Curta no Facebook

Mostrando postagens classificadas por data para a consulta “Heroes”. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta “Heroes”. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Black Grape - "It's Great When You're Straight... Yeah" (1995)


"Shaun Ryder nos Happy Mondays não era eu.
Ele era uma caricatura"
Shaun Ryder,
da autobiografia “Twisting my Melon”



“Os Happy Mondays nunca mais haviam gravado nada de muito interessante. Não como Happy Mondays”.

Assim terminei a resenha do disco "Pills 'n' Thrills and Bellyaches", aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Pois é. Pois não é que pouco tempo depois de anunciarem o fim da banda, apareciam com um novo projeto, encabeçado pela dupla de frente do Happy Mondays, Shaun Ryder e o dançarino Bez? Era o Black Grape.

Contando com músicos de diversas outras bandas, um DJ, metais, percussionistas, o som dos ex- Mondays aparecia agora ainda mais dançante, mais black, incrementado com elementos rap, hip-hop, funk e reggae, e “It's Great When You're Straight... Yeah” de 1995, seu álbum de estreia soa como uma grande festa cheio de vibes, fanfarras e curtição.

“Reverend Black Grape”, que abre o disco já dá o tom, numa faixa embalada, cheia de funk, tempero e salvas, com uma harmônica marcante e gostosa que pontua a canção ao longo de sua duração. Uma nova religião estava sendo inaugurada e o seu líder era um reverendo devasso! A ótima “In the Name of the Father”, com ares meio indianos, teve inclusive um trecho adaptado para o tema do filme “Madagascar'; a irônica “Kelly's Heroes”, mais rockada, tem uma guitarra sobreposta aos outros instrumentos, que conduz a música de maneira vibrante; a chapada “Tramazi Party”, aludindo aos 'comprimidinhos' das festas, cheia de metais, é louca, frenética e muito legal; “Shake Well Before Opening” lembra muito “Bob's Yer Uncle” dos próprios descendentes; “A Big Day in north” vai numa levada mais lenta e sensual; “Shake Your Money” tem um embalo todo reggae, num clima mais ameno; e “Little Bob”, encerra a festa em grande estilo, mantendo o clima lá em cima,  num encerramento digno de um grande álbum.

Era como se fosse o Happy Mondays com outro nome tendo acompanhado a evolução sonora daquele tempo, as tendências, os recursos, o momento. Se era o que tinha que acontecer para que voltassem a fazer um grande disco, que fosse. O resultado deu certo.

Ao que parece, soube por alto, os Happy Mondays estão de volta à ativa, mas sem o mesmo brilho de outrora, ou mesmo sem o brilho do próprio Black Grape. Uma sugestãozinha apenas: já pensaram em mudar de nome de novo?

******************************

FAIXAS:
  1. " Reverend Black Grape " – 5:12 
  2. "In the Name of the Father" – 4:21 
  3. "Tramazi Parti" – 4:45 
  4. "Kelly's Heroes" – 4:22 
  5. "Yeah Yeah Brother" – 4:10 
  6. "A Big Day in the North" – 4:10 
  7. "Shake Well Before Opening" – 5:40 
  8. "Submarine" – 3:50 
  9. "Shake Your Money" – 4:13 
  10. "Little Bob" – 5:33

*******************************
Ouça:

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Iggy Pop - "The Idiot" (1977)




“Nesse exato momento,
eu queria estar morto.
Eu simplesmente
não aguento mais”.
texto do bilhete deixado por Ian Curtis,
encontrado enforcado em sua casa,
com o disco “The Idiot” de Iggy Pop ainda rodando no toca-discos.

Depois de ter produzido o último álbum dos pré-punk, The Stooges, David Bowie já renomaado e prestigiado adotava o vocalista da banda, Iggy Pop, como pupilo e produzia seu álbum solo de estréia. Neste disco, “The Idiot”, de 1977, o Camaleão limpava o som ruidoso e retumbante dos Stooges, conferindo toda uma sofisticação e classe, acrescentava alguns toques tecnológicos e eletrônicos, dosando os elementos, sem contudo violentar a característica agressiva e selvagem do cantor. Provas disso são “China Girl”, que viria a ser gravada por Bowie anos depois em um álbum próprio, exemplo claro de punk moderado, com todos os elementos ali, ritmo, força, distorção, voz rasgada, porém amenizados por um tema romântico e por um teclado agudo tipicamente oriental; ou “Funtime” cuja agressividade sonora fica contida pelos ecos e efeitos dando lhe inclusive um certo ar futurista.
 “Sister Midnight”, a faixa que abre o disco e uma das grandes músicas dele, é notável com sua estrutura totalmente quebrada e pela versatilidade dos vocais de Iggy dentro da mesma canção; “Dum Dum Boys” mesmo na voz de Iggy é aquele tipo de balada tipicamente bowieana; o charmosíssimo pop de cabaré “Nightclubbing”, que mais tarde veio a ter uma versão igualmente admirável de Grace Jones, tem Iggy numa interpretação notável simulando uma certa embriaguez na voz; e o disco fecha com a lenta, minimalista e arrastada “Mass Production”, e seu apito de navio anunciando o fim do disco.
 Um dos mais importantes e primeiros representantes da chamada fase berlinense de David Bowie que ainda traria seus excelentes "Low", “Lodger” e Heroes”, além de outra espetacular parceria com Iggy Pop, produzindo seu ótimo “Lust for Life”, que por certo, mais cedo ou mais tarde vai acabar pintando aqui nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS.
****************************************

