Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Sonic Youth. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sonic Youth. Mostrar todas as postagens

domingo, 17 de dezembro de 2017

Sonic Youth - "Goo" (1990)



"Eu roubei o namorado da minha irmã.
Foi turbulento, quente e fulminante.
Em uma semana
nós matamos meus pais
e pegamos a estrada."
texto da capa de "Goo" 



Depois do excelente "Daydream Nation" ter encantado e conquistado público e crítica, passou a haver uma grande expectativa em torno do seu sucessor. O Sonic Youth já vinha trilhando um caminho muito interessante com seu rock cheio de distorção e texturas mantendo um bom nível de qualidade, de evolução, mas ficava a dúvida se conseguiriam fazer algo à altura do genial trabalho anterior. Sem entrar no mérito de melhor ou pior, o que pode-se dizer, no mínimo de "Goo" (1990), disco ao qual coube a difícil tarefa sucessória, é que ele não decepcionava nem um pouco. Muito pelo contrário! Confirmava as virtudes, ratificava os acertos, mantinha as principais características, não abria mão do experimentalismo, da ousadia e da originalidade e assim consolidava de vez uma identidade.
"Dirty Boots", uma canção tipicamente sonicyouthinana, abre o disco com força já apresentando um ótimo cartão de visita; "Tunic" com vocal sensual e sussurrado de Kim Gordon, trata de frustrações, expectativas e depressão; "Mary-Christ" traz um formato verso-resposta muito utilizado pelos Pixies também; e "My Friend Goo", apesar de inspirar o nome ao disco não é mais que uma boa coadjuvante.
Em "Kool-Thing", um dos grandes momentos do ábum, Kim divide os vocais com Chuck D, do Public Enemy, antecipando uma tendência que seria muito comum nos anos 90 de bandas alternativas fazerem parcerias com artistas de rap ou hip-hop fundindo seus ritmos e características. Na fantástica "Mote", depois de um trecho inicial bem ritmado com uma levada punk empolgante, não tem o mínimo pudor nem preocupação de usar praticamente metade de sua duração apenas numa nuvem de ruídos e dissonâncias cada vez mais densa, prática que cada vez mais se consolidaria como uma marca da banda e que é repetida no disco ainda na curta vinheta "Scooter + Jinx".
Com baixo marcante, a estrutura crescente e progressiva de "Midred Pierce culmina numa explosão sônica, violenta, enlouquecida e ensurdecedora consistindo num dos momentos mais espetaculares e surpreendentes do disco nesta que é uma das minha preferidas; e o álbum encerra com "Titanium Exposé" de estrutura complexa e movediça com Thruston Moore fazendo os vocais principais e Kim dando sua contribuição nos refrões.
Grande disco e grande capa. A ilustração de Raymond Pettibon de um casal de criminosos que universo rock. Eu mesmo, fã do disco e da ilustração, SEMPRE tenho uma camiseta do "Goo". E quando eu digo sempre, quero dizer que quando uma mancha, rasga, fica velha demais, eu compro outra. É, sem dúvida, uma das minhas capas preferidas e, musicalmente falando, um dos xodós da minha discoteca.
*******************

FAIXAS:

  1. "Dirty Boots" (letra/vocal Moore, voz de fundo Gordon) – 5:28
  2. "Tunic (Song for Karen)" (letra/vocal Gordon) – 6:22
  3. "Mary-Christ" (letra Moore, vocal Moore e Gordon) – 3:11
  4. "Kool Thing" (letra/vocal Gordon e Chuck D como convidado) – 4:12
  5. "Mote" (letra/vocal Ranaldo) – 7:37
  6. "My Friend Goo" (letra/vocal Gordon, voz de fundo Moore) – 2:19
  7. "Disappearer" (letra/vocal Moore) – 5:08
  8. "Mildred Pierce" (letra/vocal Moore) – 2:13
  9. "Cinderella's Big Score" (letra/vocal Gordon) – 5:54
  10. "Scooter + Jinx" – 1:06
  11. "Titanium Exposé" (letra/vocal Moore e Gordon) – 6:24


