"Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu."
Mário Quintana
Se me perguntarem onde fica o Alegrete, como no clássico nativista “Canto Alegretense” (dos conterrâneos Nico e Bagre Fagundes), responderei que fica, sim, bem longe de Porto Alegre. Em razão de um adorável compromisso profissional que tive na cidade encravada no Pampa gaúcho, a ministração do meu curso de cinema negro junto ao Sesc Alegrete, pude, igualmente, conhecer um pouco desta cidade tão emblemática na história do Rio Grande do Sul por ser a terra de ninguém menos que gente ilustre como o poeta
Mário Quintana, mas também Paulo César Pereio, Sérgio Faraco, João Saldanha e Osvaldo Aranha. Muita história.
Já encerrada minha atividade, ocorrida na parte relativamente nova da cidade, atravessando-se o Rio Ibirapuitã - povoada muito em razão da chegada da universidade pública, a Unipampa, há 15 anos -, pude, então, fazer uma breve mas proveitosa deriva pela região central de Alegrete. As paisagens do campo, das fazendas e estâncias típicos do Pampa, aquelas que se veem pela janela enquanto se chega ou retorna, claro, estas não as vi a olho nu.
Mas essas poucas horas de apreciação do olhar me trouxeram satisfação em conhecer um Centro que, distante 500 quilômetros de Porto Alegre, fez-me lembrar da capital em alguns momentos. Um Centro tomado basicamente por casas, em que se enxerga a rua adiante mirando das esquinas, um Centro cujas ruas (Andradas, Venâncio Aires, Getúlio Vargas, Joaquim Nabuco) se assemelham não só nos nomes como nas formas e modos. Mas um Centro que guarda ainda a memória, mesmo que descuidadamente, relação com sua abandonada estação férrea, essencial nos tempos antigos e responsável pelo crescimento econômico e social de muitos municípios do interior, assim como Alegrete, ainda hoje forte na agricultura.
Agora que estive lá (e muito bem recebido fui), se me perguntarem onde fica o Alegrete poderei dizer, sem pestanejar, parafraseando a velha canção gauchesca, que meus pés, em deriva, seguiram o rumo do meu próprio coração.
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| Largo da antiga estação férrea |
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| Prédio da estação férrea. Deteriorando-se |
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| Os trilhos. Para onde se vai mesmo? |
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| Fim de tarde na antiga estação |
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| Sol alaranjado na velha caixa d'água... |
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| ...iluminando também os trilhos abandonados |
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| "Anarquia, Oi!" |
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| Uma informação, por favor: para onde vai este trem? |
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| Passarela para o nada |
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Art nouveau, vieille art
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Tranquilidade para pastar, que o trem não virá hoje
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| Como fazer agora para calçá-los? |
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| Saindo para o trabalho |
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| Voltando do trabalho |
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| Porta com porta |
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| Equilibrando-se no tempo |
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| Nas (es)quinas |
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| Os homens velhos e a máquina velha |
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| Dois cinco quatro |
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| Fim de tarde, janelas fechadas |
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| Mensagem importante |
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| Numa charmosa esquina de Alegrete... ou seria São Paulo? |
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| E ele ainda não chegou em casa |
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| A rosazul |
Daniel Rodrigues