FAIXAS:
  1. "Sister Midnight" – 4:19
  2. "Nightclubbing" – 4:14
  3. "Funtime" – 2:54
  4. "Baby" – 3:24
  5. "China Girl" – 5:08
  6. "Dum Dum Boys" – 7:12
  7. "Tiny Girls" – 2:59
  8. "Mass Production" – 8:24
*****************************
Ouça:
Iggy Pop The Idiot



Cly Reis

sábado, 12 de novembro de 2011

Brechó Solidário – Atelier Vanice Cougo – POA – RS (23/10/2011)






Fui ao brechó solidário em prol de animais abandonados no atelier da artista plástica Vanice Cougo, na Cidade Baixa, a convite de minha tia e parceirona Isaura Reis e da adorável amiga Francine Kras Borges, envolvida na causa. Sabendo de antemão que haveria pouca roupa masculina, interessei-me por saber que estaria à venda, entre outras coisas, CD’s. Para minha boa surpresa, além de alguns CD’s – como o ótimo “05:22:09:12 Off”, do Front 242, que peguei pra mim –, tinha também vinis. Poucos mas bons! O suficiente para vir para casa com uma pilhazinha de bolachões. São velhos conhecidos, mas as aquisições são novas. Eis:


Ambitious Lovers, "Lust"
“Lust”, The Ambitious Lovers (1990) – O segundo e último trabalho da dupla Peter Scherer e do múltiplo “americano-pernambucano” Arto Lindsay. Assim como o primeiro, “Greed” (1988), segue no estilo sofisticado da banda, que foi uma das precursoras fora do país a unir MPB a um som moderno e tecnológico. Destaque para a faixa-título, a linda “Villain”, parceria com Caetano Veloso (com direito a participação dele e de Naná Vascocelos!), e para a versão eletrificada de “Umbabarauma”, de Jorge Ben. Disco bem legal.









"Midnight Express, soundtrack
“Midnight Express Soundtrack”, Giorgio Moroder (1978) - A marcante trilha sonora de um dos melhores trabalhos de Alan Parker. A música desenha a atmosfera de melancolia, solidão e mistério do filme. De tão forte que é, impossível não associar cenas ao tema musical, como a histórica sequência final. Além desta, cenas como da perseguição pelas ruas de Istambul ou a do acesso de fúria do personagem principal na cadeia são fortemente pontuadas pela música de Moroder.











Caetano, "Totalmente Demais"
“Totalmente Demais”, Caetano Veloso (1986) – Pode-se dizer o precursor do modelo “Acústico MTV”. Este bom disco de Caetano, só na voz e violão, traz, como sempre quando se trata do artista, obras-primas. Já inicia com a então inédita na voz dele “Vaca Profana”, um clássico. Ainda tem pérolas como “O Quereres”, “Oba-lá-lá/Bim Bom” e a linda versão de “Todo Amor que Houver nesta Vida”, de Cazuza, cujo aval de Caetano ao então malvisto rock brasileiro àquela época foi marcante.










Sisters of Mercy, "Floodland"
“Floodland”, The Sisters of Mercy (1988) – Segundo dos únicos três álbuns de estúdio desta boa banda gothic-punk britânica. O disco é irregular, porém traz as boas “Lucretia my Reflection”, com baixo matador, “Flood II” e a soturna “Never Land”. Curiosamente, este é o LP que motivou o início de outra boa banda inglesa da época: o The Mission, uma vez que os então integrantes , Wayne Hussey e Craig Adams saíram do Sisters nesta época para formá-la.