**************
Ouça:
Sonic Youth - Goo



Cly Reis

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

"A Tábua de Esmeralda: Jorge Ben", de Paulo da Costa e Silva, coleção O Livro do Disco - editora Cobogó (2014)




"Quanto mais eu ouvia Jorge  Ben, mais eu percebia que sua música é capaz de induzir
a um determinado estado de espírito: um estado de plenitude e força,
capaz de inspirar uma atitude altiva perante a vida.
Não por acaso sua lira é recheada de incríveis heróis, obstinados e orgulhosos guerreiros."
Paulo da Costa e Silva


"Ele é um enigma, porque ninguém sabe de onde vem a música de Jorge Ben (...)
Não é Jackson do Pandeiro, não é o pessoal do samba tradicional, 
também não é um cara que "Ah, esse cara trouxe o rock pro Brasil",
como o Tim Maia trouxe o soul.
Ele faz samba com algum tempero de música pop, rock, que depois foi ampliando,
chegou até a juntar samba enredo com disco music, fez algumas fusões assim,
mas ele realmente é um enigma, porque foi a alquimia mental dele
que transformou o samba no que ele fez.
Ele criou um samba dentro do samba..."
Tárik de Souza
jornalista, escritor e crítico musical



Desde o primeiro momento em que dei de cara com os títulos da coleção "O Livro do Disco" fiquei enormemente empolgado com a ideia e com a iniciativa de examinar grandes discos de forma mais detida e aprofundada. Muito desse entusiasmo deve-se ao fato que o conceito da coisa é muito próximo ao que fazemos aqui no ClyBlog na seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS onde dissecamos grandes discos de todos os tempos e todos os estilos buscando enaltecer as grandes virtudes que fazem daquela obra um trabalho de exceção. O interessante é que, assim como a nossa seção aqui do blog, a coleção da editora Cobogó não se amarra a um formato apresentando linhas de construção e análise diferentes entre os autores, valorizando ainda mais o projeto e mantendo sempre renovado o interesse para a leitura dos demais números.
"Unknown Pleasures" do Joy Division, o primeiro que li, esmiuçado pelo jornalista Chris Ott, tinha uma abordagem um pouco mais precisa e técnica, fixando-se muitas vezes em números, datas, equipamentos, pormenores e etc., sem deixar no entanto de chamar atenção para letras, motivações e outros aspectos particulares da banda. Leitura extremamente válida e rica, especialmente para os interessados em cada detalhe da obra de uma banda que tinha um trabalho de pós-produção muito significativo em grande parte por conta de seu produtor, Martin Hannet, um gênio de estúdio que se por um lado era altamente excêntrico, por outro era extremamente profissional, perfeccionista e exigente.
"Daydream Nation" do Sonic Youth é mais emocional. O autor Matthew Stearns descreve cada elemento com um fervor e paixão admiráveis. Se o do Joy Division repassava tudo, inclusive os singles da época, neste do Sonic Youth, os capítulos formam os lados do LP e cada lado (de um disco duplo) apresenta cada uma das faixas.
O que trata do disco de Jorge Ben, "A Tábua de Esmeralda", do pesquisador  Paulo da Costa e Silva, me surpreendeu uma vez que a proposta do autor foi a de não falar especificamente do disco e de suas faixas e sim abordá-lo de um modo mais amplo, mencionando suas músicas, é claro, mas não ordenando o livro e analisando uma a uma. O autor examina o interesse do cantor pelos assuntos de alquimia, misticismo e astrologia e como estes elementos funcionam dentro de sua obra sob diversos prismas como o da inventividade, o da transformação, o do comportamento, o da filosofia, o da modernidade, o do medievalismo. Embora não se detenha faixa a faixa, o autor se debruça mais atentamente sobre "Os Alquimistas estão Chegando" e toda a questão químico-místico-científica-filosófica que a envolve e como estes itens se traduzem na música de Jorge Ben, e mais aprofundadamente ainda sobre a canção "O homem da gravata florida (A gravata florida de Paracelso)", utilizando-a como ponto de convergência de uma série de ideias do compositor presentes no disco, para isso dedicando um capítulo inteiro a ela.
Paulo da Costa e Silva, com muito respeito e admiração, ainda discorre sobre o lugar que Jorge Ben ocupa na música brasileira e o posto único e diferenciado que lhe é garantido por sua forma de composição absolutamente ímpar e sem precedentes. Ainda sobre isso destaca a valorização do heróis na obra do cantor e o rol de grandes personagens que o mesmo construiu ao longo de sua obra sempre enaltecendo a humildade, a coragem, a bondade, a sabedoria, o gesto nobre, como um verdadeiro cavaleiro medieval.
A propósito dos heróis da galeria jorgebeniana, um capítulo é dedicado especialmente a Zumbi dos Palmares, personagem emblemático na história da escravidão negra no Brasil e que mereceu de Jorge duas versões musicadas, uma delas com o característico balanço samba-rock e caráter "visual" altamente ilustrativo no disco em questão, "o Tábua de Esmeralda"; e outra de tom desafiador e agressivo no disco "África Brasil" de 1976. "Zumbi" é tomada como exemplo da exaltação da negritude, sempre presente na música de Jorge Ben, ao mesmo tempo que traduz algumas de suas características compositivas mais marcantes como a aglomeração, muitas vezes improvável, de versos; a espontaneidade quase aleatória de sua batida, a miscelânea funk, soul, samba, rock e blues; e a formação de uma fotografia musical capaz de congelar no espaço momentos, situações, imagens e paisagens como poucas vezes se fez na música brasileira (Aqui onde estão os homens/ de um lado cana de açúcar/ do outro lado imenso cafezal/ ao centro senhores sentados/ vendo a colheita do algodão branco/ sendo colhido por mãos negras").
Se os outros livros da coleção me causaram sensações de descoberta, de informação, de empolgação, este por toda a merecida reverência a um dos artistas mais originais da música nacional, pelas menções ao heroísmo nobre de seus personagens; e ainda pela identificação com a exaltação da dignidade da  negritude da qual Jorge Ben sempre procurou impregnar sua música, fizeram com que minha leitura fosse carregada de orgulho e emoção. Salve Jorge! Salve!



