Não fazia muito que havia chegado ao trabalho. Mal engatara o ritmo dos afazeres e recebeu uma ligação. Do vizinho:
- Seu Nestor, sua casa foi embora.
- Como assim, “foi embora”?!
- Sim, seu Nestor, foi embora. Saiu voando.- Mas como isso?
- Sim, saiu voando. Como diz naquela música, "Bateu asas e voou" - tentou soltar uma brincadeira, mas logo recompôs-se, pois percebeu nenhuma receptividade do outro lado. Então, continuou com o relato:
- Tem acontecido bastante. O senhor não tem visto no noticiário? Já teve uma porção de casa que aconteceu isso aqui na cidade, aí pelo interior, por tudo. Não vou lhe mentir, mas a casa da minha cunhada em...
- É, ouvi falar que tem acontecido, sim... Poxa, mas a minha casa? O que eu fiz pra merecer?
O silêncio do outro lado da linha por parte do Sr. Ivo, aposentado boa-praça, mas sempre pronto para fuxicar a vida dos vizinhos, dava a entender que a ligação se prestava somente para aquele aviso específico. O que Nestor deveria fazer ou o que não fez com sua própria casa era, definitivamente, problema deste. Entendendo, Nestor agradeceu e desligou o telefone.
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