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terça-feira, 5 de agosto de 2025

"Easy Riders, Raging Bulls: Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood", de Peter Biskind - ed. Intrínseca (2009)



por Márcio Pinheiro

"Os anos 70 foram, de fato, uma era de ouro, 'a última grande era' [...] Foi a última vez que Hollywood produziu um bloco de filmes arriscados e de alta qualidade - em vez de uma rara e solitária obra-prima -, que eram impulsionados por seus personagens e não pela trama, que desafiavam as convenções tradicionais da narrativa, que desafiavam a tirania da correção técnica, que quebravam os tabus da linguagem e do comportamento, que ousavam ter finais infelizes".
Peter Biskind

Foi o paraíso na Terra. Durante pouco mais de uma década os filmes que saiam de Hollywood surgiam na cabeça dos diretores. Eram eles – e só eles – que tinham direito de levar à tela o que bem entendessem. O início foi com "Bonnie & Clyde", lançado em 1967, e serviu para revelar uma geração que incluía Peter Bogdanovich, Hal Ashby, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Spielberg. Os anos loucos que essa turma deu as cartas estão em "Easy Riders, Raging Bulls: Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood", livro do jornalista americano Peter Biskind com primorosa tradução de Ana Maria Bahiana.

Publicado originalmente há mais de 15 anos, o livro continua atual. É o mais detalhado e escabroso relato de como esse diretores – auxiliado por atores como Warren Beatty, Jack Nicholson, Peter Fonda – assumiram o controle da produção cinematográfica depois da falência dos grandes estúdios. A Nova Hollywood era ousada e atrevida. Tinha coragem para propor e realizar filmes com temas polêmicos – Máfia, Vietnã, suicídios, drogas, homossexualismo, serial killer – e dinheiro para gastar. O resultado se refletiria em obras como "O Poderoso Chefão", "Chinatown", "Tubarão", "Ensina-me a Viver", "Sem Destino" e "Touro Indomável"

O sonho acabaria no começo dos anos 80, com o megafracasso "O Portal do Paraiso", de Michael Cimino, filme que custou US$ 50 milhões e faturou apenas US$ 1,5 milhão. Os garotos de ouro entraram em desgraça e quase todos eles enfrentaram pesada tragédias pessoais. Mas nos 13 anos desta primavera eles ganharam muito dinheiro – e se divertiram muito.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

ARQUIVO DE VIAGEM - Vaticano

 



Praça de São Pedro com a Basílica ao fundo
Praça de São Pedro com sua Basílica ao fundo.
Estive no Vaticano em 2009. Cheguei a relatar aqui no Arquivo de Viagem no registro sobre Roma, mas agora, diante do recente acontecimento do falecimento do Papa Francisco, da cobertura jornalística, da multidão de pessoas indo até lá para se despedir do sumo pontífice, a chegada dos líderes mundiais para o enterro, enfim, de tudo que envolve a morte, a despedida e a sucessão do líder da igreja católica mundial, vale um post exclusivo sobre o menor 'país' do mundo. 

E efetivamente, é muito pequeno! A gente está andando por Roma, andando, andando e, de repente, já se está no Vaticano. Aí você anda mais um pouco, mais um poco e... já não está mais.

Além da Praça de São Pedro, onde ocorrem alguns dos mais importantes eventos católicos celebrados pelo Papa, do centro da praça ou da janela da Basílica, outro dos grandes atrativos da cidade-Estado e que desperta o interesse de milhões de visitantes do mundo inteiro é, sem dúvida a Capela Sistina, onde encontra-se a famosa pintura de Michelangelo, a criação do Homem que decora todo o teto do templo onde costumam ser escolhidos os novos Papas quando o cargo encontra-se em vacância.

