Um filme completamente à margem do que estava sendo feito na época, com personagens completamente à margem de uma sociedade que não os aceitava (e até hoje não aceita bem). "A Margem" foi o pontapé inicial de uma bela carreira de Ozualdo Candeias e início triunfante do Cinema Marginal.
Na favela às margens do rio Tietê, duas trágicas histórias de amor, dois casais que a sociedade ignora e que, em meio à miséria e a luta pela sobrevivência, tentam encontrar-se através do sentimento.
O que seria essa estranha mulher de cabelos negros? |
Um dos grandes pontos positivos do filme é forma como a morte é trabalhada em sua narrativa, como ela é introduzida de uma maneira inesperada mas que acaba dando um novo olhar para os personagens. A morte tem sua carga de dor, perda e tristeza, porém os personagens que vão morrendo (desculpe o spoiler mas não vou contar quais) reaparecem logo adiante no filme mais alegres como se a morte os tivesse libertado daquela situação de existência precária, onde viviam.
Nossos amados protagonistas. |
Deve-se assistir o filme com um olhar atento. Ainda que sua estética possa causar desconforto, o áudio seja ruim e os diálogos pareçam complicados, tudo é totalmente bem proposital e todaa crítica social que carrega ainda é muito atual. "A Margem" é delicado como flor mas por outro lado tem muita força. É uma obra com poucos diálogos mas o bastante para que muita coisa seja dita, mais do que isso, GRITADA!
por Vagner Rodrigues