Deee-Lite, "Infinity Within"
“Infinity Within”, Deee-Lite (1992) – Depois do ótimo “World Clique” (1990), puxado pelo hit “Groove is in the Heart”, este segundo trabalho do cosmopolita trio (a americana Lady Kier, o DJ russo Dimitri e o telentosíssimo japonês Towa Tei) não repete com tanto sucesso o trabalho de estreia. No entanto, valem bastante “Runaway”, “I.F.O.”, “Electric Shock” e as interessantes participações das bandas Arrested Development e Disposable Heroes of Hiphoprisy.
Enfim, uma tarde de boa ação e boas compras.







quinta-feira, 7 de abril de 2011

Talking Heads - "Fear of Music (1979)


“Precisa perder o medo da música.”
Arnaldo Antunes



O Talking Heads sempre foi das minhas bandas preferidas. Todas as fases pelas quais o grupo passou são dignas de registro na história da música pop, desde seu primórdio punk até a derradeira fase world music. Aliás, para mim, um preceito para um grupo ser considerado importante (fora algumas exceções) é o de produzir, pelo menos, dois ou três grandes discos. Os Heads têm uns cinco: “Little Creatures” (1985), “Remain in Light” (1980) e “True Stories” (1986) são alguns. Mas antes destes, no finalzinho dos anos 70, David Byrne (guitarras, vocal), Chris Frantz (bateria), Tina Weymouth (baixo) e Jerry Harrison (teclados e guitarra) já tinham concebido sua obra-prima: “Fear of Music”.
Segundo trabalho da trilogia assinada pela banda ao lado do genial produtor inglês Brian Eno, “Fear of Music” veio com o desafio de superar o excelente “More Songs About Buildinds and Food”, de 1978, primeiro da parceria. E conseguiu. Ápice da criatividade de Byrne e Cia., o disco é resultado da releitura apurada e madura do punk rock, cena da qual a turma provinha, e das tendências da época, como a new wave, o reggae, a disco e as influências folclóricas. E tudo basicamente baixo-guitarra-bateria, com incursões de teclados e percussões muito mais para gerar climas ou completar a concepção do arranjo. Ouvindo-se “Fear” hoje é até desanimador ver bandas consideradas “do momento” soarem tão parecidas e, pior, não conseguirem acrescentar nada além do que os Heads ou grupos como Gang of Four e Polyrock já fizeram.
Mas voltando ao disco, a ótima capa, seca, parecendo uma caixa de metal preta com relevos, intui que ali dentro se encontrará um conteúdo corrosivo e desafiador. Como que provocando o ouvinte: ‘quem tem medo de abrir o invólucro’? A banda brasileira Titãs, na época de sua melhor fase, meados dos anos 80, foi uma das que enfrentaram esse temor e se inspiraram neste trabalho dos Talking Heads. Uma de suas músicas, "Medo" , do álbum “Ô Blésq Blom”, de 1989, traz no seu cerne a ideia da quebra dos preconceitos e do enfrentamento das limitações típica do punk, seja na sociedade, na arte ou na política. No cenário internacional, vários outros, como Prince, Deee Lite e Beck, também beberam na fonte do Talking Heads.
Contribui muito para o resultado final o dedo inventivo e autoral de Eno. Assim como fizera com o U2 em “Zooropa” (1996) ou com David Bowie na trilogia ““Low-Heroes-Lodger” (1977-78-79), Eno funciona mais do que como um produtor: além cantar, tocar e co-assinar composições, ele dá cores diferenciadas às músicas na mesa de mixagem, tratando-as especialmente como um microcosmo. Por isso, arrisco-me a também lhe creditar este disco. As técnicas de estúdio que Eno foi acumulando desde seu moderníssimo grupo Roxy Music, no inicio dos anos 70, passando pelos vários discos solo e produções a trabalhos de parceiros parecem ter sido todas colocadas em prática em “Fear”. Isso aparece em truques de mesa de som, afinação diferente de instrumentos ou maneiras criativas de apresentar uma faixa. Um exemplo é “Cities”, que demora a subir o som para começar e é cheia de barulhos esquisitos soltos no seu decorrer, além do vocal quase de garagem, inclusive com propositais falhas na captação do microfone, criando uma atmosfera própria. Em outra, “Mind”, a voz oscilante e esganiçada de Byrne, de repente, se mistura a outros sons. Pequenos detalhes muito bem empregados que constroem um verdadeiro manual de como produzir bem um disco de rock. Tudo muito surpreendente e orgânico.
