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sábado, 23 de fevereiro de 2019

Coluna dEle #52 - Os dez filmes favoritos dEle



Vi que geral tá fazendo essas listinhas de filmes preferidos na rede social aí de vocês  e, como é semana de Oscar, resolvi fazer a minha também. Afinal de contas, Eu também  sou filho de..., digo, Eu sou o Pai do..., Eu sou o... Ah, vocês  entenderam.
Pessoal diz que é só pra postar uma imagem, sem comentar, mas Eu vou comentar, sim, porque Eu que mando nessa bagaça e Eu faço o que Eu bem quiser!
Sendo assim, então, sem maiores enrolações, aí vai a lista dos filmes favoritos dEle (Eu, no caso):



Eu negão é uma honra!
1. "O Todo Poderoso", de Tom Shadyac (2003)
Ah, podem falar o que quiserem mas Eu não podia deixar de falar desse! Eu negão tô demais!!! Ainda mais interpretado pelo Morgan Freeman. Isso sem falar no Jim Carrey que Eu curto pra caramba também. Eu vejo esse filme é fico imaginando o estrago que vocês  fariam se estivessem no Meu lugar. Eu Me livre!





"It's alive! It's alive!"
2. "Frankenstein", de James Whale (1931)
E por falar em vocês querendo se meter nas Minha, no meio de tantos filmes desses do homem querendo brincar de Eu, o "Frankenstein", o antigo, o clássico, não podia ficar fora da Minha lista. É a parada de neguinho querendo ser criador e não somente criatura, saca? Essa sensação de criar uma vida Eu conheço bem. Lembro de quando criei o Adão, a minha reação foi exatamente a mesma do cientista no filme: "Está vivo! Está vivo!".





Ó Eu, aquele foguinho ali,
gravando as leis nas tábuas sagradas.
3. "Os Dez Mandamentos", de Cecil B. de Mille (1956)
Falando em Adão, adoro esses filmes antigos adaptados do Meu livro sagrado tipo "Ben-Hur", "O Manto Sagrado", "Sansão e Dalila" e tal. Mas o Meu preferido mesmo é "Os Dez Mandamentos", que tem o Charlton Heston de Moisés e Eu contracenando com ele como um foguinho escrevendo as dez leis, aquelas que vocês nunca seguem, nas tábuas sagradas.





"Sai, tentação."
4. "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese (1988)
Esse é com o Filhão. Outro "bíblico" mas esse já de outra turma. É dos provocativos, dos contestadores. Gosto disso! Não fiz vocês pra serem tudo uns cordeirinhos. Gostei da hipótese do JC ter tido uma vida sem ter que carregar a cruz de ser Meu filho. Scorsese matando a pau!





Estás linda, Maria!
5. "Je Vous Salue, Marie", de Jean-Luc Godard
Outro dos controversos que Eu gosto de montão. E esse é mais sobre a Patroa. Adorei a leitura que o Godard deu pra história do nascimento do JC. Gosto desses caras que tem colhão de mexer com o que é... sagrado. Ah, e adorei aquele anjo Gabriel, todo grosseirão, e que dá umas biabas no tal de José que quer bulir com a Minha mulher.






Bruno agora, sim, virou um anjo.
6. "Asas do Desejo", de Wim Wenders (1997)
Por falar em anjo, um filme que Eu sou apaixonado e que mostra um pouco como é essa coisa de vida de guardião de vocês, é o "Asas do Desejo" do Wenders. Comentei isso, inclusive, com o Bruno, o Bruno Ganz, que acabou de chegar por aqui. E o pior é que a coisa é bem assim, mesmo: Eu mando os Meus funcionários de asas aí pra tomar conta de vocês, ficar na retaguarda e tal e, de vez em quando, um que outro pede pra ser um de vocês e ficar por aí mesmo. Não sei qual a vantagem que eles vêem nisso, mas...






