Curta no Facebook

Mostrando postagens com marcador Cláudio Mércio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cláudio Mércio. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de setembro de 2025

Dia do Baterista: os melhores na opinião dos bateristas (e não-bateristas também)

Tem uma história envolvendo bateristas, que traduz a magia desse instrumento. Antes do histórico show da Rolling Stones em Porto Alegre, em 2016, os integrantes da banda Cachorro Grande, minutos antes de terem a honra de abrir a apresentação para os ídolos, interagiam no camarim com Mick Jaeger, Keith Richards, Ron Wood, banda e, claro, também com o saudoso baterista Charlie Watts. 

Conversa vem, conversa vai, até que Charlie é apresentado a Gabriel Azambuja, baterista da Cachorro Grande. Imediatamente identificado com o colega brasileiro, o lendário baterista disse-lhe de forma deferente e do alto de sua experiência com seu elegante inglês: "Nunca se esqueça que você é o coração da banda".

É esse coração sonoro que se celebra hoje, dia 20 de setembro. O Dia do Baterista, data escolhida para homenagear os donos das baquetas, seja no rock, no jazz, no blues ou na música brasileira. Porque, sim, junto a grandes mestres do instrumento, temos também brasileiros, reconhecidos internacionalmente desde os anos 60. E tem elas também, as bateristas, menos lembradas, mas igualmente importantes, como Viola Smith, a mais rápida do mundo, Moe Tucker, a mais moderna, Cindy Santana, virtuosa e versátil, ou Karen Carpenter, fera também com as baquetas. 

Como sabiamente sugeriu Charlie Watts, bateria não é apenas uma mera “cozinha” ou acompanhamento da guitarra. Nossos convidados – alguns bateristas, outros não, mas todos apreciadores da boa música e da contribuição dos donos do ritmo – foram convocados para listarem seus bateristas preferidos. Mas numa coisa todos são unânimes: eles sabem que bateria é mais do que bumbo, caixa, surdo, tom-tom e pratos. 

Alguns nomes escolhidos são diretamente ligados a bandas/artistas, como Stewart Copeland e Jorginho Gomes; outros, ícones ou “free lancers”, o nome fala por si, como Steve Gadd e Max Roach. Mas todos craques na sua arte. E é por eles que a música pulsa.

Os editores

🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶

Cláudio Mércio
Jornalista e baterista

Glenn Kotche (Wilco) 
Ian Paice (Deep Purple) 
Ginger Baker (Cream) 
Stewart Copeland (The Police) 
Budgie (Siouxsie & the Banshees)




Márcio Pinheiro
Jornalista e escritor

Max Roach
Roy Haynes
Elvin Jones
Dannie Richmond
Steve Gadd





Carlos Gerbase
Jornalista, cineasta e baterista

Clem Burke (Blondie)
Charlie Watts (Rolling Stones)
Biba Meira (Defalla)
Hugo Burnham (Gang of Four)
Cleber Andrade (Os Replicantes)




Rodrigo Coiro
Publicitário e baterista

Neil Smith (Alice Cooper Group)
Robert Erikson (The Hellacopters)
Buddy Rich 
Dennis Thompson (MC5)
Marky Ramone (Ramones)





Eduardo Wolff
Jornalista e baterista

Ringo Starr (The Beatles)
Keith Moon (The Who)
Don Brewer (Grand Funk Railroad)
Jo Jones
Ginger Baker




César Castro
Baterista

John Morello
John Bonhan
Billy Cobham
Airto Moreira
Jorginho Gomes (Novos Baianos)





André Abujamra
Músico multi-instrumentista

Kuki Stolerski
Carneiro Sandalo
James Muller
Claudio Tchernev
Jonh Bohan





Daniel Rodrigues
Jornalista, escritor, radialista e blogueiro

John Bonham
Tony Williams
Budgie
Elvin Jones
Martin Atkins (P.I.L.)
(extra: Jaki Liebezeit - Can)




Cly Reis
Arquiteto, cartunista, artista visual e blogueiro

John Bonham
Keith Moon
Stewart Copeland
Ginger Baker
Budgie
(extra: Martin Atkins)




Paulo Moreira
Jornalista e radialista (in memoriam)

Steve Gadd
Art Blakey
Edison Machado
Tony Williams
Elvin Jones





quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Não existirá banda para Charlie Watts no céu

por Cláudio Mércio

Observações que eu fazia do mundo mostravam a imortalidade como algo possível. Minha tese baseava-se na presença eterna de algumas pessoas. Seres que estavam presentes antes da minha vida e certamente continuariam presentes depois dela. Vi que minha tese não tinha sustentação quando um dos imortais deixou a vida ir embora. Lembro que quando Frank Sinatra morreu em 1998 eu pensei algo tipo “mas esse cara não era imortal?”. 

Hoje, pouco depois do meio-dia, chegou a notícia da morte de Charlie Watts, o baterista dos Rolling Stones. Vinte e quatro de agosto foi sempre o dia em que Getúlio Vargas deu um tiro no coração. Não terei como esquecer a data da morte de Watts. Morte de Getúlio, morte de Charlie. Os Stones, como Sinatra, estão na categoria dos que eu considerei imortais. Talvez Keith Richards venha a confirmar a minha tese, mas hoje ela está derrubada. Como assim Charlie Watts morreu?!? Este senhor nasceu em dois de junho de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial. Na sua profissão, nunca foi considerado o melhor. Usou heroína. Usou álcool. Teve um câncer na garganta. Deu um soco na cara de Mick Jagger com quem trabalhou desde 1963. Com este histórico, não tinha como morrer. Mas o 24 de agosto de 2021 chegou.

E acho que as coisas vão ser difíceis para Watts. Não vai ser fácil encontrar no céu uma banda para um cara que sempre tocou para a guitarra de Richards. Quando as cordas de Keith inspiram, as baquetas de Watts expiram. Sempre foi assim. E no céu está cheio de bateristas muito bons. Não sei se vai ter espaço para um senhor discreto e de terno bem cortado. De qualquer forma, por favor, enterrem Charlie Watts com tambores e pratos.

CHARLES ROBERT WATTS
(1941-2021)




Cláudio Mércio é professor de Jornalismo na PUCRS. 
Doutor em Comunicação. 
Apreciador de pistache. 
Um cara que considera possível escrever pequenos textos sobre grandes coisas.