"(O desenho) é um exercício de imprevistos, durante todo o tempo, lidando com a sorte ou o azar, ou seja, o acaso. Mas é também muito racional, porque saber lidar com este acaso, saber aproveitá-lo ou não a favor do resultado final, exige do conhecimento intelectual".
Teresa Poester
Fazia um tempo que não íamos Leocádia e eu a vernissages. Mas quando a oportunidade é de prestigiar artistas que gostamos e com os quais se têm relação afetiva, vale se programar. Foi o que fizemos na abertura da exposição “Furta-Cor, de volta aos jardins”, da artista visual gaúcha Teresa Poester, uma referência da arte no Rio Grande do Sul. Ex-professora da Escolinha de Arte da UFRGS de Leocádia, Teresa é alguém a quem nunca perdemos de vista. Anos atrás, em 2016, quando do lançamento do documentário sobre sua obra, “10.375 Km em Linha”, estávamos na avant-première. Temos uma Teresa original numa das paredes de nossa casa, para se ter ideia. Enfim, motivos não nos faltavam para pelo menos dar uma passada na Ocre Galeria, no Centro da cidade, para prestigiá-la e apreciar as obras.
Numa casa antiga e muito bonita, mas um tanto inadequada para espaço expositivo visto que muito estreita, conseguimos ver o que foi possível diante da circulação de bastantes convidados que foram fazer o mesmo que nós – alguns conhecidos e amigos nossos, inclusive. Mas do que deu para ver/fotografar foi aquele deleite característico que sua obra traz: uma fusão do desenho com a fotografia, cujo desenha opera em um percurso inverso ao tradicional: não desenha a partir de fotografias, mas fotografa a partir de seus desenhos de imaginação.
Na exposição atual, a artista exibe desenhos inéditos, feitos no seu atelier na França, para o espaço da galeria, numa celebração aos 45 anos de sua intensa e contínua produção artística. O “furta-cor” do título, segundo Teresa, não se refere apenas às alterações de tonalidade conforme a luz que se projeta sobre a cor, mas também, “às cores furtadas de um mundo ameaçado que amanheceu cinza”, numa alusão ao período de isolamento social e às muitas dificuldades que assolam o mundo nos últimos anos. “De volta ao jardim”, assim, prenuncia o otimismo do retorno à vida social, à possibilidade de apreciar as cores, aos reencontros. Como os que foram promovidos naquela manhã ensolarada de amizade e arte.
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Rabiscos sobre foto ou foto sobre rabiscos?
Movimento na galeria para a abertura da exposição
Fusão entre desenho e foto
Várias obras em exposição
Em tons de azul, os riscados leves, uma marca da arte de Teresa
O casamento do desenho e da fotografia
Detalhe de uma das obras, que mostram o traço livre e riscado de Teresa
Nós dois com várias das obras ao fundo
Um rápido passeio por parte da exposição na Ocre
E uma seflie com a própria Teresa Poester
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Exposição"Furta-Cor, de volta aos jardins"
local: Ocre Galeria
R. Demétrio Ribeiro, 535 - Centro Histórico (Porto Alegre/RS)
período:até 22 de julho de 2023
horário:de segunda a sexta, das 10h às 18h, e sábados, das 10h às 13h30
Quando cursei Cerâmica no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre com o mestre do barro e fã de João Bosco e Caetano Veloso, o querido Prof. Cláudio Ely, ouvi dele que uma ideia (ainda mais quando estamos falando em Arte), nunca aparece isoladamente na mente de um artista. O estalo ocorre em muitas pessoas que tem a mesma ideia, mas nem sempre tem a consciência do quanto estão interligadas, então se consideram num primeiro momento únicas e originais. Isso foi comentado numa aula no início dos anos 90, mais precisamente 1992, em que falávamos sobre autoria, originalidade e unicidade de uma obra de Arte.
Logo depois, ainda na mesma década, vi o mundo iniciar as conexões em rede e aí cada qual foi descobrindo que suas ideias ecoavam ao mesmo tempo em outros cantos do planetinha azul, ainda mais quando se referiam a temas relevantes e universais voltados a coletividade.
