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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

"Fanfare d'Amour", de Richard Pottier (1935) vs. "Quanto Mais Quente Melhor", de Billy Wilder (1959)

 


Eis aqui um caso em que o remake, simplesmente, atropela o original. É quando uma comédia despretensiosa, sem grande desenvolvimento, produzida por um país ainda não tão significativo, na época, é repensado com maiores ambições, ganha uma melhor elaboração, tem o aporte de um grande estúdio norte-americano e é entregue nas mãos de um dos grandes mestres do cinema. Aí não tinha como dar rúim.

O francês "Fanfarras do Amor" é legal, é  simpatiquinho, sua premissa cômica é interessante é promissora, mas é exatamente nisso que o diretor e roteirista norte-americano Billy Wilder tem seu grande trunfo. O mote inicial é bom: dois músicos com dificuldade financeira que tem que ingressar, travestidos, em uma banda feminina para dar um jeito na miséria, mas que, inevitavelmente acabam se envolvendo com as garotas e tem que alternar as identidades para, ora tocar no conjunto, ora tentar conquistar as integrantes desejadas.

Wilder pegou esse bom prato e acrescentou alguns temperos. Pensou então, "e se eles, além da dureza de grana, tivessem forçosamente que se disfarçar para salvar a própria pele?", "...se eles estivessem, tipo..., sendo perseguidos por criminosos?", "se apenas um dos músicos se interessasse por uma instrumentista do grupo e o outro mesmo relutante servisse como seu escudeiro?", "e se esse cúmplice tivesse que se submeter a situações quase absurdas para ajudar o romance do amigo?". A incrementada de Billy Wilder fez toda a diferença e favorece diversas dinâmicas. Enquanto o longa francês morre cedo, se esgota rápido numa repetição de vira homem vira mulher, vai e toca na banda e corre pro o quarto do hotel; o norte-americano, mesmo repetindo esse frenesi de "põe o disfarce e tira o disfarce", é mais criativo, diversifica ambientes, insere personagens, cria novas complicações para a dupla de protagonistas. 

Se em "Fanfarras do Amor" a viagem com a banda feminina para a Riviera Francesa é meramente circunstancial, em "Quanto mais Quente Melhor", o afastamento para um lugar mais quente, a Flórida, é fundamental no enredo, uma vez que a dupla de músicos, tendo sido testemunha de um crime numa garagem em Chicago, vê na oportunidade de viajar para beeeem longe, a melhor, e talvez única, alternativa para escapar dos mafiosos que passam a os perseguir. 

No filme francês, pode-se dizer que grande parte do envolvimento do músico bonitão, Jean, com uma das cantoras do grupo se passa no trem, enquanto que no norte-americano, embora o interesse do saxofonista, Joe, pela tocadora de ukelele seja revelado também na viagem sobre os trilhos, e as confusões deles com as garotas rendam boas risadas, o ápice da ação e dos encontros e desencontros se dá no hotel em Miami. Na versão francesa, no entanto, o hotel é palco, além dos números musicais, de uma série de repetições de troca de figurinos, sobe e desce de escadas, e tentativas do mais cômico mas menos atraente da dupla, Pierre (Jean Carrete), em revelar a identidade do companheiro, Jean (Fernand Gravey), de modo a conquistar a desejada Gaby. É! Sim! Em "Fanfarras do Amor" há uma competição pela garota da banda e a todo momento um fica tentando desmascarar o outro, só que Jean leva uma certa vantagem por fazer o tipo galã e por se passar por produtor musical, o que acalenta o sonho de Gaby de se tornar uma cantora conhecida e se projetar no cenário artístico.

