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quinta-feira, 17 de março de 2022

cotidianas #746 - "Agora, apodrecer"

 



"Deterioração da mente sobre a matéria"
Otto Harp (1973)

Agora, apodrecer.
Nas ruas, no suor das mãos amigas dos amigos, na pele dos espelhos...
desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos...

...mas apodrecer.

Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo...
"como estás, estás bem?", o telefone não toca! devorador de astros...

... mas apodrecer.

Sim, apodrecer
de pé e mecânico,
a rolar pelo mundo
nesta bola de vidro,
já sem olhos para aguçar peitos
e o sol a nascer todos os dias
no emprego burocrático de dar razão aos relógios,
cada vez mais necessários para as certidões da morte exata,

Sim, apodrecer ...

"...as mãos, a cólera, o frio, as pálpebras, o cabelo
a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo...

... mas apodrecer!

Sujar estrelas.

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“Agora, apodrecer”
José Gomes Ferreira

quarta-feira, 16 de março de 2022

Música da Cabeça - Programa #258

 

O preço da gasolina tá lá nas alturas? O negócio é a gente aumentar também, mas o volume pra ouvir o programa desta semana. No nosso posto sonoro a bomba tá cheia de litros de John Cale, Stevie Wonder, Plebe Rude, Bauhaus e mais. Aproveita a barbada e já troca óleo enquanto curte nossos quadros fixos e móvel. O MCD 258 vem de tanque cheio hoje às 21h na abastecida Rádio Elétrica. E melhor: tudo de graça! Produção, apresentação e promoção imperdível: Daniel Rodrigues



Rádio Elétrica
www.radioeletrica.com


Zaratustra

 


Zaratustra 1

Zaratustra 2



RODRIGUES, Daniel
fotografia com manipulação digital (fev/22)


segunda-feira, 14 de março de 2022

"Belfast", de Kenneth Branagh (2021)


Sabe quando alguém te convida para ir em algum restaurante chique, onde a comida é bem cara, e você chega lá cheio de expectativas, e no final a comida e apenas “OK”, não é tão espetacular assim? Essa foi a minha sensação ao terminar “Belfast”.

Escrito e dirigido por Kenneth Branagh, este filme semiautobiográfico traça a infância de um menino durante o tumultuado final dos anos 1960, na capital da Irlanda do Norte.

O filme está bem longe de ser ruim, tem muitas qualidades que não podemos negar, mas a indecisão de para onde ele quer nos levar atrapalha a narrativa. O longa acaba ficando no meio do caminho e carente de equilíbrio. "Belfast" tenta andar entre o drama e um tom mais leve e inocente, mas a intenção não funciona. Quando o drama chega, está perto de atingir seu alvo, “Belfast” traz algo mais leve e nos impede de atingir o clímax. E essa quebra de expectativa não é orgânica, o espectador sente essas mudanças é isso é desconfortável. Mas temos que destacar a belíssima fotografia do filme. Nesse ponto, o filme ganha muitos pontos. Algumas atuações também crescem muito com o andar do filme, como Caitriona Balfe, a mãe e Jude Hill, o menino e principal personagem do longa.

A produção entrou na temporada de premiações com um “hype” muito maior do que realmente merecia. “Belfast” não é um filme ruim, consegue trazer um tema bacana, a luta violenta dos grupos extremistas na Irlanda do Norte nos anos 60 que até hoje persiste, a gente sente a tensão disso em alguns personagens, mas ao mesmo tempo, por ser visto pelos olhos de uma criança, tenta ser alegre e leve, e aí perde o equilibro. Suas mudança de tom são muito bruscas e você acaba não sentindo nem o peso, n nem a leveza. 

Pela beleza da fotografia, o filme já deve ser visto, pelo tema tão pouco abordado (ou minha ignorância, de não achar tantos filmes sobre o tema), também, além de algumas atuações bem fortes com alta entrega que deixam o filme interessante. 

Fica o alerta do que brigas ideológicas, preconceito religioso, podem fazer de mal na vida de uma família. O final do filme mostra isso, e, certamente, não é o que queremos, não.

A fotografia é um doas maiores destaques do filme de Kenneth Branagh



por Vagner Rodrigues