Em maio desse ano, quase 30 anos depois dessa reflexão do Prof. Ely, deparei-me com uma boa surpresa! Na mesma semana em que lancei o site "A Aventura de Criar os 50 anos da Escolinha de Arte do RS", falando sobre a pesquisa, filme e revista dos 50 anos da Escolinha de Arte do RS (1960-2010), outra pesquisadora lançava um livro sobre os 51 anos da mesma Escolinha. Sim, ambas pesquisadoras disponibilizavam em site e livro com um ano de diferença na história da Escolinha e 10 entre a feitura das pesquisas!
Flávia Leal, a autora da nova pesquisa resultante do seu Mestrado na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), intitulado “Escolinha de Arte da UFGRS (1960-2011): 51 anos de arte/educação”, contatava-me para combinar gentilmente a entrega do seu livro. Recém publicado pela editora Appris, o lançamento seria na mesma semana em um encontro virtual com a sua mediação e a presença dos professores da Escolinha.
lançamento virtual do livro"Escolinha de Arte da UFGRS (1960-2011)"
O mais legal é que, logo no início da sua pesquisa, as únicas monografias com foco na Escolinha de Arte da UFRGS que ela encontrou foram a minha pela Feevale, que vocês já conhecem, e a da Mariana Ramos, pela UFRGS. A pesquisa da Mariana tem foco na prática do professor, pois ela estava cursando Pedagogia e fazia estágio em 2008 no Centro de Desenvolvimento da Expressão (CDE) em Porto Alegre, quando a escreveu. Aliás, é de lá do CDE que nos conhecemos. Já a minha pesquisa tem foco nos 50 anos da Escolinha e na produção da revista, filme e nas entrevistas com professores e alunos da Associação Cultural de Ex-Alunos do Instituto de Artes da UFRGS. A partir da leitura das nossas monografias, Flávia, como ela mesma diz no livro, teve a oportunidade de conhecer os olhares de duas pesquisadoras ligadas à Escolinha com olhares diferentes, uma como aluna e a outra como professora. Ela ressalta como isso foi relevante no seu processo de pesquisa:
“Assim, pude aprender mais sobre
o objeto de minha pesquisa. A principal diferença
entre o meu trabalho e o das pesquisadoras
citadas é que ele se baseia, essencialmente,
na análise de documentos, propondo-se a contribuir
com uma perspectiva histórica da Escolinha.”
Acontece que a História da Escolinha não está separada de todos os processos que nela coabitam: a transformação dos alunos, a formação dos professores e a sua renovação e mudança também. A Escolinha é viva, pulsante e segue transcorrendo no decorrer dos anos, os fatos se relacionando em diversas esferas e abrangências, desde um ponto aparentemente isolado em uma cidade do interior do RS, mas altamente ligado à proposta da Escolinha de Arte do Brasil ou a outro país que levou a mesma filosofia adiante através do Movimento de Arte Educação. O que quero dizer é que as três pesquisas se interlaçam, falam entre si mesmas, independentemente do recorte acadêmico e metodologia da pesquisa, porque a Escolinha é esse oásis de oportunidades para o criar e o recriar-se. E isso é bom porque pontos de vista não aprofundados numa pesquisa aparecem mais contemplados noutra, enriquecendo a linha do tempo dessa história.
O trabalho de Flávia, para fins de metodologia acadêmica, foi baseado em quatro pilares: o Ateliê, as Exposições, o Curso Intensivo de Arte-Educação (CIAE) e o Acervo. Em muitos momentos os depoimentos se repetem aos coletados por mim para o documentário “A Aventura de Criar”, porque a Escolinha marcou a vida dos professores e ex-alunos que por ela passaram e as histórias de cada um deles é única, sem outras versões, mesmo que os entrevistadores mudem. O livro mantém, em muitos momentos, pontos de emoção e de profundo reconhecimento pelo trabalho que as variadas equipes da Escolinha desenvolveram dentro da UFRGS o que é muito bom, já que a própria universidade pelo que eu soube nos relatos que coletei, nem sempre contribuiu muito para que esse espaço fosse mantido desde o seu início, o que gerava um esforço e uma constante luta das equipes que lá trabalharam para continuarem existindo.