Em "Quanto Mais Quente Melhor" a resistência de Jerry ao assédio às garotas da banda, o contrabaixista vivido por Jack Lemmon, se dá somente pelo temor de revelarem o disfarce e serem expulsos do grupo. Embora tentado pelas formas femininas, Jerry não tem nenhuma pretensão nesse sentido. Já seu colega de fuga, o saxofonista Joe (Tony Curtis), mulherengo e galanteador, logo se encanta por Sugar Kane, a garota mais rebelde da banda, interpretada por Marilyn Monroe, e, sabendo da ambição da loura por conhecer um milionário, além do disfarce feminino, ainda se faz passar por um magnata dono de uma das maiores petrolíferas do mundo. Mas para tal farsa terá que contar com a retaguarda de Jerry, agindo sob a identidade de Daphne para distrair um ricaço (esse, sim, de verdade) e usufruir de suas vantagens para impressionar Sugar.

A propósito, o trio de ataque do técnico Wilder é de enlouquecer qualquer adversário. Lemmon simplesmente hilário a cada mudança de Jerry para Daphne e vice-versa; Curtis, malandro, conquistador, ardiloso, se desdobrando em três papéis (Joe, Josephine e Junior), e Marilyn, mesmo indisciplinada, acima do peso, chegando atrasada nos treinos e brigando com o treinador (tinha discussões com Wilder), entregava em campo e fazia um dos papéis mais marcantes de sua carreira.


"Fanfare d'Amour" - Jean (Fernando Gravey)
em número musical no hotel


"Quanto Mais Quente Melhor" - Sugar Kane (Marilyn Monroe)
em número musical no hotel


Não tem jeito: "Quanto Mais Quente Melhor" goleia.

Um gol pelo enriquecimento do enredo com elementos como a máfia, o testemunho do assassinato, o motivo adicional de aceitarem entrar para um grupo feminino e da fuga para um lugar o mais distante possível, a farsa do milionário, o verdadeiro ricaço e seu "envolvimento" quase compulsório com o baixista...  Tudo! A história simplória de "Fanfarres d'Amour" vira outra coisa!!! QMQM 1x0.

A propósito da quedinha do milionário Osgood pela 'delicada' Daphne, na verdade o relutante baixista Joe, a situação toda, absurdamente cômica, e a atuação de Jack Lemmon tendo que ceder à pressão do amigo e se fazer convincente como mulher para conseguir as benesses de luxo do esbanjador pretendente, vale mais uma bola na rede para o time de 1961. A sequência toda em que eles se encontram no bar do hotel e dançam tango a noite inteira é de morrer de rir. 2x0 para o time do Tio Billy.

Por falar em gargalhadas, a sucessão situações hilárias garante o terceiro para o time de Billy Wilder. A "festinha" no trem, Joe enfiado na banheira de roupa e tudo para não ser desmascarado, os dois embaixo da mesa dos criminosos no reencontro com a máfia no hotel em Miami, a própria caracterização dos dois como mulheres... 3x0 no placar.

Mas aí, com o placar favorável, jogo tranquilo, o time de 1961 relaxa e acaba metendo um gol contra. Na ânsia de explorar a sensualidade da loura sem ser apelativo, Wilder erra a mão na sequência do iate com uma situação longa e cansativa do que seria uma "recuperação" das capacidades masculinas do (falso)milionário Shell Junior. Ah, é um beija, rebeija, insiste, desiste, aposta, embaça os óculos de tanta "pressão" da loira, e aquilo não acaba nunca. Cansativo. O time francês faz o seu primeiro numa falha do treinador adversário. 3x1.

Será sinal de uma reação? 

Que nada!

Marilyn, que teve culpa no gol do adversário, se redime em grande estilo com o número musical de "I Wanna Be Loved By You", que é das coisas mais graciosas que já se viu na história do cinema. Ela fazendo aquele "Boop-boop-a-doop" é algo simplesmente sensacional. Jogada individual. Gol de uma das craques do time. Pode até não ser um exemplo de atleta mas lá dentro resolve. 4x1! Marilyn Monroe!!!

Já pelo lados da Riviera Francesa, de um modo geral, a maioria dos números musicais são chatos e maçantes, com uma espécie de coreografia bávara exibida no hotel, no entanto, o primeiro momento em que Jean se passa por produtor, ainda no trem, mostra sua canção a Gaby e ambos a cantam juntos no trem, é um momento bonito, bem captado e garante o segundo para Fd'A. 4x2.