Pois para chegar à tal capela o turista enfrenta uma longa fila que começa costeando aqueles muros que o Tom Cruise escala no "Missão Impossível III", lembra? Depois dali adentra-se o pátio dos museus, percorre-se diversas alas riquíssimas em acabamentos e obras de arte, passa-se por aquela escadaria que o cardeal d'O Poderoso Chefão III é morto (lembra?), até finalmente chegar ao momento mais esperado da visitação e poder visualizar uma das obras de arte mais famosas da humanidade. A rigor, não é permitido fotografar ali dentro mas... tinha que rolar uma fotinha, né... Ah, seu eu vou na Capela sistina e não vou ter um registro da Criação do Homem do Michelangelo!!! Imagina...

Mas tirando a ala cultural do Vaticano, a praça é belíssima também, com sua arquitetura em arco que, exatamente, abraça a todos os fiéis, com suas colunatas dóricas repetidas e imponentes projetadas pelo arquiteto Gian Lorenzo Bernini, encabeçadas por belíssimas esculturas do artista Lorenzo Morelli, tendo como fundo e elemento principal a impressionante catedral renascentista projetada por Donato Bramante, a Basílica de São Pedro.

Seu interior é ainda mais impressionante, com revestimentos, pavimentações e ornamentações riquíssimas, aberturas impressionantemente projetadas, distribuindo a luz de um modo genial, e esculturas absolutamente fora do comum, como por exemplo, a inacreditável Pietá de Michelangelo, que emociona o visitante só de olhar. O nível de perfeição e expressividade daquele pedaço de mármore é algo indescritível.

Saindo da praça e quase saindo do território do Vaticano, ainda encontramos o interessantíssimo Castelo de Santo Ângelo, imponente edificação localizada às margens do Rio Tibre que já serviu de mausoléu, fortificação militar, prisão na época das inquisições, refúgio de padres perseguidos em crises, revoltas e guerras, sendo que consta extraoficialmente que possua corredores subterrâneos com acesso à Basílica e a outras rotas de fuga da Cidade Eterna (Viram "Anjos e Demônios", com Tom Hanks?).

E o Vaticano, basicamente, se resume a isso. Passando a ponte na saída do Castelo, já se está em Roma de novo e você passou por outro país em três, quatro horas de passeio. É cansativo, mas, sim se percorre todas as principais atrações do Vaticano em poucas horas.

Quer dar uma olhada? Dá uma olhada aí então em algumas imagens do minúsculo Vaticano que pode até ser pequeno mas que, no momento, dividindo atenções com Rússia-Ucrânia e Israel-Palestina, é o centro do mundo.

Habemus imago!

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Na chegada, os enormes muros que cercam o Estado do Vaticano.

Já dentro, os turistas se aglomeram para visitar os museus

No interior, tetos ornados de ouro, normalmente
acompanhados de belos afrescos

O Vaticano possui uma acervo incrível de obras de todas as épocas


Mais uma belíssima obra de arte na galeria do Vaticano

Uma Via Crucis esculpida em madeira

Mais um teto ricamente ornamentado

Teto de uma das capelas que antecede a Capela Sistina

Bem do jeito que deu, o teto da Capela Sistina com 
A Criaçáo do Home, de Michelangelo


Saindo dos museus e chegando ao exterior, a impressionante colunata dupla
que guarnece a Praça de São Pedro

Pessoas entre as colunas



Mais uma das colunas da praça

E as belíssimas esculturas que coroam o complexo arquitetônico


No fundo da praça, a Basílica de São Pedro

A praça vista da escadaria da Basílica


O interior da Basílica

Notem a escala monumental da edificação
e a quantidade de detalhes em todos os elementos

Mais uma onde se pode perceber  grandiosidade da edificação

Uma das várias impressionantes cúpulas

O incrível trabalho de iluminação natural, muito planejado de modo teatral,
elevado, celestial...


A beleza e a riqueza dos mármores de piso

A incrível Pietá, de Michelângelo.
De perto, parece gente de verdade.

A lista de todos os Papas, até então.
Quem será o próximo?


Saindo da praça já se vê o castelo de Santo Ângelo

No alto, a circulação e as posições militares, na murada


Equipamentos medievais de guerra e defesa.
Aqui, a famosa catapulta.