Cly Reis 


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

"Daydream Nation: Sonic Youth", de Matthew Stearns - coleção O Livro do Disco - ed. Cobogó (2014)




""Daydream Nation" está situado com precisão
no limiar  onde a arte e rock se encontram,
cada um violando e forçando o outro reciprocamente
numa fecundação cruzada hermafrodita de barulho, imagem, texto e timbre."
Matthew Stearns



A coleção "O Livro do Disco" é um achado! Obrigatória para apaixonados por música e por grandes álbuns que fizeram história. São pequenas publicações, no formato poket e não excedendo a duzentas páginas, que prestam-se a dissecar, examinar, destrinchar grandes discos da história da música. Particularmente já havia lido o bom "Unknown Pleasures" do autor Chris Ott, jornalista britânico que entrou a fundo em toda a atmosfera do primeiro trabalho da lendária banda de Manchester, o Joy Division, apresentando uma análise detalhada e pormenorizada de todo o processo de composição e gravação da obra e dos singles que faziam parte daquele momento com comentários de integrantes e informações técnicas verdadeiramente relevantes; mas este, do Sonic Youth, do "Daydream Nation" consegue ser ainda melhor, mais fascinante, mais empolgante, mais arrebatador.
O autor, Matthew Stearns, fã ardoroso e apaixonado, não se limita a transmitir informações técnicas sobre a obra ou analisar as letras de maneira convencional. Ele deixa-se deixa envolver de tal forma em suas próprias apresentações que as faz de maneira entusiástica, incontida, visceral, conferindo  imagens e metáforas desconcertantes e perturbadoras às descrições de cada faixa do emblemático álbum dessa revolucionária banda nova-iorquina.
O livro é um mergulho em todos os elementos que envolvem o álbum, desde a aparente tranquilidade da capa, com sua quieta vela levemente deslocada para o lado direito, passando pelas intenções ocultas por trás de símbolos como a fonte de escrita dos nomes das faixas, os ícones muito ledzeppelinianos utilizados na arte interna e a concepção de um álbum duplo; chegando, é claro, na música, na forma atípica de composição do grupo, sua sonoridade singular, as influências de artes plásticas e a minuciosa ordenação das faixas do disco compondo uma crescente de tensão sonora e psicológica, tudo isso tendo como pano de fundo Nova Iorque. A cidade como inspiração e repúdio com todo seu fascínio, sua opressão e seu horror.
Adorei o trecho em que o autor fala apaixonadamente sobre os silêncios entre as faixas nos nossos álbuns prediletos e a imortal expectativa pela próxima música mesmo que já estejamos cansados de conhecer aquele disco: "Nos nossos discos favoritos [a presença dos vãos silencioso que cercam as faixas] é parte ativa na assimilação da música. Parecem abrigar fantasmas eletromagnéticos semimudos, permanentemente pendurados em órbita suspensa, cada figura espectral silenciosa contando parte da história do disco." Um barato também toda a imagem que faz da faixa instrumental "Providence"; a análise pormenorizada da faixa de abertura "Teenage Riot" nos fazendo definitivamente penetrar no disco a a partir daquele momento; as diversas descrições dos momentos dos turbilhões sonoros tão comuns na música do Sonic Youth; e o fato de, assim como eu, considerar "'Cross the Breeze" a faixa mais bem construída de "Daydream Nation".
