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domingo, 12 de março de 2023

"Dead-End: Na Velocidade dos Anos Solitários", de Seyer (1990)


"Um olhar mais atento se dá conta
que o noir de Seyer é ainda mais noir
que os policiais do anos 40 -
ele é menos aveludado do que seus inspiradores,
tem menos glamour.
É rigorosamente gráfico.
Os rostos conhecidos, reconhecidos, convenientes,
próprios a esse repertório, são mais signos do que símbolos."
Jean Luc-Cochet,
quadrinista e escritor



Cinema e quadrinhos têm uma relação muito próxima de longa data. Além dos story-boards, guias organizacionais de diretores para o andamento de uma história, as adaptações de obras pensadas originalmente para papel são parceiras da telona há bastante tempo, e, mais recentemente, ganharam uma força enorme com a ascensão dos estúdios da Marvel e da DC. Já o caminho inverso não costuma ser tão exitoso, uma vez que, grande parte das vezes, quando quadrinistas resolvem passar para o papel uma obra cinematográfica de sucesso, se limitam a reproduzir os quadros da película.
"Dead-End, Na Velocidade dos Anos Solitários" é diferente dessa mera transposição de cenas para as HQ's. A graphic-novel é inspirada e ao mesmo tempo é uma reverência ao cinema. Seyer, o artista responsável pelo trabalho, se utiliza de cenas clássicas, de imagens consagradas de ícones de Hollywood como Humphrey Bogart, Lauren Bacall, James Cagney, Orson Welles, entre outros, para compor sua obra, mas fora do contexto em que elas apareciam originalmente, criando algo totalmente diferente e original. Na história de Sayer Bogart não é o detetive Sam Spade, de "O Falcão Maltês", e sim um cara encrencado tentando arranjar alguma grana e sobreviver como puder; Welles não é o corrupto capitão Hank Quinlan de "A Marca da Maldade", e sim um dono de uma espelunca muito mal frequentada; e a bela Lauren Bacall passa longe de ser a blonde fatal de "À Beira do Abismo" para encarnar um prostituta vulgar de última categoria. O universo de Seyer é esse: a tônica dos filmes noir norte-americanos americanos, só que tudo ainda mais sujo e podre.
A trama é bastante simples: na Nova York dos anos '30, dois caras, ferrados, endividados, jurados de morte pelo gângster do pedaço, sem ter nada a perder, vão para uma cartada final praticamente suicida, roubando um malote e tentando dar o fora da cidade. Só que as coisas não saem exatamente como eles imaginavam e a dupla de perdedores acaba se complicando cada vez mais.
Homenagem ao cinema noir dos anos 40, "Dead-End...", publicada em 1990, hoje é considerada praticamente um cult das HQ's, e tornou-se um verdadeiro item de colecionador. Um exercício de reimaginação do universo do cinema, praticamente recriando personagens que conhecemos com uma visão muito original. Um clássico das HQ's que honra os clássicos do cinema.

Rostos conhecidos, Bogart, Welles, cenas familiares, mas com outra roupagem,
em outra história, diferente (mas nem tanto) das originais em que costumamos vê-los.


 


Cly Reis

sábado, 12 de março de 2016

"Como Agarrar um Milionário", de Jean Negulesco (1953)