Posição de vigia do castelo

No interior, os soturnos corredores do Castelo

Armas, equipamentos de guerra e tortura

Os subterrâneos do Vaticano...
Aonde será que levam esses corredores?

Já na ponte, do lado oposto, já se está praticamente fora do Vaticano


E aqui, este seu blogueiro dentro da Basílica de São Pedro.
Só não vi o Papa...



por Cly Reis




domingo, 26 de maio de 2024

77º Festival de Cannes - Os Premiados

 


O diretor independente Sean Baker
exibindo seu triunfo em Cannes
Numa edição em que nomes como Cronenberg, Lanthimos, George Miller e o brasileiro Karim Aïnouz botaram seus filmes pra jogo, e o lendário Francis Ford Copolla exibiu seu sonhado projeto "Megalópolis", a Palma de Ouro, cobiçado prêmio principal do Festival de Cannes, acabou parando nas mãos do norte-americano Sean Baker, por sua comédia dramática "Anora", filme sobre uma dançarina de night-club que parece ter encontrado a sorte grande num casamento com um magnata, mas que percebendo que as coisas não se encaminham bem como imaginava, passa a fazer de tudo para dar um jeito de se livrar do compromisso.

O júri, presidido pela diretora Greta Gerwig, do badalado "Barbie", ainda premiou "All we Imagine as light", da indiana Payal Kapadia, com o Grand Prix, e o longa "Emília Perez", de Jacques Audiard, com o Prêmio Especial do Júri. Jesse Plemons, por "Tipos de Gentileza", filme de Yorgos Lanthimos, levou o prêmio de melhor ator, e, entre as mulheres, o prêmio foi, ineditamente dividido entre o elenco feminino do musical "Emilia Pérez".

Quer saber quais foram os outros vencedores das demais categorias?

Dá uma olhada aí abaixo, então:


🎬🎬🎬🎬🎬🎬



O sonho de princesa desfeito de "Anora"
foi o grande vencedor do Festival
Palma de Ouro: "Anora", de Sean Baker

Grand Prix: "All We Imagine as Light", de Payal Kapadia

Prêmio do Juri: "Emilia Pérez", de Jacques Audiard

Melhor Direção: Miguel Gomes, por "Grand Tour"

Melhor Ator: Jesse Plemons, por "Tipos de Gentileza"

Melhor Atriz: Adriana Paz, Karla Sofía Gascón, Selena Gomez e Zoe Saldaña, por "Emilia Pérez"

Melhor Roteiro: Coralie Fargeat, por "The Substance"

Caméra d'Or: "Armand", de Halfdan Ullmann Tondel

Prêmio Especial: Mohammad Rasoulof, por "The Seed of the Sacred Fig"

Caméra d'Or – Menção Especial: “Mongrel”,de Wei Liang Chiang e You Qiao Yin

Palma de Ouro de Curta-Metragem: “The Man Who Could Not Remain Silent”, de Nebojša Slijepcevic

Menção Especial de Curta-Metragem: “Bad For a Moment”,de Daniel Soares



C.R.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Buddy Holly - "Buddy Holly" (1958)







O dia em que a música morreu
nome como ficou conhecida a data da
tragédia aérea que vitimou Buddy Holly
e outros dois músicos de rock'n roll



