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sábado, 5 de março de 2011

Coluna dEle #20

Ziriguidum-terecoteco!
Ziriguidum-ziriguidum-terecoteco!
Aí, galera, é carnaval e Eu já tô no clima.
Já estamos todos sob o reinado de Momo, portanto não Me encham o saco por estes dias porque Eu não tenho responsabilidade nenhuma pelo que acontecer até quarta-feira. É tudo com ele.
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Por falar em governo, os ditadores tão caindo que nem moscas ali pelo oriente-médio, hein! Já caiu o 'faraó' Mubarak, querem a cabeça do da Tunísia, do seu Bahrein, agora querem o tal do Kadaffi... Se a moda pega do povo derrubar quem tá a muito tempo no poder, é bom Eu me cuidar.
Se bem que Eu não sou exatamente um ditador (ou sou?). Só gosto que tudo seja exatamente como eu quero e não largo esse trono aqui de jeito nenhum.
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E sobre 'majestades', o tal do Imperador não toma jeito, mesmo! Dirige bêbado, falta a treino, não se apresenta... Eu já disse que dei todas as chances pro cara. O pior é que quando esses caras são pequenos ficam lá rezando, pedindo pra sair da favela, ser alguém na vida, ter dinheiro e blablablá, aí o Trouxa aqui consegue isso pro cidadão e o fulano só Me faz merda na vida. Pô, aê, cansei. Dá teu jeito agora.
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Ainda sobre futebol, fiquei sabendo que o Fenômeno parou. Putz! Esse Eu fiz jogar pra cacete. Pra esse e o pro Baixinho Eu dei o 'dom da grande área'. Se bem que o Romário andou dizendo, uma época aí, que os outros até podiam ser Reis do Rio mas que Deus só existia um. Quero crer que não estivesse se referindo a ele mesmo.
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Aliás, o Romário Eu soube também que está em carreira parlamentar, é verdade?
Mas vocês, hein! Depois vem me 'chorar as pitanga' que no congresso só tem ladrão, que não votam tal projeto, que não aprovam isso ou aquilo, que não tem quórum... Também, vocês elegem cada um! E esse nem é o pior: Eu soube também que vocês elegeram o Tiririca. Tão de brincadeira. Quando Me falaram Eu não acreditei. Acho que Eu mesmo vou parar o mundo pra Eu descer.
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Não é só isso que Me faz querer descer do Meu Mundo, eu soube também que a Sandy tá fazendo uma campanha sensual, aí, pr'uma cerveja. Tipo, uma devassa e tal, né? É sério?
'Cês devem tá de pilha pra cima de Mim!
Eu boto tanta mulher gostosa no mundo, umas verdadeira potranca exalando sexo pelos poros e os caras Me põe a Sandy como devassa? A loirinha piranha aquela que fez no ano passado tava melhor. Não tem lá muita carne mas (a Patroa que não me leia) até que dá pra dar uns 'tirinhos'. Mas essa garota, a outra metade do Júnior, é tão devassa quanto um pacote de bolacha, um pneu velho, um lápis... Hmmm! Acho que tô ficando excitado.
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A propósito de coisas fora do lugar, acho que vocês querem Me deixar louco: a Dona Encrenca aqui tava vendo a novela esses dias e eu vi que o Lázaro Ramos tá de galã da novela.
Como é que é?
Devem estar de sacanagem comigo!
Cara, talento Eu dei muito pr'aquele cara - até acima da média, por sinal -, mas eu lembro que quando foi pra passar na fila da beleza, aqui em cima, antes de nascer, ele tava com tanta pressa e nem quis entrar.
Pra vocês verem...
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E ainda sobre TV, Eu fiquei impressionado de saber que vocês aí tão assitindo a mais um Big Brother!
Se Eu que tenho o recurso de ficar vendo vocês aqui o tempo inteiro já não aguento isso, não sei como é que vocês suportam 11 edições daquele troço. E uns pagam pay-per-view pra isso! Mas... gosto é gosto.
A culpa é Minha. Eu que fiz vocês assim.
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Bom, vou meter o pé. Cair fora. Ralar peito.
Como Eu sei que o tal do Momo só quer o governo provisório pra folia, dos assuntos sérios quem tem que cuidar sou Eu.
Fui, então.
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Sugestões, reclamações, pedidos, preces, desejos, súplicas para o e-mail:
god@voxdei.gov

