Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Janelle Monáe. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Janelle Monáe. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

"Moonlight - Sob a Luz do Luar", de Barry Jenkins (2016)



Acho que já falei isso, ou algo parecido em algum texto antes: acho muito bacana (e apoio) o discurso de “seja você mesmo”. Até aí, ok. Se você se aceita está tudo bem, porém o “não importa o que a sociedade pensa”, aí já não é bem assim. Não adianta a pessoa se aceitar se o mundo vai oprimi-la, discriminá-la e inferiorizá-la. O MUNDO também deve aceitar aquela pessoa do jeito que ela é. Aceitem a diversidade!

Em “Moonlight - Sob a Luz do Luar”, Black (Trevante Rhodes) trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.

Não chega a ser um defeito (longe disso) mas as rápidas passagens de tempo do filme podem parecer estranhas para alguns, pois dão uma sensação de que a gente perdeu algo. Acredito que tenha sido proposital, algo pensado pelo diretor e roteirista Barry Jenkins para que fiquemos mais ansiosos em saber o desfecho da história. Mas, sim, essas lacunas que faltam podem atrapalhar se o espectador está acostumado com narrativas mais tradicionais.

Cena fabulosa de Moonlight em que tudo funciona,
fotografia, som, atuações, dilálogos...
Tecnicamente, o longa é muito bom, sua estética e narrativa funcionam muito bem e a construção dos personagens também é  bastante bem feita. Mesmo com os saltos no tempo, a relação deles com o ambiente que os cerca é muito bem trabalhada. "Moonlight" é um filme que foge de clichês e estereótipos e isso faz com que ganhe força. Apesar das ótimas atuações de Janelle Monáe e Naomie Harris (esta segunda com mais destaque devido à carga dramática de sua personagem), cada uma representando um tipo de papel materno, é Mahershala Ali, como Juan, que me ganhou. Ele aparece pouco, mas enquanto está em cena puxa nossa atenção para ele por conta da intensidade dos seus diálogos.

O personagem principal é vivido por três atores diferentes, todos muito bem, mas nenhum que vá saltar aos olhos. O visual do filme é, de fato, seu maior chamariz. A forma como as cenas são construídas, o suspense, o silêncio, como os olhares são captados. O diretor consegue nos colocar dentro das cenas, muito próximo dos personagens sem que percamos nenhum detalhe. Claro, o roteiro é maravilhoso, com algumas passagens muito poéticas e outras extremamente fortes.

Que atuação imponente de Ali
Um exemplo que mostra muito bem o talento do diretor em nos colocar na cena, e mesmo assim, transformá-la em algo fantástico e muito artístico, é a da primeira experiência sexual de Black. Que construção, que detalhes, que exploração do silêncio! Temos também os diálogos de Juan e o pequeno Black no início do filme, quando o garoto começa a se questionar sobre o que ele é, que são fabulosos também. Deveríamos colocar esse diálogo para que todo mundo ouvisse. TODO MUNDO MESMO!

Em “Moonlight”, acompanhamos a história de um garoto delicado e gentil que acaba se descobrindo para vida, se aceita, mas acaba tendo que mudar para se adequar à sociedade, deixando claro o quanto é difícil nos dissociarmos da sociedade que nos cerca. Isso tudo é mostrado com uma fotografia linda e diálogos magistrais. Uma obra-prima ao mesmo tempo tão natural e simples. "Moonlight” nos põe a pensar sobre estereótipos, oferecendo-nos um olhar mais profundo de personagens da vida real. O traficante de droga é vilão o tempo inteiro? O homossexual tem que aceitar a sociedade e não a sociedade a ele? Por todos esses motivos, digo: que filme!


por Vágner Rodrigues

sábado, 10 de dezembro de 2016

Janelle Monáe - The ArchAndroid" (2010)




“ ["The ArchAndroid"] é uma múltipla visão
da música do passado e do futuro
nos Estados Unidos.”
The New York Times