Neste disco, os Talking Heads assumem de vez a sua postura particular dentro da cena punk. Eles sempre tiveram, de fato, cara de mais comportados do que seus contemporâneos brigões Sex Pistols ou Dead Boys, e suas músicas geralmente fugiam do padrão “1-2-3-4” tosco de um Ramones ou New York Dolls. “Mind”, “Animals” e “Cities” mostram bem isso: ritmação “torta”, melodias em contraponto, frases de guitarras que funcionam como percussão. Uma série de esquisitices que, da maneira como fazem, dá muito certo. Aliás, esta é a forma como eles se mostram criativos: era um grupo limitado tecnicamente, mas cheio de ideias na cabeça e disposto a evoluir musicalmente.
“Fear” começa com a conceitual “I Zimbra”, um pop “africanístico” com “guitarras percussivas” cantado em coro num dialeto exótico. Diferente de tudo que tinham feito até então, “I Zimbra” lança luzes ao que viria no álbum seguinte do conjunto, “Remain in Light”, caracterizado por este tipo de sonoridade world music. “Air” é outra prova da maturidade musical da banda e do acerto do casamento com Brian Eno. A linha de baixo marcada no mesmo compasso da bateria, acompanhada pelo coro feminino e da base minimalista de guitarra, são valorizadas ao máximo pelo produtor. De uma canção simples, Eno adiciona ideias que dimensionam exatamente o que há de melhor na melodia: a construção quebrada, o baixo grave e o vocal solto e brincalhão. A voz de Byrne, aqui, como em algumas outras do disco, ganha um dos “ensinamentos” de Eno assimilados em sua temporada com David Bowie. Nos momentos em que Byrne solta o gogó e o som se expande além da conta no microfone, um outro microfone dentro do estúdio é acionado, captando este “excedente” e dando uma sensação emocionante de explosão da voz.
Uma das melhores de “Fear” é “Memories Can’t Wait”. Não passa de mais um punk rock rude, como os que os Heads faziam nos seus primórdios de CBGB. Mas o ouvido apurado da galera criou, com elementos simples e criativos, uma obra-prima. Ao contrário de outras onde o baixo ou a bateria prevalecem, aqui, o volume desses instrumentos vai lá embaixo para dar lugar às guitarras. Mas não são simples guitarras: efeitos de pedal e de estúdio dão um clima psicodélico e ruidoso à musica, o que é completado pela voz cheia de ecos e alterações de frequência e volume. Matadora!
Outra maravilha é “Electric Guitar”. Nela, todos os sons parecem brigar entre si. Se noutras faixas o baixo e a bateria são amenizados, aqui eles estouram a caixa. Alto, o som distorcido do baixo de Tina dá a impressão de ser um cello. Na bateria, a caixa e os chipôs se estapeiam para ver quem ocupa mais espaço. E o vocal, ora propositalmente estourado, ora visivelmente mal modulado, é um show à parte. Não sei se deu para perceber na descrição, mas o que menos aparece em “Electric Guitar” é, justamente, a guitarra elétrica, que, já devidamente homenageada, restringe-se a uma leve base e a, no máximo, uma frase que dialoga com a voz no refrão. Tudo sob um ruído agudo (uma vibração de pedal da referida guitarra) que vai e volta, sobe e desce, e que se repete no decorrer de toda a música até, no fim, depois de todos os instrumentos se calarem, voltar para desfechar em alto estilo.
Todo grande disco começa ou termina com uma grande música e, no caso de “Fear...”, é no final que está a “cereja do bolo”. “Drugs” é um primor, com muitos méritos, novamente, a Eno. Para quem conhece um pouco de composição musical, dá para perceber que ela foi escrita no violão em cima de alguns acordes básicos. Mas o que foi parar no disco é outra coisa, muito mais rico e complexo, só usando criatividade e técnica. A começar, a melodia é “distribuída” a vários instrumentos, sem ser tocada continuamente por apenas um deles. O baixo pontuado, as batidas soltas de bateria, as várias texturas de teclado, as vozes, as incursões de percussão, os monossílabos de guitarra: todos ajudam a compassar esta espécie de “quebra-cabeças minimalista”. Os Titãs, anos antes de “Ô Blésq Blom” – e por influência dos “antenados” Arnaldo Antunes, ainda integrante da banda, e do produtor do grupo, o ex-Mutantes Liminha –, já tinham se valido dos Heads para conceber outra música: “O Quê?”, do LP "Cabeça Dinossauro" (1986). Igualmente a “Drugs”, “O Quê?” teve como ponto de partida uma base de violão que, na hora do arranjo, foi ganhando outros elementos até se tornar um dançante “funk concretista”. E como em “Fear of Music”, este famoso hit da banda brasileira também desfecha o seu disco com “chave de ouro”. Coisa de álbum clássico.
.........................................

