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quinta-feira, 12 de junho de 2025

8 Comédias Românticas para o Dia dos Namorados



É Dia dos Namorados! Se muitas vezes uma história de amor começou com um mero "oi, tudo bem?", em outras tantas o romance teve início com alguma situação curiosa, inusitada, uma implicância pessoal, uma negativa inicial, ou qualquer coisa do tipo. As comédias românticas, gênero muito popular nos últimos tempos no cinema comercial, volta e meia retratam situações desse tipo e é exatamente o inusitado dos acontecimentos que perfazem as relações que fazem com que momentos como esses se tornem cômicos.

A bem da verdade, exatamente por ter ganho muita popularidade, o gênero ficou um tanto saturado, repetitivo e até meio imbecilizado, mas ao longo da história do cinema algumas películas tornaram-se marcantes e emblemáticas dentro desse segmento.

Destacamos aqui algumas dessas histórias de amor da telona. Desavenças, romantismo, inocência, brigas, desafios, frustrações, amadurecimentos, descobertas, determinação... tem um pouco de tudo nessa lista. Afinal, cada história verdadeira tem alguma coisa dessas coisas aí, não? O que teve na sua história? Com qual filme você se identifica? 

Confira aí sete filmes destacados nesse Claquete Especial de Dia dos Namorados:



💖💖💖💖💖💖💖💖



1. "Harry e Sally - Feitos Um Para o Outro", de Rob Reiner (1989) - Os encontros, desencontros, desentendimentos, desavenças, diferenças, amizade, afastamento, aproximação, atração, de um casal de desconhecidos, depois conhecidos, depois inimigos, depois amigos, até descobrirem, anos depois, que... eram feitos um para o outro. "Harry e Sally..." é sem dúvida alguma um dos melhores exemplares do gênero, até pelo fato de conseguir explorar uma série de situações que acontecem com casais e que levaram ao início ou fim de relações. Em meio a toda a comicidade, sua verossimilhança dá-se em grande parte pelo fato de que muitas das situações vividas pelos personagens são baseadas em histórias reais relatadas por casais e terapeutas conjugais.




2. "(500) Dias Com Ela", de Mark Webb (2009) -  Proposta diferenciada no gênero. Aqui o carinha é romântico, sonhador e apaixonadão, e a garota por sua vez é mais descolada, desapegada e pragmática. No fim das contas, o personagem principal de "(500) Dias com Ela"   não é nenhum dos dois e sim OS RELACIONAMENTOS em si. Roteiro interessantíssimo com uma linha cronológica descontinuada num vai e vem dos dias (com ela e sem ela), montagem dinâmica e ousada, além de uma trilha sonora excelente. Uma das melhores comédias românticas dos últimos tempos.





3. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", de Woody Allen (1977)Woody Allen é tão genial que consegue transformar uma grande DR num filme saboroso. O longa trata da relação de um humorista judeu (o próprio Allen) e sua nova namorada, a complexa Annie Hall, vivida magistralmente por Diane Keaton, e sua experiência de viverem juntos. O relacionamento é um tanto complicado e essa experiência gera uma série de questionamentos levantados com muito humor e muita inteligência nos diálogos sagazes e brilhantes do roteiro, co-escrito pelo próprio Allen. 

Profundo sem ser hermético, filosófico sem ser chato, romântico sem ser meloso, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" revolucionou a ideia de filmes sobre relacionamentos. 




