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segunda-feira, 25 de maio de 2020

"12 Homens e Uma Sentença", de Sidney Lumet (1957) vs. "12 Homens e Uma Sentença", de William Friedkin (1997)



"Futebol é onze de cada lado", "Tudo se decide dentro das quatro linhas", "O jogo só acaba quando termina"... No nosso embate, no caso dos dois "12 Homens e Uma Sentença", são doze de cada lado, tudo se decide dentro de quatro paredes, mas a máxima de que o jogo só acaba quando termina não poderia ser mais verdadeira. Até os 40 minutos do segundo tempo não há um destino certo para o réu, um garoto latino de 18 anos, acusado de matar o próprio pai. É um jogo nervoso que fica 0x0 durante muito tempo. Há lances de perigo, a bola passa raspando, quase condenam o garoto mas, sempre, desde o início, desde que adentram aquela sala, um dos jurados quastiona a acusação e entende a seriedade do que estão fazendo naquela sala que é decidir sobre a vida de um ser humano. Em todas as votações parciais para saber a posição momentânea do júri, o jurado n°8 mantém a postura de não definir o réu como culpado. Os demais ali presentes, com pressa, um querendo ir ao jogo de futebol, outro interessado em cuidar de seus negócios, querem definir de uma vez aquele julgamento que para eles é jogo jogado: o rapaz matou o pai e pronto. Mas aos poucos, a cada argumento do jurado 8, a cada nova hipótese, vão se convencendo de que as evidências talvez não sejam realmente suficientes para destinar um jovem à pena capital.
Tanto o filme de Sidney Lumet, de 1957, quanto o do exorcista William Friedkin, de 1997, tem inegáveis méritos. Dois grandes filmes! Ambos trazem uma câmera inquita que fica rodeando a mesa até parar implacável e certeira nos rostos dos jurados em closes precisos e expressivos, ambos, cada umà sua maneira têm uma fotografia impecável, ambos não deixam o espectador desgrudar da trama e ambos têm times de atores com atuações brilhantes. O velho arrazoado, jurado nº 9, interpretado na versão antiga por Joseph Sweeney e na mais recente por Hume Cronyn é perfeito; o preconceituoso jurado nº10, vivido por Ed Begley no original e pelo exaltado Mykelti Williamson no mais novo é convincente e revoltante em ambas as versões; e a atuação tanto de Lee J. Cobb quanto de George C. Scott como o jurado nº3, um homem que por questões pessoais com o próprio filho, leva a situação do jovem acusado com o pai para o lado pessoal e torna-se sedento por mandar garoto ao corredor da morte, é simplesmente um show tanto no original quanto na refilmagem. 

"12 Homens e Uma Sentença" (157) - trailer

"12 Homens e Uma Sentença" (1997) - trailer

Jogo muito igual. Nenhuma grande vantagem para nenhum dos dois lados.
Mas dizem que o jogo se decide no meio campo, não? E o cara do arrefecimento dos ânimos, do bom senso, do pensamento lúcido é quem decide o jogo e é dele a camisa número 8. Tanto Henry Fonda quanto Jack Lemmon estão espetaculares no papel! Fonda é um mais vigoroso, mais incisivo, enquanto Lemmon, ator que se notabilizou por comédias mas que sempre que foi chamado a dramas não decepcionou, faz um personagem mais reticente, fisicamente desgastado mas que cativa o espectador e convence os colegas de júri. Mas o troféu de melhor do mundo FIFA que Henry Fonda ganhou por esse jogo, ou melhor, o Oscar de melhor ator por este filme faz a diferença e decide o jogo. Jogador moderno, já na década de 50, defendeu o tempo inteiro, recompôs o meio de campo sempre que precisou, mas soube sair com personalidade e convicção para o ataque garantindo a vitória para os comandados de Sidney Lumet. 1x0 para o time de 1957.
Placar paertado que faz jus ao confronto de dois grandes times.
Que jogo!
Que clássico, senhoras e senhores!

O jogo até estava equilibrado, indefinido,
mas quando precisou, ele, o Homem dos Olhos Frios, decidiu.
Por que?
Porque ele é FOnDA!