Além da trilogia “More Songs-Fear-Remain”, a parceria Byrne-Eno rendeu ainda um quarto trabalho: o instrumental “My Life In The Bush Of Ghost”, de 1981, assinado só pela dupla, que radicaliza a sonoridade étnico-folclórica e os experimentos de estúdio, como samples e colagens. Os dois voltariam a gravar juntos em 2008 o mais pop, porém também muito bom, “Everything That Happens Will Happen Today”.


*************************
FAIXAS:
1.I Zimbra
2.Mind
3.Paper
4.Cities
5.Life During Wartime
6.Memories Can’t Wait
7.Air
8.Heaven
9.Animals
10.Electric Guitar
11.Drugs

*********************
Ouça

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

David Bowie - "Low" (1977)



“David passava por um período de grande depressão."
Tony Visconti, produtor



Em época de lançamento de biografia do cara, aí vai mais um Bowie fundamental pra discoteca:
"Low", álbum de 1977, o primeiro do que se costuma chamar de 'fase berlinesne', compondo com "Lodger, Heroes" e "Stage" uma curiosa "trilogia" de 4 álbuns onde "Stage" funciona como releitura ao vivo dos dois primeiros.
"Low" é um daqueles álbuns que foi feitos para ser LP, mesmo. Disco com lado A e lado B literalmente. Duas coisas completamente diferentes: o primeiro, todo cheio daquele pop-rock brilhante e sofisticado que só David Bowie sabe fazer, com canções bem objetivas, curtas, soltas, ritmadas, a maioria delas cantadas, mas com destaque especial para a instrumental que abre o disco "Speed of Life". Destaque também para a excelente "Sound and Vision" e para o pop gostoso de "Be My Wife". Só que virando o disco, a atmosfera é completamente outra. Músicas densas, introspectivas, soturnas, longas, quase todas instrumentais, cheias de experimentalismos e sonoridades estranhas, lembrando muito os trabalhos solo do colaborador e mentor Brian Eno e a fase inicial do Kraftwerk, banda que Bowie tinha grande admiração. Destaque para "Warszawa", minha preferida do lado 2.
Em comum, os dois momentos deste trabalho tem o tratamento fino e detalhado da produção, que é creditada a Tony Visconti e Bowie, mas que tem inegavelemente o dedo de Brian Eno; além de uma estranha e incrível coerência musical que fazem de um álbum como este com faces tão distintas, uma obra que consegue manter uma genial e singular unidade mesmo com características tão antagônicas.
Neste Bowie consegui se superar superou e não foi camaleão apenas de uma década pra outra, de um disco para o outro como estamos acostumados a ver. Foi mutante de um lado para o outro do mesmo disco. Em parte resultado de seus problemas psicológicos da época, do uso de drogas, da dificuldade de compor letras naquele momento, mas de tudo isso tirar um disco como este, é só para um David Bowie.
***************************

FAIXAS:
Lado A
  1. "Speed of Life" – 2:46
  2. "Breaking Glass" (Bowie, Dennis Davis, George Murray) – 1:52
  3. "What in the World" – 2:23
  4. "Sound and Vision" – 3:05
  5. "Always Crashing in the Same Car" – 3:33
  6. "Be My Wife" – 2:58
  7. "A New Career in a New Town" – 2:53
Lado B
  1. "Warszawa" (Bowie, Brian Eno) – 6:23
  2. "Art Decade" – 3:46
  3. "Weeping Wall" – 3:28
  4. "Subterraneans" – 5:39

**************
Ouça:
David Bowie Low




Cly Reis

terça-feira, 24 de novembro de 2009

200 Melhores Músicas de Todos os Tempos

Saiu uma dessas listas da Rolling Stone com as 200 melhores músicas de todos os tempos.
Concordo com muitas, é lógico, discordo de alguma ordem que outra mas fundamentalmente me parece uma lista excessivamente conservadora. Só foi no certo. Não arrisca quase nada acima dos anos 80. Pode ser que o crítico, os críticos, os votantes, sei lá quem, realmente achem que não existe nada que valha a pena nos últimos tempos, mas assim parece uma lista de melhores até 1975, com raras exceções.
Exceção louvável é ver o Nirvana com justiça já figurar nas 10 primeiras posições.
Vale pela curiosidade:

