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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Exposição “Entre o Aiyê e o Orun” - Caixa Cultural Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ (04/09/2025)

 


"É pelo mito que se alcança o passado e se explica a origem de tudo.
é pelo mito que se interpreta o presente e se prediz o futuro, nesta e na outra vida.
Mitologia dos Orixás

Fazia alguns anos que não íamos a Caixa Cultural Rio de Janeiro desde que o espaço se mudara do antigo prédio, próximo ao Largo da Carioca, para outra rua do Centro, mais propriamente a Rua do Passeio, na Lapa. E considerando que já presenciamos muita coisa boa lá – inclusive registradas aqui na sessão ClyArt, como as exposições de Francisco Goya, Ron English e Frida Kahlo – valia a pena, ao menos, conferirmos o novo espaço, reaberto ao público depois da mudança de endereço em 2022. E não decepcionou. Ao menos a principal exposição em curso, “Entre o Aiyê e o Orun”, foi de plena satisfação, visto que reúne obras de artistas bastante marcantes da temática afro-brasileira e acerta no tamanho: nem escasso e nem excessivo.

Com um interessante diálogo com a exposição “Ancestral: Afro-Américas”, que se encerrou no CCBB dias antes, a mostra da CC-RJ conta com vários artistas daquela outra, inclusive de trabalhos das mesmas séries, como a escultura em ferro de Zé Adário a Ogum, marcantes nas duas. Dentro desta filosofia curatorial atual dos espaços expositivos de trazer a questão do negro em seus diversos aspectos (algo percebido em São Paulo também), esta, em específico, diferente da outra, que buscava paralelos entre a arte afro-brasileira e afro-estadunidense, trabalha a os mitos da criação do mundo e da humanidade nas religiões de matriz africana.

Escultura "Ogum Xerequê", de Zé Adário (2019)

A mostra reúne obras de 14 artistas, em técnicas diversas como pintura, desenho, escultura e fotografia, incluindo nomes consagrados das artes plásticas como Agnaldo dos Santos, Carybé, Emanoel Araújo, Jayme Figura, Pierre Verger, Ayrson Heráclito, entre outros. Pouca representatividade feminina, contudo: apenas Nadia Taquary entre os selecionados pela curadoria, o que se pode dizer uma falha.

Um dos desenhos de Carybé
Disposta em duas salas e muito bem condensada, a exposição consegue reunir obras bastante significativas para o contexto sem precisar se estender, o que talvez seja, aliás, uma interferência motivada pela mudança de lugar, uma vez que o antigo espaço era bem mais amplo e praticamente obrigava a que, ao menos a atração principal, tivesse mais obras (o que também é mais caro, obviamente). No entanto, não deve em nada para alguma mostra maior como são geralmente as do Museu do Rio de Janeiro (MAR) ou mesmo do já citado CCBB. 

É possível ver, por exemplo, a versatilidade de artistas como Heráclito, que tem tanto esculturas em aço quanto fotografias. Igualmente, a habilidade escultórica de Jayme Figura, autor de “Roupa” (1980) e das máscaras em ferro (ambas sem título ou data). Especial também a pintura sobre algodão cru de J. Cunha, as sempre impactantes fotos de Verger e a série de desenhos de Carybé reproduzindo instrumentos, ferramentas, gestos e modos direto dos terreiros da Bahia de todos os Santos: Gantois, Opô Afonjá e Candomblé da Casa Branca. Pura riqueza.

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Escultura em madeira de Agnaldo dos Santos

A arte ritualística de Nadia Taquary, única mulher da exposição

Belas esculturas de Zé Adário e J. Cunha

Fotos de Pierre Verger na Bahia e na Nigéria (anos 50 e 70)

Fotos também de Ayrson Heráclito...

... que também surpreende pela escultura em
aço "Juntó - Opaxorô com Oxê" (2022)

Série de Nadia Taquary Dinkas Orixás: miçangas de
vidro da |Rep. Checa, prata, cristal e búzios

Escultura em ferro (que parece madeira) de Mário Cravo Jr.