Se o 13 de julho é um dia importante para a música, consagrado como o Dia do Rock, marcando o acontecimento do Live Aid, lá em 1983, outra data também carrega uma enorme importância para o rock'n roll e para a música em geral. Em 03 de fevereiro de 1959, Buddy Holly, um dos maiores nomes da história do rock, falecia em um acidente aéreo, numa tragédia que ainda levava junto o músico Big Bropper e outro promissor artista que despontava, o emergente músico de origem mexicana, Ritchie Valens. 
Buddy impressionava pelo carisma, popularidade, capacidade criativa e uma sofisticação compositiva diferenciada em relação à seus contemporâneos, mesmo em uma pequena amostragem, uma vez que sua carreira durou pouco mais de um ano, desde seu surgimento até sua morte.
Neste período gravou apenas três LP's, tendo, contudo, produzido tanto, que muito material inédito foi lançado mesmo depois de sua morte. 
O primeiro deles, ainda com os The Crickets, saiu em 1957, no entanto Buddy Holly só viria a assinar um trabalho com protagonismo total em 1958, em seu segundo lançamento, disco que, por sinal, levava seu nome, e que é o álbum que destacamos aqui.
"Buddy Holly", embora não inclua "That I'll Be The Day", uma de suas mais conhecidas, é um grande discos e traz exemplares musicais que só comprovam o talento de Holly. Temos a contagiante "I'm Gonna Love You Too", que abre o disco; a excelente "Everyday", tão extemporânea que não se estranharia se alguém dissesse que fosse de uma banda dos anos 90; a elétrica" You're So Square..."; a intensa "Rave On"; o rock gostos de "Little Baby"; e o sucesso "Peggy Sue", que, a propósito, serviria de inspiração anos depois, para o filme de mesmo nome de Francis Ford Copolla. Música sofisticadíssima, com vocal doce, precisamente controlado, um pontilhado de piano, guitarra estridente entrando nos momentos certos, e bateria em constantes rolos turbilhonando inquietamente o tempo inteiro.
Disco que revelava que dali sairia muito mais coisa boa. Um artista que por certo, teria muito mais a dar à música se não fosse sua vida abreviada tão cedo e de forma tão trágica. Se o dia 13 de julho é o Dia do Rock, que por sinal deve muito a Buddy Holly, o dia da tragédia que o levou, e a dois outros talentos em ascensão, carrega a triste alcunha como O Dia Em Que a Música Morreu.
Felizmente, para todos nós, não morreu, de MORRER mesmo... mas um pedacinho dela, sem dúvida, foi levado naquele dia.

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FAIXAS:

1. I'm Gonna Love You Too
2. Реggу Sue
3. Lооk At Me
4. Listеn To Me
5. Vаlley Of Tears
6. Rеаdy Teddy
7. Еvеrуday
8. Маilmаn Bring Me No More Blues
9. Wоrds Of Lоvе
10. Yоu'rе So Squаrе (Bаbу, I Don't Care)
11. Rаvе Оn
12. Little Bаbу

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Ouça:



por Cly Reis

domingo, 31 de dezembro de 2017

12 Filmes de Ano Novo



Filmes natalinos são bastante comuns, desde gostosas comédias como "Esqueceram de Mim"; aventuras frenéticas como "Duro de Matar", terror de péssimo nível como o infame "Krampus"; até dramas europeus como o clássico "Fanny e Alexander" de Ingmar Bergman que tem seu momento de celebração de Natal. Mas, em se pensando nas festas de final de ano como um todo, os de ano novo são bem mais raros. Então o Claquete  fez um esforço de memória e alguma pesquisa pra ajudar e trouxe aqui para vocês doze filmes marcantes de virada do ano. Alguns melhores, outros piores, alguns clássicos, outros bem dispensáveis, mas todos de alguma maneira emblemáticos dentro do tema.
Confiram então a nossa lista e feliz ano novo.


Talentos desperdiçados
num filme medíocre
1. "Noite de Ano Novo", de Gary Marshall (2011) - Vou começar com este não por uma questão de qualidade ou preferência, mas sim porque ele, como o nome já propõe, trata direta e objetivamente do assunto. Porque se fosse pela qualidade... Meu Deus! "Noite de Ano Novo" de Gary Marshall tem o atrativo de contar com um elenco estrelar formado por nomes como Robert de Niro, Hillary Swank, Hale Barry, Ashton Kutcher, Michelle Pfeiffer e até o cantor Bon Jovi, mas faz extremo mau uso desse time de estrelas com uma série de histórias simultâneas que se passam poucas horas antes da entrada do novo ano até o momento da virada. Atuações caricatas, personagens estereotipados, diálogos ridículos e situações inverossímeis são alguns dos motivos que fazem de "Noite de Ano Novo" um péssimo filme. Todos os continhos são bobos, melosos, pueris e exagerados, mas o da disputa de dois casais para que um dos bebês que as esposas estão esperando seja o primeiro a nascer, é de pedir pra morrer.