1. Bob Dylan "Like a Rolling Stone" 1965
2. Rolling Stones "(I Can't Get No) Satisfaction" 1965
3. John Lennon "Imagine" 1971
4. Marvin Gaye "What's Going On" 1971
5. Aretha Franklin "Respect" 1967
6. Beach Boys "Good Vibrations" 1966
7. Chuck Berry "Johnny B. Goode" 1958
8. Beatles "Hey Jude" 1968
9. Nirvana "Smells Like Teen Spirit" 1991
10. Ray Charles "What'd I Say" 1959
11. The Who "My Generation" 1966
12. Sam Cooke "A Change Is Gonna Come" 1965
13. Beatles "Yesterday" 1965
14. Bob Dylan "Blowin' in the Wind" 1963
15. The Clash "London Calling" 1980
16. Beatles "I Want to Hold Your Hand" 1964
17. Jimi Hendrix "Purple Haze" 1967
18. Chuck Berry "Maybellene" 1955
19. Elvis Presley "Hound Dog" 1956
20. Beatles "Let it Be" 1970
21. Bruce Springsteen "Born To Run" 1975
22. The Ronettes "Be My Baby" 1963
23. Beatles "In My Life" 1966
24. Impressions "People Get Ready" 1965
25. Beach Boys "God Only Knows" 1966
26. Beatles "A Day in the Life" 1967
27. Derek and the Dominos "Layla" 1971
28. Otis Redding "Sitting on the Dock of the Bay" 1968
29. Beatles "Help!" 1965
30. Johnny Cash "I Walk the Line" 1956
31. Led Zeppelin "Stairway To Heaven" 1971
32. Rolling Stones "Sympathy For The Devil" 1968
33. Ike and Tina Turner "River Deep, Mountain High" 1966
34. Righteous Brothers "You've Lost That Lovin' Feelin'" 1964
35. The Doors "Light My Fire" 1967
36. U2 "One" 1991
37. Bob Marley and the Wailers "No Woman No Cry" 1974
38. Rolling Stones "Gimme Shelter" 1969
39. Buddy Holly and the Crickets "That'll Be the Day" 1957
40. Martha and The Vandellas "Dancing In The Street" 1964
41. The Band "The Weight" 1968
42. The Kinks "Waterloo Sunset" 1967
43. Little Richard "Tutti Frutti" 1956
44. Ray Charles "Georgia On My Mind" 1960
45. Elvis Presley "Heartbreak Hotel" 1956
46. David Bowie "Heroes" 1977
47. Simon and Garfunkel "Bridge Over Troubled Water" 1969
48. Jimi Hendrix "All Along The Watchtower" 1968
49. The Eagles "Hotel California" 1977
50. Smokey Robinson and the Miracles "The Tracks Of My Tears" 1965
51. Grandmaster Flash and The Furious Five "The Message" 1982
52. Prince "When Doves Cry" 1984
53. Sex Pistols "Anarchy In The UK" 1977
54. Percy Sledge "When A Man Loves A Woman" 1966
55. The Kingsmen "Louie Louie" 1963
56. Little Richard "Long Tall Sally" 1956
57. Procol Harum "Whiter Shade Of Pale" 1967
58. Michael Jackson "Billie Jean" 1983
59. Bob Dylan "The Times They Are A-Changin'" 1963
60. Al Green "Let's Stay Together" 1971
61. Jerry Lee Lewis "Whole Lotta Shakin' Goin' On" 1957
62. Bo Diddley "Bo Diddley" 1957
63. Buffalo Springfield "For What It's Worth" 1968
64. Beatles "The She Loves You" 1964
65. Cream "Sunshine of Your Love" 1968
66. Bob Marley and the Wailers "Redemption Song" 1968
67. Elvis Presley "Jailhouse Rock" 1957
68. Bob Dylan "Tangled Up In Blue" 1975
69. Roy Orbison "Cryin'" 1961
70. Dionne Warwick "Walk On By" 1964
71. Beach Boys "California Girls" 1965
72. James Brown "Papa's Got A Brand New Bag" 1965
73. Eddie Cochran "Summertime Blues" 1958
74. Stevie Wonder "Superstition" 1972
75. Led Zeppelin "Whole Lotta Love" 1969
76. Beatles "Strawberry Fields Forever" 1967
77. Elvis Presley "Mystery Train" 1956
78. James Brown "I Got You (I Feel Good)" 1965
79. The Byrds "Mr. Tambourine Man" 1968
80. Marvin Gaye "I Heard It Through The Grapevine" 1965
81. Fats Domino "Blueberry Hill" 1956
82. The Kinks "You Really Got Me" 1964
83 Beatles "Norwegian Wood" 1965
84. Police "Every Breath You Take" 1983
85. Patsy Cline "Crazy" 1961
86. Bruce Springsteen "Thunder Road" 1975
87. Johnny Cash "Ring of Fire" 1963
88. The Temptations "My Girl" 1965
89. Mamas And The Papas "California Dreamin'" 1966
90. Five Satins "In The Still Of The Nite" 1956
91. Elvis Presley "Suspicious Minds" 1969
92. Ramones "Blitzkrieg Bop" 1976
93. U2 "I Still Haven't Found What I'm Looking For" 1987
94. Little Richard "Good Golly, Miss Molly" 1958
95. Carl Perkins "Blue Suede Shoes" 1956
96 Jerry Lee Lewis "Great Balls of Fire" 1957
97. Chuck Berry "Roll Over Beethoven" 1956
98. Al Green "Love and Happiness" 1972
99. Creedence Clearwater Revival "Fortunate Son" 1969
100. Rolling Stones "You Can't Always Get What You Want" 1969
101. Jimi Hendrix "Voodoo Child (Slight Return)" 1968
