o passinho característico e ainda paga um strip-tease exibindo uma cueca com o logo da banda (Impagável!). Baita show! Muito valeu! Destaque para"Thunderstuck", em que puxaram o coro naquele clássico "Thunder!!!", e "Highway to Hell", cantado junto pela galera no refrão.
AC/DCover - "Back in Black"
O outro foi da excelente Bles Etílicos, meio desfalcada, é verdade, do vocalista Greg Wilson , com problemas de saúde, do baterista titular, licenciado em ano sabático na Europa, mas não menos competente e impressionante pelas ausências. Aquele blues cheio de tradição norte-americana mas com um pé nas raízes do Brasil e, é claro, sempre muito inspirada no álcool, nos drinks e nos "birinaites", com duas grandes odes à cerveja, a grande homenageada do evento, uma, parceria da banda com Fauto Fawcett, é outra, com o saudoso Celso Blues Boy.
Enfim, rock roll, blues e cerveja... O que é que alguém pode querer mais? Noite de sábado perfeita.
Fique, aí, com algumas imagens do evento:
O AC/DCover no palco
O cover de Angus Young foi um show à parte.
Aqui, a Blues Etílicos quebrando tudo no blues.
O lendário Flávio Guimarães mandando ver na harmônica