Mas não havia muito mais para tirar do time do técnico Richard Pottier e o placar estava definido. 

Ôpa!!!

...

...

Quando parecia que nada mais ia acontecer, no apagar das luzes, na cena final de "Quanto Mais Quente Melhor", numa tabelinha de Jack Lemmon com o ator Joe E. Brown, o milionário Osgood Fielding, o diálogo final entre os dois garante o quinto para QMQM. Golaço de Jack (ou Jerry... ou Daphne...). Ora, não importa! O importante é que o remake faz 5x2 e liquida com qualquer chance do filme original. O árbitro aponta o centro de campo e está encerrada a partida.

Prevalece o time com mais criatividade, qualidade técnica e talento individual.


O time francês tem virtudes mas contra o trio de ataque dos
comandado do técnico Wilder, não tem como competir.



Não tem como culpar "Fanfare d'Amour" por tentar encarar "Quanto Mais Quente Melhor".
Viu que tinha bons jogadores, achou que teria chance, ok, ok...
Como diria o apaixonado velhote Osgood, "Ninguém é perfeito".






por Cly Reis

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Sinéad O'Connor - "Am I Not Your Girl?" (1992)

 



"São as músicas
que cresci ouvindo
e me fizeram querer
ser cantora."
Sinéad O'Connor



Sabe aqueles discos que a gente acha que ninguém mais gosta além de você? Pois é, "Am I Not Your Girl?", de Sinéad O'Connor era assim pra mim. Já era fã da cantora de seus trabalhos de carreira, mas aí na compilação "Red Hot + Blue" coletânea com vários artistas em homenagem a Cole Porter, descobri a veia jazz da irlandesa. No projeto da organização Red Hot, em benefício às vitimas da AIDS, Sinéad interpretava, de forma magnífica, a lindíssima "You do something to me" e aquilo me arrebatou. Mas acredito que a experiência tenha sido importante para ela também, uma vez que a cantora lançaria dois anos depois, um álbum só de standarts do jazz.

Sinéad canta com elegância, com precisão, confere a emoção exata para cada canção.

A faixa de abertura já justificaria todos os elogios à obra: "Why don't you do right?", canção originalmente do filme "As noivas do Tio Sam", mas imortalizada na voz da sensual personagem de desenho Jessica Rabbit, ganha carne e osso na boca de Sinéad O'Connor numa interpretação provocativa, insinuante, venenosa, digna da femme-fatale do desenho animado.

"Bewitched, Botched and Bewildered" que a segue, conjuga magicamente melancolia, delicadeza e graça, com a cantora colocando uma doçura tal, uma fragilidade na voz... que chega a ser algo realmente tocante. "Secret Love", originalmente cantada por Doris Day, nos anos 50, tem um arranjo mais aberto, mais luminoso, mas Sinéad canta num ar quase confidente ao revelar, "Once I had a secret love" e logo abre o peito para revelar que não  tem segredos para mais ninguém, "My secret love is no secret anymore". E "Black Coffee", gravada anteriormente por nomes como Sarah Vaughn e Ella Fitzgerald, e trilha do filme "Algemas Partidas" em 1960, confirma perfeitamente aquela atmosfera misteriosa de filme noir.

No entanto é em "Success has made a failure of our home" que a irlandesa despeja sua maior carga emocional em uma das canções do disco. Apoiada por um arranjo jazz-rock intenso, Sinéad numa interpretação dramática, encarna uma mulher desesperada, quase indo às  lágrimas, se desfazendo, se desintegrando diante de seu homem, implorando para que ele simplesmente diga que ela ainda é sua garota.

Outro ponto alto do disco é a ótima "I want to be loved by you", do filme "Quanto mais quente melhor", na qual Sinéad conserva a discontração e a leveza da original, interpretada por Marilyn Monroe, com direito até a um "Boop-boop-a-doop!", que, se não tem a mesma sensualidade da loira, tem graça e doçura.