É pra isso que Eu pago
Meus funcionários?
7. "O Sétimo Selo", de Ingmar Bergman (1957)
Sabe que aqui em cima Eu tenho um monte de tipo de gente trabalhando pra Mim e, outro tipo de empregado, que não deixa de ser um anjo, é a tal da Morte. Nesse filme, que pra Mim é obra-prima, esse Meu funcionário tem que ir lá buscar um cavaleiro das Cruzadas que já tá com o nome escrito no Meu livro final, mas o carinha fica enrolando, enrolando esse Meu servidor jogando uma partida de xadrez. Ora, vejam! Foi bom ver pra saber como é que Meu pessoal fica embaçando na hora do trabalho pra chegar o fim do expediente.





"Estamos a serviço do Senhor."
8. "Os Irmãos Cara-de-Pau", de John Landis (1980)
Esses não são Meus empregados mas, como eles dizem no filme, "Estamos a serviço do Senhor". Missão divina, muita perseguição de carro, muita risada e muito som... Baita filme! Já vi zilhões de vezes e não canso. Sem falar naquele pessoal todo que aparece lá: Aretha, Hooker, Ray, o Mr. Dynamite... Já tá todo mundo aqui em cima e de vez em quando rola umas jams por aqui. Comandadas pelo Belushi, é claro. O Jake Blues.





9. "Monthy Python em Busca do Cálice Sagrado", de Terry Gillan e Terry Jones (1975)
Ó Eu, de novo,
agora em animação.
Adoro esses caras! Me mijo de rir com eles! Podia falar aqui do "A Vida de Brian" em que eles zoam direto com o Meu Filhão, mas vou destacar mesmo o "Em Busca do Cálice Sagrado" que, pra Mim, é o melhor deles. O galope de cocos, Os Cavaleiros que dizem Ni, a gruta dos coelhos assassinos, as freiras sedentas por sexo, as andorinhas europeias ou africanas... Meu Eu! Aquilo é impagável! E pra melhorar, nesse Eu faço uma pontinha. Apareço designando a missão pro Rei Arthur e seus Cavaleiros.





O que diabos significa esse monolito?
10. "2001 - Uma Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick (1968)
Esses dias, conversando com o Stanley, por aqui pelos corredores, ele Me disse, "O conceito de Deus está no centro de 2001". Eu não sei se, na verdade, com o filme dele, ele mais me explica ou me complica. Seria Eu o monolito? Estaria confirmando Minha onipresença? Estaria negando minha existência? Só um primata endeusaria um sólido cravado no chão? Seria uma ridicularização da religião? Seria uma exaltação à ciência? Uma contestação da evolução? Uma minimização da Minha importância? Perguntei pra ele o que ele queria dizer com tudo aquilo e ele me disse que a ideia era provocar a interpretação de cada espectador. Ai, Kubrick, assim tu confunde minha cabeça! É demais pra minha capacidade. Mas que é um baita filme, é! Stanley, tu é gênio.


E aí, o que acharam da minha lista?
Qualquer coisa, tipo, críticas, correções, pitacos na lista, indicações de filmes, ingressos cortesia, súplicas, pedidos, orações pro seu filme favorito levar o Oscar...
enviar e-mail para: god@voxdei.gov

Fui, filharada!
Fiquem Comigo e que Eu os acompanhe!

Ele

domingo, 31 de dezembro de 2017

12 Filmes de Ano Novo



Filmes natalinos são bastante comuns, desde gostosas comédias como "Esqueceram de Mim"; aventuras frenéticas como "Duro de Matar", terror de péssimo nível como o infame "Krampus"; até dramas europeus como o clássico "Fanny e Alexander" de Ingmar Bergman que tem seu momento de celebração de Natal. Mas, em se pensando nas festas de final de ano como um todo, os de ano novo são bem mais raros. Então o Claquete  fez um esforço de memória e alguma pesquisa pra ajudar e trouxe aqui para vocês doze filmes marcantes de virada do ano. Alguns melhores, outros piores, alguns clássicos, outros bem dispensáveis, mas todos de alguma maneira emblemáticos dentro do tema.
Confiram então a nossa lista e feliz ano novo.