A antiga estrela Norma Desmond
com seus trejeitos e gestual exagerados.
2. "Crepúsculo dos Deuses", de Billy Wilder (1950) - Pra compensar a ruindade do anterior, vamos com um clássico então: "Crepúsculo dos Deuses", um dos maiores filmes da história do cinema, conta a história de um roteirista fracassado e endividado, que, fugindo de seus credores, acaba na casa de uma estrela esquecida do cinema mudo, Norma Desmond, que sabedora da atividade do rapaz deseja que ele revise um de seus horríveis roteiros para sua sonhada volta triunfal ao cinema. Duro e procurado, Joe Gillis patrocinado pela ricaça excêntrica, fica por ali mesmo e torna-se seu amante. O fato é que a atriz, já meio lelé da cuca, recusa-se a admitir que seu tempo passou, que está esquecida e acha que é mada e idolatrada pelo público e pela indústria do cinema. Exemplo perfeito do que a estrela tornara-se para o que achava que ainda era é a festa de ano novo que promove na qual apenas ela, seu amante e... os músicos comparecem. A festa de reveillón é um dos momentos mais amargos e melancólicos do filme nesta que é uma verdadeira obra-prima da Sétima Arte. Uma abertura genial, diálogos afiados, tomadas improváveis e um narrador cadáver. Mestre Billy Wilder!






Gabriel Byrne encarna bem o belzebu
em "Fim dos Dias"
3. "Fim dos Dias", de Peter Hyams (1999) - A passagem para o século XXI suscitava grande expectativa, curiosidade mas também uma enorme quantidade de superstições e predições. Seitas, religiões, profecias prenunciavam que o mundo acabaria no ano 2000 e aproveitando-se dessa paranoia apocalíptica "Fim dos Dias" montava o enredo de um bom filme de ação sobrenatural estrlado pelo carismático Arnold Schwarzenegger. O lance todo é que o Demônio volta à Terra e quer que seu filho nasça na passagem do milênio e para isso escolhe uma jovem, Christine York, à qual Jericho Crane, nosso heroi, deve proteger a todo custo a fim de evitar o fim dos tempos. O roteiro não é lá muito bem desenvolvido, as coisas muitas vezes ficam sem fio da meada mas, vá lá, como filme de ação, de entretenimento, "tiro, porrada e bomba", até que funciona. Destaque para Gabriel Byrne que faz mais um dos bons demônios do cinema.






A grande luta na noite de ano novo
4. "Rocky, Um Lutador", de John G. Avildsen (1976) - Filme que consagrou definitivamente Sylvester Stallone e eternizou o personagem boxeador na galeria dos mais emblemáticos da história do cinema. Um lutador humilde, de subúrbio tem a oportunidade de lutar contra o campeão mundial dos pesos pesados, Apollo Creed. Como é costume nos Estados Unidos, grandes eventos esportivos são marcados para a noite de ano novo e é exatamente o que acontece com a luta. O que num primeiro momento parecia que seria uma barbada, um mero treino para o imbatível campeão dos pesados, aos poucos, pela garra, coragem e irresignação de Rocky, passa a tomar um rumo diferente daquele esperado. Clássico o cinema!