A sombria canção do compositor húngaro Rezső Seress, letrada por László Jávor, "Gloomy Sunday", associada frequentemente a suicídios, traduzida para o inglês e cuja interpretação mais famosa é de Billie Holiday, ganha uma verão não menos emocional, intensa e cheia de possíveis "leituras" e "interpretações" na voz da irlandesa que, sabe-se bem, embora tenha morrido de causas naturais, tentara o suicídio diversas vezes durante a vida.

"Love Letters", clássico que já esteve nas trilhas de diversos filmes e peças, com os mais variados andamentos e ênfases, neste disco ganha uma sonoridade imponente de metais com uma poderosa introdução de uma orquestra de jazz, enquanto Sinéad, se comparada a outras grandes vozes como Nat King Cole e Elvis Presley que já interpretaram a canção, opta por uma interpretação sóbria, comedida, que lhe confere um aspecto ainda mais fragilizado.

Em uma leitura extremamente melancólica e dramática do clássico da bossa-nova, "Insensatez", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, a irlandesa demonstra toda a importância e a influência da música brasileira em sua formação. "Scarlett Ribbons", canção de Natal na sua origem, aqui adquire uma carga quase fúnebre. Muito se dá pelo formato: a voz acompanhada apenas por uma flauta, e o tom cru do estúdio, com o ouvinte podendo captar todas as respirações, as pausas, os vazios...

"Don't cry for me, Argentina", do musical Evita, aparece em duas versões, uma cantada, que se não é nada excepcional, no mínimo é, inegavelmente, melhor do que a da Madonna, e uma instrumental, num jazz descontraído e acelerado, que, praticamente fecha o disco, que ainda tem uma mensagem pessoal da cantora sobre a dor (o que também fez ainda mais sentido depois das circunstâncias de sua morte).

Na época que soube do projeto da irlandesa, tratei de dar um jeito de dar um jeito de conseguir aquele seu novo álbum, só que duro como era na época (e ainda sou), o jeito foi gravar e ter em K7. Muito ouvi aquela fita. Gastei os cabeçotes do walkman com ela. Até evoluí depois, embora ainda sem grana, para o CD gravado, mas nunca havia tido uma mídia original. Até que numa dessas feiras de vinil, encontrei por um preço bem razoável o "Am I Not Your Girl?" em LP. O vendedor, um senhorzinho muito simpático que me contou ter sido DJ em festas disco dos anos 70, se derreteu pelo álbum. Disse ser aquele, na sua opinião, um grande disco, trabalho que muita gente não valoriza mas que para ele era o melhor da cantora, interpretações  incríveis e tudo mais... Se eu tivesse alguma dúvida, as teria abandonado naquele momento com uma manifestação tão  entusiástica como aquela. Mas a admiração pelo disco não parou nele: tenho o hábito de compartilhar nas redes sociais minhas trilhas sonoras do dia e num dia desses qualquer, ouvindo o álbum, lancei lá no Facebook, no Instagram, no Twitter, um "Ouvindo agora, "Am I Not Your Girl?", de Sinéad O'Connor". Ah, foi uma enxurrada de likes e comentários. "Grande disco", "Esse disco é muito bom", "Dos meus preferidos", e etc. Aí  que eu descobri que não sou só eu que adoro esse disco. E, cá entre nós, um disco com tantos clássicos, canções eternizadas pelo cinema, músicas já interpretadas por nomes imortais, admirado desta maneira, e com essa importância na vida de tanta gente, não pode ser considerado menos que um ÁLBUM FUNDAMENTAL