Talentos desperdiçados
num filme medíocre
1. "Noite de Ano Novo", de Gary Marshall (2011) - Vou começar com este não por uma questão de qualidade ou preferência, mas sim porque ele, como o nome já propõe, trata direta e objetivamente do assunto. Porque se fosse pela qualidade... Meu Deus! "Noite de Ano Novo" de Gary Marshall tem o atrativo de contar com um elenco estrelar formado por nomes como Robert de Niro, Hillary Swank, Hale Barry, Ashton Kutcher, Michelle Pfeiffer e até o cantor Bon Jovi, mas faz extremo mau uso desse time de estrelas com uma série de histórias simultâneas que se passam poucas horas antes da entrada do novo ano até o momento da virada. Atuações caricatas, personagens estereotipados, diálogos ridículos e situações inverossímeis são alguns dos motivos que fazem de "Noite de Ano Novo" um péssimo filme. Todos os continhos são bobos, melosos, pueris e exagerados, mas o da disputa de dois casais para que um dos bebês que as esposas estão esperando seja o primeiro a nascer, é de pedir pra morrer.






A antiga estrela Norma Desmond
com seus trejeitos e gestual exagerados.
2. "Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder (1950) - Pra compensar a ruindade do anterior, vamos com um clássico então: "Crepúsculo dos Deuses", um dos maiores filmes da história do cinema, conta a história de um roteirista fracassado e endividado, que, fugindo de seus credores, acaba na casa de uma estrela esquecida do cinema mudo, Norma Desmond, que sabedora da atividade do rapaz deseja que ele revise um de seus horríveis roteiros para sua sonhada volta triunfal ao cinema. Duro e procurado, Joe Gillis patrocinado pela ricaça excêntrica, fica por ali mesmo e torna-se seu amante. O fato é que a atriz, já meio lelé da cuca, recusa-se a admitir que seu tempo passou, que está esquecida e acha que é mada e idolatrada pelo público e pela indústria do cinema. Exemplo perfeito do que a estrela tornara-se para o que achava que ainda era é a festa de ano novo que promove na qual apenas ela, seu amante e... os músicos comparecem. A festa de reveillón é um dos momentos mais amargos e melancólicos do filme nesta que é uma verdadeira obra-prima da Sétima Arte. Uma abertura genial, diálogos afiados, tomadas improváveis e um narrador cadáver. Mestre Billy Wilder!






Gabriel Byrne encarna bem o belzebu
em "Fim dos Dias"
3. "Fim dos Dias", de Peter Hyams (1999) - A passagem para o século XXI suscitava grande expectativa, curiosidade mas também uma enorme quantidade de superstições e predições. Seitas, religiões, profecias prenunciavam que o mundo acabaria no ano 2000 e aproveitando-se dessa paranoia apocalíptica "Fim dos Dias" montava o enredo de um bom filme de ação sobrenatural estrlado pelo carismático Arnold Schwarzenegger. O lance todo é que o Demônio volta à Terra e quer que seu filho nasça na passagem do milênio e para isso escolhe uma jovem, Christine York, à qual Jericho Crane, nosso heroi, deve proteger a todo custo a fim de evitar o fim dos tempos. O roteiro não é lá muito bem desenvolvido, as coisas muitas vezes ficam sem fio da meada mas, vá lá, como filme de ação, de entretenimento, "tiro, porrada e bomba", até que funciona. Destaque para Gabriel Byrne que faz mais um dos bons demônios do cinema.






A grande luta na noite de ano novo
4. "Rocky, Um Lutador", de John G. Avildsen (1976) - Filme que consagrou definitivamente Sylvester Stallone e eternizou o personagem boxeador na galeria dos mais emblemáticos da história do cinema. Um lutador humilde, de subúrbio tem a oportunidade de lutar contra o campeão mundial dos pesos pesados, Apollo Creed. Como é costume nos Estados Unidos, grandes eventos esportivos são marcados para a noite de ano novo e é exatamente o que acontece com a luta. O que num primeiro momento parecia que seria uma barbada, um mero treino para o imbatível campeão dos pesados, aos poucos, pela garra, coragem e irresignação de Rocky, passa a tomar um rumo diferente daquele esperado. Clássico o cinema!