4. "A Garota de Rosa Shocking", de Howard Deutch (1986) - Ilustre representante das comédias teen dos anos 80, o filme é um dos mais emblemáticos de sua geração. Namoros, colégio, festinhas, decepções, corações partidos, finais felizes, tudo isso faz parte do corpo básico de uma série de produções dessa época, cada um lá com sua ênfase, mas muitas vezes com esses temas recorrentes. Em "A Garota de Rosa-Shocking", a humilde Andie, Molly Ringwald, é caidinha pelo bonitão da escola, Blane, fica se fazendo de difícil. Andie conta com a fiel amizade e os conselhos do divertido Duckie, que na verdade é apaixonado pela amiga e fica tentando abrir seus olhos quanto ao riquinho para quem ela fica praticamente se humilhando. A gente torce brutalmente pro amigo esquisitão, pra ela enxergar que aquele cara é que vale realmente a pena mas (ALERTA DE SPOILER!!! ), para infelicidade do espectador, num final broxante, ela fica mesmo com Blane que finalmente resolve deixar de ser bunda-mole e ficar com que realmente gosta dele. Muita gente não gostou do final e, deste modo, os produtores resolveram fazer uma nova versão ("Alguém Muito Especial") mudando o gênero dos personagens e com o desfecho que todos desejavam : o personagem principal ficando com a melhor amiga. 

Embora o final seja muito discutido e muita gente prefira a segunda versão, "A Garota de Rosa Shocking" é clássico e continua sendo referência em comédias românticas juvenis.



5. "Feitiço da Lua", de Norman Jewison (1987) - Filme gostosíssimo em que uma viúva,  Loretta, retomando sua vida após a perda do marido, aceita a proposta de casamento de um empresário do bairro onde mora, bem mais velho que ela mas que lhe transmite aquela paz, tranquilidade e segurança. No entanto, para tumultuar sua vida, ela se vê tentada pelo irmão mais novo do noivo, o impulsivo e intempestivo Rony, e mesmo brigando muito contra seus sentimentos, acaba se apaixonando pelo cunhado. Roteiro excelente, diálogos bem escritos, atuações espetaculares, especialmente a de Cher no papel principal que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, muito romance e magia no ar. 

Daqueles pra assistir com um sorriso no rosto. 




6. "Ela É o Cara", de Andy Fichman (2006) - Famoso pelas tragédias como "Hamlet", "Macbeth", "Romeu e Julieta", William Shakespeare também era mestre nas comédias. "Muito Barulho Por Nada", "A Comédia dos Erros", "A Megera Domada" são alguns exemplos da genialidade do bardo para o humor sendo algumas até adaptadas para o cinema. "Noite de Reis", outra de suas comédias famosas não só ganhou uma versão cinematográfica como também uma leitura completamente nova e ousada levando os personagens da trama clássica para o universo do futebol. Em "Ela é o Cara", Viola, vivida por Amanda Bynes, é uma adolescente boa de bola, que sabendo da dissolução do time feminino de sua escola, aproveita uma viagem do irmão gêmeo Sebastian ao exterior, para, disfarçada de rapaz, assumir sua identidade e se inscrever no time de futebol masculino da outra escola do irmão. Só que nessa de se disfarçar de menino, acaba se apaixonando por Duke, um colega de time que, por sua vez, é fissurado por Olivia, a bonitona da escola. Mas como jogar no time, se passar pelo irmão, enganar a cunhada, driblar a garota que fica gamada por ela convencida de que é um homem, e ainda dar uns pegas no gatinho colega de futebol? Ah, tudo isso gera muitas confusões, muitas risadas e muito romance. Ótima adaptação shakesperiana!



7. "Scott Pilgrim Contra o Mundo", de Edgar Wright (2010) - Rock'n roll, quadrinhos, games, amores não correspondidos. "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é uma comédia romântica bem pouco convencional e absolutamente eletrizante. Scott, um carinha comum, meio sonso, desajeitado, integrante de uma banda de rock que ensaia para um festivallocal, acaba de chutar sua namorada para ficar com a soturna e misteriosa Ramona. No entanto ela o adverte que para ficar com ela terá que enfrentar seus sete ex-namorados malignos. Ok! Apaixonando, ele topa mas não imagina o tamanho dos desafios que o aguardam em cada um dos enfrentamentos. Um astro de cinema fodão, um poderoso empresário musical, um vegano poderoso pela pureza de seu corpo, uma estrela pop lésbica, gêmeos roqueiros, tudo em duelos ao estilo videogame passando fases, ganhando bônus, vidas e eliminando o oponente. 

