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terça-feira, 19 de agosto de 2014

ARQUIVO DE VIAGEM - Museu Oscar Niemeyer (MON) - Curitiba / PR



A impactante visão do "olho"
espelhado do MON


Mais do que qualquer exposição ou parque (e olha que lá têm muitos), certamente o que mais me impactou em Curitiba foi o Museu Oscar Niemeyer, o MON. É fantástica a emoção que se tem ao chegar pela estreita Rua Marechal Hermes, no bairro Centro Cívico, e, ao desvencilhar o olhar das árvores do entorno, dar de frente com aquele impressionante olho suspenso e espelhado. Tal como foi quando estivemos Leocádia e eu no MAC, de Niterói, no Rio, ao ver aquela nave-flor totalmente integrada com a natureza e a topografia.

Rampa de entrada para o
prédio principal com a torre
e o lago artificial
Nesta obra, a arquitetura de Niemeyer, embora num ambiente menos privilegiado naturalmente do que o de Niterói, traz novamente esta sensação impactante e de fusão com o que lhe cerca. O MON une duas épocas de sua carreira e da Arquitetura como um todo. Isso porque o projeto original foi composto pelo arquiteto em 1967 para as instalações do Instituto de Educação. Esta primeira obra comportava já o prédio em linhas retas que fica ao fundo, o qual dá de costas para o Parque Polonês, uma área verde de convívio ligada à outra de mata fechada. Pois em 2002, Niemeyer, já em sua fase mais madura, foi chamado para reelaborar o projeto, onde seria construído, enfim, o museu que leva seu nome.

Em primeiro plano,
a escultura em aço, La Luna,
de Niemeyer
Escultura em bronze do
modernista Bruno Giorgi
Foi quando se ergueu o chamado “olho”, que, na verdade, foi inspirado no formato de uma pinha de araucária, árvore característica da região e daqui do Sul. Sobre um lago artificial, o olho – cujo traço da borda em concreto armado branco é de uma beleza infindável – é sustentado por uma “sutil” base retangular, a “Torre”, em cor amarelo-canário, onde se estampam a traço preto desenhos do mestre que dialogam com outros feitos por ele em Niterói para o Caminho Niemeyer, obra também pertencente à sua última fase. Digo “sutil”, pois, como é natural em Niemeyer, as dimensões gigantescas se aliam à precisão das proporções dentro do todo, fazendo com que se percebam claramente os volumes, distinguindo o que é menor e o que é maior. O que não quer dizer que o “menor” seja necessariamente pequeno. Pelo contrário: ao todo, são 35 mil metros quadrados de área construída. Somente dentro da base amarela, vimos depois, há três andares de espaço expositivo mais o do próprio olho anexo. Isso, rodeado de rampas curvas que, além da função de acesso e mobilidade, emprestam movimento ao desenho.

Espaço Niemeyer traz maquetes, fotos e vídeos
dos principais projetos do arquiteto pelo mundo
Ao fundo, então, o prédio principal, distribuído em três pisos. Reto, amplo, moderníssimo. À Bauhaus. A estrutura do prédio é de concreto protendido, que permite vencer os grandes vãos da edificação com um enorme arrojo estrutural. Nele, estão nove salas de exposição, a maioria do museu. Além das mostras temporárias, há duas permanentes que cabem muito bem serem destacadas. A primeira fica na área externa do subsolo, que é o Pátio das Esculturas. Ali é possível perambular entre obras de Tomie Ohtake, Xico Stockinger, Erbo Stenzel, Amélia Toledo, Bruno Giorgi e até do Niemeyer.