O ambiente pode modificar o homem?
Este é o mote da aposta dos irmãos Duke..
5. "Trocando as Bolas", de John Landis (1983) - Divertidíssima comédia com Eddie Murphy e Dan Aykroyd na qual dois irmãos empresários, donos de uma grande investidora, resolvem fazer um experimento sócio-antropológico transformando seu gerente, um empresário rico, bem nascido e bem sucedido num mendigo marginal, e um vagabundo de rua, delinquente num respeitável homem de negócios. A troca da certo e Louis Winthotpe (Aykroyd), sócio-gerente da Duke & Duke, é rebaixado ao último nível humano, enquanto o pé-rapado trambiqueiro Billy Ray Valentine (Murphy) é colocado na empresa dos irmãos, tornando-se um homem sério, trabalhador e responsável. Só que quando os dois descobrem que foram objeto de uma humilhante aposta que mexeu com suas vidas de tal forma por apenas um dólar, e que mesmo provada a teoria não pretendem desfazer aquela situação, se unem e resolvem se vingar dos velhotes. Para isso, tem que interceptar o relatório da colheita de laranja que os irmãos Duke pretendem ter em primeira mão antes da divulgação oficial no primeiro dia útil do ano, de modo a terem vantagens na compra de ações. Valentine, ainda dentro da empresa, descobre que o documento será levado por um informante num trem que sairá de Washington e deverá  ser entregue aos irmãos exatamente na hora da virada, à meia-noite, em Nova Iorque. No trem onde também acontece uma festa de ano novo à fantasia, Valentine, Winthorpe, o mordomo Coleman e uma prostituta que os ajuda (Jamie Lee Curtis), instalam-se disfarçados na cabine do informante com a intenção de trocar as maletas e pegar o relatório que chegue às mãos dos empresários e ali, cada um encarnando tipos diferentes, proporcionam alguns dos momentos mais engraçados do filme. A cantoria de Valentine, disfarçado de estudante camaronês de intercâmbio, Dan Aykroyd caraterizado de negão jamaicano, e a entusiástica saudação dos dois aos se encontrarem são motivos para boas risadas.






6. "O Destino do Poseidon", de Ronald Neame (1972) - Na noite de ano novo, pouco depois da virada, um transatlântico de luxo, lotado de passageiros, é atingido por uma onda gigantesca e virado de cabeça para baixo, começa lentamente a afundar. Aí é quando um pastor cético, vivido por Gene Hackmann, e um policial acovardado, Ernest Bornigne, tentam conduzir outros poucos passageiros ao casco do navio (que está na superfície) onde talvez tenham alguma chance de serem vistos e resgatados. 
Típico filme catástrofe bem característico da época, como "Inferno na Torre", "Krakatoa - O Inferno de Java", "Aeroporto 75", "Terremoto", e outros.
Tirnado um momento em que poderia ser mais ágil, "O Destino do Poseidon" é um bom filme e mantém a tensão o tempo todo depois do início da tragédia. Só cuidado para não enjoar. A câmera, em grande parte do filme, fica balançando angustiantemente, como se o espectador estivesse a bordo.



"O Destino do Poseidon" - trailer






O jovem Arnie é outra pessoa atrás do volante de Chritine.
7. "Christine, O Carro Assassino", de John Carpenter (1983) - Um Plymouth Fury vermelho com vida própria. Com vontade própria. Com crueldade própria. Capaz de "seduzir" seu dono a tal ponto de deixá-lo completamente irreconhecível. Esta é Christine, um caro comprado praticamente em sucata, remontado e tratado com amor por seu novo dono, Arnie, um garoto simplório e tímido, que ignora o passado sombrio e trágico que o automóvel carrega consigo. Aos poucos a atenção e o cuidado de Arnie vão tornando-se obsessão e o rapaz muda radialmente de comportamento passando a agir de forma egoísta, arrogante e até perigosa.
Na véspera de ano novo, Arnie chama o amigo Dennis pra dar uma voltinha na Christine e em meio a uma exibição de velocidade e imprudência, o amigo percebe o quanto aquela máquina maldita mudara o garoto que conhecera desde a infância. Prato cheio para amantes do terror e de rock'n roll uma vez que Christine adora ligar seu rádio por conta própria e tocar clássicos do rock.