Jogo que só comprova aquelas velhas máximas do futebol: Futebol são onze de cada lado (ou doze); tudo se decide dentro das quatro linhas (ou paredes), o jogo só acaba quando termina (ou um julgamento, no caso) e... clássico é clássico ( e vice-versa).





por Cly Reis




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Henry Fonda – O Maior Bandido Que O Western Já Viu







Uma coisa é matar um pistoleiro num duelo ou em um tiroteio qualquer. Atirar em xerifes, não ter pena de apaches e Cheyennes, roubar trens, diligências e assaltar bancos. Tudo isso fazia parte do dia a dia dos grandes bandidos do filmes de Western. Outra coisa é assassinar uma criança a sangue frio com um balaço e sem esboçar o mínimo de sentimento. O pistoleiro Frank, vivido por Henry Fonda em “Era uma vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone, era o típico fora da lei sem escrúpulos, um assassino cruel e capaz de qualquer coisa, matar crianças, mulheres, velhos e ainda tomar um Bourbon. A cena em que a família toda é assassinada pela gangue de Frank, mostra uma brutalidade sem tamanho, o qual Leone não poupou o telespectador da metáfora do progresso. Após ter matado todos, Frank de roupa escura como um mensageiro da morte, se depara com uma criança, nesse momento a trilha de Morricone se exalta e da uma tensão visceral na cena. A câmera de Leone busca os olhos azuis de Frank (Fonda) e em outro close foca os olhos meigos do menino, a trilha do maestro baixa e um dos capangas revela sem querer o nome do bandido na conversa que definiria o futuro do menino. Frank com um meio sorriso resolve friamente atirar, Bang. 
Sergio Leone nunca escondeu o sonho de trabalhar com seu ídolo Henry Fonda. O diretor o assediou por vários anos até receber uma bolada da Paramount onde poderia finalmente financiar seu filme e contratar o astro. Convencido por Eli Wallach que já tinha trabalhado com Leone, Henry terminou aceitando o papel que praticamente tinha sido escrito para ele, seu preço, 250 mil dólares e que Sergio fosse aos EUA e o convencesse pessoalmente. O resto já sabemos. A verdade é que considero este o melhor personagem de Fonda e o maior vilão de um filme western. No filme tudo nele da medo, mas o que mais assusta são seus olhos azuis, tem algo de morte no olhar desse personagem, cada close facial nos mostra esta intimidade mortal que não foi vista em nenhum outro personagem da filmografia do diretor . As cenas de sexo com Claudia Cardinalle são de um ódio repulsivo enorme e que causaram polemica na época,. O sadismo de fazer uma forca humana e cuidar para que o outro familiar apoiasse em seus ombros a vitima, com as mãos atadas e uma gaita na boca, já fazem Fonda entrar no panteão dos maiores vilões da história do cinema com métodos macabros.
"Era uma Vez no Oeste" foi o maior filme do gênero em minha opinião, mesmo na época tendo sido destruído pela critica, teve seu reconhecimento a tempo tornar-se uma espécie de Cult do gênero. Seria uma injustiça não nomear outros grandes vilões do Western, e foram muitos. O próprio Leone criou esta estirpe suja de dentes feios, mal encarados, inescrupulosos e caolhos a la Jack Elam. Eu eternamente fico com o personagem de Henry Fonda em minha lista. Esse realmente eu temi, esse realmente merece respeito.



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meus 50 atores e Christhopher Walken



Christopeher Walken na marcante cena
da roleta russa em "O Franco Atirador"
Ainda hoje tenho certeza que foi o Christopher Walken que matou a atriz Natalie Wood em 1981. Na fatídica noite, estavam ela, seu marido, o ator Robert Wagner, e Walken, todos bebendo muito a bordo de um iate. Após uma discussão entre os dois "amigos", a atriz sumiu e só foi encontrada horas depois, morta afogada. Naquele ano o caso foi encerrado e a causa da morte foi diagnosticada como afogamento. Em 2011, os arquivos foram reabertos e com novas evidências, hematomas no corpo da atriz levaram a investigação para outros rumos que poderiam apontar um assassinato. Acusações à parte, o certo é que Walken sempre me assustou. Aquela sua cara de “American Psycho” poderia muito bem ter dito a Wagner; "Se você me dedurar, será o próximo, te acharei no inferno". Eu entenderia o aviso rapidinho.

