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terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

The Police - Estádio Maracanã - Rio de Janeiro / RJ (08/12/2007)


Se tem um cara que tem um agente bom, uma gravadora atuante, uma retaguarda comprometida, é o Sting. Que ele é um baita músico, isso não há dúvidas, mas que ele nunca foi do tamanho que a promoção dele o faz, isso temos que concordar. Tá certo, lá, que foi vocalista de uma banda de sucesso, tá bem que tem carisma e tal, mas o que fizeram na primeira vinda solo dele ao Brasil, em 1987, foi algo, assim, de um Elvis, de um John Lennon, de um Michael Jackson! Tinha boa circulação, boa aceitação, reconhecimento, mas não tinha bola pra lotar um Maracanã!

Só que, na ocasião, rádios, TV's, jornais, todo tipo de mídia, divulgaram tão insistentemente aquela turnê, enaltecendo tanto o artista, que todo mundo, mesmo quem mal conhecia, queria ir no show do cara. Por extensão, promoviam o recém lançado álbum "...Nothing Like The Sun", um disco interessante, mas nada mais que regular, um tanto cansativo em seu formato duplo, que trazia alguns hits, é verdade, mas que cativara muito a brasileirada, em especial, pelo fato de Sting cantar uma das canções em português em português, "Frágil", sem falar numa visita a uma tribo indígena, cocar na cabeça, foto com Cacique e tudo mais. 

O resultado dessa forçação toda foi Sting lotando estádios pelo Brasil, inclusive o gigantesco Maracanã, sem que, grande parte do público conhecesse sequer metade de suas músicas, mesmo as do tempo de Police, e quase nenhuma de sua, então recente, carreira solo. Pra ele, no fim das contas, deu certo. O público é que ficou meio, assim, "o que é que eu tô fazendo aqui?", e depois , em casa, o "e, gora, o que é que eu faço com esse disco?".

Introduzi com tudo isso para chegar ao show do The Police, em 2007, que foi mais ou menos a mesma coisa. Tá certo que a banda fez muito mais sucesso que a carreira solo de seu líder e vocal mas, mesmo em sua melhor época, nunca foi banda de arena, nada assim de apelo tão forte, idolatria para deslocar multidões. Pra se ter uma ideia, em seu auge, em 1982, sequer encheram o Maracanãzinho. 

No entanto, contra tudo isso, marcaram o evento para o Maracanã.

E, de novo, o pessoal da retaguarda fez a lição de casa: começou a divulgar meses antes, insistiu, botou outdoors, conseguiu levar de novo o Police às rádios, refrescou a memória de eventuais desinteressados que viveram na época e que resolveram reviver aquilo, e plantou uma curiosidade e uma certo estímulo em um público que sequer conhecia o grupo. De minha parte, fazia parte dos que tinham ouvido aquilo nos anos 80, gostava o suficiente para ir num revival da minha época, embora não entendesse muito bem como uma banda com um apelo nada mais que médio pudesse encher um dos grandes estádios do mundo. Mas...

Mas o fato é que o esforço da produção valeu e o Maracanã, se não encheu, não fez feio de público.

Muito bom show!

Banda competentíssima!

Lembro de ficar de olho ligado, especialmente, no baterista Stewart Copeland, que admiro demais, e em sua performance e desenvolvimento em cada canção. Mas Sting também é fera, é claro, manda muito bem no baixo e tem um dos vocais mais marcantes do rock, sem falar em Andy Summers que sempre deu conta do recado numa boa, e no show, em momentos solo, até superou minhas expectativas.

De quebra, ainda teve Paralamas do Sucesso, na abertura, uma ótima escolha considerando a conexão muito próxima entre o som deles com o do Police, e uma excelente atração e entretenimento para o público, antes do evento de fundo, ao contrário do que costuma acontecer quando a gente só quer que o show de abertura acabe logo.