Gostei muito de ler no livro da Flávia outras informações sobre as cartas da pesquisa da simpática baiana Maria Dolores Coni Campos, a quem tive o prazer de visitar em 2009 no Rio de Janeiro. Na época, estava preparando a minha pesquisa para o filme quando pude entrevistá-la como uma das últimas vozes da Escolinha de Arte do Brasil, que conviveu com Augusto e Iara. E de quebra degustei um biju bem a moda baiana - Axé, Dolores! Ela afirmou aos gritos que a Escolinha de Arte do RS foi a que mais entendeu a proposta de Augusto Rodrigues, uma verdade incontestável!
Curso Intensivo de Arte Educação para Educadoras da SMED/Porto Alegre: da esquerda para direita Cecília Machado Bueno, Maria Lúcia Campos Varnieri, Eneida Moraes, Elton Manganelli, Sussy Possap, Beatriz Noll e a Diretora da Creche da UFRGS/2011
Somam ainda ao livro de Flávia aspectos do CIAE que se manteve firme e forte até novembro/2011, quando realizamos um curso especial para a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (SMED), realizado na Creche da UFRGS e com as participação dos professores Maria Lúcia Campos Varnieri, Maria Beatriz Noll, Cecília Machado Bueno, Elton Manganelli e algumas participações de convidados especiais: Sandra Richter, Marília Fitchner e eu. Além disso, reforço o destaque especial à importância que Flávia oportunizou ao Acervo da Escolinha de Arte da UFRGS que serviu de base a sua pesquisa através de 214 documentos consultados no Acervo Histórico do Instituto de Artes da UFRGS e disponível a todos os pesquisadores interessados.
Ao final do livro Flávia faz menção aos desdobramentos que podem ocorrer estimulando assim outros pesquisadores a seguirem em frente, em novas pesquisas. Entre essas sugestões, destaquei algumas que resultariam num material para a linha de tempo da Escolinha extremamente relevante e que teço alguns comparativos com o que encontrei na minha pesquisa: Analisar o papel de outros professores e áreas da Escolinha, como a música e o teatro, em minha pesquisa ficou notória a participação de áreas como o teatro, a música, a psicologia que dialogavam entre si, desde a criação da Escolinha; Analisar o acervo de 15 mil desenhos e pinturas dos alunos da Escolinha; esse ponto foi enfatizado por Maria Lúcia Varnieri inúmeras vezes, pois é o mapeamento do desenvolvimento de cada aluno em etapas diferenciadas de expressão, possibilitando aos professores compreender quais os avanços ela faz através da sua própria expressão; Pesquisar sobre o Movimento das Escolinhas de Arte no Rio Grande do Sul, estado onde a proposta de Augusto Rodrigues teve maior adesão no país; bem sobre esse ponto já comentei e, sem dúvida é o estado que mais alicerçou a filosofia da Escolinha sonhada por Augusto e desenvolveu parte das ações por ele esboçadas, ainda há muito o que construir. Com certeza serão ótimos temas para seguir completando com outras vozes a História da Escolinha!
Dez anos após eu escrever a pesquisa "A aventura de criar: 50 anos da Escolinha de Arte do RS" e visitar as mesmas pessoas e ambientes por onde Flávia esteve recentemente, fiquei feliz com a continuidade e o diálogo mesmo sem nos conhecermos promovemos, através da pesquisa e da leitura, uma da outra. A arte se fez em dois tempos, no meu e no dela e quem ganha são os pesquisadores, os educadores e a sociedade em geral. Somamos histórias e reforçamos pontos dentro desse tempo que não vivemos presencialmente, enquanto a maior parte dos fatos acontecia, mas que nos envolveu e nos levou a buscar mais dados com quem os viveu profundamente. A força da Escolinha nos levou a compartilhar com todas as pessoas possíveis os resultados do que escutamos, descobrimos ou nos revelaram. Além disso, compartilhar aquilo que vivemos como indivíduos tocados pela sua proposta.
Agradeço a Flávia pela consulta e inserção da minha pesquisa em diversos momentos da sua tese e me arrisco a provocar junto com ela, novamente os pesquisadores a buscarem quem sabe um novo olhar sobre a Escolinha. A Escolinha foi “um espaço de desenvolvimento das potencialidades e da liberdade de expressão, com o intuito de formar pessoas mais sensíveis, livres, criadores e críticos”, como afirma Flávia na sua análise final e eu assino embaixo. Então, quem sabe seja interessante escutar também essas pessoas em outras pesquisas? Quem sabe há muitos indivíduos espalhados pelo mundo, pelo nosso país, no nosso bairro, transformando as vidas de outras pessoas através da filosofia da Escolinha exercendo tudo aquilo que aprenderam em seus variados ofícios? A Escolinha tem na sua essência essa força social e libertadora de promover transformação de cada pessoa, e se isso der em Arte, melhor ainda, mas nunca foi uma condição única.