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FAIXAS:
1. "Why Don't You Do Right?" - Joe McCoy (2:30)
2. "Bewitched, Bothered and Bewildered" - Lorenz Hart, Richard Rodgers (6:15)
3. "Secret Love" - Sammy Fain, Paul Francis Webster (2:56)
4. "Black Coffee" - Sonny Burke, Paul Francis Webster (3:21)
5. "Success Has Made a Failure of Our Home" - Johnny Mullins (4:29)
6. "Don't Cry for Me Argentina" - Andrew Lloyd Webber, Tim Rice (5:39)
7. "I Want to Be Loved by You" - Bert Kalmar, Harry Ruby, Herbert Stothart (2:45)
8. "Gloomy Sunday" - László Jávor, Sam L. Lewis, Rezső Seress (3:56)
9. "Love Letters" Edward Heyman, Victor Young 3:07
10. "How Insensitive" - Vinicius de Moraes, Norman Gimbel, Antônio Carlos Jobim (3:28)
11. "Scarlet Ribbons" - Evelyn Danzig, Jack Segal (4:14)
12. "Don't Cry for Me Argentina" (Instrumental) - Andrew Lloyd Webber, Tim Rice (5:10)
13. "Personal message about pain (Jesus and the Money Changers)" (Hidden track) - O'Connor (2:00)

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Ouça:



por Cly Reis

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Museu Madame Tussauds - Londres - UK









Londres tem inúmeros museus dos mais variados estilos, assuntos e interesses, desde arte a tecnologia, de história natural a moda, mas dentre todos, um dos mais legais, clássicos e imperdíveis é o lendário museu de cera de Madame Tussauds. Com suas reproduções altamente fiéis de celebridades, o museu é um dos mais famosos e frequentados do mundo. O acervo vai sempre se renovando, adequando-se à época e aos ídolos e grandes nomes que façam parte do momento, mas algumas figuras como Pelé, Michael Jackson, Marilyn Monroe, Beatles e a realeza britânica estão sempre presentes nas coleções. Vai a Londres? Não deixe de visitar o Tussauds, que como mais uma atração, curiosamente, fica exatamente na rua que inspirou o famoso livro de Arhtur Conan Doyle para o detetive Sherlock Holmes, a Baker Street, que tem até uma estátua para o icônico personagem de romances de mistério.
Confira abaixo algumas imagens do Madame Tussauds:





Deus Salve a Rainha.
(Rainha Elizabeth e o Príncipe Consorte Philip)


Royalle with Cheese
(Samuel L. Jackson e John Travolta)
Bond, James Bond.
(Sean Connery)

Tudo é relativo.
(Albert Einstein)

Meu brother Morgan
(Morgan Freeman)

E aí, Nicolinha, será que rola?
(Nicole Kidmann)

A benção, João de Deus.
(João Paulo II)

Supense!
(Alfred Hitchcock)

Acelera, Lewis!
(Lewis Hamilton)

Beckham e a Posh Spice
(David e Victoria Beckham)

Oscar e eu, divagando.
(Oscar Wilde)

Os quatro rapazes
(The Beatles)

Vamos fazer um som, aí, Jimi!
(Jimi Hendrix)

Hum! Que peitinhos, Britney.
(Britney Spears)

Nos contentamos com o que há de melhor, não é, Winston?
(Winton Churchill)

Guilhotina neles
(Luís XVI e Robespierre, os dois à esquerda
e Maria Antonieta, bem à direita)

E na parte de fora, Sherlock Holmes, na Baker Street.