Desafio de skate, batalha de bandas, luta com espada ninja, estética de quadrinhos, pontuação de games na tela, voos, explosões, solos de guitarra... "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é possivelmente a mais improvável comédia romântica que você terá assistido na vida. 



8. "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder (1966) - Mestre das comédias, Billy Wilder conseguia dar leveza a histórias muitas vezes carregadas de elementos delicados. "Se Meu Apartamento Falasse", vencedor de 5 Oscar, incluindo os de filme e direção, traz temas como ética, adultério, depressão, suicídio, e mesmo assim nos entrega um produto final gostoso, repleto de romance, ternura e risadas. O apartamento do título em questão é o de C.C. Baxter (Jack Lemmon), funcionário de uma seguradora que empresta seu cantinho para vários superiores, incluindo o dono da empresa, para estes terem encontros amorosos com mulheres, em geral funcionárias da própria empresa. Mas Baxter descobre que uma das amantes do patrão é nada mais nada menos que Fran (Shirley MacLaine) a ascensorista do prédio onde ele trabalha e pela qual ele é apaixonado. Num dos encontros com o chefe, frustrada pela falta de perspectiva do caso amoroso com um homem casado, Fran tenta o suicídio dentro do apartamento, o que a aproxima do colega apaixonado que a socorre em tempo. Fran vai acabar percebendo que Baxter, na verdade, é verdadeiramente um homem por quem vale a pena tentar alguma coisa na vida, um recomeço. Mas até chegar a esse ponto ainda terá que ver, sentir, entender, aprender algumas coisas e... levar um certo susto.

Talvez a comédia romântica das comédias românticas!

Genial!


💖💖💖💖💖💖💖💖💖

Seja lá como tenha acontecido e se desenrolado sua história de amor, Feliz Dia dos Namorados!



por Cly Reis






sexta-feira, 29 de novembro de 2024

"Fanfare d'Amour", de Richard Pottier (1935) vs. "Quanto Mais Quente Melhor", de Billy Wilder (1959)

 


Eis aqui um caso em que o remake, simplesmente, atropela o original. É quando uma comédia despretensiosa, sem grande desenvolvimento, produzida por um país ainda não tão significativo, na época, é repensado com maiores ambições, ganha uma melhor elaboração, tem o aporte de um grande estúdio norte-americano e é entregue nas mãos de um dos grandes mestres do cinema. Aí não tinha como dar rúim.

O francês "Fanfarras do Amor" é legal, é  simpatiquinho, sua premissa cômica é interessante é promissora, mas é exatamente nisso que o diretor e roteirista norte-americano Billy Wilder tem seu grande trunfo. O mote inicial é bom: dois músicos com dificuldade financeira que tem que ingressar, travestidos, em uma banda feminina para dar um jeito na miséria, mas que, inevitavelmente acabam se envolvendo com as garotas e tem que alternar as identidades para, ora tocar no conjunto, ora tentar conquistar as integrantes desejadas.

Wilder pegou esse bom prato e acrescentou alguns temperos. Pensou então, "e se eles, além da dureza de grana, tivessem forçosamente que se disfarçar para salvar a própria pele?", "...se eles estivessem, tipo..., sendo perseguidos por criminosos?", "se apenas um dos músicos se interessasse por uma instrumentista do grupo e o outro mesmo relutante servisse como seu escudeiro?", "e se esse cúmplice tivesse que se submeter a situações quase absurdas para ajudar o romance do amigo?". A incrementada de Billy Wilder fez toda a diferença e favorece diversas dinâmicas. Enquanto o longa francês morre cedo, se esgota rápido numa repetição de vira homem vira mulher, vai e toca na banda e corre pro o quarto do hotel; o norte-americano, mesmo repetindo esse frenesi de "põe o disfarce e tira o disfarce", é mais criativo, diversifica ambientes, insere personagens, cria novas complicações para a dupla de protagonistas. 