O beijo da morte de Michael Corleone
"O Poderoso Chefão - Parte 2", de Francis Ford Copolla (1974) - Uma das cenas mais marcantes da Sétima Arte é a em que Michael Corleone, chefe da família desde a aposentadoria do pai Don Vito, na viagem a Cuba para negociações com o rival Hymann Roth, descobre a traição do irmão Fredo e na festa  de ano novo, em meio à revolução que ocorre em Havana, sela nele o chamado "beijo da morte". Ali estava decretado que Fredo, mesmo sendo sangue do próprio sangue de Michael, não teria tratamento diferente de qualquer outro que tentasse se colocar no caminho da família. A frase do momento do beijo ficou célebre e é uma das mais lembradas na história do cinema: "Eu sei que foi você, Fredo. Você partiu meu coração."






O atrapalhado mensageiro Ted vivendo
uma noite de ano novo um tanto agitada.
8. "Grande Hotel", de Allison Anders, Alexandre Rockwell, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino (1995) - Quatro histórias que se passam na véspera de ano novo num decadente hotel de Hollywood onde apenas o mensageiro Ted (Tim Roth), em seu primeiro dia de trabalho, é abandonado à própria sorte para atender os pedidos dos hóspedes. Só que é cada coisa que aparece!!! Uma irmandade de bruxas liderada por ninguém menos que Madonna; um marido muuuuito ciumento; dois pestinhas deixados por seus pais para que ele tome conta; e uma aposta muito inusitada entre amigos, neste que é certamente o melhor dos capítulos. Quentin Tarantino, que dirige o episódio, interpreta um excêntrico diretor de cinema, Chester Rush, que aposta seu carrão contra o dedo mindinho de um dos amigos que encontram-se com ele na suíte, se aquele conseguir acender o isqueiro dez vezes seguidas como num filme do qual todos eles são fãs. A situação é hilária e tem toda aquela "enrolação" que Tarantino sabe conduzir como poucos. E o que é que o mensageiro tem a ver com isso? Está lá especialmente para, com o cutelo que levara, a pedido de Chester, cumprir a aposta caso o isqueiro não acenda.







10. "Boogie Nights - Prazer Sem Limites", de Paul Thomas Anderson (1997) - Um clássico imediato e um dos melhores filmes dos últimos tempos, "Boogie Nights - Prazer Sem Limites" é uma preciosidade. Impecável em todos os sentidos, roteiro, fotografia, atuações excelentes e uma direção primorosa, o filme traz dois planos sequência que só quem entende do assunto é capaz de fazer. Acompanhando a indústria pornográfica desde o final dos anos 70 e focando na vida de um rapaz que se torna astro do gênero Dirk Diggler (Mark Wahlberg), "Boogie Nights" também volta-se para outros personagens periféricos mas não menos interessantes e importantes dentro do contexto. É o caso de Little Bill, vivido por William H. Macy (espetacular no papel!), assistente do diretor Jack Horner (Burt Reynolds) que, casado com uma estrela pornô, convive humilhantemente com constantes traições da esposa, e não falo das atuações dela nos filmes, e sim de suas trepadas fora do set de filmagem.
Cansado daquilo, na festa de ano novo promovida por Horner, num plano sequência arrebatador, Little Bill entra na luxuosa casa de Horner, percorre os cômodos, pergunta pela esposa para os amigos e a encontra num quarto, mais uma vez transando com outro homem. Ele fecha a porta do quarto parecendo resignado, volta pelo mesmo caminho, chega ao pátio e vai até o carro. O espectador é levado por um breve momento a crer que ele, corno conformado como é, simplesmente vai ligar o carro e ir pra casa. Mas não. Ele se inclina, pega algo no porta luvas, não temos certeza mas logo percebemos que é uma arma. Ele sai do carro, volta pelo mesmo caminho, chega na porta do quarto e dali mesmo mata os dois. Só então a cena corta. Os outros convidados assustados correm para o local de onde ele sai com a arma e com uma expressão meio abobalhada no rosto. Ele sorri, mete a arma na boca e dispara.
Uma das grandes cenas da história do cinema e, sem dúvida um dos melhores e mais impactantes planos sequência já feitos e já que é o nosso tema, se passa na noite de ano novo.



"Boogie Nights" - plano sequência da Festa de Ano Novo




11. "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder (1960) - Mais um de Billy Wilder e mais um grande filme. "Se Meu apartamento Falasse", vencedor de 5 Oscar, incluindo os de filme e direção, mistura com maestria drama, romance e comédia , abordando temas delicados como ética, adultério, depressão, suicídio, sem deixar o filme pesado.