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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Bento Jazz & Wine Festival - Casa das Artes - Bento Gonçalves/RS (19, 20 e 21/11/2021)

 

Estive no último final de semana em Bento Gonçalves acompanhando a segunda edição do Bento Jazz & Wine Festival, que tem a curadoria do meu amigo Carlos Badia. Depois de uma abertura festiva com o Secretário da Cultura, Evandro Soares, o ex-prefeito Guilherme Pasin e do atual Diogo Siqueira, foi feita a homenagem à pianista, tecladista e cantora Ana Mazzotti, que deu nome ao palco da Rua Coberta. Pra começar a função na sexta-feira, tivemos o Quarteto New Orleans, formado por Roberto Scopel no trompete; Luis Carlos Zeni no sax tenor; Jhonatas Soares na tuba e Edemur Pereira, na percussão. Nos moldes da POA Jazz Band, o grupo toca clássicos do dixieland, como a clássica "When The Saints Go Marching In". No final da apresentação, o Quarteto New Orleans desceu do palco e se misturou ao público, bem ao estilo da cidade americana. 

Na sequência, no palco do teatro da Casa das Artes - um moderno centro cultural incrustrado na Serra - o Quartchêto iniciou as comemorações de seus 20 anos de estrada. Com sua formação inusitada de trombone, violão, acordeon e bateria e percussão, a banda desfilou composições de seus três discos com destaque para "Mas Tá Bonito". A novidade nesta apresentação foi a adição de Matheus Kleber no acordeon em substituição a Luciano Maia, que segue sua carreira solo. Como sempre, o Quartchêto demonstrou sua competência em mesclar os ritmos gaúchos à sonoridade do trombone de Julio Rizzo. Hilton Vacari mantém a base rítmica enquanto Ricardo Arenhaldt mostra todo o veneno do percussionista brasileiro. 

Depois tivemos uma das surpresas do festival: o trio Blue Jasmine, formado por Fran Duarte na voz, Débora Oliveira na harmônica e Karina Komin na guitarra. As meninas fizeram um repertório de blues, R&B e rock com segurança e musicalidade. Entre as músicas apresentadas, estava "See See Rider", gravada originalmente pela blueseira Ma Rainey. A primeira noite foi fechada pelos caxienses do De Boni Quarteto. Liderada pelo acordeonista Rafael De Boni, a formação, que tem ainda Lázaro Rodrigues na guitarra, Gustavo Viegas no baixo elétrico e Cristiano Tedesco na bateria, passeia pelas sonoridades portenhas, com forte influência de Astor Piazzolla. 

A El Trio, abrindo a tarde de sábado com jazz moderno

A tarde de sábado iniciou com as evoluções jazzísticas do DJ Zonatão, tocando Miles Davis, Jeff Beck e George Benson. A música ao vivo começou com El Trio, que tem Leonardo Ribeiro no violão e voz, Cláudio Sander nos saxes tenor e alto e Giovani Berti na percussão. Com forte acento nos ritmos latino-americanos, o El Trio também acerta no repertório de clássicos do jazz como "Tutu", de Miles, e "A Night in Tunisia", de Dizzy Gillespie. Leonardo mantém a harmonia e Giovani no ritmo, enquanto Sander mostra porque é um dos melhores saxofonistas do estado. 

O trio de Leonardo Bitencoutrt
Seguiu-se o Mazin Silva Trio, com o guitarrista de Blumenau com um trio integrado por Caio Fernando no Baixo e o sensacional Jimi Allen na bateria. Mazin circulou pelas composições de seus inúmeros discos, com muita qualidade instrumental, mesmo que calcada nas sonoridades de Pat Metheny. Um dos grandes pianistas da novíssima geração da música gaúcha, Leonardo Bittencourt, apresentou um trio All-Star com seu colega de Marmota, André Mendonça no baixo acústico, e a revelação da bateria dos últimos anos, o riograndino Lucas Fê. Eles interpretaram standards do jazz com altíssima octanagem. 