No ano de 1953, a 20th Century Fox, gritou  “ Pela união dos seus poderes, eu sou f0#@”e uniu três superestrelas do cinema,  Marilyn Monroe, Betty Grable e Lauren Bacall, para fazer um grande filme  e mostrar toda sua força no mercado. O filme? "Como Agarrar Um Milionário".
Em Nova York, Schatze Page (Lauren Bacall), (Marilyn Monroe) e Loco Dempsey (Betty Grable), três modelos, alugam, em Manhattan, um elegante apartamento com o objetivo de arrumarem maridos ricos mas, com desenrolar da trama, vemos que o plano não dá certo e elas acabam se envolvendo, mais uma vez com homens pobres.
E essa beleza e charme? Ai, meu coração!!!
A obra é bem simples, é daqueles filmes para assistir e dar boas risadas. Embora a história do filme já seja batida e clichê, até mesmo para a época, devido às grandes atuações o filme consegue se sustentar muito bem. O trio é o grande destaque do filme, são personagens femininas fortes e decididas. Sim, estão em busca de maridos ricos, ok, podemos colocar um olhar critico nisso, se pensarmos nas lutas de igualdade que temos hoje, mas acredito que colocar essa busca pelo homem ideal como ponto negativo do filme, que por consequência inferioriza as mulheres, seja algo equivocado. Acho que fazer um filme com esse roteiro nos dias de hoje, isso sim seria algo negativo. O filme é um recorte exagerado da sociedade americana daquela época, então devemos analisar o filme, a obra final, junto com o contexto da sociedade na qual ele foi filmado.
Os figurinos luxuosos são um dos destaques do longa.
É um luxo, um deslumbre visual em tudo. O cenário e os figurinos retratando a alta sociedade americana da década de 50 e o fato do filme ser colorido contribuíram bastante para ressaltar toda essa “ostentação”, para utilizar uma palavra da moda. Como falei anteriormente, as atuações do trio principal também são um luxo. Schatze Page (Lauren Bacall) funciona como a líder do grupo, serve como inspiração para as outras moças. Schatze é a mais determinada do grupo em cumprir o objetivo, não aceitando de nenhuma forma qualquer contato com um homem que não utilize terno (eu achei isso o máximo). Loco Dempsey, vivida por Betty Grable) (seu nome é bem sugestivo) é a mais impulsiva das três, diria até, a mais inocente. Se mostra algumas vezes, ao longo do filme, disposta a abandonar o plano e seguir seu coração, porém suas amigas sempre conseguem convencê-la a continuar. Em uma cena muito divertida, Schatze chama a atenção de Loco pelo fato desta pedir para um homem lhe ajudar a carregar as compras. Detalhe: o homem não veste terno. E por último e não menos importante, Pola Debevoise (Marilyn Monroe). Pola é um meio termo: deixa claro durante todo filme que apoia os planos Schatze, mas que gostaria de seguir seu coração como Loco. Uma particularidade que gera cenas divertidíssimas é o fato de Pola precisar usar óculos pois sem eles não enxerga nada, mas não os usa, pois acredita que homens não acham atraentes mulheres de óculos, e assim vive esbarrando nas paredes chegando ao ponto de pedir para suas amigas lhe contarem como é a aparência do homem com quem ela pretende casar, pois ela não consegue enxergá-lo.
Tecnicamente o filme é excelente e reitero que o trio principal está espetacular, todas lindas, maravilhosas e atuando divinamente. "Como Agarrar Um Milionário" também tem outro chamariz, o fato de ser um dos primeiros a ser filmado com a tecnologia  CinemaScope (um tipo de filmagem  wide-screen) que ajudou a modernizar o cinema. CinemaScope foi um dos primeiros a utilizar o sistema de som surround o que rendeu uma bela cena de abertura do filme que não tem nada a ver com o enredo do filme mas mesmo assim é muito bela e vale a pena ser vista.
Adorei o filme, é superdivertido e se você quiser (e forçar a barra) pode até levantar uma polêmica, um debate, mas não é necessário. O compromisso de mostrar uma obra grandiosa e ao mesmo tempo simples foi cumprido com sucesso. Vendo o filme, eu senti vontade de viver naquela época, conhecer aquela Nova York, todo o seu luxo quando acontece essa imersão. Eu me divirto muito embora fique chateado pelo fato de que as moças não falariam comigo, pois não uso terno.
Foto que demonstra bem a personalidade de cada uma (d esquerda para a direita Pola Debevoise, Loco Dempsey e Shatze Page)