Lemmon e MacLaine brilhantes
no filme de Wilder.
O apartamento que revelaria muitos segredos se pudesse fazê-lo, no caso, é o de C.C. Baxter, vivido brilhantemente por Jack Lemmon, funcionário de uma grande empresa de seguros que ambicionando cargos maiores, empresta o apartamento para o chefe, o dono da empresa, Jeff Sheldrake, ter encontros extraconjugais com garotas, em geral funcionárias da empresa. Só que os vizinhos pensam que ele é quem recebe mulheres, faz noitadas barulhentas e regadas a bebida e Baxter, um solteirão, é tido como o garanhão, fama que sustenta, até para compensar exatamente o contrário, que é sua personalidade tímida e recatada. Numa dessas da vida, Baxter descobre que uma das amantes do patrão é nada mais nada menos que Fran (Shirley MacLaine) a ascensorista do prédio onde ele trabalha e pela qual ele está apaixonado. A história se desenrola, ela percebe  que o amante nunca vai largar esposa e filhos, se frustra, percebe que é só mais uma entre tantas, tenta o suicídio dentro do apartamento, o que a aproxima do colega apaixonado. Na cena crucial, que se passa na noite de ano novo, jantando com Sheldrake, Fran descobre que o colega atencioso, mesmo depois de alcançar a posição desejada dentro da empresa, pedira demissão e negara-se a ceder o apartamento, e então percebe que aquele sim era o tipo de homem que valia  a pena, que lhe daria carinho, que realmente a amava. Ela então deixa o patrão-amante no restaurante sai correndo em direção ao apartamento e antes de entrar ouve um estampido. Teria ele, sem esperanças de tê-la, dado um fim à sua medíocre vida? Assista para saber o final.





12. "Harry e Sally, Feitos Um Para o Outro", de Rob Rainer (1989) - Não sou muito de comédias românticas mas essa, devo admitir, é das minhas preferidas. Provavelmente por seu realismo (sim, realismo) uma vez que em meio à comicidade que o filme se propõe, muito das situações vividas pelos personagens são baseadas em histórias reais, entrevistas, relatos de casais, terapeutas conjugais e amigos. Harry e Sally se conhecem desde que acabaram a faculdade e ele dá uma carona a ela até Nova Iorque. Num primeiro momento ele dá em cima dela, ela o odeia, se separam em Nova Iorque, se reencontram, tornam-se amigos, muito amigos, confidentes, compartilham amizades, apadrinham relacionamentos, servem de ombro um para o outro nas decepções amorosas, mas parece que a amizade acaba fazendo com que não percebam que o par ideal está ali, bem mais perto do que imaginam. O estalo ocorre exatamente na noite de ano novo quando Harry, entediado, anda solitário pelas ruas da cidade. Em meio à sua caminhada ele percebe que tudo que queria era estar com ela naquela noite. Ele então, como se o mundo fosse acabar, sai correndo em direção ao prédio onde acontece uma festa de ano novo na qual Sally está.  Na hora da contagem Harry chega, faz uma das declarações de amor mais apaixonantes do cinema e finalmente eles acabam juntos. Foi spoiler? Não! O título do filme já entrega tudo: são feitos um para o outro. O grande barato do filme mesmo é curtir cada fase da vida e do relacionamento deles até chegar naquele momento. No quesito cenas de ano novo, a de "Harry e Sally" sem dúvida alguma, é um das mais marcantes.



"Harry e Sally, Feitos Um Para o Outro" - Cena Final


* também podem ser lembrados, "200 Cigarros", "O Dário de Bridget Jones", "O Primeiro Dia", "Os Penetras", "O Acampamento", Primeiro Dia de Um Ano Qualquer", "Uma Longa Queda", "Onze Homens e Um Segredo" (1960), "O Amor Não Tira Férias", "Sex And The City - O Filme", "O Expresso do Amanhã", Em Busca de Um Beijo à Meia Noite" e "Fruitvale Station" (se lembrarem de mais algum, deixe nos comentários)


por Cly Reis

sábado, 26 de junho de 2010

Michael Jackson - "Thriller" (1982)