Uma das bandas mais interessantes surgidas no Rio Grande do Sul, o Quinteto Canjerana cativou o público da Rua Coberta com as músicas de seus dois discos gravados. Com Zoca Jungs na guitarra, violão e viola; Maurício Horn no acordeon, Alex Zanotelli no baixo elétrico, Maurício Malaggi na bateria e Fernando Graciola no violão, o grupo mostrou como se pode fazer música gaúcha instrumental contemporânea, dosando as sonoridades dos ritmos do Sul com uma abordagem moderna. A noite de sábado encerrou com um dos destaques de todo o festival, o violonista Lúcio Yanel. Argentino mas radicado há 38 anos aqui no Brasil, Yanel deu uma verdadeira aula do violão portenho e pampiano, passando por chacareras, milongas e valsas. Somente com seu violão, o músico conseguiu fazer com que o público ficasse hipnotizado com sua técnica exuberante. 

Yanel: aula de violão portenho

O domingo começou com o trio de Bento Teia Jazz, que misturou composições próprias com standards. A proposta é interessante e mais estrada vai solidificar o som do grupo. O blues esteve representado pelo Alê Lucietto Trio que interpretou Muddy Waters, Jimi Hendrix e Eric Clapton junto com músicas da banda e animou o público com uma linguagem mais roqueira. 

Um dos shows mais esperados do Bento Jazz & Wine Festival foi o de Renato Borghetti Quarteto, que mostrou uma grata surpresa: a participação de Jorginho do Trompete, substituindo o flautista e saxofonista Pedrinho Figueiredo, que estava em outro compromisso. Foi muito interessante ver e ouvir como as composições de Borghetti como "Passo Fundo" e "Milonga Para as Missões" se modificaram com a sonoridade rascante do trompete. Acompanhando os dois e mostrando suas habilidades musicais, estiveram os habituais Daniel Sá ao violão e Vitor Peixoto ao teclado. 

Após a música vibrante de Borghettinho, o teatro da Casa das Artes recebeu um dos grupos mais instigantes surgidos no estado, a Marmota. Com os integrantes Leonardo Bittencourt e André Mendonça, que já haviam participado no sábado, tivemos o baterista Bruno Braga e o substituto de Pedro Moser, a revelação Lucas Brum na guitarra. Este se mostrou plenamente integrado ao intrincado e desafiador som da banda. Apresentando as músicas de seus dois discos, "Prospecto" e "À Margem", o quarteto ainda deu lugar a novas composições. O público aplaudiu de pé as evoluções instrumentais de rapaziada. 

Para fechar o Bento Jazz & Wine Festival, o palco da Rua Coberta recebeu o Paulinho Cardoso Quarteto em sua formação clássica: Paulinho no aocrdeon, Zé Ramos na guitarra, Miguel Tejera no baixo e Daniel Vargas na bateria. Fazendo sua mistura bem sucedida de música regional com ritmos brasileiros, o grupo foi o perfeito fechamento para três dias de intensa atividade musical. Obrigado, Carlos Badia, e à cidade de Bento Gonçalves por abrir espaço para o instrumental, especialmente após a pandemia. Esperamos ansiosamente a terceira edição do evento em 2022.

Confira mais fotos dos shows do Bento Jazz & Wine Festival:







Paulo Moreira
fotos: Facebook Bento Jazz & Wine Festival
(@bentojazzwine) 



terça-feira, 26 de abril de 2016

15 filmes essenciais de prisão



Assim como os de gângster ou que retratam a Segunda Guerra Mundial, os filmes de prisão são bastante atrativos. Até mesmo os mais puramente aventurescos, como “Condenação Brutal”, com Sylvester Stallone, ou “A Rocha”, com Sean Connery, se estiverem passando na TV te puxam para que se assista pelo menos um pouco ou mesmo daquele ponto até o final. De fato, os filmes sobre sistema prisional guardam uma magia especial. Talvez porque, assim como os de gângster ou Segunda Guerra, muitas vezes se baseiem em fatos reais. Quando não, são tão passíveis de verdade quanto um verídico, haja vista a identificação que seus personagens geram junto ao espectador ou mesmo pelas barbaridades que geralmente denunciam, sejam ficção ou não. Não raro estão em jogo os mais basais direitos humanos.