Leocádia percorre o tunel a la "Solaris"
que liga o prédio principal
à "torre do olho"
A outra exposição permanente digna de realce refere-se ao próprio Oscar Niemeyer, num espaço reservado à sua obra, com projetos, fotos e maquetes do arquiteto de vários países do mundo, como os clássicos Cassino da Pampulha, o MAC, o Ibirapuera, as obras de Brasília, o Centro Cultural Le Havre (Paris), entre outros. Interessantíssimo, embora a proposta seja generalista, visto que não apresenta projetos dele menos famosos mas tão legais quanto, como a sede do Partido Comunista da França, em Paris, ou o Palazzo Mondadori, em Milão, Itália. Mas pra arrematar o desbunde, saindo dali, um lindo corredor em concreto que liga o prédio principal à torre, o qual passa por debaixo do lago artificial da entrada. Desenhada em curvas, dá a sensação de se estar percorrendo os corredores da nave espacial do "Solaris", do Tarkovski – só para se ter uma ideia do barato que dá.

Nós entre as esculturas
Enfim, para nós que, aonde vamos, procuramos sempre conhecer algo do Niemeyer que tenha no local, foi uma visita mais uma vez deslumbrante. Um museu organizadíssimo que, mesmo que não se veja nenhuma exposição, por si só, vale como passeio.

Para quem quer saber mais sobre o MON: www.museuoscarniemeyer.org.br










vídeo do Espaço Niemeyer - por Leocádia Costa




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As 'costas do olho', com o desenho
da Ártemis dançarina de Niemeyer
Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes 999, Centro Cívico – Curitiba/PR
Visitação: Terça a domingo (10h às 18h)
Entrada: R$6,00








texto:
vídeo:

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ARQUIVO DE VIAGEM - Feira do Largo da Ordem - Curitiba/PR





Em frente ao Palácio Garibaldi,
um dos prédios históricos da cidade




O tempo nublado e frio não nos desencorajou de conhecer o Centro Histórico de Curitiba no domingo pela manhã, dia em que semanalmente ocorre a tradicional Feira do Largo da Ordem. Aproveitando esse cenário, forjado com várias casas de estilo português do século XIX, além de centros culturais e históricos da cidade, como o Museu Paranaense – um casarão antigo transformado em espaço expositivo oficial do estado, bem legal –, a feira é de um clima superagradável e democrática. Crianças, idosos, adultos, moradores e turistas de todas as etnias e gerações: todos frequentam – o que faz lembrar o também tradicional Brique da Redenção, de Porto Alegre.
São 200 barracas espalhadas pelas ruas com artesanato, roupas, comidas e outros, entre os quais um muito interessante de louças e bordados ucranianos, uma das imigrações mais fortes de Curitiba junto com os japoneses, portugueses, espanhóis, italianos, árabes e poloneses (claro, sem falar dos africanos levados para o Paraná na época da escravidão e dos índios, que já habitavam todo o estado). Nas ruas, igualmente, há igrejas, bares, e obras históricas, como o Palácio Garibaldi, o Memorial da Cidade e até uma mesquita (excepcionalmente aberta naquele dia), templo religioso da comunidade muçulmana local, inaugurado em 1972.
O olhar de Leocádia Costa traz luz a alguns desses pontos e faz jus à beleza de outros, como as ruínas da Igreja de São Francisco de Paula, do início do século XIX, a simpática Igreja do Rosário dos Pretos e a Fonte da Memória, na Praça Garibaldi, que tem como destaque o chafariz do Cavalo Babão. No mais, a feira de cabo a rabo respira música. Ouvem-se sons de todos os lados: de grupo de chorinho a índios peruanos com suas flautas de bambu típicas. Para nós que gostamos de centros históricos de cidades, foi um barato. Vejam vocês, então, um pouco do que nós vimos na Feira do Largo da Ordem:


Detalhe da ruína da Igreja de São Francisco de Paula
Conjunto de choro e seresta
se apresentando na praça

Índios peruanos tocando suas típicas flautas de bambu
em plena feira

Vitrola do tempo do Império,
localzada no Museu Paranaense

Selos de erva-mate produzida
no Estado do Paraná
Arco do portal de entrada
da mesquita muçulmana

Turistas e fiéis na parte
interna da mesquita

Vista do deck do restaurante árabe,
coma praça e a Igreja do rosário dos Pretos ao fundo

Leocádia combinando com o Karmanghia



texto : Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa Daniel Rodrigues