Markun autografa o meu "Na Lei Ou Na Marra" |
“Na democracia, você pode reclamar pedindo pela ditadura,
que nada vai te acontecer. Mas vai fazer o contrário pra ver o que te
acontece...” Estas sábias palavras podem parecer óbvias, mas não são. Em épocas
de desconfiança do valor da democracia, acho saudavelmente significativo que um
jornalista referencial como o paulista Paulo
Markun esteja lançando não um, mas DOIS volumes sobre o tema. Pois estive,
a convite dos amigos Márcio Pinheiro e Marcello Campos, na sala Álvaro Moreyra,
no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, na sessão de autógrafos do
projeto de Markun intitulado “Brado
Retumbante”, livro composto de dois volumes: “Na Lei ou na Marra (1964-1968)”
e “Farol Alto Sobre as Diretas (1969-1984)”. Ele comentou um pouco sobre a
demorada e trabalhosa feitura do livro, abrindo para perguntas do público
depois.
Os livros têm base em mais de 70 entrevistas com políticos,
artistas, sindicalistas, intelectuais, jornalistas, artistas que protagonizaram
ou testemunharam a redemocratização brasileira, como Leonel Brizola, Fernando
Henrique Cardoso, José Sarney, Lula, Mário Covas, Fernando Gabeira, José
Dirceu, Otto Lara Rezende, Roger Moreira (Ultraje a Rigor), Maitê Proença, Fafá
de Belém, Dom Evaristo Arns, entre outros. O resultado é um painel abrangente
da história do País nas últimas décadas, 50 anos após o Golpe Militar e 30
desde o movimento “Diretas Já”.
Mesmo que focando os acontecimentos políticos e sociais que
levaram à vitória da democracia, demarcada pelo ano de 1989, é um jorro de luz
sobre nossa consciência democrática combalida. Com tantas leituras por cumprir,
comprei por enquanto o primeiro volume, este que o autor autografa para mim na
foto. Já é mais do que um bom começo.
por Daniel Rodrigues