Desta forma, busquei listar 15 títulos bem abrangentes e interessantes sobre o tema. De produções europeias a asiáticas, passando pelos cinemas brasileiro (bem representado), argentino e, claro, norte-americano, que domina largamente neste quesito. Desde clássicos do passado até os dias de hoje, os Estados Unidos são imbatíveis em filmes de prisão. Valeu entrarem filmes não apenas de penitenciária – embora sejam a maioria – mas também de cadeias comuns e de prisioneiros de guerra. De presos políticos, como nos essenciais “A Confissão” (Costa-Gavras) ou “Pra Frente, Brasil” (Roberto Farias), ficaram para uma outra seleção. Como valeu apenas longas-metragens, merece menção honrosa “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda”, curta-metragem de Jorge Furtado e José Pedro Goulart, uma obra-prima que, inclusive, completa 30 anos de seu lançamento em 2015.

Sem ordem de preferência, a condição foi a de que a história se passe, se não inteiramente, pelo menos a maior parte do tempo dentro das celas, sendo-lhes um elemento narrativo preponderante. Assim, ficaram de fora ótimos exemplares como “Dançando no Escuro”, de von Trier, “O Último Imperador”, de Bertolucci, ou “Batismo de Sangue”, de Helvécio Ratton, que têm, sim, sequências em prisões, mas relatam muito mais do que isso em suas tramas. No nosso caso, não basta: tem que estar encarcerado mesmo, atrás das grades, em cana, no xadrez, detido, vendo o sol nascer quadrado. Então, “teje preso” a esses 15 títulos essenciais sobre prisão:


- “O Homem de Alcatraz”, de John Frankenheimer (“Birdman of Alcatraz” - EUA, 1962)
Com a mão do craque John Frankenheimer, diretor que nunca se omitiu de mostrar mazelas do sistema norte-americano e nem de aprofundar aspectos psicológicos muitas vezes relegados à superficialidade, este filme traz a realidade de uma penitenciária típica dos Estados Unidos a partir de um conflito entre o pragmatismo e o humanismo. Um prisioneiro (Robert Stroud, por Burt Lancaster) condenado pelo assassinato de dois homens passa a vida na cadeia. Lá se torna um autodidata sobre pássaros, sendo reconhecido mundialmente como uma grande autoridade no assunto. Mas, apesar de demonstrar regeneração e um intelecto superior, o Estado se recusa a libertá-lo.






- “O Processo de Joana D’arc”, de Robert Bresson (“Procès de Jeanne D´Arc” - FRA, 1962)
 A austeridade e sobriedade de Robert Bresson emprestam ao filme uma narrativa absolutamente austera, desde o uso de atores não-profissionais até o centramento exclusivo aos documentos oficiais sobre o caso, passado no século XV. Para muitos o grande filme do diretor, “O Processo...” mostra outro tipo de prisão, a religiosa, uma vez que a iluminada Joana era considerada bruxa pelas visões e percepções espirituais que tinha naturalmente. Com rigor, Reconstituiu a prisão, o julgamento e a execução da mártir.






- “Fugindo do Inferno”, de John Sturges (“The Great Escape” - EUA, 1963)
Clássico filme de prisão de guerra à época da Segunda Guerra e baseado em fatos reais. Aliados tentam fugir de um campo de concentração alemão, o Stalag Luft III, considerado como o mais seguro do gênero. Elenco impagável com Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, Charles Bronson, James Coburn, entre outros feras. Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama.









- “Rebeldia Indomável”, de Stuart Rosemberg (“Cool Hand Luke” - EUA, 1967)
Filme impactante e com a excelente atuação de Paul Newman, que faz o rebelde e inconsequente Luke Jackson. Preso, ele recusa-se a obedecer as regras do local e ganha o respeito dos demais presidiários por sua valentia e malandragem. Insiste em fugir, mas a cada nova recaptura as punições são mais severas, aumentando constantemente o ódio entre ele e os guardas. Indicado ao Oscar, Newman não levou este, que foi para o ator coadjuvante, George Kennedy. Porém, em 2003, seu personagem Luke foi escolhido pelo American Film Institute (AFI) como o trigésimo maior herói dos filmes norte-americanos.