A impressionante "Roupa" de Jayme Figura

Mais esculturas em ferro de Figura

Lindo conjunto de J. Cunha: tela e cerâmica

Mário Cravo Jr., escultura em metal de 1982

Mais de Verger na Nigéria

As sempre imponentes obras de Emanoel Araújo

Parede dedicada só a Carybé

Nanquim e aquarela sobre papel

Mais Carybé: costumes do povo baiano

Filhos de Gandhy pelas lentes de Mário Cravo Neto (déc. de 90)

Rubem Valentin e Mestre Didi juntos

Outra imagem, um díptico, de Mário Cravo Neto

E fechamos com mais um Carybé



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exposição "Entre o Aiyê e o Orun", vários artistas
local: Caixa Cultural Rio de Janeiro
endereço: Rua do Passeio, 38, Centro - Rio de Janeiro / RJ
período: até 25 de outubro de 2025
visitação: de terça a sábado, das 10h às 20h - Domingos e feriados, das 11h às 18h
ingresso: gratuito



Daniel Rodrigues

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Exposição "Um Defeito de Cor" - Museu de Arte do Rio - MAR (14/05/2023)











"Quando não souberes
para onde ir,
olha para trás
e saiba
pelo menos
de onde vens"





Programa de Dia das Mães foi passeio no Museu de Arte do Rio com a coroa. Tivemos a oportunidade de visitar diversas exposições, espalhadas pelo amplo espaço do MAR, das quais falaremos aqui no ClyArt, oportunamente, mas num primeiro momento vou me ater à maior delas, àquela de destaque no espaço, a mostra "Um Defeito de Cor", mostra coletiva, inspirada no livro de mesmo título, contando com mais de 100 artistas com foco na negritude e em todas as suas nuances, desde a sua influência, sua inegável contribuição cultural, à resistência da sociedade branca de ontem e hoje, o amordaçamento, a discriminação, e o genocídio preto nosso de cada dia.
Uma exposição linda, muito intensa e comovente, seja pela beleza, seja pela denúncia. Enfim, um programa que não faz o visitante passar indiferente. Escancara, como diria o poeta, "a dor e a delícia de se ser o que é".

Fique, na sequência, com algumas imagens da exposição:


Já, de cara, a impactante instalação que denuncia a morte de crianças pretas.
"80 peças de roupa, 8 balas, 40, fio de nylon", de Priscila Rezende

Série de xilogravuras de Caribé

A tapeçaria "Diáspora", do artista J. Cunha

Esculturas que remetem ao poder, à luta e a religiosidade negra

A belíssima "Mulher Pássaro", de Nádia Taquary

E da mesma artista, " Mulher Peixe"


Belíssimos registros de Pierre Verger


A alegria, o samba, a musicalidade 
no lindíssimo "Fim de Tarde", de Wallace Pato

Os orixás representados em bonecas

Paisagem da Bahia, de Milton da Costa

Série de "Afrocolagens", de Silvana Mendes

Objetos e artefatos africanos

Belíssima instalação com inspiração na areia e no mar

Uma vista mais ampla da segunda sala da exposição

Expressiva escultura em madeira


"Bananal", da pintora Djanira

Belíssima pintura representando o Mercado de Peixes


Instalação coletiva "Fundamento"

Fantasia carnavalesca, de Alexandre Louzada e André Rodrigues
da Escola Beija-Flor de Nilópolis

Pequenos ídolos em metal, de autoria desconhecida

"Grupo", escultura de Maurino Araújo

A fortíssima "Insondável Mistério", de Nádia Taquary,
que compõe um conjunto com outras pinturas e instalações

Este seu blogueiro, documentando a exposição





Cly Reis

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Exposição "Um Defeito de Cor"
local: Museu de Arte do Rio
Praça Mauá - Centro (Rio de Janeiro)
período: até 27 de agosto de 2023
horário: de terça a domingo, das 10h30min, às 17h
ingressos: R$20,00 (inteira) / R$10,00 (meia-entrada)