O ambiente pode modificar o homem?
Este é o mote da aposta dos irmãos Duke..
5. "Trocando as Bolas", de John Landis (1983) - Divertidíssima comédia com Eddie Murphy e Dan Aykroyd na qual dois irmãos empresários, donos de uma grande investidora, resolvem fazer um experimento sócio-antropológico transformando seu gerente, um empresário rico, bem nascido e bem sucedido num mendigo marginal, e um vagabundo de rua, delinquente num respeitável homem de negócios. A troca da certo e Louis Winthotpe (Aykroyd), sócio-gerente da Duke & Duke, é rebaixado ao último nível humano, enquanto o pé-rapado trambiqueiro Billy Ray Valentine (Murphy) é colocado na empresa dos irmãos, tornando-se um homem sério, trabalhador e responsável. Só que quando os dois descobrem que foram objeto de uma humilhante aposta que mexeu com suas vidas de tal forma por apenas um dólar, e que mesmo provada a teoria não pretendem desfazer aquela situação, se unem e resolvem se vingar dos velhotes. Para isso, tem que interceptar o relatório da colheita de laranja que os irmãos Duke pretendem ter em primeira mão antes da divulgação oficial no primeiro dia útil do ano, de modo a terem vantagens na compra de ações. Valentine, ainda dentro da empresa, descobre que o documento será levado por um informante num trem que sairá de Washington e deverá  ser entregue aos irmãos exatamente na hora da virada, à meia-noite, em Nova Iorque. No trem onde também acontece uma festa de ano novo à fantasia, Valentine, Winthorpe, o mordomo Coleman e uma prostituta que os ajuda (Jamie Lee Curtis), instalam-se disfarçados na cabine do informante com a intenção de trocar as maletas e pegar o relatório que chegue às mãos dos empresários e ali, cada um encarnando tipos diferentes, proporcionam alguns dos momentos mais engraçados do filme. A cantoria de Valentine, disfarçado de estudante camaronês de intercâmbio, Dan Aykroyd caraterizado de negão jamaicano, e a entusiástica saudação dos dois aos se encontrarem são motivos para boas risadas.






6. "O Destino do Poseidon", de Ronald Neame (1972) - Na noite de ano novo, pouco depois da virada, um transatlântico de luxo, lotado de passageiros, é atingido por uma onda gigantesca e virado de cabeça para baixo, começa lentamente a afundar. Aí é quando um pastor cético, vivido por Gene Hackmann, e um policial acovardado, Ernest Bornigne, tentam conduzir outros poucos passageiros ao casco do navio (que está na superfície) onde talvez tenham alguma chance de serem vistos e resgatados. 
Típico filme catástrofe bem característico da época, como "Inferno na Torre", "Krakatoa - O Inferno de Java", "Aeroporto 75", "Terremoto", e outros.
Tirnado um momento em que poderia ser mais ágil, "O Destino do Poseidon" é um bom filme e mantém a tensão o tempo todo depois do início da tragédia. Só cuidado para não enjoar. A câmera, em grande parte do filme, fica balançando angustiantemente, como se o espectador estivesse a bordo.



"O Destino do Poseidon" - trailer






O jovem Arnie é outra pessoa atrás do volante de Chritine.
7. "Christine, O Carro Assassino", de John Carpenter (1983) - Um Plymouth Fury vermelho com vida própria. Com vontade própria. Com crueldade própria. Capaz de "seduzir" seu dono a tal ponto de deixá-lo completamente irreconhecível. Esta é Christine, um caro comprado praticamente em sucata, remontado e tratado com amor por seu novo dono, Arnie, um garoto simplório e tímido, que ignora o passado sombrio e trágico que o automóvel carrega consigo. Aos poucos a atenção e o cuidado de Arnie vão tornando-se obsessão e o rapaz muda radialmente de comportamento passando a agir de forma egoísta, arrogante e até perigosa.
Na véspera de ano novo, Arnie chama o amigo Dennis pra dar uma voltinha na Christine e em meio a uma exibição de velocidade e imprudência, o amigo percebe o quanto aquela máquina maldita mudara o garoto que conhecera desde a infância. Prato cheio para amantes do terror e de rock'n roll uma vez que Christine adora ligar seu rádio por conta própria e tocar clássicos do rock.







O beijo da morte de Michael Corleone
"O Poderoso Chefão - Parte 2", de Francis Ford Copolla (1974) - Uma das cenas mais marcantes da Sétima Arte é a em que Michael Corleone, chefe da família desde a aposentadoria do pai Don Vito, na viagem a Cuba para negociações com o rival Hymann Roth, descobre a traição do irmão Fredo e na festa  de ano novo, em meio à revolução que ocorre em Havana, sela nele o chamado "beijo da morte". Ali estava decretado que Fredo, mesmo sendo sangue do próprio sangue de Michael, não teria tratamento diferente de qualquer outro que tentasse se colocar no caminho da família. A frase do momento do beijo ficou célebre e é uma das mais lembradas na história do cinema: "Eu sei que foi você, Fredo. Você partiu meu coração."