Dance music, cinema, arte pop, funk, ficção científica, soul, estilo, disco music, hip-hop, ousadia. Estes são alguns dos elementos combinados com muito talento por Janelle Monáe em seu disco de estreia, o surpreendente "The ArchAndroid". Um disco cheio de proposições e alternativas que só quem é do ramo, quem tem a manha da coisa sabe fazer e a jovem Janelle demonstrava logo de cara, em seu segundo trabalho, que dominava a arte com autoridade.
Depois de uma introdução altamente cinematográfica "Suite II - Overture" o disco se desenvolve numa sequência frenética numa sucessão de músicas pop de alta qualidade de tirar o fôlego. "Dance Or Die", que não por coincidência lembra a diva Grace Jones remetendo ao nome de uma de suas canções, "Do Or Die" invoca visões sombrias de um futuro convocando uma resistência à desumanização que o mundo tenta nos impor, numa audaciosa peça musical que vai do charleston ao hip-hop com impressionante agilidade. Sem deixar respirar emenda na acelerada "Faster", um pop jazzístico contagiante que por sua vez passa quase sem percebermos para a ótima "Locked Inside" uma charmosa releitura disco, e só então o disco dá uma desacelerada com a balada "Sir Greendown", na qual um órgão elétrico lhe confere um estilo todo vintage.
"Cold War", um pop-rock impetuoso repleto de ficção científica e "Come Alive", uma espécie de rockabilly soul alucinado minhas preferidas do álbum. A interessante "Tightrope" tem uma batida alta, intensa, e uma pegada mais hip-hop; "Oh, Maker" é uma balada folk acompanhada por uma batida ritmada; e a voz modificada de Janelle "Mushroom and Roses" lhe confere uma atmosfera ao mesmo tempo robótica e psicodélica em mais uma que parece saída de um filme sci-fi, com destaque especial para o trabalho de guitarra na canção.
"Neon Valley Street" e "Say You'll Go" são típicas representantes do soul americano, esta segunda em especial, excelente, muito ao estilo de Marvin Gaye de "What's Going On" ou de Michael Jackson antes de ficar branco e chato. "More The Bus" e "Wondaland" por sua vez são canções pop mais convencionais, mas não menos interessantes e qualificadas, e "57821" por sua vez, é uma canção lenta, frágil, que parece querer se desvanecer no ar a qualquer momento.
Abrindo omo uma trilha para filme de 007 e metamorfoseando-se como uma criatura mutante, "BaBopByeYa" fecha o disco refirmando seu caráter cinematográfico que, na verdade, por conta de suas vinhetas espalhadas ("Suite II", "Suite III", "Neon Gumbo"), finais estendidos e introduções dramáticas não tem como não ser notado, isso sem falar na capa e no visual Metropolis.
"The ArchAndroid" é tão diversificados em suas alternativas, musicalidade, recursos e interpretações vocais que poderia até parecer uma trilha sonora para algum filme feita por vários artistas. Mas não! Incrivelmente é uma só e, por sinal, uma das mais talentosas e completas que pintaram por aí nos últimos tempos. Prova de que para fazer música pop nos dias de hoje não precisa necessariamente ser repetitiva ou apelativa. Sei que muitos se contentam com a mesma batida, uns gemidinhos e uma bunda balançando, mas muitos de nós ainda querem isso: qualidade, criatividade e talento.
*************************************

FAIXAS:

  1. Suite II Overture 2:31
  2. Dance Or Die 3:12
  3. Faster 3:19
  4. Locked Inside 4:16
  5. Sir Greendown 2:14
  6. Cold War 3:23
  7. Tightrope 4:23
  8. Neon Gumbo 1:37
  9. Oh, Maker 3:47
  10. Come Alive (The War Of The Roses) 3:22
  11. Mushrooms & Roses 5:42
  12. Suite III Overture 1:41
  13. Neon Valley Street 4:11
  14. Make The Bus 3:19
  15. Wondaland 3:36
  16. 57821 3:16
  17. Say You'll Go 6:01
  18. BabopbyeYa
***********************************
Ouça:
Janelle Monáe The Archandroid


Cly Reis

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Janelle Monáe - "The ArchAndroid" (2010)

Um amigo me apresentou e achei bem bacana.
Janelle Monae, cantora americana, em seu primeiro álbum, "The ArchAndroid" faz um pop bem diversificado atacando por várias praias, tendências e estilos sem fazer feio em nenhum. O legal é que é bem variado, eclético, mas não soa pretensioso ou pedante . O disco abre, por exemplo, com uma composição clássica que lembra uma trilha de filme meio épico, meio ficção-científica chamada "Suite II - Overture" confirmando o visual da capa que remete a" Metropolis"; mas o álbum depois vai passar por uma disco-music, "Locked Inside"; por  um jazz acelerado meio rackabilly ("Come Alive"), pela psicodélica "Mushrooms & Roses; ou pela etérea "57821". Às vezes chaga aparecer uma coletânea de vários artistas tal a diversidade, mas o interessante é que de alguma forma a obra não perde a unidade.
Destaque pra mim, além das já mencionadas, para "Cold War", um pouco mais roqueira, para a balada cool "Say You'll Go", bem à Marvin Gaye ou Michael Jackson (negro), e para a que fecha o disco, "BaBopByeYa", algo que seria como uma 'trilha-mutante' para um James Bond.
Para um primeiro álbum é um cartão de visitas e tanto.

Confiram aí o clipe da minha preferida do disco, "Cold War".





C.R.