Curioso desse show é que eu trabalhei nos bastidores do evento o dia inteiro e poderia tê-lo assistido sem custo e em posições mais privilegiadas do que a que fiquei no estádio. Como a empresa que eu trabalhava, na época, faria montagem de infra-estrutura, bares, divisórias, etc., eu tinha a possibilidade de ficar no grupo da manutenção. Até já tinha o ingresso, comprado com bastante antecedência, mas poderia pedir para entrar na escala da noite, venderia o ingresso e ainda faria algum lucro. Mas era tudo muito complicado. Tinha o ingresso da minha esposa também, eu teria que encontrá-la lá dentro e talvez conseguir uma credencial para ela para os setores privados sem falar que eu poderia ser chamado a qualquer momento por causa de um problema com funcionário ou um conserto qualquer ... Ah, quer saber: a melhor coisa era entrar pelo portão, passar pela roleta, sentar na arquibancada, comprar uma cerveja e desfrutar do show.

The Police- Rio de Janeiro (08/12/2007)
show completo


Cly Reis

quinta-feira, 29 de maio de 2014

The Police- "Reggatta de Blanc" (1979)


Reggatta de Blanc
=
Reggae de Branco



Meu amigo Christian Ordoque, colaborador aqui do blog, foi quem me apresentou esse disco. Na verdade o que aconteceu foi que me abriu os olhos para o The Police, ou melhor, os ouvidos. Já conhecia a banda da celebrada coletânea "Every Breath You Take" mas acho que naquela audição, no apartamento dele no bairro São Geraldo em Porto Alegre, eu tenha percebido todas as grandes virtudes da banda e em especial daquele disco, o "Reggata de Blanc" (1979). Acho que o que me despertou mesmo foi quando ouvi "No Time This Time", depois de já ter rolado todo o disco e descoberto suas grandes qualidades. Quando começou aquele ska-rock alucinante e acelerado eu fiquei simplesmente de queixo caído. Um show de baixo de Sting, é verdade, mas nada comparado à performance simplesmente do outro mundo de Stewart Copeland na bateria. Um show! Aquilo me conquistou de vez.
Mas "No Time This Time" é a última. Antes disso, como eu disse, já havia descortinado o disco inteiro. "Message in a Bottle" é o mais perfeito cartão de visitas que a banda podia ter escolhido para abrir o álbum, pois é a mostra exata da proposta da banda com uma fusão de punk, reggae e new-wave poucas vezes obtida com tanto êxito. A, praticamente instrumental, "Reggatta de Blanc", a segunda faixa do disco, evolui numa crescente até tornar-se um rock forte e vigoroso com alguns vocais esparsos, sem letra; "Bring on the Night", que até então eu só conhecia da versão ao vivo da carreira solo de Sting, e da versão um pouco diferente da coletânea, é brilhante na sua sutileza e sofisticação jazzística, combinados a um agradável refrão carregadíssimo no reggae; e a excelente "Walking on the Moon", é um show de técnica do trio em outra das grandes músicas do álbum.
Muito interessantes também são a aninada "It's Allright For You"; o reggae embalado "The Bed's Too Big Without You"; a brilhante muitíssimo bem construída "Contact", cujo início sempre me remete a "Tom Sawyer" do Rush; e "Does Everyone Stare" que começa com um piano e o baterista Stewart Copeland no vocal, e parece prenunciar algumas características da futura carreira solo de Sting.
Daqueles discaços da primeira à última. Mas devo admitir que até hoje, quando chega a última, levanto o volume e ensaio um air-drum imitando o Copeland.
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FAIXAS:
1. "Message In A Bottle"
2. "Reggatta De Blanc"
3. "It's Alright For You"
4. "Bring On The Night"
5. "Deathwish"
6. "Walking on the Moon"
7. "On Any Other Day"
8. "The Bed's Too Big Without You"
9. "Contact"
10. "Does Everyone Stare"
11. "No Time This Time"


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Ouça:

Cly Reis
(para Christian Ordoque)