102. Gene Vincent "Be-Bop-A-Lula" 1956
103. Donna Summer "Hot Stuff" 1979
104. Stevie Wonder "Living for the City" 1973
105. Simon and Garfunkel "The Boxer" 1969
106. Bob Dylan "Mr. Tambourine Man" 1965
107. Buddy Holly and the Crickets "Not Fade Away" 1957
108. Prince "Little Red Corvette" 1983
109. Van Morrison "Brown Eyed Girl" 1967
110. Otis Redding "I've Been Loving You Too Long" 1965
111. Hank Williams "I'm So Lonesome I Could Cry" 1949
112. Elvis Presley "That's Alright (Mama)" 1954
113. The Drifters "Up On The Roof" 1962
114. Crystals "Da Doo Ron Ron (When He Walked Me Home)" 1963
115. Sam Cooke "You Send Me" 1957
116. Rolling Stones "Honky Tonk Women" 1969
117. Al Green "Take Me to the River" 1974
118. Isley Brothers "Shout - Pts 1 and 2" 1959
119. Fleetwood Mac "Go Your Own Way" 1977
120. Jackson 5, "I Want You Back" 1969
121. Ben E. King "Stand By Me" 1961
122. Animals "House of the Rising Sun" 1964
123. James Brown "It's A Man's, Man's, Man's, Man's World" 1966
124. Rolling Stones "Jumpin' Jack Flash" 1968
125. Shirelles "Will You Love Me Tomorrow" 1960
126. Big Joe Turner "Shake, Rattle And Roll" 1954
127. David Bowie "Changes" 1972
128. Chuck Berry "Rock & Roll Music" 1957
129. Steppenwolf "Born to Be Wild" 1968
130. Rod Stewart "Maggie May" 1971
131. U2 "With or Without You" 1987
132. Bo Diddley "Who Do You Love" 1957
133. The Who "Won't Get Fooled Again" 1971
134. Wilson Pickett "In The Midnight Hour" 1965
135. Beatles "While My Guitar Gently Weeps" 1968
136. Elton John "Your Song" 1970
137. Beatles "Eleanor Rigby" 1966
138. Sly and the Family Stone "Family Affair" 1971
139. Beatles "I Saw Her Standing There" 1964
140. Led Zeppelin "Kashmir" 1975
141. Everly Brothers "All I Have to Do is Dream" 1958
142. James Brown "Please Please Please" 1956
143. Prince "Purple Rain" 1984
144. Ramones "I Wanna Be Sedated" 1978
145. Sly and the Family Stone "Every Day People" 1968
146. B-52's "Rock Lobster" 1979
147. Iggy Pop "Lust for Life" 1977
148. Janis Joplin "Me and Bobby McGee" 1971
149. Everly Brothers "Cathy's Clown" 1960
150. Byrds "Eight Miles High" 1966
151. Penguins "Earth Angel (Will You Be Mine)" 1954
152. Jimi Hendrix "Foxy Lady" 1967
153. Beatles "A Hard Day's Night" 1965
154. Buddy Holly and the Crickets "Rave On" 1958
155. Creedence Clearwater Revival "Proud Mary" 1964
156. Simon and Garfunkel "The Sounds Of Silence" 1968
157. Flamingos "I Only Have Eyes For You" 1959
158. Bill Haley and His Comets "(We're Gonna) Rock Around The Clock" 1954
159. Velvet Underground "I'm Waiting For My Man" 1967
160. Public Enemy "Bring the Noise" 1988
161. Ray Charles "I Can't Stop Loving You" 1962
162. Sinead O'Connor "Nothing Compares 2 U" 1990
163. Queen "Bohemian Rhapsody" 1975
164. Johnny Cash "Folsom Prison Blues" 1956
165. Tracy Chapman "Fast Car" 1988
166. Eminem "Lose Yourself" 2002
167. Marvin Gaye "Let's Get it On" 1973
168. Temptations "Papa Was A Rollin' Stone" 1972
169. R.E.M. "Losing My Religion" 1991
170. Joni Mitchell "Both Sides Now" 1969
171. Abba "Dancing Queen" 1977
172. Aerosmith "Dream On" 1975
173. Sex Pistols "God Save the Queen" 1977
174. Rolling Stones "Paint it Black" 1966
175. Bobby Fuller Four "I Fought The Law" 1966
176. Beach Boys "Don't Worry Baby" 1964
177. Tom Petty "Free Fallin'" 1989
178. Big Star "September Gurls" 1974
179. Joy Division "Love Will Tear Us Apart" 1980
180. Outkast "Hey Ya!" 2003
181. Booker T and the MG's "Green Onions" 1969
182. The Drifters "Save the Last Dance for Me" 1960
183. BB King "The Thrill Is Gone" 1969
184. Beatles "Please Please Me" 1964
185. Bob Dylan "Desolation Row" 1965
186. Aretha Franklin "I Never Loved A Man (the Way I Love You)" 1965
187. AC/DC "Back In Black" 1980
188. Creedence Clearwater Revival "Who'll Stop the Rain" 1970
189. Bee Gees "Stayin' Alive" 1977
190. Bob Dylan "Knocking on Heaven's Door" 1973
191. Lynyrd Skynyrd "Free Bird" 1974
192. Glen Campbell "Wichita Lineman" 1968
193. The Drifters "There Goes My Baby" 1959
194. Buddy Holly and the Crickets "Peggy Sue" 1957
195. Chantels "Maybe" 1958
196. Guns N Roses "Sweet Child O Mine" 1987
197. Elvis Presley "Don't Be Cruel" 1956
198. Jimi Hendrix "Hey Joe" 1967
199. Parliament "Flash Light" 1978
200. Beck "Loser" 1994