Se em "Fanfarras do Amor" a viagem com a banda feminina para a Riviera Francesa é meramente circunstancial, em "Quanto mais Quente Melhor", o afastamento para um lugar mais quente, a Flórida, é fundamental no enredo, uma vez que a dupla de músicos, tendo sido testemunha de um crime numa garagem em Chicago, vê na oportunidade de viajar para beeeem longe, a melhor, e talvez única, alternativa para escapar dos mafiosos que passam a os perseguir. 

No filme francês, pode-se dizer que grande parte do envolvimento do músico bonitão, Jean, com uma das cantoras do grupo se passa no trem, enquanto que no norte-americano, embora o interesse do saxofonista, Joe, pela tocadora de ukelele seja revelado também na viagem sobre os trilhos, e as confusões deles com as garotas rendam boas risadas, o ápice da ação e dos encontros e desencontros se dá no hotel em Miami. Na versão francesa, no entanto, o hotel é palco, além dos números musicais, de uma série de repetições de troca de figurinos, sobe e desce de escadas, e tentativas do mais cômico mas menos atraente da dupla, Pierre (Jean Carrete), em revelar a identidade do companheiro, Jean (Fernand Gravey), de modo a conquistar a desejada Gaby. É! Sim! Em "Fanfarras do Amor" há uma competição pela garota da banda e a todo momento um fica tentando desmascarar o outro, só que Jean leva uma certa vantagem por fazer o tipo galã e por se passar por produtor musical, o que acalenta o sonho de Gaby de se tornar uma cantora conhecida e se projetar no cenário artístico.

Em "Quanto Mais Quente Melhor" a resistência de Jerry ao assédio às garotas da banda, o contrabaixista vivido por Jack Lemmon, se dá somente pelo temor de revelarem o disfarce e serem expulsos do grupo. Embora tentado pelas formas femininas, Jerry não tem nenhuma pretensão nesse sentido. Já seu colega de fuga, o saxofonista Joe (Tony Curtis), mulherengo e galanteador, logo se encanta por Sugar Kane, a garota mais rebelde da banda, interpretada por Marilyn Monroe, e, sabendo da ambição da loura por conhecer um milionário, além do disfarce feminino, ainda se faz passar por um magnata dono de uma das maiores petrolíferas do mundo. Mas para tal farsa terá que contar com a retaguarda de Jerry, agindo sob a identidade de Daphne para distrair um ricaço (esse, sim, de verdade) e usufruir de suas vantagens para impressionar Sugar.

A propósito, o trio de ataque do técnico Wilder é de enlouquecer qualquer adversário. Lemmon simplesmente hilário a cada mudança de Jerry para Daphne e vice-versa; Curtis, malandro, conquistador, ardiloso, se desdobrando em três papéis (Joe, Josephine e Junior), e Marilyn, mesmo indisciplinada, acima do peso, chegando atrasada nos treinos e brigando com o treinador (tinha discussões com Wilder), entregava em campo e fazia um dos papéis mais marcantes de sua carreira.


"Fanfare d'Amour" - Jean (Fernando Gravey)
em número musical no hotel


"Quanto Mais Quente Melhor" - Sugar Kane (Marilyn Monroe)
em número musical no hotel


Não tem jeito: "Quanto Mais Quente Melhor" goleia.

Um gol pelo enriquecimento do enredo com elementos como a máfia, o testemunho do assassinato, o motivo adicional de aceitarem entrar para um grupo feminino e da fuga para um lugar o mais distante possível, a farsa do milionário, o verdadeiro ricaço e seu "envolvimento" quase compulsório com o baixista...  Tudo! A história simplória de "Fanfarres d'Amour" vira outra coisa!!! QMQM 1x0.