Em vários momentos o autor se preocupa de estar sendo preciso, de estar conseguindo transmitir a intensidade, a força, a importância de "Daydream Nation". Posso afirmar que com a paixão que coloca em cada frase, em cada detalhe, em cada faixa, ele não apenas consegue passar estas sensações como nos coloca dentro do disco e amplifica todas estas emoções de forma praticamente sônica.



Cly Reis

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sonic Youth - "Dirty" (1992)




"As guitarras do Sonic Youth não giram e gritam:
elas repicam e se fundem.
As cordas são devolvidas a coleções incomuns de tons,
melodias são reduzidas a fragmentos mal controláveis,
harmonias saem de sincronização e se acumulam em clusters oníricos(...)
O Sonic Youth dá ao seu ruído veleidades artísticas"
Alex Ross,
crítico musical
autor dos livros "O Resto é Ruído" e "Escuta Só"



Frequentemente renegado pelos fãs, 'acusado' de ser muito concessivo, "Dirty", de 1992, dos novaiorquinos do Sonic Youth é na verdade um grande injustiçado.
Todos os elementos que fizeram do Sonic Youth um dos nomes mais importantes do cenário alternativo e uma das bandas mais influentes dos últimos tempos estão ali. O barulho, o experimentalismo, os longos interlúdios, as atmosferas, a fúria, a sensualidade, a inteligência, a criatividade, a provocação, e a genialidade. Tudo lá.
É bem verdade que faixas como a ótima "100 %" que abre o disco, com seu estilo verso-resposta, meio turma de Seattle; o punk adocicado "Sugar Kane"; ou a igualmente boa "Youth Against the Fascism", com seu baixo distorcido, porém fácil e palatável, tinham um apelo comercial mais acentuado. Mas mesmo quando o Sonic Youth se deixa ser mais acessível, os diferenciais que os fizeram tão respeitados e influentes em seu meio ficam evidentes e se sobressaem. E de mais a mais, coisas como "Expressway for Yr. Skull', "Teen Age Riot" ou "Dirty Boots", por mais elaboradas que sejam não são também de audibilidade bastante aceitável, por assim dizer, no mínimo?
Implicância!
"Dirty" é um baita álbum!
Pra mim, um dos 10 melhores dos anos 90.
Tem grandes momentos como a espetacular "Drunken Butterfly", um misto de fúria, loucura e sensualidade na voz inebriante de Kim Gordon; "Orange Rolls, Angel's Spit" conduzida por uma guitarra estridente e hipnótica; a frenética cover dos Untochables, "Nic Fit"; a vigorosa "Purr"; a arrastada "JC"; "On the Strip" que faz jus às longas passagens de tempo características da banda; e o final com a lenta, delicada e gostosa "Crèmme Brûllèe, a cereja no bolo para fechar o disco.
A barulheira está lá, as guitarras, as camadas, a fúria está lá, o experimentalismo está lá.
Comercial? Não! "Dirty" é a prova que uma banda, mesmo alternativa, pode alcançar o público sem deixar de lado suas características ou abandonar sua identidade.
Muito limpo? Que nada!
O som continuava sujo, como de costume!
Sujo!
*********************************************************