Finalizo essa pequena reflexão com um fragmento de uma entrevista de Teresa Poester, que foi minha professora e a quem tenho uma admiração imensa, ao jornal Zero Hora (2005), extraída para o livro de Flávia quando ela fala sobre a filosofia da Escolinha e numa de suas maiores porta-vozes que sempre acreditou no poder transformador da arte, Iara de Mattos Rodrigues (Iarinha, como a chamavam na Escolinha). O que Teresa afirma continua sendo essencial em nossas vidas, em nosso planeta. Ao citar Iarinha, está alertando a cada um de nós sobre a forma com a qual agimos, colaboramos, sentimos e convivemos uns com os outros. O recado é direto e muito atual:
“Pessoas como Iara são, lamentavelmente,
cada vez mais raras; não vivemos
uma época de paixão, mas de um pragmatismo
crescente. É preciso, pois, aproveitá-las.
Deixam marcas profundas. São como crianças,
não sabem mentir. São incômodas,
malcriadas, ternas e teimosas. Resistem.”
Vamos seguir em frente somando iniciativas e resistindo sempre juntos! Obrigada Beatriz Noll, Teresa Poester, Marilice Corona, Maria Lúcia Varnieri, Gení Mabília, Jailton Moreira, Élida Tessler, Eneida Moraes, Cecília Bueno e Elton Manganelli (in memoriam) e tantos outros por tudo o que nos oportunizaram nesses 51 anos de Escolinha da UFRGS. Toda a minha, gratidão!
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“Escolinha de Arte da UFGRS (1960-2011): 51 anos de arte/educação"
Acompanhei – e fotografei – a visita guiada conduzida por Leocádia Costa pela exposição da qual ela é curadora, “A Aventura de Criar”, na Galeria Espaço Duque. Foi a segunda
ocorrida durante o período da mostra, que segue aberta até o dia 18 de julho.
Público interessado e muitas informações interessantes pinçadas por Leocádia
que fizeram da visita um acontecimento agradável e pedagógico. Além de passar
pelas obras de cada um dos artistas em exposição (Ado Malagoli, Alice Soares,
Alice Brueggemann, Ângelo Guido, Augusto Rodrigues, Cristina Balbão, Fayga
Ostrower, Fernando Corona, João Fahrion, Plinio Bernhardt, Romanita Disconzi e
Teresa Poester), todos ligados de alguma forma à Escolinha de Artes do Rio
Grande do Sul, os visitantes puderam, ao final da fala explicativa, assistir ao
filme-documentário dirigido por Leocádia em 2010, quando do aniversário de 50
anos da hoje infelizmente extinta Escolinha. Bom programa para um sábado à
tarde, que àqueles que não foram, dá tempo ainda de conferir.
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Diante dos quadros de Augusto Rodrigues,
idealizador da Escolinha
"A Aventura de Criar",vários artistas ligados ao Instituto
de Artes do RS e da Escolinha de Artes da UFRGS
onde:Galeria Espaço Cultural Duque (R. Duque de Caxias, n° 649 -
Centro/POA)
quando:até 18 de julho, segunda a sábado, das 18h às 20h
A curadora e a obra de Augusto Rodrigues, de seu acervo próprio
Tive a felicidade e o privilégio de presenciar – e
fotografar! – a abertura da exposição “A
Aventura de Criar”, na Galeria Espaço Cultural Duque, em Porto Alegre. Isso
porque a curadora é ninguém mais, ninguém menos, que minha amada Leocádia Costa, costumaz colaboradora
do Clyblog. Desta vez, a sensível fotógrafa usou suas habilidades de
arte-educadora e produtora cultural para montar essa mostra
que reúne obras de artistas e educadores que participaram da história do
Instituto de Artes e da Escolinha de Arte da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), esta última, com mais de 50 anos de existência e pela qual
passaram diversos artistas consagrados das artes do Rio Grande do Sul e de
outros estados.