Quatro anos antes ele ganhava o Oscar de melhor ator coadjuvante por "O Franco Atirador", do Michael Cimino, um filme totalmente ambientado em diversos contrapontos que vão da loucura, drogas, sexo etc. Pra ter uma noção do clima do filme, nas cenas de roleta russa, os atores Robert De Niro, Walken e John Cazale chegaram a usar balas de verdade para das mais veracidade. Cazale, que já estava com seus dias contados por um câncer terminal, dizia que nada tinha a perder. Na minha lista de 50 atores em grandes atuações, Walken está presente como um símbolo de visceralidade, loucura e medo em termos de atuação. O ator já fez mais de 100 filmes, clipes e peças. Na vida real, ele consegue ser um dos únicos seres na terra o qual eu temeria mesmo. Tenho um certo “amor e ódio” por sua figura. Mas desejo longa vida ao mr. Walken, e que não saia impune de seu(s) crime(es), se é que foi ele.

Abaixo, senhores, minha lista de melhores atores em suas grandes atuações. Completei com atores das listas que amigos compartilharam comigo e fiz uma única:



Marlon Brando - O Poderoso Chefão


- Robert De Niro - Touro Indomável
- Al Pacino - Scarface
- Malcom McDowell - Laranja Mecânica
- Dustin Hoffman - Midnight Cowboy
- Henry Fonda - Era uma Vez no Oeste
- Sean Connery - Os Intocáveis
- Jack Nicholson - O Iluminado
- Paul Newman - Butch Cassidy
- Robert Redford - Todos os Homens do Presidente
- Robert Duvall - Apocalypse Now
- Anthony Hopkins - Silêncio dos Inocentes
- Joe Pesci - Os Bons Companheiros
- Tom Berenger - Platoon
- Val Kilmer - The Doors
- River Phoenix - Conta Comigo
- Bruno Ganz - A Queda
- Jean Reno - O Profissional
- Cristian Bale – Psicopata Americano
- Gael Garcia Bernal - Amores Perros
- Heath Ledger – Batman - O Cavaleiro das Trevas
- Cristhoph Waltz - Bastardos Inglórios
- Wagner Moura - Tropa de Elite
- Ian McKellen - O Senhor dos Anéis
- Daniel Day-Lewis - Sangue Negro


- Kevin Costner - Dança com os Lobos
- Charlton Heston - Ben-Hur
- Leonardo DiCaprio – O Lobo de Wall Street
- Rutger Hauer - Blade Runner
- Javier Bardem - Onde os Fracos não Tem Vez
- Eli Wallach - O Bom, o Mau e o Feio
- Harrison Ford - Indiana Jones, Caçadores da Arca Perdida
- Russel Crowe - Gladiador
- Charlie Sheen - Platonn
- Ricardo Darin - O Segredo dos Seus Olhos
- Woody Harrelson - O Povo Contra Larry Flint
- Emile Hirsch - Na Natureza Selvagem
- Roberto Benigni - O Monstro
- Willian Holden - Meu Ódio será Sua Herança
- Morgan Freeman - Um Sonho de Liberdade
- John Cazale - O Poderoso Chefão II
- Warren Oates - Traga-me a Cabeça de Alfredo Garcia
- Matheus Nachtergaele – O auto da Compadecida
- César Troncoso – O Banheiro do Papa
- Juan Villegas - El Perro
- Mel Gibson - Gallipoli
- Michael Fassbender - 12 Anos de Escravidão
- Matthew McConaughey - Clube de Compras Dallas
- Sean Penn - O Pagamento Final
- Christopher Walken - O Franco Atirador





com a colaboração de:
Carlos França, Josi Rizzari, Daniel Cóssio Porto,
Daniel Russell Ribas, Fernando De Souza Médici,
Daniel RodriguesRicardo Lacerda e José Francisco Botelho.