- Amor, venha tomar café? Preparei uma mesa toda especial pro meu amorzinho. Olha só?
- Mas, amor, que lindo! Ah, não é o café que é especial: é você.
- Rsrs Fiz com carinho.
- Olha só: pão, bolinho, panquecas, suco, frutas... Tá um banquete esse café da manhã, hein?!
- Não é pra tanto, meu amor. São só... umas coisinhas gostosas que eu aprontei pra aproveitar com o meu amorzinho antes de ele sair.
- E o que é o cheirinho desse café?! Hummmm! Olha: eu não tava com tanto apetite, mas vendo esse lindo café feito com todo amor meu deu uma fome!
- Ah, então vamos aproveitar! Ai, é tão bonito isso tudo! Veja só nós aqui, as crianças, nosso lar, nossa vida... É tudo tão bonito...
- É sim, minha "bibiguinha".
- Adoro quando você me chama assim, meu ursão. rsrsrs
- Que pena que eu já vou ter que sair pro trabalho logo e não posso ficar mais tempo aproveitando com a minha bibiguinha.
- Óinnn, meu amor! Eu entendo. Você tem que ir mesmo pra dar tudo de melhor pra nós como você faz todos os dias. A propósito, você pode levar o lixo pra fora quando sair?
- Claro, meu amor. Tem bastante?
- Tem, mas você consegue levar. E não se esquece das crianças, viu?
- Sim, sim. Não vou esquecer.
- E do papai também.
- Ah, claro. Que bom você ter lembrado, meu amor. Confesso que tinha me esquecido realmente dele. Ora veja, que distraído que eu sou! É que ele tá tão velhinho, e nunca faz barulho que a gente até se esquece que ele existe. rsrsrs
- Rsrsrs
O carro estava na garagem subterrânea, mas, atendendo à sua esposa com amor e dedicação, o homem, como combinado, largou os sacos de lixo no depósito do prédio antes de embarcar. Três sacos pretos. Um deles, o qual continha o senhor idoso, rasgou-se numa das laterais quando posto no latão de detrito orgânico. Sob os olhares silenciosos e constrangidos do casal de crianças, estas enfiadas nos outros dois sacos, o homem, já atrasado, saiu rápido em direção ao carro reclamando da qualidade dos produtos de hoje em dia, e que ia sugerir à esposa trocarem de marca de saco de lixo da próxima vez que fossem ao supermercado.
Daniel Rodrigues
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