Tela do precursor da arte-educação,
Augusto Rodrigues
A ligação emocional, profissional e artística que Leocádia tem
com a Escolinha vem de bastante tempo. Resultado do seu trabalho de conclusão para a
Especialização em Arte-Educação na Feevale, em 2011, a mostra “A
Aventura de Criar” é uma materialização daquilo que só estava no papel até
então, considerando também o filme que ela dirigira para o cinquentenário da
Escolinha e o período em que esteve lá dentro. Isso, graças ao fato de a
proposta dela no Curso de Curadoria,
ministrado por José Francisco Alves ano passado no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, ter essa temática
e ser uma das três escolhidas para a montagem de uma exposição. Deu nessa mostra, que, na prática,
funcionou realmente muito bem.
O traço delicado de Alice Soares em três quadros
Estão ali obras de:
Ado Malagoli, Alice Soares, Alice Brueggemann, Ângelo Guido, Augusto Rodrigues,
Cristina Balbão, Fayga Ostrower, Fernando Corona, João Fahrion, Plinio
Bernhardt, Romanita Disconzi e Teresa Poester. Todos feras. Espacialmente,
foram divididos, nas duas compridas paredes do segundo piso da galeria, obras
dos artistas homens de um lado e mulheres do outro, as quais se interpõem
apenas quadros do mais feminino deles: o pernambucano Augusto Rodrigues,
principal difusor da Arte-Educação no Brasil. Dele, são quatro obras: um desenho,
uma pintura e duas serigrafias, sendo uma delas a única do acervo pessoal de
Leocádia. Ainda, a mostra traz sete obras convidadas da artista Cecília
Machado Bueno, falecida no ano passado, arte-educadora dedicada cuja arte
(basicamente desenho) é de visível delicadeza. A renda obtida com a venda dos
quadros dela será revertida para a Associação De Peito Aberto, na qual, entre
outras atividades, era voluntária pelo calendário anual da entidade.
De resto, todas as obras, à venda, pertencem ao acervo da
Galeria Duque. E tem maravilhas. Ao mesmo tempo, a exposição homenageia a
Escolinha de Artes, seus principais artistas e educadores e dá um panorama da
diversidade de estilos e referências de cada um. Ainda, evidencia a rica
variedade de técnicas desses artistas, que datam desde os anos 50 à década
atual. É o que se vê nas três selecionadas de Alice Soares: uma pintura, uma
xilogravura e um desenho a grafite. Nas quatro de Alice Brueggemann e de Fayga Ostrower, também: total domínio e
multiplicidade de técnicas.
Obras de Cecília Machado Bueno,
homenageada especial da exposição
Merecem destaque ainda o trio de telas de Plinio Bernhardt, com sua temática
tradicionalmente picante aliado à grande expressividade, dois desenhos lindos
de Cristina Balbão – um deles, “Borracha”, que reproduz em tamanho natural o
rosto de um negro –, dos mais antigos entre os selecionados, um vistoso óleo
sobre tela de Ado Malagoli, autor que também foi contemplado com uma sensível
litogravura chamada “Pomba”.
Haverá duas visitas
guiadas com a presença da curadora e do colecionador e proprietário da
Duque, Arnaldo Buss, agendadas para
final de maio e para julho, além da apresentação da pesquisa de Leocádia, no
próximo dia 6. Porém, independente dessas datas, vale a pena visitar a mostra.
E olha que não é parcialidade minha: “A Aventura de Criar” está
realmente muito interessante, tanto pela importância do tema que aborda quanto
pela qualidade das obras e do recorte curatorial que foi empregado. E como
desta vez foi com isso e com a recepção aos vários convidados e amigos que prestigiaram
a abertura que Leocádia teve que se preocupar, a maioria das fotos ficaram a
cargo da minha pessoa mesmo.
Movimentação na galeria na abertura da mostra
A fotógrafa Iris Borges foi prestigiar
A também fotógrafa Tânia Meinerz esteve lá
Arte e desejo nos quadros de João Fahrion
Carolina Costa foi conferir as flores de Cecília Machado Bueno
Loecádia Costa com as historiadoras
Luísa Khul Brasil e Luciana de Oliveira
Leocádia e a arte-educadora Maria Lúcia Varnieri,
autora do texto de apresentação da exposição
Alice Brueggermann e a força de sua arte
em quatro quadros