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

The Stranglers "Greatest Hits - 1977-1990"



Meu pai me aparece em casa um dia com uma fita cassete de uma banda de rock e me dá. Como se só por ser banda de rock eu fosse gostar assim, sem mais. Ele costumava comprar umas tralhas de um bêbado, maltrapilho quase mendigo que arranjava relógios, bijuterias baratas, ervas para chás e desta vez uma fita cassete. Me deu a fita. Li “The Stranglers”. Nunca ouvira falar. Fui ouvir... Até que era bom. E foi melhorando. Cara, é muito bom!
Vim ouvindo hoje no caminho para o trabalho o mesmo Stranglers que ganhei e ouvi naquela época cheio de desconfiança, The Greatest Hits- 1977-1990”. Depois vim a descobrir que os caras foram parte importante do movimento punk e foram grande influência de uma série de bandas dos anos 80, em especial de uma da qual gosto muitíssimo, o Cure.
Greatest Hists” mostra esta linha de evolução sonora. O início com a ótimaPeaches” é bem reflexo do punk com uma bateria seca, um baixo cru e um vocal rasgado e agressivo. “No More Heroes” mantém a linha mas com um trabalho de teclado mais bem acabado. O ponto alto da coletânea vem com a versão para a música multi-regravada de Burt Bacharach, “Walk on By”, um épico de uns sete minutos com um baixo agressivo e incendiário permeado pelo teclado característico da banda, que a faz lembrar muito The Doors. A influência do pessoal do Jim Morrison mostra-se evidente pela característica do timbre do teclado e de como ele é colocado nas músicas. Confirma essa fonte de inspiração principalmente a regravação do hit dos KinksAll Day and All of the Nght” que, a propósito, é parecidíssima com “Hello, I Love You” dos Doors tendo gerado inclusive uma suspeita de plágio na época de seu lançamento. Gravar “All Day...”, no fim das contas era como tocar Doors sem estar tocando “Doors”. “96 Tears’ e “No Mercy” que fecham a coletânea já demonstram uma inserção nos anos 80 com uma ar bem mais pop e acessível.
A obra-prima dos caras na verdade é o álbum “Black and White” de 1978, que tem a doida “Nice’n’ Sleazy” e a punkíssimaEnough Time”. Li também que o primeiro disco “Ratus Norvegicus” é excelente mas não ouvi ainda. O que tenho em casa e que devo ao fato de meu pai comprar “porcarias” por aí é este ótimoGreatest Hists- 1977-1990”.
**********************************

FAIXAS:
  1. "Peaches"
  2. "Something Better Change"
  3. "No More Heroes"
  4. "Walk On By"
  5. "Duchess"
  6. "Golden Brown"
  7. "Strange Little Girl"
  8. "European Female"
  9. "Skin Deep"
  10. "Nice in Nice"
  11. "Always the Sun"
  12. "Big in America"
  13. "All Day and All of the Night"
  14. "96 Tears"
  15. "No Mercy"

*********************************