Dustin Hoffman e Steve McQueen
em "Pappilon"
- “Papillon”, de Franklin Schaeffner (EUA, 1973)
Obra-prima ainda pouco valorizada, esta superprodução é dos filmes mais realistas e impactantes do gênero. Conta a história verídica de Henri Charrière (Steve McQueen, novamente encarcerado), conhecido como Papillon, que, apesar de reclamar inocência da acusação de assassinato, é condenado à prisão perpétua e enviado para cumprir a sentença na Guiana Francesa, na Ilha do Diabo, num presídio de segurança máxima. A direção de Schaeffner não deixa nada às escuras: as torturas, a fome, as punições, a desumanidade do presídio, está tudo ali. McQueen, impecável, assim como Dustin Hoffman (o amigo francês Dega). Incrivelmente, recebeu apenas indicações no Oscar e Globo de Ouro, mas não levou nada. Das injustiças históricas.




- “O Expresso da Meia-Noite”, de Alan Parker (“Midnight Express” - ING, 1978)
Dos mais impactantes e dramáticos filmes do gênero, passa-se, ao contrário das jaulas superequipadas dos Estados Unidos, numa insalubre e insana prisão da Turquia. O saudoso Brad Davis interpreta magistralmente Billy Hayes, um estudante norte-americano que é pego traficando drogas num aeroporto de Istambul. Não só vai parar numa prisão degradante, onde é torturado física e psicologicamente, como ainda recebe como exemplo uma pena mais rigorosa que o normal. Parker, em ótima fase, leva o espectador a entrar num mundo de introspecção e loucura, dando um sentido metafórico e simbólico ao título. Oscar de Melhor roteiro adaptado, de Oliver Stone, e de Melhor Trilha Sonora, com os marcantes temas synth-pop de Giorgio Moroder.




- “Alcatraz – Fuga Impossível”, de Don Siegel (“Escape from Alcatraz” - EUA, 1979)
Para muitos, o maior filme de penitenciária já realizado, o que não é nenhum absurdo. Ápice da parceria entre Siegel e Clint Eastwood, que interpreta Frank Morris, um condenado que tem várias tentativas de fugas em seu histórico e é enviado para a prisão de segurança máxima da Ilha de Alcatraz, conhecida por não deixar nenhum preso fugir ou sair vivo numa escapada. Porém, obstinado e calculista, Frank vê os pontos vulneráveis de Alcatraz e, com a ajuda de alguns outros internos, cria uma rota de fuga perigosa e improvável. Não tem como não torcer pelo bandido!




- “Furyo – Em Nome da Honra”, de Nagisa Oshima (“Merry Christmas, Mr. Lawrence” - JAP/ING/NZL, 1983)
Raro filme do sempre profundo Oshima, que reúne dois gênios da música como atores: David Bowie (em sua melhor atuação no cinema) e Ryuichi Sakamoto, que assina também a ótima trilha. Na Segunda Guerra, num campo de concentração na Ilha de Java, o prisioneiro inglês Jack Celliers (Bowie) provoca um conflito quando decide não obedecer às rígidas regras do capitão Yonoi (Sakamoto), insolência repudiada com violência. Porém, o oficial inglês se mantém irredutível, o que enfurece ainda mais o capitão. Interessante reflexão sobre orgulho, honra e os limites humanos tanto físicos quanto psicológicos.






Sônia Braga nos lances oníricos
do filme.
- “O Beijo da Mulher Aranha”, de Hector Babenco (BRA/EUA, 1984)
Um dos cineastas mais talentosos vivos, Babenco está nesta lista com dois filmes. Um deles é este até então raro acerto de coprodução brasileira com os EUA, uma vez que, quando se fazia, prevalecia o poderio yankee. Com equilíbrio, Babenco consegue fazer com que Milton Gonçalves e José Lewgoy ficassem no mesmo nível de William Hurt (Oscar de Melhor Ator pela atuação) e Raul Julia, sem falar, claro, na participação mais que especial de Sônia Braga. As sequências em que Hurt e Julia contracenam na cela são históricas em diálogos e afinação entre atores, pois, além de talentosos, nota-se que estão muito bem dirigidos.