A propósito da quedinha do milionário Osgood pela 'delicada' Daphne, na verdade o relutante baixista Joe, a situação toda, absurdamente cômica, e a atuação de Jack Lemmon tendo que ceder à pressão do amigo e se fazer convincente como mulher para conseguir as benesses de luxo do esbanjador pretendente, vale mais uma bola na rede para o time de 1961. A sequência toda em que eles se encontram no bar do hotel e dançam tango a noite inteira é de morrer de rir. 2x0 para o time do Tio Billy.

Por falar em gargalhadas, a sucessão situações hilárias garante o terceiro para o time de Billy Wilder. A "festinha" no trem, Joe enfiado na banheira de roupa e tudo para não ser desmascarado, os dois embaixo da mesa dos criminosos no reencontro com a máfia no hotel em Miami, a própria caracterização dos dois como mulheres... 3x0 no placar.

Mas aí, com o placar favorável, jogo tranquilo, o time de 1961 relaxa e acaba metendo um gol contra. Na ânsia de explorar a sensualidade da loura sem ser apelativo, Wilder erra a mão na sequência do iate com uma situação longa e cansativa do que seria uma "recuperação" das capacidades masculinas do (falso)milionário Shell Junior. Ah, é um beija, rebeija, insiste, desiste, aposta, embaça os óculos de tanta "pressão" da loira, e aquilo não acaba nunca. Cansativo. O time francês faz o seu primeiro numa falha do treinador adversário. 3x1.

Será sinal de uma reação? 

Que nada!

Marilyn, que teve culpa no gol do adversário, se redime em grande estilo com o número musical de "I Wanna Be Loved By You", que é das coisas mais graciosas que já se viu na história do cinema. Ela fazendo aquele "Boop-boop-a-doop" é algo simplesmente sensacional. Jogada individual. Gol de uma das craques do time. Pode até não ser um exemplo de atleta mas lá dentro resolve. 4x1! Marilyn Monroe!!!

Já pelo lados da Riviera Francesa, de um modo geral, a maioria dos números musicais são chatos e maçantes, com uma espécie de coreografia bávara exibida no hotel, no entanto, o primeiro momento em que Jean se passa por produtor, ainda no trem, mostra sua canção a Gaby e ambos a cantam juntos no trem, é um momento bonito, bem captado e garante o segundo para Fd'A. 4x2.

Mas não havia muito mais para tirar do time do técnico Richard Pottier e o placar estava definido. 

Ôpa!!!

...

...

Quando parecia que nada mais ia acontecer, no apagar das luzes, na cena final de "Quanto Mais Quente Melhor", numa tabelinha de Jack Lemmon com o ator Joe E. Brown, o milionário Osgood Fielding, o diálogo final entre os dois garante o quinto para QMQM. Golaço de Jack (ou Jerry... ou Daphne...). Ora, não importa! O importante é que o remake faz 5x2 e liquida com qualquer chance do filme original. O árbitro aponta o centro de campo e está encerrada a partida.

Prevalece o time com mais criatividade, qualidade técnica e talento individual.


O time francês tem virtudes mas contra o trio de ataque dos
comandado do técnico Wilder, não tem como competir.



Não tem como culpar "Fanfare d'Amour" por tentar encarar "Quanto Mais Quente Melhor".
Viu que tinha bons jogadores, achou que teria chance, ok, ok...
Como diria o apaixonado velhote Osgood, "Ninguém é perfeito".






por Cly Reis

segunda-feira, 25 de maio de 2020

"12 Homens e Uma Sentença", de Sidney Lumet (1957) vs. "12 Homens e Uma Sentença", de William Friedkin (1997)