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

COTIDIANAS nº476 Especial Dia das Bruxas - A Pintinha da Marilyn


"Parecida com a da Marilyn". Até parece! A da Marilyn era bonitinha, sensual, discretinha ali logo acima do canto da boca, à esquerda, no início da bochecha. E além do mais acho que nem era de verdade, devia ser feita com lápis. A minha é um verruga mesmo. Agora vinha aquela dermatologistazinha tentar me convencer a deixar aquilo no meu rosto. Nem pensar.
- Não, pode tirar mesmo. - confirmei.
- Se é assim que você quer. - disse a médica sorrindo e já preparando os instrumentos.
Seria um procedimento rápido. Aquele tipo de remoção de sinais nos dias de hoje é um processo bastante simples e indolor. Seria feito ali rapidamente e nem necessitaria de recuperação ou convalescença posterior.
Enquanto a profissional habilmente executava a tarefa em seu rosto seu pensamento viajava até a escola onde as impiedosas colegas não hesitavam em apelidar maldosamente de bruxa por causa daquele maldito sinal proeminente. Ah, que ódio! E ainda mais no lugar onde viviam, uma antiga cidadezinha interiorana no sul da França cheia de lendas e de um passado cheio de histórias envolvendo comunidades secretas e inquisição, mais munição havia para que lhe importunassem. Por que não a deixavam em paz? Só porque era diferente? Por que se recusava a ser boba, estúpida e fútil como as outras. Ninguém tem o direito de querer ser do seu jeito? Vestir-se como quer? Ouvir as músicas que gosta? Mas que inferno! Mas agora não teria mais que aguentar as piadinhas das colegas. Não mais.
- Prontinho. - anunciou a dermatologista - Mas eu ainda preferia com a pintinha. - sorriu.
- Obrigado mas eu prefiro assim. - confirmou satisfeita olhando para o espelho em frente à cadeira.
Não havia mais pinta, não havia mais verruga, as piadinhas ainda persistiriam por algum tempo, é certo, porque, afinal de contas, não iriam dar-se por vencidas assim tão fácil, mas logo, sem aquela coisa horrorosa na cara, a deixariam em paz.
A clínica era perto de casa, como tudo naquela cidade minúscula e por isso voltou para casa caminhando. Carregava um discreto sorriso no rosto. As chatas até continuariam implicando com sua roupa preta, com sua música soturna, seus piercings mas a verruga era algo que a incomodara a vida inteira. Sua mãe tinha uma, sua avó também e agora se livrara daquela herança genética maldita.
Chegou em casa, dirigiu-se para seu quarto e foi imediatamente apreciar sua nova aparência no espelho. Mas... a verruga estava lá! Como? Saíra do consultório sem aquilo. Tinha certeza. Olhara-se no espelho. Como? Será que...? Seria verdade? As verrugas hereditárias, as lendas da cidade, os misteriosos jogos de bridge toda sexta-feira à noite com outras senhoras... Voltavam tarde, de madrugada, E o livro de "receitas" que elas nunca me deixaram sequer chegar perto... Seria possível? Então a semelhança de seu sobrenome com o daquela antiga família da região não era coincidência... Angier, Agger... E as meninas implicavam tanto com aquilo. Então tinha fundamento.
Foi tomada inicialmente por uma espécia de desespero, de angústia, de auto-repulsa mas as sensações foram se amenizando e aos poucos dando lugar a uma nova perspectiva. Se era o que agora achava que era, então finalmente não precisaria mais se preocupar com as piadinhas das colegas. Não mais.



Cly Reis

sábado, 12 de março de 2016

"Como Agarrar um Milionário", de Jean Negulesco (1953)