- “Memórias do Cárcere”, de Nelson Pereira dos Santos (BRA, 1984)
Prêmio da crítica em Cannes e Melhor Filme em Moscou (quando o evento ainda era importante), este épico do cinema brasileiro é uma aula de construção narrativa, a qual dialoga metalinguisticamente o tempo todo com a obra de memórias escrita por Graciliano Ramos, quando este fora preso na vida real pelo governo Getúlio Vargas. Ainda, atuações impecáveis de Carlos Vereda, José Dumont, Tonico Pereira, os saudosos Jofre Soares e Wilson Grey e da jovem Glória Pires. Cenas memoráveis, como a “transmissão” da Rádio Libertadora dentro do quartel, o momento da deportação de Olga Benário e a ajuda dos presos a esconderem os escritos do  suposto livro, entre outras várias. 





- “Barrela: Escola de Crimes”, de Marco Antonio Cury (BRA, 1990)
Daqueles filmes que tem tudo para ser monótono, mas o roteiro, as atuações e a direção são tão bons que formam uma obra coesa. O texto teatral de Plínio Marcos se encaixa com densidade à adaptação cinematográfica, sustentada no jogo certo de distribuição das falas de cada personagem (todos MUITO nem construídos) e nas atuações intensas de cada um dos atores. São seis presos condenados a longas penas e confinados numa cela onde cada qual disputa seu espaço. A situação se torna mais angustiante quando junta-se a eles um jovem de classe média preso durante briga. Frustração, tristeza, humilhação, autoproteção. Plínio Marcos tece tudo isso numa teia em que coabitam o amor mais profundo e inalcançável ao abandono concreto e degradante.






- “Um Sonho de Liberdade”, de Frank Darabont (“The Shawshank Redemption” - EUA, 1994)
Junto com “Alcatraz”, disputa o posto de grande filme de prisão da história. Emocionante, toca em temas fortes como morte, amizade, religião, injustiça e desejos essenciais do ser humano. Em 1946, Andy Dufresne (Tim Robbins), um bem sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada ao ser condenado por um crime que nunca cometeu, o homicídio de sua esposa e do amante dela. É mandado para a Penitenciária Estadual de Shawshank, para cumprir pena perpétua. Lá, conhece muita gente, desde o corrupto e cruel agente penitenciário, o prisioneiro Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), com que faz amizade, e até Al Capone, que cumpria sua pena lá depois de ser pego por Elliot Ness. Figura na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos pelo AFI.



- “Carandiru”, de Hector Babenco (BRA, 2003)
Outro de Babenco, este ainda mais imerso na questão prisional. Ao contrário de “O Beijo...”, entretanto, faz o movimento narrativo inverso: parte do ambiente social para o da prisão, estabelecendo uma permanente comotivação entre os dois espaços – física e psicologicamente. De narrativa moderna, faz com estes paralelismos um dos melhores filmes nacionais da primeira década dos anos 2000, estabelecendo diversos atores que se tornariam astros nos anos seguintes, como Rodrigo Santoro, Lázaro Ramos, Wagner Moura e Caio Blat. A história, baseada no best seller do médico e escritor Dráuzio Varella, culmina no fatídico Massacre de 1992. Filmaço.






Os próprios presos constroem a
narrativa no documentário.
- “O Prisioneiro da Grade de Ferro”, de Paulo Sacramento (BRA, 2003)
Brilhante documentário de Sacramento em que ele coloca os próprios presos a construir com ele o filme, numa cocriação que reforça o realismo documental da proposta. Utilizando as técnicas aprendidas em um curso de filmagem ministrado dentro do presídio, os detentos encarcerados no maior centro de detenção da América Latina, o Carandiru, documentam seu cotidiano, registrando as condições precárias nas quais sobrevivem. Filmado 10 anos após o Massacre do Carandiru, que custou a vida de mais de uma centena de detentos, mostra o quanto uma tragédia como esta promovida pelo Estado não se apaga com facilidade, haja vista as marcas inapagáveis nas pessoas e na sociedade.



- “Leonera”, de Pablo Trapero (ARG – 2008)
Do grande cineasta argentino Pablo Trapero, um dos maiores da atualidade, tem a peculiaridade de contar a vida dentro de uma penitenciária feminina, no caso uma para mães e grávidas sentenciadas. No caso de Julia (a bela e talentosa Martina Gusman), acusada de um crime sem provas, o filme mostra sua adaptação à nova realidade social, o que a transforma intimamente. Porém, seu desejo de fugir dali nunca esmorece, e é isso que a move. Não é o melhor de Trapero, mas guarda várias qualidades de seu cinema.