FAIXAS:
  1. "100%" (letra Gordon/vocal Moore) – 2:28
  2. "Swimsuit Issue" (letra/vocal Gordon) – 2:57
  3. "Theresa's Sound-World" (letra/vocal Moore) – 5:27
  4. "Drunken Butterfly" (letra/vocal Gordon) – 3:03
  5. "Shoot" (letra/vocal Gordon) – 5:16
  6. "Wish Fulfillment" (letra/vocal Ranaldo) – 3:24
  7. "Sugar Kane" (letra/vocal Moore) – 5:56
  8. "Orange Rolls, Angel's Spit" (letra/vocal Gordon) – 4:17
  9. "Youth Against Fascism" (letra/vocal Moore) – 3:36
  10. "Nic Fit" (Untouchables cover) (vocal Moore) – 0:59
  11. "On the Strip" (letra/vocal Gordon) – 5:41
  12. "Chapel Hill" (letra/vocal Moore) – 4:46
  13. "JC" (letra/vocal Gordon) – 4:01
  14. "Purr" (letra/vocal Moore) – 4:21
  15. "Créme Brûlèe" (letra/vocal Gordon) – 2:33

+"Stalker" (letra/vocal Moore) (faixa bônus apenas no vinil) – 3:01*

********************************************************
Ouça:



por Cly Reis

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sonic Youth - "Daydream Nation" (1989)


"Depois daquilo,
eu sabia que precisava ser música.
Voltamos para casa
sem darmos um pio, assustadíssimos."
Kim Gordon contando sobre
um show do Suicide que assistiu
e que a incentivou a ter uma banda 



Não há como se falar em música alternativa sem falar do Sonic Youth. Eles são praticamente sinônimo e síntese do termo. Eles não 'invetaram a roda', não criaram aquelas sinfonias de ruídos que já se ouvia com Hendrix, Velvet, Kinks, Sonics, Stooges, mas deram a estes elementos sua assinaratura e hoje em dia, sempre que se ouve aquelas guitarras insistentes, estáticas, aquelas barreiras sonoras densas, intransponíveis se associa logo a Sonic Youth.
Mesmo com uma discografia bem consistente na qual pode-se destacar vários álbuns, “Daydream Nation” de 1989 destaca-se e pode ser apontado como a obra-prima da banda. Seu punk rock é encorpado, suas melodias transitam entre o belo e o corrosivo, os vocais, principalmente os de Kim Gordon, seduzem ao mesmo tempo que cospem fogo, e suas guitarras explodem em passagens de tempo e transições longas e caóticas.
“Teen Age Riot “ abre o disco com acordes suaves e adoráveis mas logo ganha corpo adquirindo uma pegada mais consistente sem deixar de ser jovial; “Candle”, outra excelente, também passeia no limite do belo e do furioso. A destruidora “'Cross the Breeze” é a melhor do disco partindo de uma introdução lenta e leve que acelera abrupatamente transformando-se num hardcore violento, impiedoso e sensacional. "Kissability" é sexy; "Rain King" é retumbante; "Eric's Trip" é outra das melhores do disco e da banda; e “Trilogy” que encerra a obra traz em cada uma de suas partes, “The Wonder”, "Hyperstation” e “Eliminator Jr” características diferentes mas que harmonica e desarmonicamente compõe, por fim, uma perfeita unidade.
Disco indispensável de uma das bandas mais importante e influentes dos últimos tempos.
Sinônimo de alternativo!
Sonic Youth=Underground.
************************