O atrapalhado mensageiro Ted vivendo
uma noite de ano novo um tanto agitada.
8. "Grande Hotel", de Allison Anders, Alexandre Rockwell, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino (1995) - Quatro histórias que se passam na véspera de ano novo num decadente hotel de Hollywood onde apenas o mensageiro Ted (Tim Roth), em seu primeiro dia de trabalho, é abandonado à própria sorte para atender os pedidos dos hóspedes. Só que é cada coisa que aparece!!! Uma irmandade de bruxas liderada por ninguém menos que Madonna; um marido muuuuito ciumento; dois pestinhas deixados por seus pais para que ele tome conta; e uma aposta muito inusitada entre amigos, neste que é certamente o melhor dos capítulos. Quentin Tarantino, que dirige o episódio, interpreta um excêntrico diretor de cinema, Chester Rush, que aposta seu carrão contra o dedo mindinho de um dos amigos que encontram-se com ele na suíte, se aquele conseguir acender o isqueiro dez vezes seguidas como num filme do qual todos eles são fãs. A situação é hilária e tem toda aquela "enrolação" que Tarantino sabe conduzir como poucos. E o que é que o mensageiro tem a ver com isso? Está lá especialmente para, com o cutelo que levara, a pedido de Chester, cumprir a aposta caso o isqueiro não acenda.







10. "Boogie Nights - Prazer Sem Limites", de Paul Thomas Anderson (1997) - Um clássico imediato e um dos melhores filmes dos últimos tempos, "Boogie Nights - Prazer Sem Limites" é uma preciosidade. Impecável em todos os sentidos, roteiro, fotografia, atuações excelentes e uma direção primorosa, o filme traz dois planos sequência que só quem entende do assunto é capaz de fazer. Acompanhando a indústria pornográfica desde o final dos anos 70 e focando na vida de um rapaz que se torna astro do gênero Dirk Diggler (Mark Wahlberg), "Boogie Nights" também volta-se para outros personagens periféricos mas não menos interessantes e importantes dentro do contexto. É o caso de Little Bill, vivido por William H. Macy (espetacular no papel!), assistente do diretor Jack Horner (Burt Reynolds) que, casado com uma estrela pornô, convive humilhantemente com constantes traições da esposa, e não falo das atuações dela nos filmes, e sim de suas trepadas fora do set de filmagem.
Cansado daquilo, na festa de ano novo promovida por Horner, num plano sequência arrebatador, Little Bill entra na luxuosa casa de Horner, percorre os cômodos, pergunta pela esposa para os amigos e a encontra num quarto, mais uma vez transando com outro homem. Ele fecha a porta do quarto parecendo resignado, volta pelo mesmo caminho, chega ao pátio e vai até o carro. O espectador é levado por um breve momento a crer que ele, corno conformado como é, simplesmente vai ligar o carro e ir pra casa. Mas não. Ele se inclina, pega algo no porta luvas, não temos certeza mas logo percebemos que é uma arma. Ele sai do carro, volta pelo mesmo caminho, chega na porta do quarto e dali mesmo mata os dois. Só então a cena corta. Os outros convidados assustados correm para o local de onde ele sai com a arma e com uma expressão meio abobalhada no rosto. Ele sorri, mete a arma na boca e dispara.
Uma das grandes cenas da história do cinema e, sem dúvida um dos melhores e mais impactantes planos sequência já feitos e já que é o nosso tema, se passa na noite de ano novo.



"Boogie Nights" - plano sequência da Festa de Ano Novo




11. "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder (1960) - Mais um de Billy Wilder e mais um grande filme. "Se Meu apartamento Falasse", vencedor de 5 Oscar, incluindo os de filme e direção, mistura com maestria drama, romance e comédia , abordando temas delicados como ética, adultério, depressão, suicídio, sem deixar o filme pesado.