"Futebol é onze de cada lado", "Tudo se decide dentro das quatro linhas", "O jogo só acaba quando termina"... No nosso embate, no caso dos dois "12 Homens e Uma Sentença", são doze de cada lado, tudo se decide dentro de quatro paredes, mas a máxima de que o jogo só acaba quando termina não poderia ser mais verdadeira. Até os 40 minutos do segundo tempo não há um destino certo para o réu, um garoto latino de 18 anos, acusado de matar o próprio pai. É um jogo nervoso que fica 0x0 durante muito tempo. Há lances de perigo, a bola passa raspando, quase condenam o garoto mas, sempre, desde o início, desde que adentram aquela sala, um dos jurados quastiona a acusação e entende a seriedade do que estão fazendo naquela sala que é decidir sobre a vida de um ser humano. Em todas as votações parciais para saber a posição momentânea do júri, o jurado n°8 mantém a postura de não definir o réu como culpado. Os demais ali presentes, com pressa, um querendo ir ao jogo de futebol, outro interessado em cuidar de seus negócios, querem definir de uma vez aquele julgamento que para eles é jogo jogado: o rapaz matou o pai e pronto. Mas aos poucos, a cada argumento do jurado 8, a cada nova hipótese, vão se convencendo de que as evidências talvez não sejam realmente suficientes para destinar um jovem à pena capital.
Tanto o filme de Sidney Lumet, de 1957, quanto o do exorcista William Friedkin, de 1997, tem inegáveis méritos. Dois grandes filmes! Ambos trazem uma câmera inquita que fica rodeando a mesa até parar implacável e certeira nos rostos dos jurados em closes precisos e expressivos, ambos, cada umà sua maneira têm uma fotografia impecável, ambos não deixam o espectador desgrudar da trama e ambos têm times de atores com atuações brilhantes. O velho arrazoado, jurado nº 9, interpretado na versão antiga por Joseph Sweeney e na mais recente por Hume Cronyn é perfeito; o preconceituoso jurado nº10, vivido por Ed Begley no original e pelo exaltado Mykelti Williamson no mais novo é convincente e revoltante em ambas as versões; e a atuação tanto de Lee J. Cobb quanto de George C. Scott como o jurado nº3, um homem que por questões pessoais com o próprio filho, leva a situação do jovem acusado com o pai para o lado pessoal e torna-se sedento por mandar garoto ao corredor da morte, é simplesmente um show tanto no original quanto na refilmagem. 

"12 Homens e Uma Sentença" (157) - trailer

"12 Homens e Uma Sentença" (1997) - trailer

Jogo muito igual. Nenhuma grande vantagem para nenhum dos dois lados.
Mas dizem que o jogo se decide no meio campo, não? E o cara do arrefecimento dos ânimos, do bom senso, do pensamento lúcido é quem decide o jogo e é dele a camisa número 8. Tanto Henry Fonda quanto Jack Lemmon estão espetaculares no papel! Fonda é um mais vigoroso, mais incisivo, enquanto Lemmon, ator que se notabilizou por comédias mas que sempre que foi chamado a dramas não decepcionou, faz um personagem mais reticente, fisicamente desgastado mas que cativa o espectador e convence os colegas de júri. Mas o troféu de melhor do mundo FIFA que Henry Fonda ganhou por esse jogo, ou melhor, o Oscar de melhor ator por este filme faz a diferença e decide o jogo. Jogador moderno, já na década de 50, defendeu o tempo inteiro, recompôs o meio de campo sempre que precisou, mas soube sair com personalidade e convicção para o ataque garantindo a vitória para os comandados de Sidney Lumet. 1x0 para o time de 1957.
Placar paertado que faz jus ao confronto de dois grandes times.
Que jogo!
Que clássico, senhoras e senhores!

O jogo até estava equilibrado, indefinido,
mas quando precisou, ele, o Homem dos Olhos Frios, decidiu.
Por que?
Porque ele é FOnDA!

Jogo que só comprova aquelas velhas máximas do futebol: Futebol são onze de cada lado (ou doze); tudo se decide dentro das quatro linhas (ou paredes), o jogo só acaba quando termina (ou um julgamento, no caso) e... clássico é clássico ( e vice-versa).





por Cly Reis