FAIXAS:
  1. "Teen Age Riot" (letra/vocal Moore, Gordon na introdução) – 6:57
  2. "Silver Rocket" (letra/vocal Moore) – 3:47
  3. "The Sprawl" (letra/vocal Gordon) – 7:42
  4. "'Cross the Breeze" (letra/vocal Gordon) – 7:00
  5. "Eric's Trip" (letra/vocal Ranaldo) – 3:48
  6. "Total Trash" (letra/vocal Moore) – 7:33
  7. "Hey Joni" (letra/vocal Ranaldo) – 4:23
  8. "Providence" (vocal Mike Watt) – 2:41
  9. "Candle" (letra/vocal Moore) – 4:58
  10. "Rain King" (letra/vocal Ranaldo) – 4:39
  11. "Kissability" (letra/vocal Gordon) – 3:08
  12. Trilogy: – 14:02
a) "The Wonder" (letra/vocal Moore) – 4:15
b) "Hyperstation" (letra/vocal Moore) – 7:13
z) "Eliminator Jr." (letra/vocal Gordon) – 2:37

************************

Ouça:
Sonic Youth Daydream Nation



Cly Reis

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

EXTRAVAGÂNCIAS MUSICAI$$$$$

Aaaaahhhhh!!! Foda-se!
Comprei ontem, assim, de enxurrada 4 CD's daqueles, assim ó..., Demais!


SIOUXSIE AND THE BANSHEES "KALEIDOSCOPE"
Transição do punk original da banda pr'aquela fase mias sombria, dark que acabou meio que caracterizando e ficando como marca principalmente deles e do Cure. É o disco que tem os hits "Christine "e "Happy House", mas as minhas preferidas são "Trophy"e "Red Light", além da eletrizante "Paradise Place" com a guitarra magnética de John McGoech que não era um grande guitarrista mas tinha umas de vez em quando de se tirar o chapéu.


SONIC YOUTH "GOO"

Inegavelemente um dos melhores discos da banda, na minha opinião só ficando atrás do "Daydream Nation" e (talvez) do "Dirty".
A capa já é demais (eu tenho a camiseta inclusive). "Dirty Boots" é um início de álbum matador, "Kool Thing" é um barato e tem a participação do Public Enemy, Chuk D, e "My friend Goo" é outra das melhores. Sonic Youth é outra daquelas bandas que não faz parte de um movimento, de um estilo, de uma época, ela É tudo isso.


THE THE "DUSK"

Ainda, aumentando o meu "prejuízo", saquei mais alguns trocados e levei o "Dusk" do The The, que, por sua vez nunca foi uma banda brilhante mas este disco em especial, talvez por uma participação mais substancial de Johnny Marr, tenha ganho uma sonoridade mais bem acabada com toques de country, blues, folk e uma melodiosidade que até então Matt Johnson não tinha encontrado. Coincidência ou não este crescimento de qualidade com a participação do ex-Smith? Acho que não, mas o fato é que nos créditos, efetivamente, o nome de Marr só consta em uma ou duas composições. Cá entre nós, provavelmente por questões de direitos de distribuição ou algo assim. Mas que tem a 'mão' do Marr, tem.


PIXIES "SURFER ROSA/COME ON PILGRIN"Acabando minha extravagância adquiri o "Surfer Rosa" com o EP "Come on Pilgrin" (juntos em um só CD) dos Pixies. Um certo impacto para os ouvidos para quem ouviu "Doolitle" antes, o que foi o meu caso. "Surfer Rosa"/"Come on Pilgrin" mantém aquela tônica de Pixies mas são mais sujos, mais gritados, não chegam a ser agressivos mas são discos mais fortes. É até estranho se falar no plural de dois discos que juntos ganham uma unidade tão grande que parecem ser o mesmo desde a origem e se entrosam tão bem. Destaque para a porrada cantada em espanhol "Isla de Encanta", a divertida "Broken Face" e a já clássica "Where is my mind" que foi imortalizada ou imortalizou a cena final do "Clube da Luta".

Só nessa "brincadeira" foram-se lá uns R$... Bom, deixa pra lá. Com certeza valeu o investimento.