No ano de 1953, a 20th Century Fox, gritou  “ Pela união dos seus poderes, eu sou f0#@”e uniu três superestrelas do cinema,  Marilyn Monroe, Betty Grable e Lauren Bacall, para fazer um grande filme  e mostrar toda sua força no mercado. O filme? "Como Agarrar Um Milionário".
Em Nova York, Schatze Page (Lauren Bacall), (Marilyn Monroe) e Loco Dempsey (Betty Grable), três modelos, alugam, em Manhattan, um elegante apartamento com o objetivo de arrumarem maridos ricos mas, com desenrolar da trama, vemos que o plano não dá certo e elas acabam se envolvendo, mais uma vez com homens pobres.
E essa beleza e charme? Ai, meu coração!!!
A obra é bem simples, é daqueles filmes para assistir e dar boas risadas. Embora a história do filme já seja batida e clichê, até mesmo para a época, devido às grandes atuações o filme consegue se sustentar muito bem. O trio é o grande destaque do filme, são personagens femininas fortes e decididas. Sim, estão em busca de maridos ricos, ok, podemos colocar um olhar critico nisso, se pensarmos nas lutas de igualdade que temos hoje, mas acredito que colocar essa busca pelo homem ideal como ponto negativo do filme, que por consequência inferioriza as mulheres, seja algo equivocado. Acho que fazer um filme com esse roteiro nos dias de hoje, isso sim seria algo negativo. O filme é um recorte exagerado da sociedade americana daquela época, então devemos analisar o filme, a obra final, junto com o contexto da sociedade na qual ele foi filmado.
Os figurinos luxuosos são um dos destaques do longa.
É um luxo, um deslumbre visual em tudo. O cenário e os figurinos retratando a alta sociedade americana da década de 50 e o fato do filme ser colorido contribuíram bastante para ressaltar toda essa “ostentação”, para utilizar uma palavra da moda. Como falei anteriormente, as atuações do trio principal também são um luxo. Schatze Page (Lauren Bacall) funciona como a líder do grupo, serve como inspiração para as outras moças. Schatze é a mais determinada do grupo em cumprir o objetivo, não aceitando de nenhuma forma qualquer contato com um homem que não utilize terno (eu achei isso o máximo). Loco Dempsey, vivida por Betty Grable) (seu nome é bem sugestivo) é a mais impulsiva das três, diria até, a mais inocente. Se mostra algumas vezes, ao longo do filme, disposta a abandonar o plano e seguir seu coração, porém suas amigas sempre conseguem convencê-la a continuar. Em uma cena muito divertida, Schatze chama a atenção de Loco pelo fato desta pedir para um homem lhe ajudar a carregar as compras. Detalhe: o homem não veste terno. E por último e não menos importante, Pola Debevoise (Marilyn Monroe). Pola é um meio termo: deixa claro durante todo filme que apoia os planos Schatze, mas que gostaria de seguir seu coração como Loco. Uma particularidade que gera cenas divertidíssimas é o fato de Pola precisar usar óculos pois sem eles não enxerga nada, mas não os usa, pois acredita que homens não acham atraentes mulheres de óculos, e assim vive esbarrando nas paredes chegando ao ponto de pedir para suas amigas lhe contarem como é a aparência do homem com quem ela pretende casar, pois ela não consegue enxergá-lo.
Tecnicamente o filme é excelente e reitero que o trio principal está espetacular, todas lindas, maravilhosas e atuando divinamente. "Como Agarrar Um Milionário" também tem outro chamariz, o fato de ser um dos primeiros a ser filmado com a tecnologia  CinemaScope (um tipo de filmagem  wide-screen) que ajudou a modernizar o cinema. CinemaScope foi um dos primeiros a utilizar o sistema de som surround o que rendeu uma bela cena de abertura do filme que não tem nada a ver com o enredo do filme mas mesmo assim é muito bela e vale a pena ser vista.
Adorei o filme, é superdivertido e se você quiser (e forçar a barra) pode até levantar uma polêmica, um debate, mas não é necessário. O compromisso de mostrar uma obra grandiosa e ao mesmo tempo simples foi cumprido com sucesso. Vendo o filme, eu senti vontade de viver naquela época, conhecer aquela Nova York, todo o seu luxo quando acontece essa imersão. Eu me divirto muito embora fique chateado pelo fato de que as moças não falariam comigo, pois não uso terno.
Foto que demonstra bem a personalidade de cada uma (d esquerda para a direita Pola Debevoise, Loco Dempsey e Shatze Page)




terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os mais sexy do cinema



O site Première, especializado em cinema, publicou sua lista dos 100 mais sexy do cinema em todos os tempos. Dessa vez gostei da lista. Tirando uma coisinha aqui, outra ali fora de lugar, como pro exemplo a Halle Berry estar entre os 10, o que acho demais pra bolinha dela, se bem que ruim é que ela não é, né? (Vamos combinar).

James Dean pra mim seria o que viria imediatamente após os três do pódio e Russel Crowe não deveria estar sequer relacionado. Mas são apenas questões de preferência. A lista está boa no geral.

Na ponta a quentíssima Marylin, seguido por Brando e pela Bardot. Trinca insuperável essa, hein!

Vejam aí o top 10:


Marilyn, no topo da lista.
1. Marilyn Monroe

2. Marlon Brando

3. Brigitte Bardot

4. Rudolph Valentino

5. Angelina Jolie

6. James Dean

7. Sean Connery

8. Raquel Welch

9. Brad Pitt

10. Halle Berry


Confira o resto da lista no site da Première no link aí embaixo: