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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Caetano Veloso & Chico Buarque - "Caetano e Chico Juntos e ao Vivo” (1972)



por Márcio Pinheiro

"Eu gosto muito de você, Caetano, porque você me desconcerta."
Chico Buarque

No final de 1972, Chico Buarque estava na Bahia, ao lado de Caetano Veloso - que completou 82 anos no último dia 6 - para a realização de um show que dava fim a qualquer boato que colocasse os dois artistas em campos opostos. Registrado pela gravadora Philips, o show se transformaria em disco que seria lançado ainda antes do Natal.

O momento histórico reunindo os dois músicos – numa triste coincidência, na mesma noite em que o poeta e jornalista Torquato Neto se suicidara no Rio de Janeiro – mostra em pouco mais de meia hora de gravação como a afinidade entre eles era imensa.

Com um repertório reunindo composições de Chico (“Bom Conselho”, “Quando o Carnaval Chegar” e “Partido Alto”) e de Caetano (“Tropicália” e “Esse Cara”), com os dois ora se alternando, ora dividindo os vocais, o disco já nascia como relato  histórico caráter antológico. A aparente separação em algumas canções era soterrada na abertura do lado B, com Caetano convidando Chico em “Eu quero dar o fora/E quero que você venha comigo”, em “Você não Entende Nada”, e Chico aceitando o convite e respondendo com “Todo dia eu só penso em poder parar/Meio-dia eu só penso em dizer não/Depois penso na vida pra levar/E me calo com a boca de feijão”, em “Cotidiano”.

Como foi bem observado pelo crítico Julio Hungria em texto no JB, a gravadora apenas se descuidou ao não dar ao evento a condição de caráter histórico, omitindo do registro diálogos, frases de bastidores, confidências que retratassem a importância do encontro. “É um disco predestinado”, definia Hungria, sem esquecer que a censura se fazia presente, como em "Bárbara", de Chico e Ruy Guerra, em que a letra fala de uma “paixão vadia, maravilhosa e transbordante como uma hemorragia” e onde os cortes da Censura podem ser adivinhados apesar da habilidade dos técnicos de gravação. Ou ainda em “Ana de Amsterdã”, dos mesmos autores, em que, num dos versos, a palavra “sacana” da versão original virou “bacana”

Trecho do livro "O Que Não Tem Censura Nem Nunca Terá", de Márcio Pinheiro

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FAIXAS:
1. "Bom Conselho" (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque - 02:00
2. "Partido Alto" (Chico Buarque) - Intérpretes: Caetano Veloso - 05:32
3. "Tropicália" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso - 03:31
4. "Morena dos Olhos D'Água" (Chico Buarque) - Intérpretes: Caetano Veloso - 02:32
5. "A Rita" (Chico Buarque)/ "Esse Cara" (Caetano Veloso) - Intérprete: Caetano Veloso - 03:35
6. "Atrás da Porta" (Chico Buarque/Francis Hime) - Intérpretes: Chico Buarque - 02:44
7. "Você Não Entende Nada" (Caetano Veloso)/ "Cotidiano" (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque/Caetano Veloso - 07:01
8. "Bárbara" (Chico Buarque/Ruy Guerra) - Intérpretes: Caetano Veloso/Chico Buarque - 03:50
9. "Ana de Amsterdam" (Chico Buarque/Ruy Guerra) - Intérpretes: Chico Buarque - 01:45
10. "Janelas Abertas Nº 2" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Chico Buarque - 01:56
11. "Os Argonautas" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso - 03:23

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OUÇA O DISCO:

sábado, 22 de junho de 2024

Chico 80 Anos - As 80 músicas preferidas dos fãs

 Montar uma lista com músicas preferidas de Chico Buarque é, antes de mais nada, desafiador, mas também garantia de uma seleção do mais alto nível da música brasileira. Dada a magnitude e qualidade de sua obra – além de extensa, sempre muito significativa – não haveria como ser diferente. Para celebrar o aniversário de 80 anos deste mestre da nossa cultura completos esta semana, juntamos, então, uma lista de 80 músicas preferidas por alguns de seus inumeráveis fãs.

Disso, porém, uma coisa foi quase unânime: a reclamação dos votantes de que é difícil compor uma lista dessa natureza. Todos os que se dispuseram a realizar essa tarefa quase trocaram o prazer em compô-la por dúvidas atrozes ou, pior, a angústia por não poder escolher mais títulos além de apenas 10. Compreensível. Quando fizemos, em 2022, uma listagem semelhante a esta para o aniversário de outro mestre da música brasileira, Gilberto Gil, o sentimento foi o mesmo. Isso sem falar, após a divulgação, da transformação desse desconforto em arrependimento por não se ter lembrado de incluir esta ou aquela canção...

O fato é que amamos a obra de Chico, e nisso me incluo tanto quanto todos os nossos outros 6 fãs, que toparam comigo e Cly, a ingrata missão de listar apenas 10 músicas da vasta e qualificadíssimo cancioneiro buarqueano. Pois, realmente, 10 é muito pouco para dar a dimensão do quanto o admiramos e da importância de sua obra. Sabemos. Mas, de modo a contemplarmos pelo menos 8 destes ardorosos fãs, a matemática nos obriga a separar apenas uma mísera dezena para podermos completar 80 escolhas celebradoras de suas 80 primaveras. 

Para tanto, reunimos um time especial de “buarqueiros” de diferentes áreas. Jornalistas, escritores, publicitários, ilustradores, produtoras culturais. Há, mas são poucos os que não gostam de Chico – e quando gostam, é assim, de “Todo o Sentimento”. A ponto de fazer canção em sua homenagem, como um dos nossos convidados, o músico radicado em Londres Thomas Pappon - da Fellini, Tres Hombres, Voluntários da Pátria, Smack, The Gilgertos e outros vários projetos – coautor da bela “Chico Buarque Song”, da Fellini. Ou mais do que isso: alguém que dedica-lhe uma obra, caso do jornalista e escritor Márcio Pinheiro, esporádico colaborador do blog, que acaba de lançar o livro "O que Não tem Censura nem Nunca Terá: Chico Buarque e a Repressão Artística na Ditadura Militar".

Afora os impasses, o legal é que existe um Chico para cada um. “Paratodos”, mais certo dizer. Há músicas desde sua fase inicial, nos anos 60, dos tempos da “capa do meme”, até a mais recente produção, deste “Velho Francisco” agora oitentão. 80 músicas é pouco, sim. Melhor seriam mais “Umas e outras”, mais um “Frevo Diabo”, mais um “Tango do covil”, um “Partido alto”, uma “Opereta de casamento”. E “Que tal um samba?”, um pra Vinicius, um de Orly, um de adeus?... “Qualquer canção”, desnaturada, inédita, de Pedroca. Não? Então, como diz ele mesmo, “palmas para o artista confundir”. Que prazer é essa confusão de não saber o que mais nos toca da maravilhosa obra de Chico Buarque.


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Kaká Reis

produtora cultural
(Rio de Janeiro/RJ)

"HELP! Chegou o momento mais temido da minha vida: escolher 10 musicas do Chico! Eu sei que vou me arrepender muito de alguma coisa, mas segue..."

1. "Tatuagem" ("Chicocanta" ou "Calabar", com Ruy Guerra, 1972)
2. "Bom Conselho" ("Quando o Carnaval Chegar", 1972)
3. "Pedro Pedreiro" ("Chico Buarque de Hollanda", 1966)
4. "Eu Te Amo" ("Vida" , com Tom Jobim, 1980)
5. "Biscate" ("Paratodos", 1993)
6. "As Caravanas" ("Caravanas", 2017)
7. "Bye Bye Brasil" ("Vida", com Roberto Menescau, 1980)
8. "Mil Perdões" ("Chico Buarque", 1984)
9. "Ode aos Ratos" ("Carioca", com Edu Lobo, 2006)
10. "Todo o Sentimento" ("Francisco", com Cristóvão Bastos, 1987)




Jana Lauxen

escritora e editora
(Carazinho/RS)

"Chico Buarque é patrimônio cultural brasileiro, lenda viva, meme, galã e puro suco da arte made in Brasil. Não bastasse, canta, compõe, escreve, interpreta, defende a democracia e já enfrentou, na trincheira, dois governos fascistas. Ele me representa de tantas maneiras, que um parágrafo é insuficiente para explicar. Obrigada, Chico!"

1. "Apesar de Você" ("Chico Buarque" ou "Disco da Samambaia", 1978)
2. "O Meu Guri" ("Almanaque", 1982)
3. "Geni e o Zeppelin"  (Trilha sonora da peça "Ópera do Malandro", 1977)
4. "Roda Viva" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 3", 1968)
5. "Jorge Maravilha" (aka Julinho da Adelaide, 1974)
6. "Cotidiano"  ("Construção", 1971)
7. "Cálice" ("Chico Buarque" ou "Disco da Samambaia", com Gilberto Gil, 1978, por Milton Nascimento e Chico Buarque)
8. "Construção" ("Construção", 1971)
9. "Hino da Repressão" (Trilha Sonora do filme "Ópera do Malandro", 1985)
10. "Meninos, Eu Vi" (Trilha Sonora do filme "Para Viver um Grande Amor", com Tom Jobim, 1983)




Leocádia Costa

publicitária, produtora cultural e locutora
(Porto Alegre/RS)

1. "Biscate" 
2. "Paratodos" ("Paratodos", 1993)
3. "Tua Cantiga" ("Caravanas", com Cristóvão Bastos, 2017)
4. "Imagina" ("Carioca", com Tom Jobim, 2006)
5. "Baioque" ("Quando o Carnaval Chegar", 1972, por Maria Bethânia)
6. "Minha Canção" ("Os Saltimbancos", com Sérgio Bardotti e Enriquez, 1977)
7. "Beatriz" ("O Grande Circo Místico", com Edu Lobo, 1983)
8. "Roda Viva" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 3", 1968)
9. "Samba e Amor"("Chico Buarque de Hollanda - vol. 4", 1970)
10. "Cotidiano" ("Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo", 1972, com Caetano Veloso)




Clayton Reis

arquiteto, cartunista e blogueiro
(Rio de Janeiro/RJ)

"Que tarefa ingrata escolher só dez. Meu Deus! Vai indo 1, 2, 3 e vai se aproximando de 10 e a gente fica pensando, 'mas essa vai ficar de fora', 'e aquela...', 'e aquela outra...'. É uma obra incrível, muita coisa maravilhosa, letras incríveis, fases distintas, temas, motivações. Não tem nem o que falar. Só aplaudir um cara assim, agradecer por existir há 8 décadas e nos dar coisas como essas."

1. "Construção"  
2. "Rosa dos Ventos" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 4", 1970)
3. "O que Será? ((À flor da pele)"  ("Meus Caros Amigos", 1976)
4. "Vai Passar" ("Chico Buarque", com Francis Hime, 1984)
5. "Cotidiano" 
6. "Apesar de Você"
7. "Agora Falando Sério" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 4", 1970)
8. "Geni e o Zeppelin"  
9. "Samba do Grande Amor" ("Chico Buarque", 1984)
10. "Jorge Maravilha" 




Daniel Rodrigues

jornalista, escritor, radialista e blogueiro
(Porto Alegre/RS)

"'A gente se torna repetitivo falar que 10 músicas não são suficientes para dar conta da grandiosidade de Chico Buarque. Fazer o quê? Muito queria ter incluído aqui 'Mil Perdões', 'Samba e Amor', 'Leo', 'Pedro Pedreiro', 'Assentamento', 'Ciranda da Bailarina', 'Alumbramento', 'Rosa dos Ventos', 'Sinhá'... mas não cabem. Fico com o sintético depoimento do amigo Tom Jobim, que dizia, atribuindo sua genialidade aos deuses da religiosidade afro-brasileira, que Chico era 'um cavalo'".

1. "Construção"
2. "Vida" ("Vida", 1980)
3. "A Bela e a Fera" ("O Grande Circo Místico", com Edu Lobo, 1983, por Tim Maia)
4. "Futuros Amantes" ("Paratodos", 1993)
5. "Vai Passar"
6. "O Meu Guri" 
7. "Tua Cantiga"
8. "Beatriz"
9. "Amando sobre os Jornais" ("Mel", 1979, por Maria Bethânia)
10. "Estação Derradeira" ("Francisco", 1987)




Lívia Araújo

jornalista e ilustradora
(Porto Alegre/RS)

"Amo Chico e seu repertório pela sua amplidão de temas e estilos: tanto interpretando a realidade brasileira e seus personagens, quanto falando sobre os meandros íntimos de homens e mulheres nos mais variados contextos. A música do Chico, que dá o balanço perfeito entre melancolia e alegria, exaltação e introspecção, é a expressão perfeita de alguém que entende como o brasileiro, em suas próprias palavras na ocasião da entrega tardia do Prêmio Camões, traz nas veias "o sangue do açoitado e do açoitador. Bônus track. 'Samba de Orly'".

1. "Tanto Amar" ("Almanaque", 1982)
2. "Vai Passar"
3. "Feijoada Completa" ("Chico Buarque" ou "Disco da Samambaia", 1978)
4. "Joana Francesa" (Trilha sonora do filme "Joana Francesa", 1973)
5. "Geni e o Zeppelin"  
6. "João e Maria" ("Os Meus Amigos São Um Barato", com Sivuca, 1977, por Nara Leão)
7. "Roda Viva"
8. "Caçada" ("Quando o Carnaval Chegar", 1972)
9. "Acorda, Amor" (aka Julinho da Adelaide, "Sinal Fechado", 1974)
10. "Terezinha" (Trilha sonora da peça "Ópera do Malandro", 1977, por Gal Costa)




Thomas Pappon

músico
(Londres/Inglaterra)

1. "Samba e Amor"
2. "Cotidiano"
3. "Partido Alto" ("Quando o Carnaval Chegar", 1972, por MPB-4)
4. "Ana de Amsterdã" ("Chicocanta" ou "Calabar", com Ruy Guerra, 1972)
5. "Construção"  
6. "Gente Humilde" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 4", com Garoto e Vinícius de Moraes, 1970)
7. "Pois É" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 4", com Tom Jobim, 1970)
8. "Deus lhe Pague" ("Construção", 1971)
9. "Olha Maria" ("Construção", com Tom Jobim, 1971)
10. "Joana Francesa" 




Márcio Pinheiro

jornalista e escritor
(Porto Alegre/RS)

"Aí vai uma lista idiossincrática: 10 músicas de Chico Buarque em parcerias. A melhor do Chico em parceria com:"

1. Caetano Veloso: "Vai Levando" ("Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo", 1975)
2. Edu Lobo: "História de Lily Braun" ("O Grande Circo Místico", 1983, por Gal Costa)
3. Francis Hime: "A Noiva da Cidade" ("Meus Caros Amigos", 1974)
4. Gilberto Gil: "Cálice"
5. João Donato: "Cadê Você?"  ("Francisco", 1987)
6. Miltinho: "Angélica"  ("Almanaque", 1982)
7. Ruy Guerra: "Tatuagem"
8. Sivuca: "João e Maria"
9. Tom Jobim: "Retrato em Branco e Preto" ("Chico Buarque de Hollanda - vol. 3", 1968)
10. Toquinho: "Samba de Orly" ("Construção", 1971) e Vinicius de Moraes: "Valsinha" ("Construção", 1971)




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As mais votadas

"Construção", "Cotidiano" - 4 votos

"Roda Viva", "Geni e o Zeppelin", "Vai Passar" - 3 votos

"Biscate", "Beatriz", "Apesar de Você", "Cálice", "Tatuagem", "O Meu Guri", "Jorge Maravilha", "Tua Cantiga", "Samba e Amor", Joana Francesa", "João e Maria" - 2 votos

"Vai Levando", "História de Lily Braun", "A Noiva da Cidade", "Cadê Você?", "Angélica", "Retrato em Branco e Preto", "Samba de Orly", "Valsinha", "Partido Alto", "Ana de Amsterdã", "Gente Humilde", "Pois É", "Deus lhe Pague", "Olha Maria", "Tanto Amar", "Feijoada Completa", "Caçada", "Acorda, Amor", "Terezinha", "Vida", "A Bela e a Fera", "Futuros Amantes", "Amando sobre os Jornais", "Estação Derradeira", "Rosa dos Ventos", "O que Será? ((À flor da pele)", "Agora Falando Sério", "Samba do Grande Amor", "Paratodos", "Imagina", "Baioque", "Minha Canção", "Hino da Repressão", "Meninos, Eu Vi", "Bom Conselho", "Pedro Pedreiro", "Eu Te Amo", "As Caravanas", "Bye Bye Brasil", "Mil Perdões", "Ode aos Ratos" e "Todo o Sentimento" - 1 voto


Daniel Rodrigues

quinta-feira, 18 de abril de 2024

"Gilberto Braga: O Balzac da Globo - Vida e obra do autor que revolucionou as novelas brasileiras", de Artur Xexéo e Maurício Stycer - Ed. Intrínseca (2024)

 




por Márcio Pinheiro

"Ele [Artur Xexéo] era um profissional que eu admirava e respeitava, dez anos mais velho do que eu. Aceitei a proposta do Gilberto [Braga] de continuar com o trabalho iniciado pelo Xexéo porque, entre outros motivos, entendi que seria também uma homenagem a este jornalista que respeito tanto".
Maurício Stycer


É possível gostar de um livro e ao mesmo ficar decepcionado? Meu amigo João Carlos Rodrigues me ensinou que sim ao comentar a desilusão que teve ao concluir a leitura da biografia de João Gilberto feita por Zuza Homem de Mello. Foi a mesma sensação que tive ao concluir a leitura de "Gilberto Braga: O Balzac da Globo - Vida e obra do autor que revolucionou as novelas brasileiras". 

Obra que teve uma trajetória atribulada, com a morte do personagem (Gilberto Braga) e do autor inicial (o jornalista Artur Xexéo), o livro acaba refletindo esses desencontros. Acabou sendo concluído por outro jornalista, Maurício Stycer, e aí surge o primeiro problema: Xexéo, então, em muitas partes, passa a ser tratado como fonte, não mais como autor. Stycer assume a conclusão das entrevistas e se responsabiliza pela redação final.

Outra desilusão foi com relação aos capítulos. São curtos demais e quase todos centrados na obra de Gilberto, com poucas referências ao making of. São ainda quase sempre apresentados num formato semelhante: Gilberto tem a ideia, desenvolve-a, discute com o diretor, começa a gravação, se desespera (com algum ator/atriz, com o Ibope, com a pressão interna da emissora...), promete que aquele será o último trabalho e... volta a escrever uma próxima novela - que servirá de base para o próximo capítulo do livro. 

Pouco se fala dos bastidores. Ficamos sabendo da óbvia admiração de Gilberto pela sua patota: José Lewgoy, Malu Mader, Dennis Carvalho, Antonio Fagundes... e até as pouco lembradas Henriette Morineau e Jacqueline Laurence, mas o livro pouco desenvolve quem Gilberto NÃO gostava. Fala en passant dos desentendimentos com Luiz Fernando Carvalho e com Vera Fischer. E só. Daniel Filho e Boni, tão fortes no início de Gilberto em 1972, contrastam com a ausência de Walter Clark, ainda mais poderoso na época e tão pouco citado. São escondidas também pequenas (quem era o cantor que Gilberto não tinha nenhum disco e se apressou em adquirir quando o convidou para um jantar na sua casa?) e grandes fofocas (a maior delas: o misterioso Diplomata, hoje com mais de 90 anos, que teria tido um papel afetivo importantissimo na vida do novelista?).

O livro tem méritos. Recupera bem a fase de Gilberto pré-Globo, a vida como professor de Francês e, mais ainda, como crítico teatral. Mostra também com detalhes o entorno familiar - mais complicado do que qualquer novela do autor. Apresenta ainda Gilberto como uma pessoa insegura, com obsessão por dinheiro (isso se fala quase no início, quando ele ainda está preocupado com um teste vocacional e confessa que "não enxergava futuro algum como professor, não gratifica ninguém, nem monetária nem intelectualmente"), preocupado com a ascensão social (tema tão presente em seus textos) e até da inveja que ele nutriu de Mário Prata durante um período, pelo fato de ele, Mário, ter livre acesso à sala de Boni e ele, Gilberto, não.

A vida de Gilberto Braga deu num livro bom. Poderia ter sido uma novela ótima.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

"Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo César Araújo - ed. Planeta (2006)

 

por Márcio Pinheiro


"Eu tive duas motivações. Uma foi a afetiva: ele foi meu primeiro ídolo de infância. A outra, inte­lectual. Quando cheguei à faculdade e me interes­sei pelo estudo da música brasileira, constatei que não tinha nenhum livro que explicasse o fenóme­no Roberto Carlos."
Paulo César Araújo, sobre o que o motivou a escrever a obra


Se você pretende saber quem ele é, eu posso lhe dizer: está tudo em "Roberto Carlos em Detalhes", livro de Paulo César Araújo lançado pela Editora Planeta em 2006, logo depois retirado de circulação e até hoje o mais completo perfil biográfico feito sobre um artista tão gigantesco quanto misterioso. Na internet, o livro pode ser encontrado pelo preço médio de 400 reais.

Resultado de 16 anos de pesquisas e entrevistas, "Roberto Carlos em Detalhes" começou a ser desenvolvido em 1990, quando Araújo - autor de "Eu Não Sou Cachorro, Não" - começou a coletar dados para um trabalho específico sobre a Jovem Guarda. Entre as quase duas centenas de entrevistas - incluindo aí nomes como Tom Jobim, Chico Buarque e João Gilberto - percebeu que um nome se destacava.

Assim, o bem detalhado "Detalhes" acompanha a trajetória do cantor desde a infância, do nascimento em Cachoeiro do Itapemirim, em abril de 1941, filho caçula do relojoeiro Robertino e da costureira Laura, e revela aspectos pouco conhecidos e/ou comentados, como quando Roberto Carlos, aos seis anos, foi atropelado por uma locomotiva e sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho.

O autor também acompanha a chegada de Roberto Carlos ao Rio, em 1956, relatando o encontro do jovem com Wilson Simonal, Tim Maia, Erasmo Carlos e, principalmente, com o produtor musical Carlos Imperial, a quem Roberto chamava de "papai" e que foi responsável pela gravação de seu primeiro disco. Antes disso, Roberto Carlos, suburbano com influências roqueiras, tentou se inspirar em João Gilberto, mas nunca foi bem aceito pela turma da Zona Sul. Resolveu abandonar o ídolo e criar um caminho à parte. "Ele foi rechaçado pela classe média. Era chamado de 'João Gilberto dos pobres'", lembra Araújo.

Das diversas fases do cantos - da Jovem Guarda ao romantismo dos motéis, dos rocks iniciais ao misticismo - tudo está contemplado. Araújo conta histórias sem descambar para a mera fofoca e esmiúça todos os fatos que já foram contados superficialmente em um ou outro lugar.


sábado, 2 de setembro de 2023

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial 15 anos do ClyBlog - Marvin Gaye - "Let's Get It On" (1973)


"Let's Get It On": 50 anos

por Márcio Pinheiro

"Afirmo que SEXO É SEXO e AMOR É AMOR. Quando combinados, eles funcionam bem juntos, se duas pessoas tiverem a mesma opinião". 
Marvin Gaye, no texto da contracapa do disco


Com o início da década de 70, o Marvin Gaye romântico e alienado começa a entrar em conflito por ter atravessado os anos 60 sem uma participação política mais ativa. É aí que começa a se revelar o autêntico Marvin Gaye – intenso, inquieto, atormentado, introspectivo, radical –, analista e repórter de seu tempo. O manifesto em forma de disco era "What’s Going On", suíte dividida em nove partes em que Marvin discute a Guerra do Vietnã, os problemas ecológicos ("Mercy, Mercy Me" foi a primeira canção pop a tratar do tema) e o racismo. Para fazer "What’s Going On", Marvin brigou com Berry Gordy Jr., executivo de sua gravadora, a Motown, e chegou a ameaçar abandoná-la. Queria ter completa autonomia na produção, compor todas as canções e escolher os músicos. Gordy não queria mexer em time que estava ganhando e mudar o estilo da gravadora. Confirmando o que Marvin imaginava e contrariando as previsões de Gordy, "What’s Going On" foi sucesso de crítica e de vendagens. 

O disco seguinte, "Let’s Get It On", era menos político, mas não perdia nada no aspecto revolucionário. Erótico e lascivo, "Let’s Get It On" atingia o baixo ventre e os quadris sem desprezar o coração e sem ofender o cérebro. Parecia ser o início de uma fase prolífica e criativa de Marvin, mas a vida voltou a entrar em parafuso. Separou-se de Anna e passou a viver com Janis – 17 anos mais nova e que o trocaria pouco tempo depois pelo cantor Teddy Pendergrass. Os divórcios foram problemáticos, somados à dívidas de milhões de dólares com o fisco, consumo exagerado de cocaína e escassos shows pelos Estados Unidos. Tentou mudar de vida morando um ano no Havaí, mas como a dor também inspira são dessa época os discos "Here My Dear" (sobre a separação com Janis) e "I Want You" (outro manifesto erótico-dançante). Do Havaí foi para Londres e de lá para um autoexílio de três anos em Ostend, cidade litorânea da Bélgica, onde alugou um apartamento com vista para o Mar do Norte. 

Parecia mais tranquilo quando foi encontrado pelo produtor  Larkin Arnold, da CBS, que o queria de volta aos estúdios. A gravadora comprou seu passe da Motown por US$ 2 milhões e os advogados se encarregaram de resolver os problemas legais que Marvin tinha com a justiça americana.

O recomeço seria uma retomada de "Let’s Get It On" com "Midnight Love" esbanjando libido e sensualidade. À fluidez do soul dos anos 60 se acrescenta os ritmos caribenhos e os experimentalismos digitais. "Sexual Healing", carro-chefe do disco, garante a Marvin a eleição pela Billboard de compacto de música negra do ano e o primeiro Grammy de sua carreira. Marvin Gaye mostrou-se profético (e herético) pela última vez ao encerrar o disco com a faixa "My Love Is Waiting", orando pela proteção divina enquanto pedia que a mulher amada não o abandonasse.

A alma, ainda mais dividida, continuava sagrada e profana.

vídeo de "Let's Get it On" ao vivo em Amsterdan, em 1976


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FAIXAS:
1. "Let's Get It On" - 4:44
2. "Please Stay (Once You Go Away)" - 3:32
3. "If I Should Die Tonight" - 3:57
4. "Keep Gettin' It On" - 3:12
5. "Come Get to This" (Gaye) - 2:40
6. "Distant Lover" (Gaye/Gwen Gordy/Sandra Greene) - 4:15
7. "You Sure Love to Ball" (Gaye) - 4:43
8. "Just to Keep You Satisfied" (Gaye/Anna Gordy Gaye/Elgie Stover) - 4:35
Todas as composições de autoria de Marvin Gaye/Ed Townsend, exceto indicadas

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OUÇA O DISCO:
Marvin Gaye - "Let's Get It On" 



quinta-feira, 16 de março de 2023

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial 15 anos do ClyBlog - Jards Macalé - "Real Grandeza - Parcerias com Waly Salomão" (2005)



Para lembrar: Jards Macalé - 80 anos
Vale a pena ser poeta?

por Márcio Pinheiro

Em parceria com Waly Salomão, ele subverteu a dor de cotovelo e a cornitude, dando uma nova dimensão à fossa e lançando as bases para a morbeza romântica

Nascido no terceiro dia do Carnaval de 1943, Macalé – filho de um militar com uma dona de casa, atravessou um amplo aprendizado teórico, iniciado no violão clássico e consolidado nos conjuntos de bossa nova e no nascimento do tropicalismo. Em 1969, assustou público e júri de um Festival da Canção com seu berro que anunciava haver um morcego na porta principal. Os tempos não eram de piadas e de sustos forçados. Macalé recebeu uma vaia estrondosa. Recuperou-se, mas nunca mais conseguiu se livrar do rótulo de maldito.

As bases da morbeza romântica se estruturavam na dor de cotovelo, na cornitude – como explicou Augusto de Campos –, e nas composições de Nelson Cavaquinho e de Lupicínio Rodrigues – ou “Lupicínico” como era definido por Macalé e Waly. Era uma espécie de fossa traduzida pelo tropicalismo. Um estilo que não perdia a ironia, a capacidade de rir de si mesmo, como comprova o título do disco – Real Grandeza é uma rua no bairro de Botafogo onde se localiza um dos mais conhecidos cemitérios do Rio.

Há duas maravilhas inéditas no CD. "Berceuse Criolle", com Maria Bethânia acompanhada por um trio violão-piano-cello. A outra é "Olho de Lince", em que a voz gravada de Waly entoa versos que servem como uma continuação de "Anjo Exterminado". Se na música dos anos 70, vigiado pela ditadura, Waly falava em“Fecho janelas sobre a Guanabara/Já não penso mais em nada/Meu olhar vara vasculha a madrugada”, anos depois, em tempos de abertura, o poeta grita: “Quando quero saber o que ocorre à minha volta/Ligo a tomada abro a janela escancaro a porta/Experimento tudo nunca me iludo”.

Outro hino daqueles tempos de sufoco, "Vapor Barato", gravado pela primeira vez por Gal Costa, ganha uma versão renovada com um arranjo eletrônico pesado do Vulgue Tostoi com Marcelo H (voz e programações), Junior Tostoi (craviola elétrica, craviola elétrica com arco, baixo, programações e edições) e Rodrigo Campello (cordas virtuais, programações, edições). Só com seu violão, Macalé interpreta "Rua Real Grandeza", e, acompanhado pelo piano de Cristóvão Bastos, recupera o bolero "Senhor dos Sábados".

Como a parceria era prolífica também em amizades, "Real Grandeza" serve ainda como encontro musical. Estão lá Luiz Melodia em "Negra Melodia", reggae com pitadas de samba que tem ainda a participação de Kassin, Pedro Sá e Domenico e do veterano conjunto vocal As Gatas, Adriana Calcanhotto na já citada "Anjo Exterminado" e Frejat em "Mal Secreto", aquela que fala em um dos lemas da dupla: “Não preciso de gente que me oriente”.

vídeo de "Mal Secreto", com Jards Macalé e Frejat


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FAIXAS

1 - "Olho de Lince" - Participação: Waly Salomão - 4:22
2 - "Rua Real Grandeza" - 3:09
3 - "Senhor dos Sábados" - 3:06
4 - "Anjo Exterminado" Participação: Adriana Calcanhotto - 3:15
5 - "Dona de Castelo" - 3: 27
6 - "Vapor Barato" - Participação: Marcelo H - 4:32
7 - "Mal Secreto" - Participação: Frejat - 3:47
8 - "Negra Melodia" - Participação: Luiz Melodia - 4:19
9 - "Revendo Amigos" - 4:51
10 - "Berceuse Crioulle" - Participação: Maria Bethânia - 3:19
11 - "Pontos de Luz - Participação: As Gatas - 2:34

Todas as composições de autoria de Jards Macalé e Waly Salomão

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OUÇA O DISCO:

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

14 anos, 14 convidados

 








E o clyblog chega a seus 14 anos de idade.

Parabéns para nós!

E parabéns para nós, principalmente, por, durante todo esse período de existência, termos tido a honra de contar com colaborações valiosas de convidados das mais diversas áreas. Escritores, jornalistas, músicos, fotógrafos, artistas, deram suas contribuições a partir de suas experiências, preferências pessoais e respectivos repertórios culturais, abrilhantando momentos especiais do nosso blog em datas importantes, números redondos de publicações ou em nossos aniversários anteriores.

Para comemorar os 14 aninhos e essas colaborações maravilhosas, relembramos aqui, exatamente, 14 momentos, 14 participações especiais, 14 grandes convidados que nos proporcionaram publicações de altíssima qualidade e conteúdo valiosíssimo para o Clyblog.

Então aí vão 14 participações de convidados durante os 14 anos, até aqui, de ClyBlog:


1.
Em 2013, o escritor, teólogo, filósofo, ensaísta, crítico de arte, poeta e cronista gaúcho, Armindo Trevisan, nos deu de presente de Natal uma belíssima crônica que sugeria uma merecida reverência silenciosa a um momento tão importante como é o caso do nascimento de Cristo, no nosso 
Cotidianas Especial de Natal.

"(...)Que maravilhoso seria se, na comemoração do Natal, as nações cristãs, concordassem em instituir um minuto de silêncio em homenagem a tão grande Mistério!
Seria preciso que não se ouvisse som algum em nosso mundo!
Seria preciso que a paz, silenciosa como as estrelas (ao contrário de nossos ícones que, para serem ovacionados, inflamam as multidões) entrasse nos corações na ponta dos pés, e aí fizesse adormecer as almas ao som da Noite Feliz, traduzida para o português por um frei franciscano de Petrópolis, o qual preferiu o adjetivo feliz ao adjetivo original alemão stille: Noite Silenciosa! (...)"


Leia o texto na íntegra:

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2.
Marcando a publicação de número 200 dos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, convidamos um cara com autoridade para falar de sua banda favorita: Roberto Freitas, vocalista da banda The Smiths Cover Brasil, uma das mais respeitadas bandas cover do Brasil, revelou tudo sobre sua paixão pelo disco "Meat is Muder", o primeiro que teve da banda, e o álbum que o impulsionou a querer estar em cima de um palco.


"(...) As pessoas sempre me perguntam até hoje qual a minha musica preferida dos Smiths e eu respondo sem pensar muito :"Não tenho apenas uma tenho pelo menos umas dez e a maioria estão no álbum 'Meat is Murder' (...)"




Leia o texto na íntegra:


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3.
Em 2018, para os nossos 10 anos, o convidado Wladymir Ungaretti, fotógrafo e professor de jornalismo da UFRGS, compartilhou conosco um de seus ensaios fotográficos para a nossa seção Click, chamado "Imagens para melhor imaginar". Modelos em situações sensuais, no limite do vulgar, do sujo. Erótico com um toque de mistério. Não poderia ter sido mais preciso no conceito: fotos que mostram, mas que deixam muito para a imaginação.



"(...) Este é um espaço reducionista. Escrevemos a partir de muitos pressupostos. São muitas as variáveis na conceituação do que seriam fotos pornográficas ou, simplesmente, eróticas. Conceitos determinados por cada contexto histórico e por cada cultura. Uma obviedade muitas vezes esquecida. Fotógrafos estão olhando, sempre, o trabalho de outros fotógrafos. Mesmo quando, por absoluto egocentrismo, digam que não, Faço questão de "copiar". De me deixar influenciar por outros fotógrafos. Busco o despojamento do surrealista Man Ray. A "pornografia" do japonês Araki. Os cenários surpreendentes de Jan Saudek. Pode parecer muita pretensão. Não canso de olhar livros dos fotógrafos que, por razões muitas vezes nada precisas, tocam o meu "olhar". Fotografei estas modelos inspirado pela ideia de Vilém Flusser que diz: "produzimos imagens para melhor imaginar".



Veja o ensaio:
Imagens para melhor imaginar



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4.
Para falar de uma banda e de um álbum, nada melhor do que alguém que criou a banda, foi seu integrante, compôs músicas e tocou no álbum. Carlos Gerbase, hoje, doutor em comunicação social, em outros tempos foi baterista e vocalista da banda Os Replicantes e para o ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 5 anos do ClyBlog, falou sobre o lendário primeiro disco da banda, lá de 1986.


"(...) na hora de decidir como o nosso primeiro LP se chamaria, alguém sugeriu (provavelmente eu mesmo, mas não tenho certeza) que o disco se chamasse “O Futuro é Vortex”. Foi uma  boa escolha. Ele estava cheio de canções de ficção científica, e esse título era uma boa síntese (...)"




Leia o texto na íntegra:
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5.
O jornalista gaúcho Márcio Pinheiro, especialista na área de jornalismo cultural, com passagens pelas redações de jornais como Zero Hora, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo, autor do recém lançado livro "Rato de Redação - Sig e a História do Pasquim", amante de música, especialmente de jazz e MPB, nos deu o privilégio de compartilhar sua admiração pelo disco "Quem é Quem", de João Donato, nos nossos 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Segue aí um trecho da resenha:


"[João Donato] Era um músico dos músicos, respeitado pelos seus pares mas pouco conhecido pelo público. Da convivência com o cantor Agostinho dos Santos, um grande incentivador de seu trabalho, nasceu a ideia de colocar letras nas suas músicas (...)"




Leia o texto na íntegra:

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6.
Cléber Teixeira Leão
, além de meu primo e um excelente músico, é professor de História e um de seus focos, nas aulas que ministra na rede estadual do Rio Grande do Sul tem sido as relações étnico-raciais, com foco no conceito do estudo crítico da branquitude. Nessa linha, falou para o Claquete do ClyBlog, sobre a representatividade negra nas mídias de entretenimento norte-americanas, nas comemorações de 12 anos do blog. Muito interessante o texto e análise do nosso convidado. Confere só:


"(...) Ainda que de forma ficcional, o Pantera Negra serviu e serve ainda hoje, como símbolo dessa quebra de padrões e imposições, além é claro de personificação imagética do antirracismo. Quando o Marvel Studios lançou em 2017 o filme "Pantera Negra" nos cinemas, a repercussão política e social do Blockbusters foi tanta, que gerou uma das maiores bilheterias da franquia de heróis até hoje (...)"




Leia o texto na íntegra:

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7.
Uma das histórias mais curiosas e engraçadas de bastidores já contadas no ClyBlog foi relatada por Castor Daudt, ex-guitarrista da banda DeFalla, sobre uma ocasião em que encontraram um integrante da banda New Order, num camarim de um show em São Paulo. Foi para o Cotidianas Especial de 10 anos do ClyBlog, em 2014. Não vou contar mais nada aqui porque vale a pena você mesmo ler.


"(...) Depois do show eu fiquei sozinho no camarim, descansando. Era raro ter um minuto de sossego, na época.
De repente entra um cara meio estranho, no camarim..."




Leia o texto na íntegra:


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8.
As andanças, por aí, dos nossos convidados também nos trazem colaborações muito interessantes. Fabrício Silveira, jornalista e escritor, quando de sua passagem por Manchester, na Inglaterra, cidade  berço de bandas como Joy Division, The Smiths, Stone Roses, The Fall, entre outras, presenciou, possivelmente, o surgimento de mais um nome para se guardar vindo daquele lugar: The Sleaford Mods, uma dupla de eletrônico, punk, minimalista..., estranha mas muito interessante. Nosso convidado nos contou da experiência de ter presenciado um show desses caras para o nosso ClyLive.


"Não há quase nada em cima do palco. Não há equipamento algum, além de um pedestal de microfone e uma mesa de bar, lado a lado. É até um pouco estranho encontrar ali aquele móvel rústico, com pernas dobráveis, trabalhado em madeira nobre. Sobre ele, há um laptop fechado, discreto, quase invisível, que se confunde aos desenhos e aos padrões cromáticos da toalha de mesa. Ao fundo, espessas cortinas de veludo escuro. Em contraste, há uma forte luz branca, opressiva e desconfortável. Este é o cenário. Não há mais nada em cima do palco (...)"



Leia o texto na íntegra:


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9.
Nosso convidado de um dos especiais dos 11 anos, lá de 2019, participou da gravação desse álbum histórico da música brasileira. Waldemar Falcão, músico, astrólogo e escritor, tocava na banda de Zé Ramalho quando o cantor gravou se clássico "Zé Ramalho 2" ou "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", de 1979. Ou seja, pouca gente estaria tão autorizada a comentar sobre a obra, as músicas, a atmosfera do álbum. Saca só...



"Quanto mais o tempo passa, mais nos damos conta de que ele na verdade voa mesmo... Quando penso que se passaram 40 anos desde que gravamos esse lendário LP (permitam-me...), chega a ser difícil de acreditar (...)"




Leia o texto na íntegra:

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10.
Um dos muitos convidados que participaram das nossas comemorações de 
10 anos, foi o ator e diretor de teatro Cleiton Echeveste que destacou para a nossa seção Claquete, o filme nacional "Tinta Bruta", de Filipe Matzembacher e Márcio Reolon, de 2018. E, na boa, se ele falou bem do filme, é porque é bom mesmo, porque de atuação e direção o cara conhece.



"(...) Na minha relação com a arte, busco ser o menos analítico possível ao vivenciá-la, esteja eu no lugar de criação ou de fruição. A análise é fria e requer distanciamento, e foi exatamente o contrário disso que “Tinta Bruta” me proporcionou: a vivência da minha humanidade, da minha falibilidade, de dores que são também minhas e que são, por isso, plenamente identificáveis(...)"




Leia o texto na íntegra:


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11.
Ele já havia sido 
ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, com seu disco  “Sambadi”, de 2013, e convidado a escrever sobre um disco de sua admiração para os 8 anos do Clyblog, o cantor, compositor e arranjador Lucas Arruda, escolheu falar sobre um dos trabalhos que mais o influenciara, "Robson Jorge & Lincoln Olivetti", de 1982. Um AF comentando sobre outro. Essa foi certamente uma participação especialíssima que tivemos.



"(...) Alegria imensa em poder falar um pouco deste álbum! Pessoalmente, é o disco que mais influenciou em termos de arranjo, sonoridade, composição. Minha bíblia! (...)"




Leia o texto na íntegra:


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12.
Esse cara sempre trazia coisas muito curiosas, interessantes e diversificadas pra o Clyblog. Cinéfilo, fã de cinema anos 70, filmes clássicos, faroeste, colecionador e admirador de cultura pop, além de conhecedor de literatura e folclore sul-americano, Francisco Bino colaborou com o blog durante alguns meses e sempre nos surpreendeu com assuntos instigantes e muita informação. 
Num desses textos, nos conta sobre as inspirações em religiões afro na clássica canção "Sympathy for the Devil", dos Rolling Stones. Dá só uma olhada:


"Em uma sexta-feira qualquer de 1968 depois de beber uma garrafa e meia de Jim Beam, Mick Jagger invadiu bêbado e meio "alto" a uma terreira de Candomblé em Salvador na Bahia (...)"



Leia o texto na íntegra:


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13.
Colaboração ilustre e internacional no ClyBlog nos nossos 
12 anos. A escritora angolana Marta Santos aceitou nosso convite para falar sobre algum disco importante, segundo sua opinião, e nos surpreendeu com a ótima dica do trabalho de seu conterrâneo Elias Dya Kymuezu, com o disco "Elias", de 1969, cuja qualidade e influência é reconhecida na música brasileira por nomes como Martinho da Vila e Chico Buarque de Holanda. Abaixo, um trecho da resenha da nossa convidada:



"(...) Elias Dya Kimuezu é bangāo, cheio de classe. Faz lembrar os clássicos  americanos. Podemos facilmente perceber a humildade dele e a sua sensibilidade. A sua música, ou melhor, a essência das suas músicas, as suas canções são de lamento de quem lamenta a morte de alguém. Naquela altura, quando ainda eram colonizados, não se lamentava, só isso se lamentava, o sofrimento do povo, e até hoje o cantor não sai da sua canção, do seu ritmo. Porque a sua canção é invocação. Invoca a mãe, a dor invoca toda uma sociedade (...)"



Leia o texto na íntegra:


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14.
Um Super-Álbuns Fundamentais! Isso foi o que o convidado Lucio Brancato, músico, jornalista, colunista musical e apresentador de TV e rádio, nos proporcionou no nosso aniversário de 
10 anos. Pedimos para que ele nos falasse sobre um disco de sua preferência e ele nos deu cinco de uma vez só: Crosby, Stills, Nash & Young, com  "Déjà Vu", de1970; Yes, com "Close to The Edge", de 1971; Dillard & Clark, com o disco The Fantastic Expedition of Dillard & Clark, de 1968; Faces, com seu "Oh La La", de1973; e Kinks, com o álbum Face to Face, de 1966. Não tinha maneira melhor de fechar essa lista de colaborações do que essa. 


"Mudei o pedido do Daniel Rodrigues para escrever sobre um disco importante na minha vida.
Foram tantos que ficaria muito difícil selecionar apenas um. E mesmo assim, esta lista nunca é definitiva.
Resolvi listar cinco fundamentais na minha formação e talvez os discos que mais escutei na vida."



Leia as resenhas completas:

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Obrigado a todos os que colaboraram com o ClyBlog até aqui.
Todos os que foram lembrados nessa pequena listagem e a todos que não aparecem nela
 mas igualmente nos honraram com suas experiências, conhecimentos, bagagem e qualidade.
Muito obrigado a todos!  




C.R.
D.R.