Podemos dizer que 23 de janeiro de 2025 foi um dia de glória
para o cinema brasileiro. Afinal, nunca antes na história deste país um filme
nacional havia recebido a indicação ao Oscar de Melhor Filme. “Ainda
Estou Aqui”, o excelente filme de Walter Salles sobre a família Paiva durante o
período da Ditadura Militar no Brasil, foi anunciado hoje ao Oscar 2025 junto com mais uma centena
de outros títulos a esta e outras várias categorias do maior prêmio do cinema
mundial.
Mas não só isso: além da inédita indicação, o filme de Waltinho
concorre também a Melhor Filme Internacional – no qual tem boas chances de
ganhar – e na de Melhor Atriz para Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva
no filme. A vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama e que desbancou daquela premiação para esta ninguém menos que Kate Winslet, Angelina Jolie,
Tilda Swinton e Nicole Kidman, tem agora à frente, no Oscar, outras quatro candidatas.
Porém, também passa a encarar de frente Demi Moore, destacada em seu papel em “A
Substância” e que carrega em si e em sua personagem um discurso de feminismo e
etarismo que pode convencer Hollywood a reconhecê-la depois de tantos anos.
Porém, Fernanda está melhor. Que se faça justiça.
Nas outras categorias, sem grandes surpresas: várias
indicações ao franco-mexicano “Emilia Perez” (13, o de mais nominações), “Wicked”
e “O Brutalista” (10 cada), além de “Um Completo Desconhecido”, “Conclave” (8
cada), “Anora” (6), “Duna: Parte 2” e “A Substância” (5 cada). Destes, parece
sair na frente em Filme “O Brutalista”, mas “Anora”, Palma de Ouro em Cannes,
pode surpreender nesta categoria na qual “Ainda...” tem certamente menos chances.
Mas em Filme Internacional, o brasileiro tem outro rival: “Emilia Perez”. O
confuso filme de Jacques Audiard, embora campeão em indicações, tem recebido
críticas das comunidades mexicana e latina e LGBTQIAPN+ por sua narrativa
superficial e sem “lugar de fala”, o que pode influenciar os jurados em favor
de “Ainda...”. Tomara.
De resto, aquelas coisas de sempre do Oscar: falta de algo
aqui, excesso de algo ali, ausência de um outro acolá. Críticos dizem que “Sing
Sing”, que retrata uma história verídica do sistema prisional norte-americano,
merecia mais reconhecimento além das apenas duas indicações que teve (Melhor
Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original). Sobrando, o bruxesco “Wicked”, que
aparece em vários dos prêmios técnicos, mas desnecessariamente em Filme, Atriz
e Edição. E Clint Eastwood, com seu genial “Jurado nº 2”, quem viu? A Academia
não dá nem as horas pro velho cowboy, e justo em sua obra de despedida... Fazer
o quê? Só torcer por “Ainda...“ e conferir a lista completa dos indicados, que
a gente traz aqui abaixo e segue acompanhando os filmes até a premiação em 2
de março. E viva o cinema brasileiro!