Lemmon e MacLaine brilhantes
no filme de Wilder.
O apartamento que revelaria muitos segredos se pudesse fazê-lo, no caso, é o de C.C. Baxter, vivido brilhantemente por Jack Lemmon, funcionário de uma grande empresa de seguros que ambicionando cargos maiores, empresta o apartamento para o chefe, o dono da empresa, Jeff Sheldrake, ter encontros extraconjugais com garotas, em geral funcionárias da empresa. Só que os vizinhos pensam que ele é quem recebe mulheres, faz noitadas barulhentas e regadas a bebida e Baxter, um solteirão, é tido como o garanhão, fama que sustenta, até para compensar exatamente o contrário, que é sua personalidade tímida e recatada. Numa dessas da vida, Baxter descobre que uma das amantes do patrão é nada mais nada menos que Fran (Shirley MacLaine) a ascensorista do prédio onde ele trabalha e pela qual ele está apaixonado. A história se desenrola, ela percebe  que o amante nunca vai largar esposa e filhos, se frustra, percebe que é só mais uma entre tantas, tenta o suicídio dentro do apartamento, o que a aproxima do colega apaixonado. Na cena crucial, que se passa na noite de ano novo, jantando com Sheldrake, Fran descobre que o colega atencioso, mesmo depois de alcançar a posição desejada dentro da empresa, pedira demissão e negara-se a ceder o apartamento, e então percebe que aquele sim era o tipo de homem que valia  a pena, que lhe daria carinho, que realmente a amava. Ela então deixa o patrão-amante no restaurante sai correndo em direção ao apartamento e antes de entrar ouve um estampido. Teria ele, sem esperanças de tê-la, dado um fim à sua medíocre vida? Assista para saber o final.





12. "Harry e Sally, Feitos Um Para o Outro", de Rob Rainer (1989) - Não sou muito de comédias românticas mas essa, devo admitir, é das minhas preferidas. Provavelmente por seu realismo (sim, realismo) uma vez que em meio à comicidade que o filme se propõe, muito das situações vividas pelos personagens são baseadas em histórias reais, entrevistas, relatos de casais, terapeutas conjugais e amigos. Harry e Sally se conhecem desde que acabaram a faculdade e ele dá uma carona a ela até Nova Iorque. Num primeiro momento ele dá em cima dela, ela o odeia, se separam em Nova Iorque, se reencontram, tornam-se amigos, muito amigos, confidentes, compartilham amizades, apadrinham relacionamentos, servem de ombro um para o outro nas decepções amorosas, mas parece que a amizade acaba fazendo com que não percebam que o par ideal está ali, bem mais perto do que imaginam. O estalo ocorre exatamente na noite de ano novo quando Harry, entediado, anda solitário pelas ruas da cidade. Em meio à sua caminhada ele percebe que tudo que queria era estar com ela naquela noite. Ele então, como se o mundo fosse acabar, sai correndo em direção ao prédio onde acontece uma festa de ano novo na qual Sally está.  Na hora da contagem Harry chega, faz uma das declarações de amor mais apaixonantes do cinema e finalmente eles acabam juntos. Foi spoiler? Não! O título do filme já entrega tudo: são feitos um para o outro. O grande barato do filme mesmo é curtir cada fase da vida e do relacionamento deles até chegar naquele momento. No quesito cenas de ano novo, a de "Harry e Sally" sem dúvida alguma, é um das mais marcantes.



"Harry e Sally, Feitos Um Para o Outro" - Cena Final


* também podem ser lembrados, "200 Cigarros", "O Dário de Bridget Jones", "O Primeiro Dia", "Os Penetras", "O Acampamento", Primeiro Dia de Um Ano Qualquer", "Uma Longa Queda", "Onze Homens e Um Segredo" (1960), "O Amor Não Tira Férias", "Sex And The City - O Filme", "O Expresso do Amanhã", Em Busca de Um Beijo à Meia Noite" e "Fruitvale Station" (se lembrarem de mais algum, deixe nos comentários)


por Cly Reis