"Pois nenhum mero mortal pode resistir
À malevolência do terror."
trecho do texto narrado por Vincent Price
na música "Thriller"



Na Semana de aniversário de um ano da morte de Michael Jackson, mesmo não sendo fãzaço, não posso ignorar um dos discos que mudaram a história da música, e não apenas dela como do comportamento, dos costumes, da moda, da mídia e etc.
Como não destacar um álbum que até hoje é o mais vendido de todos os tempos, que fez do artista nada mais nada menos que o rei do pop e que teve a música que revolucionou a linguagem do videoclipe e da exposição de artistas em TV para sempre? É lógico que os méritos não ficam limitados a isso. Sonoramente a obra acaba sendo uma das que melhor aproxima toda a musicalidade de cultura negra tentada, experimentada, inventada até então do grande púbico. Funde-se funk, soul, jazz, disco, R&B de uma maneira tal que acabou por se consolidar como a fórmula certa do pop (digo "certa" no sentido de alcançar-se grandes vendagens, popularidade e público; porque em qualidade, na minha opinião Prince, por exemplo, já havia atingido isso antes e continuou com maior qualidade ainda depois, mas isso, lá, é outra história). Mas criar-se uma "fórmula" para algo tão popular infelizmente tem seu preço, e as as gerações seguintes acabaram vendo então este monte de ccantores de hip-hop, meninas rebolando com vozinhas sensuais, múscas ruins sustentadas apenas por mega-videoclipes e artistas que se baseiam mais em performances coreográficas do que na música.
Sou um daqueles que acham que Quincy Jones inventou Michael Jackson e que o dito Rei do Pop sem ele seria somente mais um na cena, mas não posso deixar de valorizar o resultado da acolhida deste brilhante produtor a um, até então, potencial "menino-prodígio". E se o que se deu desta adoção foi "Thriller" há de se reconhecer que acabou sendo uma das uniões mais felizes da história da música.

********************
Recentemente saiu uma versão comemorativa dos 25 anos do álbum com as faixas originais, vídeos, inclusive com o clássico clipe da faixa-titulo, e remixes com versões com alguns desse pessoalzinho aí que eu disse que formam o "legado" do Jacko: Kanye West, Fergie, Akon e will.i.am. Ou seja, as faixas Bônus, são ônus na verdade.

FAIXAS ORIGINAIS 1982:
1. "Wanna Be Startin' Somethin'" M.Jackson 6:03
2. "Baby Be Mine" R.Temperton 4:20
3. "The Girl is Mine" (com Paul McCartney) M.Jackson 3:42
4. "Thriller" R.Temperton 5:58
5. "Beat It" M.Jackson 4:18
6. "Billie Jean" M.Jackson 4:54
7. "Human Nature" J.Bettis, S.Pocaro 4:06
8. "P.Y.T (Pretty Young Thing)" J.Ingram, Q.Jones 3:59
9. "The Lady In My Life" R.Temperton 4:59

*a edição especial de 2008 conta com uma faixa com a locução de Vincent Price, a mesma da música "Thriller"

EXTRAS EDIÇÃO 25 ANOS:
1. "The Girl is Mine" com will.i.am
2. "P.Y.T (Pretty Young Thing)2008" com will.i.am
3. "Wanna Be Startin' Somethin'" com Akon
4. "Billie Jean" com Fergie
5. "Human Nature" com Kanye West
9. "For all Time" unreleased track from original sessions

DVD DA EDIÇÃO DE 25 ANOS:
1. "Billie Jean" (videoclipe)
2. "Beat It" (videoclipe)
3. "Thriller" (videoclipe)
4. "Billie Jean" (apresentação na festa de 25 anos da Motown na qual imortalizou o passo conhecido como "Moonwalk"

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Aí o clipe de "Thriller" o video que revolucionou o gênero. Praticamente um curta-metragem dirigido por John Landis ("Os Irmãos Car-de-Pau" e "Um Lobisomem Americano em Londres"). Este pequeno filme além virar referência e objeto de imitação, consolidou a linguagem do videoclipe e elevou definitivamente os lançamentos de músicas e álbuns a outro patamar.


Michael Jackson - "Thriller"


Ouça o disco:
Michael Jackson - Thriller 25th. Anniversary Edition


Cly Reis